O Perfil do Aluno da Educação de Jovens e Adultos

Por MARIA JAIDETE FARIAS | 23/05/2017 | Educação

A educação de Jovens e Adultos - EJA, apresentar sua história muito mais tensa do que a história da educação básica. Nela se cruzaram interesses menos consensuais do que na educação da infância e adolescência, principalmente quando esses jovens, adultos e idosos são trabalhadores, subempregados, oprimidos, excluídos. É a partir da diversidade deste campo educativo que esse artigo pretende discutir a temática da EJA elegendo a abordagem do perfil dos participantes deste processo, na escola noturna. No segundo momento uma reflexão sobre a reconstrução de um currículo que atenda as especificidades destes sujeitos, além de citar o Projeto Escola Zé Peão, como referencia curricular neste campo.

A educação é um procedimento de longo prazo e contínuo, é um conhecimento para a democracia e a cidadania entre outras práticas. Quando a escola perde essa função ela passa a representar a negação de um direito constitucional para o cidadão, decorrentes de um conjunto de dificuldade sociais.As dificuldades são muitos e não únicos da educação, pois o descompromisso é crescente na saúde, moradia, segurança, trabalhos, neste processo, constataram cada vez mais contingentes de sem-teto, sem-emprego, sem-terra, entre outros, não seria fora de propósito acrescentar que neste quadro descrevem que eles também estão ligados à esfera do não acesso à escolarização.

Tão importante quanto o direito à escola é garantir que todos aprendam com uma educação de qualidade. Neste sentido, não são os nossos sistemas educacionais que tem direito a certos tipos de alunos. È o sistema escolar de um país que tem que se ajustar para satisfazer as necessidades de todos os alunos. É necessário tornar a aprendizagem mais significativa para todos, terem propostas alternativas que estejam comprometidas com uma educação de qualidade para esses jovens e adultas. Segundo MOACIR GADOTTI

Os jovens e adultos trabalhadores lutam par superar suas condições de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego, etc) que estão na raiz do problema do analfabetismo. O desemprego, os baixos salários e as péssimas condições de vida comprometem os seus processo de alfabetização... O analfabetismo é a expressão de pobreza, conseqüência inevitável de uma estrutura social injusta.

Tradicionalmente, a escola tem sido marcada em sua organização por critérios seletivos que tem com base a concepção da homogeneidade do ensino, dentro da qual alguns estudantes são rotulados. Esta concepção reflete um modelo caracterizado pela uniformidade na abordagem educacional do currículo: no material didático, no planejamento, numa aula, no conteúdo curricular, na atividade para todos em sala de aula. O estudante que não se enquadra nesta abordagem permanece á margem da escolarização, fracassa na escola elevando a evasão. O não reconhecimento da heterogeneidade no aluno da EJA contribui para aprofundar as desigualdades educacionais ao invés de combatê-las.

Os perfis do aluno da EJA da rede pública são na sua maioria trabalhadores proletariados, desempregados, dona de casa, jovens, idosos, Portadores de deficiências especiais. São alunos com suas diferenças culturais, etnia, religião, crenças.

O aspecto do aluno trabalhador que chega às vezes tarde na escola, cansado e com sono e querem sair mais cedo, isso quando eles vêm para a aula. Eles acham que não são capazes de acompanhar os programas ou que o programa não traz a realidade para o seu cotidiano, são vários os motivos para evadirem. O aluno trabalhar defende o prazer de aprender, e lamento faltarem, eles desistem porque precisam trabalhar. O trabalho é mais importante, é uma necessidade para o que precisam, há uma questão difícil de resolver, ou consistir em combinar escola e trabalho. Essa combinação também é problema do ponto de vista do docente, da grade curricular, da própria gestão da escola, causando desconforto para esses jovens e adultos que estudam no horário da noite. O não reconhecimento da heterogeneidade no aluno da EJA contribui para aprofundar as desigualdades educacionais ao invés de combatê-las.

Os alunos jovens ás vezes, ultrapassam a idade estabelecida para estudar diurno, Nas suas trajetórias escolares interrompidas com sucessivas reprovações e que este não parece fazer muita questão de "passar de ano" (alguns alunos), eles já foram negados na da escola básica, muitos deles são repetentes desde sua vida infantil, e são levados a estudar a noite por ser problemático no diurno, sente-se fracassados por ter sua permanência na escola com evasão com tanta freqüência. Não há como deixar de pontuar a questão da exclusão Social da Juventude pobre e limitada Fica evidente que a escola vive uma crise, o que é mais preocupante é ver que essa crise torne habitual, um descaso social, mas não é impossível de encontrar algumas alternativas e colocar em prática.

É preciso buscar a reflexão sobre o papel da escola, do professor, dos educando de frente as suas práticas o qual a finalidade real que este pretende atingir, posto que o professor precise antes de qualquer coisa entender sua tarefa social dentro da sala de aula, para poder trabalhar um modelo educacional comprometido de fato com as transformações sociais, que a escola assuma seu papel, e necessário ter a realidade deste aluno, é impossível continuar a caminhada sem rever a prática Curricular.

O segundo eixo do debatedestaca a questão curricular, em primeiro lugar é preciso destacar que a criação curricular é uma metodologia oficial de elaboração de um documento formal, onde podemos destacar como guia curricular é uma forma de compreensão que não pode deixar de fora a técnica de produção sócio-cultural, o processo de efetivação da Educação permanente, que considere as necessidades e incentive as potencialidades do educando; promova a autonomia dos jovens e adultos, para que sejam sujeitos da aprendizagem; educação vinculada ao mundo do trabalho e às praticas sócias; projeto pedagógico com flexibilidade curricular e conteúdos curriculares pautados em 3 princípios: contextualização, reconhecimento de identidade pessoal e das diversidades coletivas (Parecer CEB 11/2000).

Em função destes princípios, novas funções são estabelecidas para a Educação de Jovens e Adultos: Reparadora – ao reconhecer a igualdade humana de direitos e o acesso aos direitos civis, pela restauração de um direito negado; Equalizadora – ao propor igualdade de oportunidade de acesso e permanência na escola e, Qualificadora – ao viabilizar a atualização permanente de conhecimentos e aprendizagens continua (Parecer CEB 11/2000).

O currículo é acentuado formalmente, proposto por uma especialista a partir de o estudo de modelos idealizados das atividades pedagógicas e do processo de ensino-aprendizagem dos que a ela serão submetidas. È necessário repensar nessa realidade, dos métodos educativos e essa construção do currículo são colocando em prática na modalidade da EJA Sabemos que as Diretrizes Curriculares apresentam alguns avanços do ponto de vista pedagógico existindo uma preocupação com a especificidade etária e sociocultural dos jovens e adultos atendidos no sistema educacional. Destacam a formulação de projetos pedagógicos próprios e específicos para a Educação de jovens e Adultos, que leve em consideração na sua organização.

O projeto Zé Peão tem o objetivo de alfabetizar trabalhadores da construção civil, a partir do entendimento da alfabetização como um processoque possibilita a ampliação de sua compreensão da realidade social, via a aquisição da linguagem,da matemática e dos conhecimentos gerais, tendoem vistasua instrumentação para reivindicação de seus direitos enquanto trabalhadores e cidadão.

A metodologia no Projeto Escola Zé Peão está alicerçada em três princípios básicos: princípio da contextualização, princípio da significação operativa e o princípio da especificidade escolar.

A Escola Zé Peão desenvolve dois grandes programas de alfabetização epós -alfabetização – Alfabetização na Primeira Laje e Tijolo sobre Tijolo. Este último uma resposta á demanda de operários já alfabetizados que desejavam continuar os estudos. O prazo de duraçãodo processo de alfabetização e anual, sendo que no final do ano letivo é feito uma avaliação pra averiguar o nível de aprendizagem do aluno e o seu domíniona leitura e escrita. Como os dois programas desenvolvidos na escola contemplam as modalidades da aprendizagem correspondente ao ensino regular de 1ª a 4ª série após o ano letivo e feito uma avaliação com o intuito de averiguar o avanço do aluno

Projeto Escola Zé Peão tem uma metodologia que foi capaz de mudar tanto a vida do operárioquanto dos estudantes e profissionais envolvidos e compromissados com a educação para cidadania. Podemos ter como referencia para outras categorias de profissões no compromisso com a educação para a cidadania. Podemos ter como referênciapor outras categorias profissionais no compromisso de buscar soluções para os problemas enfrentados cotidianamente pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos.

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