A história conta que em uma noite escura de inverno, Napoleão (1769-1821), militar estadista francês, havia dado uma ordem radical: naquela noite nenhum soldado deveria acender fogo e produzir luz. A pena para quem desobedecesse seria a morte. Caiu à noite, e num horário já mais avançado, Napoleão viu uma pequena luz reverberando em uma barraca distante. Indo até lá, o grande caudilho notou que o soldado escrevia uma carta para sua mãe e assim que percebeu sua presença, após um pequeno tempo de interrupção silenciosa, continuou a escrever informando sua mãe que acabara de desobedecer a uma ordem do General e por isso deveria ser executado no dia seguinte. Napoleão vendo o que o soldado tinha colocado na carta, ordenou que continuasse a escrever informando sua mãe que iria ser poupado de execução, pois o exercito não poderia perder um soldado com tamanha coragem, resignação e alto controle como estava demonstrando. 

Os soldados de Napoleão, segundo a história, eram de uma lealdade inexplicável. O grande general, tão famoso ficou, pela sua personalidade marcante, pela sua determinação, sua capacidade impressionante de magnetizar pessoas a seu favor, de conseguir apoio irrestrito de seus comandados, mesmo sabendo que estavam sendo encaminhados à morte.

Nos dias de hoje, nas empresas, lideres que conseguem atrair a boa vontade de empregados para trabalho duro e dedicação, do modo como Napoleão conseguia lealdade e dedicação de seus soldados, para muitas médias e pequenas empresas, pode ser apenas o desejo de uma situação utópica.

Os lideres talentosos, geralmente, já estão em grandes times que pagam salários, praticamente impossíveis para os pequenos. Mas, pequenos e médios empresários, precisam de empregados qualificados, que dá retorno, pessoal com garra, com dedicação e acima de tudo, que estejam comprometidos com os objetivos da empresa. Diante dessa situação, geralmente partem para providencias empíricas.

Quando não há uma orientação técnica, de pessoal com experiência, as coisas nem sempre, acontecem de modo satisfatório. Existem casos, que com certa freqüência em médias e pequenas empresas, os dirigentes sempre que podem, realizam eventos. Com apoio do RH, da diretoria, sem deixar de ver a opinião da secretária do chefe, com sugestão dos grupinhos que eventualmente fazem a área do café um meeting poit, comemoram aniversários, casamentos, nascimentos etc.

O propósito é promover um nível social mais elevado, criar um espírito de solidariedade e colaboração, proporcionar satisfação e motivar as pessoas para o trabalho.

Mas, apesar dos esforços sociais, acontecem que empregados, eventualmente, apresentam queixas; não ficam contentes; demonstram desinteresse e apresentam com pouca motivação para a realização de suas atividades.

O que está errado, quando isso acontece?

Isso é um caso clássico de cultura paternalista.

Sempre vai dar errado quando desenvolver práticas para agradar empregados. Segundo Jack Welch¹, (Revista Exame, p.77-jul. 2006) sobre esse mesmo assunto, diz o seguinte: com o tempo eles invertem a principal cláusula do contrato de trabalho: eles passarão achar que a empresa trabalha para eles. Esse tipo de problema, fundamentado em fenômeno comum, com mais freqüência em pequenas e medias organizações, fica caracterizada para os empresários uma encrenca criada por eles mesmos, ou por omissão.

Então, Como aumentar o comprometimento dos empregados com os objetivos da empresa?

Primeiro é preciso entender que as comemorações precisam ter uma justificativa. Comemorar é uma forma de reforçar o comportamento. Logo teremos de comemorar resultados de objetivos empresariais conquistados pelos empregados, ao invés de festas sem significados ou simples confraternizações que não estão relacionadas com objetivos profissionais. Napoleão ao poupar a vida de um soldado, premiando-o assim, fez com que ele se comprometesse mais ainda, relacionando a sua coragem e bravura a sua grande causa (o objetivo maior).

Para acabar com o paternalismo é necessário reunir pessoas e definir objetivos de programas de desempenho operacionais, ao invés de festas para atender necessidades pessoais.

Elaborar planos de incentivos com premiação periódica de resultados e criar disputa ao invés de deixá-los livres sem nenhuma cobrança.

Esses programas e planos de incentivos deverão ser desenvolvidos com a contratação de técnicos ou consultores da área de administração e endomarketing, caso a empresa não tenha pessoal qualificado para isso. A orientação de administradores pode ser a certeza que os novos procedimentos estarão sendo implantados corretamente. Pode ser a chave para se livrar da encrenca que os empresários se meteram.

E finalmente acompanhar controlando e torcendo pelo sucesso do empregado na conquista dos seus objetivos.

Ai sim! Comemorar os resultados (reforçando comportamentos) é um procedimento conveniente que dirigentes devem assumir.

A Felicidade e satisfação dos empregados são decorrentes dos resultados da empresa, conquistado por eles. É como a felicidade de uma criança, quando anda pela primeira vez. Ela fica feliz porque conseguiu andar, descobriu que foi uma conquista sua, por isso, a festa que avós, tios e outros parentes fazem, por vê-la caminhar sem ajuda, é apenas a maneira de reconhecer e reforçar sua façanha.

Referência:

¹Jack Welch Ex. Presidente da GE; Consultor e colunista da Rev. Exame.