O PENSAR E O FAZER DO COORDENADOR PEDAGÓGICO: CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA

RESUMO

Atualmente, o profissional Coordenador Pedagógico, no seu cotidiano, tem desempenhado múltiplas funções que nem sempre fazem parte de suas atribuições. Além disso, ele tem se deparado com diversos desafios no contexto educacional que solicita do mesmo, conhecimento e competências para enfrentá-los e resolvê-los. Assim, o estudo vem contribuir para que os profissionais que atuam nesta área conheçam e reconheçam qual o seu papel na escola, oferecendo instrumental relevante para a prática profissional. Objetiva-se, então, verificar até que ponto o pensar e o fazer do coordenador pedagógico pode contribuir com sua prática. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, cujos dados retirados da experiência profissional, coletados na pesquisa bibliográfica e adquiridos com o desenvolver do curso de especialização são analisados e contextualizados neste texto. Pode-se considerar que no contexto escolar, o Coordenador Pedagógico desempenha diversas funções e seu cotidiano é permeado de muito trabalho. Assim sendo, se pode afirmar de acordo com a experiência profissional, com a pesquisa e com o curso que nada está pronto e concluído, que este é o instante de redefinir a profissão e de compreender a prática. Portanto, o pensar e o fazer do Coordenador Pedagógico é conditio sine qua non, ou seja, condição imprescindível para que a educação aconteça, seja de qualidade e para que o trabalho pedagógico ocorra de modo a viabilizar uma aprendizagem significativa. Ele como articulador no contexto educacional tem a obrigação de promover uma reflexão constante sobre o processo educativo como um todo e sobre sua prática em particular, oferecendo, sempre um norte para a instituição escolar.

1CONSIDERAÇÕES INICIAIS

“Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos. É justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis!”

Sêneca (filósofo romano, 4 a.C.- 65 d.C.) 

Atualmente, o profissional Coordenador Pedagógico, no seu cotidiano, tem desempenhado múltiplas funções que nem sempre fazem parte de suas atribuições. Além disso, ele tem se deparado com diversos desafios no contexto educacional que solicita do mesmo, conhecimento e competências para enfrentá-los e resolvê-los.

Trabalhando há três anos como coordenadora do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Mãe Preta, pude perceber a necessidade constante de se aperfeiçoar para atender as demandas postas a profissão.

O CMEI Mãe Preta é uma instituição de ensino de Educação Infantil e atende crianças das zonas urbana e rural nos períodos matutino, vespertino e também em caráter integral, divididos em seis turmas. Conta ainda, com os serviços de transporte escolar.

Ele se encontra em conformidade com a Lei nº 9.394/96, que regulamenta a Educação Infantil, definindo-a como primeira etapa da educação básica (BRASIL, 1996, Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996).

O Centro oferece atendimento de Creche para crianças na faixa etária de um ano e nove meses até três anos e nove meses de idade e de Pré-Escola para crianças de três anos e nove meses a quatro anos e nove meses, ambos em horário parcial ou integral.

A Creche Municipal Mãe Preta foi inaugurada em 13 de maio de 1992 durante o mandato do prefeito Sebastião Moreira de Lima, tendo como vice o senhor Luiz Carlos de Lima Peres e como primeira dama Gerailda Maria de Lima. Ela se destaca, pois na época a instituição ainda não fazia parte da Secretaria Municipal de Educação, mas sim, da Secretaria Municipal de Assistência Social comandada pela mesma.

A instituição recebeu esta denominação em homenagem a uma das primeiras parteiras do município, uma pessoa muito conhecida e respeitada durante a fundação de Cocalinho.

A proposta de acertar a creche para a educação veio em 1996, onde a mesma deixou de ser assistencialista, envolvida para o cuidar, e se voltou para a educação, visando além do cuidar o educar.

Em 2014, o quadro funcional do Centro contava com 131 matrículas de crianças e com a contribuição de 20 profissionais de diversas áreas. A equipe gestora, administrativa e as professoras possuem formação acadêmica em Pedagogia ou em outras áreas voltadas para educação, os técnicos em desenvolvimento infantil que ainda não são formados estão em processo de formação acadêmica. Destaca-se ainda que a maioria possui especialização em áreas diversas voltadas para o ensino.

Os funcionários do apoio escolar possuem ou estão terminando suas formações em nível técnico na área em que atuam, tais como o Arara Azul e o Profuncionário. O Centro conta também, com colaboração de um nutricionista capacitado que elabora o cardápio balanceado e adequado as especificidades de cada aluno, o qual é enriquecido com a diversidade de alimentos e qualidade dos produtos ofertados para as crianças. Sendo que tal profissional não compõe o quadro de funcionários da creche, mas está lotado na Secretaria Municipal de Educação de Cocalinho.

Justifica-se o estudo, pois o Coordenador Pedagógico se tornou um profissional essencial para que haja uma educação comprometida com o ensino e a aprendizagem e que também seja de qualidade, pois o mesmo pode – e deve - contribuir com ações profissionais, que requer do mesmo, um estudo delineado acerca das condições práticas de sua atuação.           Assim, o estudo vem contribuir para que os profissionais que atuam nesta área conheçam e reconheçam qual o seu papel na escola, oferecendo instrumental relevante para a prática profissional. Objetiva-se, então, verificar até que ponto o pensar e o fazer do coordenador pedagógico pode contribuir com sua prática, descrevendo o seu cotidiano e apresentando contribuições relevantes para os profissionais que se iniciam ou já atuam nesta função.

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, cujos dados retirados da experiência profissional, coletados na pesquisa bibliográfica e adquiridos com o desenvolver do curso de especialização são analisados e contextualizados neste texto.

De tal modo, é com esse modo de pensar, escrever e analisar o objeto desse estudo, que foi organizado esse trabalho. Este se encontra estruturado em dois capítulos. No primeiro se realiza a apresentação de como é o cotidiano do Coordenador Pedagógico e,no capítulo dois são apresentadas as demandas atuais apresentadas a este profissional e como ele deve se posicionar frente a elas. Já nas considerações finais, são realizadas algumas reflexões: sobre a prática e sobre o curso, apresentando as contribuições que os mesmos trouxeram para o pensar e o fazer do Coordenador Pedagógico. 

2 OS AFAZERES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO DIA-A-DIA ESCOLAR

“Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”.

[Paulo Freire] 

2.1As multi funções do coordenador pedagógico no cotidiano escolar

No contexto escolar, o Coordenador Pedagógico desempenha diversas funções e seu cotidiano é permeado de muito trabalho que nem sempre se encontram descritos em suas atribuições.

No decorrer do ano letivo ele auxilia na execução dos afazeres diários da instituição escolar. Sendo que algumas atividades estão diretamente ligadas a sua função e outras não fazem parte da jornada de trabalho do mesmo, mas que para o bom andamento da instituição e o desenvolvimento dos alunos se faz necessário à contribuição desse profissional.

As atividades desse profissional se iniciam no começo do ano letivo, onde o mesmo deve participar do Planejamento Anual da escola, analisando em conjunto com os educadores o que deu certo ou não. Vasconcellos (2000)apud Gomes (2011: 5), expõe que “o planejamento deve ser compreendido como um instrumento capaz de intervir em uma situação real para transformá-la”. Assim, caso observada a necessidade, o planejamento será reformulado com intuito de se construir juntos um processo de ensino de qualidade.

Semanalmente ele auxilia os educadores a elaborarem seu planejamento semanal. E, diariamente os ajuda esclarecendo dúvidas sobre como colocar em prática o planejamento elaborado. Nesse sentido, segundo Gomes (2011), um dos desafios que se coloca ao Coordenador Pedagógico quanto ao planejamento de sala de aula está relacionado à insuficiência ou até mesmo, a total falta de atenção dada pelos educadores para esta atividade o que converge em aulas incoerentes com o grau de aprendizagem dos alunos, na indisciplina, no elevado número de reprovação e ainda na evasão escolar.

Também, contribui com metodologias que auxiliam na disciplina dos alunos, além de evitar conflitos entre educadores e alunos. Para Borssoi (2008: 10), no contexto escolar o Coordenador Pedagógico se depara com “... impasses, resistências, conflitos, contradições, diferenças...”, mas, de acordo com a autora, para exercer seu papel frente à realidade escolar, ele necessitaenvolver o todo escolar e disponibilizar equidade e respeito, para, portanto,edificar uma atmosfera de conversação, de entendimento, de ponderação e de interferência do processo educativo.

O coordenador também auxilia a direção nas questões do bom andamento da escola, nas questões burocráticas. Por vezes, na ausência da direção, ele assume suas funções. Elabora e preside palestras no âmbito escolar, promove reuniões com pais e professores entre outros casos que necessitam de sua intervenção. A principal finalidade da função de coordenador é para Vieira (2003) apud Oliveira et al. (2011: 57) “garantir um processo de ensino-aprendizagem saudável e bem sucedido”. Conforme os autores, ele age em diversas atividades no dia a dia escolar, inclusive, auxiliando a direção em tarefas burocráticas, na recepção de alunos e dos pais, até na atenção e idealização do processo educativo.

Participa também, na elaboração e reformulação do Projeto Político Pedagógico (PPP), assim como no Regimento Interno.Planeja juntamente com os educadores como organizar e executar as atividades relacionadas a datas comemorativas. Auxilia na prestação de contas na Secretaria Municipal de Educação. Ajuda no registro de atividades diárias que deve ser lançado nos diários de classe, seu correto preenchimento, também observa se realmente o que esta sendo planejado está sendo colocado em prática nas salas de aula, se a metodologia adotada está adequada e se realmente os objetivos almejados estão sendo alcançados.

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