O PASSADO NO PRESENTE: A JUVENTUDE E OS CONFLITOS POLÍTICOS

Ronald Felipe O. dos Santos

Graduando em História – UNIBRA

A política é algo muito evidente em nossas vidas. Como disse Aristóteles: “O homem é um ser político por natureza”, ou seja, nós temos a necessidade de viver em sociedade, e por isso, cada um têm a sua responsabilidade no meio em que vive. A participação da juventude tem se tornado cada vez mais presente na política nacional. A geração de hoje possui ferramentas incríveis através da internet como as redes sociais (Instagram, facebook, Twitter etc.). Porém, essa atuação não tem se restringido apenas a espaços virtuais, ela tem se apropriado de ruas através de passeatas, manifestos etc.

Mas será que isso é exclusivo do presente? Será que a juventude do passado também atuava nos debates políticos? Havia conflitos?. Precisamos voltar no início da república, onde os federalistas e republicanos se gladiavam entre si no sul do Brasil na chamada revolução federalista, ocorrida no governo de Floriano Peixoto (1891-1894). Os republicanos, liderados por Júlio de Castilhos, que era florianista, defendia um executivo forte, com amplos poderes ao presidente. Já os federalistas, liderados por Gaspar Silveira Martins, defendiam a descentralização do poder e a implantação do parlamento. Com a ascensão de Júlio no governo gaúcho, os conflitos tomaram início. Os reflexos desses conflitos políticos e ideológicos, estariam presentes na vida estudantil dos filhos de apoiadores desses governos, inclusive dos filhos de Manuel Vargas (o pai de Getúlio Vargas) que era apoiador dos Castilhos. Toda a juventude da elite era reunida na escola de Ouro Preto-MG (antiga capital de Minas Gerais), porque tinha um ensino que atraia os jovens, e isso a tornou conhecida como a “Atenas Mineira”.

A história conta que em 1897, houve uma briga entre clãs estudantis do Rio Grande do Sul, Magaratos (federalistas) versus Pica-paus (republicanos). Algum dos jovens castilhistas propuseram o leilão no teatro municipal de um quadro a óleo de Floriano Peixoto, e nessa ocasião, que fosse tocado o Hino Nacional em memória do Marechal. Os antiflorianistas ficaram revoltados, e segundo descreve Lira Neto, um federalista grita a seguinte frase: “Não consinto que toquem o hino para esse bandido”. A partir daí os tumultos se instalaram, os “pica-paus” saíram as ruas demonstrando poder e autoridade nos gritos de morte aos maragatos. Mais tarde isso levaria a morte de um estudante.

O que esse passado tem de semelhança em relação ao nosso presente? Será que hoje não há uma polarização partidária? Será que as instituições e/ou grupos sociais (igreja, família etc.) não interferem em nossas escolhas políticas? Será que os jovens conseguem defender seus ideais sem partir para a violência, ou será que esses rumores atuais nos levarão a coisas mais delicadas futuramente? O fanatismo pode tornar-se um perigo. É preciso sim defender os seus ideais, porém é necessário lembrar que estamos em uma democracia, e numa democracia, o respeito é fundamental.  Que as nossas marchas estudantis sejam para reivindicar os nossos direitos, para promover melhorias, igualdade social, e não para defendermos alimentarmos sentimentos antidemocráticos.

Concluo dizendo que não podemos alimentar o sentimento de vingança e o discurso de ódio nos nossos jovens que são a realidade e o futuro do país, por causa de problemas não resolvidos na política. Aspectos negativos do passado não podem estar presentes na atualidade, nem no futuro.

Referências

HIGA, Carlos César. "Revolução Federalista"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolucao-federalista.htm. Acesso em 23 de abril de 2021.

NETO, Lira. Getúlio dos anos de formação à conquista do poder (1882-1930). São Paulo: Companhia das letras, 2012.