De acordo com a Organização Mundial de Saúde, não existe definição "oficial" de saúde mental. As diferenças culturais, credos religiosos e étnicos, a subjetividade inerente a cada ser humano, dentre outros aspectos afetam o modo como poderíamos defini-la. Comumente, dizemos que a saúde mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional. Nesta perspectiva, inclui-se a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica. Entretanto, é impróprio alegar que o conceito de saúde mental é simplesmente a ausência de transtornos mentais, pois, as características presentes em cada indivíduo, sobre o equilíbrio emocional, as exigências ou vivências externas, a capacidade de administrar a própria vida e as suas emoções dentro de um amplo espectro, são respostas variáveis de pessoa para pessoa. Além de estar atrelado ao discernimento do indivíduo de ser capaz de perceber as subjetividades do mundo real e do seu mundo imaginário, reconhecendo os seus limites e sabendo lidar com as mais variadas sensações, emoções e afetos.

Inserido no trabalho para o auxílio da saúde mental, está o Psicólogo, sua inserção na saúde pública brasileira se deu em consequência das mudanças ocorridas na sociedade em geral, principalmente na área da saúde. Fatores como crises socioeconômicas e o protagonismo das políticas de atenção em saúde mental evidenciaram os serviços destes profissionais. Inicialmente, alguns psicólogos acabavam trabalhando de forma isolada, adotando uma postura médica, porém, a partir de novos olhares sobre a conceituação do binômio saúde-doença, em seus diversos aspectos – políticos, sociais, econômicos e psicológicos, fez-se necessária a procura pela definição do campo, do lugar e especialmente do papel do Psicólogo.

Assim, compete ao Psicólogo criar um conjunto amplo de medidas que objetivem a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar psicobiofísico, social e relacional do paciente/cliente. Acompanhando os comportamentos e funções cognitivas no que tangem as esferas da vida: individual, familiar, profissional, social e comunitária; em todos os contextos e fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, adultez e senilidade, bem como em situações especificas de promoção e prevenção da saúde mental e/ou contenção do adoecimento mental. A assistência deste profissional engloba ainda condições de reabilitação, diagnose e suporte psicológico, sejam estes individuais ou comunitários, utilizando recursos específicos das diversas áreas de abordagem – behaviorismo, cognitivo-comportamental, psicanálise, humanismo, dentre outras, com aplicação de testes e técnicas psicológicas,

 É cabível salientar que o Psicólogo pesquisa conceitos como percepção, cognição, emoção, inteligência, fenomenologia, atenção, motivação, funcionamento do cérebro humano, personalidade, comportamento, relacionamentos interpessoais, entre outras áreas, pra conduzir atitudes eficazes, tanto no acolhimento, perpassando pela escuta qualificada, como para todo o tratamento do seu paciente/cliente, seja na psicologia clínica ou no aconselhamento psicológico. Estes profissionais da saúde mental atuam em áreas relacionadas ao comportamento humano, como a psicologia do trabalho (nos ambientes industriais ou organizacionais), psicologia educacional, psicologia do trânsito, psicologia esportiva, psicologia da saúdepsicologia forense e psicologia jurídica, etc... Há ainda os profissionais que se dedicam, exclusivamente, a estudarem os processos mentais e o comportamento, dentro dos centros universitários e nas instituições de pesquisas afins. O que se observa, é que todas as vertentes têm o intuito de conduzir o sujeito à autodescoberta, à compreensão de seus limites e dificuldades, ao bom relacionamento com o seu mundo interior e exterior.

Compete ao Psicólogo contribuir para melhorar o entendimento da subjetividade de seu paciente/cliente, levá-lo a compreender as abordagens psicossociais envolvidas no seu processo de adoecimento, auxiliar no entendimento e libertação do sofrimento do sujeito e de seus familiares, “baseando todo o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.” (CFP 2005), preconizando o direito de atenção humanizada do sujeito para que, mesmo em estágio de adoecimento mental, predomine sua inserção/continuidade no convívio social. Dessa forma, entende-se que o papel do Psicólogo vai além do auxílio às situações difíceis e problemáticas que adoecem o sujeito, seu papel é de, como lembra a sua etimologia, salvar almas.