O Papel do Psicólogo em Intervenção de Crise em Desastres Naturais
Por Wolny Lopes | 12/10/2018 | PsicologiaIntrodução:
Os desastres naturais afetam cada vez mais pessoas em todo o mundo, causando sofrimento psicológico às populações atingidas, especialmente as que vivem em piores condições econômicas e sociais. São danos físicos sofridos com perdas de moradias e bens materiais, bem como danos psicológicos diante das perdas vivenciadas.
Os desastres naturais podem ser classificados em: tempestades, ciclones, tornados, tufões, furacões, secas, erupções vulcânicas, enchentes, inundações e terremotos. Uma das causas dos desastres diz respeito à influência negativa da sociedade no meio ambiente. Um exemplo disso é quando somamos uma alta quantidade de chuva com uma alta quantidade de lixo abandonado pelas ruas. O resultado da equação pode ser uma inundação e muitas pessoas desabrigadas.
Atuação do psicólogo na intervenção de crise por desastres naturais:
O trabalho da Psicologia tem se tornado cada vez mais essencial no âmbito das emergências e desastres, considerando que este tema está constantemente presente no cotidiano. De acordo com Coêlho (2006), o primeiro estudo sobre a inserção do psicólogo na área de desastres ocorreu no ano de 1909, com o psiquiatra Edward Stierlin, que procurava entender as ações relacionadas às emoções dos indivíduos envolvidos em desastres. Em 1944, Lindemann foi pioneiro em um estudo sobre a “intervenção psicológica no pós-desastre, através da avaliação sistemática das respostas psicológicas dos sobreviventes em desastres.
Carvalho (2009), destaca que em Lima, capital do Peru, no ano de 2002, aconteceu o I Congresso de Psicologia das Emergências e dos Desastres. É neste evento que foi criada uma entidade denominada Federação Latino-Americana de Psicologia das Emergências e dos Desastres - FLAPED, cujo objetivo foi reunir psicólogos de várias nacionalidades e fazer com que estes, ao retornarem aos seus países, também fossem despertados pela mesma intenção.
Chemello (2010), afirma que o Brasil, em 1987, teve o primeiro registro do procedimento histórico de inclusão da Psicologia no estudo, análise e intervenção nas emergências e desastres, com o acidente de Césio-137, em Goiânia, no dia 13 de setembro de 1987, que resultou no maior acidente radioativo do país.
Praticar o que aprendeu:
Conforme a Organização Pan-Americana da Saúde (2015), o que o psicólogo precisaria com mais urgência para intervir em um desastre natural é ter em mente alguns princípios, tais como observar, ouvir e aproximar, sendo preciso imaginar como você responderia às pessoas em cada cenário.
Cita-se aqui um exemplo: você ouviu que um grande terremoto acaba de atingir repentinamente o centro da cidade no meio de um dia útil. Muitas pessoas foram afetadas e prédios desabaram. Você e seus colegas sentiram o tremor, mas estão bem. A extensão dos danos é incerta. A empresa para a qual você e seus colegas trabalham pediu que ajudassem os sobreviventes e que oferecessem apoio a qualquer pessoa que encontrassem que tenha sido gravemente afetada.
Enquanto você se prepara para oferecer apoio, você se questiona sobre o seguinte: Estou preparado para ajudar? Quais preocupações pessoais poderiam ser importantes? Quais informações tenho sobre a situação de crise? Vou atuar sozinho ou com colegas? A Organização Pan-Americana da Saúde, recomenda a intervenção seja em grupo.
O que fazer? Ao aproximar-se das pessoas, qual é a melhor forma de escutar suas preocupações e confortá-las? Quais necessidades básicas a pessoa afetada tem? Como me identificarei e me apresentarei para oferecer apoio? O que significa nesta situação manter as pessoas afetadas livres de maiores danos? Como perguntarei às pessoas sobre seus medos e preocupações? Qual a melhor maneira de apoiar e confortar as pessoas afetadas?
Primeiros cuidados psicológicos:
Os primeiros cuidados psicológicos descrevem uma resposta de apoio humano a uma pessoa que esteja sofrendo e que possa precisar de auxílio. Oferecer primeiros cuidados psicológicos com responsabilidade significa: 1. Respeitar a segurança, a dignidade e os direitos. 2. Adaptar sua ação levando em consideração a cultura das pessoas. 3. Ficar atento a outras medidas de respostas de crise. 4. Cuidar-se.
Preparo: informe-se sobre a situação de crise. Informe-se sobre quais serviços e suportes estão disponíveis. Informe-se sobre as questões de segurança e proteção.
Observação: Verifique a segurança. Verifique se há pessoas com necessidades básicas evidentes e urgentes. Verifique se há pessoas com reações sérias de estresse psicológico.
Escutar: Aborde pessoas que possam precisar de ajuda. Pergunte sobre as preocupações e necessidades das pessoas. Escute as pessoas e ajude-as a se sentir calmas.
Aproximar: Ajude as pessoas a resolver suas necessidades básicas e ter acesso aos serviços. Dê informações. Aproxime as pessoas de entes queridos e do apoio social. Algumas pessoas vão precisar de muito mais do que cuidados psicológicos. Reconheça seus limites e peça ajuda de outras pessoas que possam oferecer serviços de assistência médica ou de outra natureza para salvar vidas.
Ética: O quadro sobre o que fazer e o que não fazer do ponto de vista ético é apresentado como um guia para evitar maiores danos à pessoa e para oferecer o melhor cuidado possível, de forma a atuar apenas em benefício dos interesses dela. Ofereça apoio de modo que seja o mais apropriado e confortável às pessoas que estejam sendo ajudadas. Considere o que estas orientações éticas significam com base no seu contexto cultural. Na tabela 1 abaixo está descrito o que fazer e o que não fazer: [...]