INTRODUÇÃO

A educação e os cuidados com as crianças são fatores importantes no desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social. Esses fatores impulsionam aos sistemas de ensino o desafio de criar, organizar e gerenciar projetos pedagógicos que promovam a inclusão em sua totalidade de todas as crianças e jovens.

Segundo Renzulli (1986), o intuito da educação das crianças e jovens superdotados é “(...) fornecer aos jovens oportunidades máximas de autorrealização por meio do desenvolvimento e expressão de uma ou mais áreas de desempenho onde o potencial superior esteja presente.” (p. 5).

É muito importante os envolvidos no meio pedagógico entender que a inclusão é muito séria! O professor, a caráter de mentor e referência em sala de aula, precisa fazer adequações curriculares para lecionar em classes que haja inclusão (são cursos específicos para a utilização das SRM – Salas de Recursos Multifuncionais) e saber lidar com essas crianças.

Segundo o artigo 5º, parágrafo III, da Resolução CNE/CEB Nº 2, de 2001, que instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Brasil 2001):

“(...) educandos com altas habilidades/superdotação são aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem, levando-os a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.”

Porém o maior problema é o professor alegar que não sabe lidar com a inclusão e, isso se torna uma barreira. Dessa maneira surge a necessidade da psicóloga e psicopedagoga orientá-los o que é e como lidar com as crianças (detalhando o tipo do Transtorno e Deficiência). Pois se considerarmos as  políticas educacionais inclusivas, o aluno deverá ser atendido em suas  necessidades, interesses e potencialidades, cabendo à equipe pedagógica rever suas concepções e paradigmas educacionais.

O trabalho a seguir descreve o papel do professor diante do perfil de alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades na perspectiva da Educação Inclusiva, conhecer e saber lidar de maneira que ocorra seu desenvolvimento de fato, evitando contemplar níveis de desenvolvimento padronizados pelas escolas.

DESENVOLVIMENTO / JUSTIFICATIVA

Tudo inicia na Educação Infantil quando a criança já dá indícios que poderá ter algum transtorno ou deficiência, porém precisamos tomar cuidado. Pois existem etapas onde as crianças passam por modificações aceitas na faixa etária que estiverem.

Só a partir da idade de seis e/ou sete anos que podemos mensurar se há ou não algum transtorno. Temos um compromisso muito sério com o nosso alunado, pois a partir dos seis e/ou sete anos que  o professor pode solicitar ajuda de profissionais da área da saúde (psicólogo).

Na Educação Infantil é preciso que o professor dê noção psicomotor, o ensino da leitura/escrita na sequência; assim como noção de espaço, motricidade fina, media e grossa, movimento simétrico entre outras noções importantes. Dessa maneira é possível detectar algo particular em cada criança quando é apresentada e solicitada determina atividade e, a criança com algum transtorno ou deficiência, não consegue realizar.

A doença mental da infância – Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) é usualmente classificada em grandes categorias na qual estão agrupados os transtornos que têm em comum as funções do desenvolvimento afetadas. Segundo Marcos Tomanik Mercadante & Lawrence Scahill esses transtornos reunidos, afetam mais de vinte por cento de crianças e jovens com idade inferior a dezoito anos.

Quando o grupo pedagógico, em especial o professor, a caráter de mentor e referência em sala de aula, possui em seu grupo de alunado alguma inclusão, é importante que conheça a diferença entre síndrome e transtorno (nomenclaturas corretas de utilização) para poder se informar sobre e também para procurar as devidas ajudas.

  • Síndrome = conjunto de sintomas que ocorrem ao mesmo tempo e se manifestam através de um estado clínico associado com um ou mais problemas de saúde. Podem variar de acordo com o tempo e, portanto, podem vir a desaparecer.
  • Transtornos = estado alterado da saúde normal e nem sempre está vinculado à uma doença, está associado ao âmbito da saúde mental. Pode ser entendido como uma má adaptação que afeta os processos mentais. São divididos em dois blocos: transtornos invasivos do desenvolvimento e transtornos abrangentes do desenvolvimento.

Um criança com TGD dá características sociais (o cérebro social é definido pela neurociência como um conjunto de regiões cerebrais que não ativadas durante a execução de atividades sociais). O modo de agir socialmente depende do desenho da redes neurais da pessoa.

Exemplo: o Autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo, por haver características sociais, cria-se a “Tríade de prejuízos qualitativos”, comprometendo:

  • Interação social
  • Comunicação verbal e não verbal
  • Comportamentos restritivos e repetitivos

O Autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo começa a manifestar-se antes dos três anos de idade. Dessa forma devido as dificuldades que os autistas apresentam em termos de cognição e de socialização, o papel dos professores torna-se extremamente importante na verificação das manifestações tais como comportamento agressivo, falta de contato visual com outras crianças, repetição de palavras, hiperatividade, dificuldade de aprendizagem, dificuldade em lidar com mudanças (de casa, de turma, de escola, de horário e etc), atraso na capacidade da fala entre outras manifestações e, no tratamento das crianças com autismo.

Os psicólogos e psicopedagogos aconselham atividades em aula destinadas ao ensino dos alunos com  Transtorno do Espectro do Autismo, principalmente aquelas que envolvam o estímulo visual e a reprodução de determinadas situações para exemplificar o conteúdo da aula.

O laudo psicológico é algo importante à constatação que a criança tem TGD, onde deve conter o período de avaliação. Para o psicólogo concluir uma avaliação de transtorno ou síndrome, o período aceitável é em média de três a quatro meses. Um teste, entre tantos outros possíveis de aplicar aos alunados e, muito utilizado para diagnosticar uma criança e finalizar de forma correta um laudo é o  Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC®), na qual a sua metodologia baseia-se nas abordagens de psicologia cognitiva e avaliações de inteligência. O diagnóstico assim será aceito!

Já o Transtorno Desintegrativo da Infância (TDI) é uma grave perda das habilidades de interação social e comunicativa. O diagnostico é feito por psicólogo e psiquiatra. Também é conhecido como Síndrome de Heller, demência infantil ou psicose desintegrativa (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais -DSM-V).

O Transtorno Invasivo do Desenvolvimento – sem outra especificação, é um grupo heterogêneo de crianças com tendências a apresentar comportamentos inflexível, intolerância a mudança e explosão de raiva e birra quando submetidas as exigências do ambiente ou mudanças de rotina.

Já o estudo de conhecer os alunados com altas habilidades ou superdotação é algo considerado fascinante e contraditório, pois respectivamente, há natureza humana repleta de possibilidades e há escassez quanto a identificação. Virgolim faz a seguinte menção:

Renzulli (1986a) desenvolveu, em três volumes (Mark 1, 2 e 3), o programa denominado “Novas Direções em Criatividade”, com a intenção de dar ferramentas ao professor para desenvolver as habilidades de pensamento criativo de alunos do Ensino Fundamental. Baseado no Modelo da Estrutura do Intelecto, de Guilford, os exercícios exploram a Fluência (habilidade de gerar um grande fluxo de ideias, possibilidades, consequências e objetos); a Flexibilidade (habilidade de usar muitas e diferentes abordagens ou estratégias para resolver um problema; de mudar a direção do pensamento de forma a modificar uma dada informação); a Originalidade (habilidade de produzir respostas únicas e raras); e a Elaboração (habilidade de expandir, desenvolver, particularizar e embelezar ideias, estórias e ilustrações (Renzulli, 1986a, pag. 4).

Dessa maneira os alunos com talentos especiais (apesar de suas potencialidades) não estão prontas, pois os professores precisam criar estratégias para desenvolver as habilidades e competências a partir de atitude. Alguns talentos ficam escondidos por toda a vida. É pertinente que o professor saiba que, habilidade é possível de desenvolver (ou não – se treinar ou não treinar). Já o talento é possível desenvolver.

Um bom exemplo é a história abordada no filme “A Menina índigo” onde uma garotinha com habilidades especiais que pinta no estilo Jackson Pollock, filha de pais divorciados, é censurada por sua mãe no seu talento da pintura. A curto tempo encontra formas melhores de fazer suas tarefas rotineiras, tanto em casa como na escola, porém não é compreendida pela sua mãe e na escola onde estuda. Porém quando decide morar com seu pai as coisas mudam, pois é com ele que ela recebe todo o apoio para desenvolver o talento da pintura, assim como a imaginação apurada que tem entre outros elementos consideráveis no enredo do filme.

É comum a sociedade imaginar que quem apresenta talentos especiais desenvolve seus potenciais deliberadamente, o que não é verdade. Por isso esses alunos podem sofrer.

Um problema que pode ocorrer nas escolas é que, quando o laudo da criança com Altas Habilidades chega, o grupo pedagógico (principalmente coordenação e psicólogo) não dá a atenção adequada. Consequentemente a criança sofre por não ser compreendida.

Não é definido tais assuntos no planejamento escolar, no HTPC (horário de trabalho pedagógico coletivo) e nas reuniões pedagógicas sobre Superdotação, Altas Habilidades etc. A escola peca nesse ponto, refletindo conceitos vagos e imprecisos. O grupo escolar deve se adequar ao alunado, principalmente a inclusão.

Apesar do amplo reconhecimento dos documentos legais, políticas públicas e política educacional do pais sobre o tema de deficiência e transtorno, existe falta de conhecimento na área da superdotação e altas habilidades (crianças prodígio, precoce, gênio, dotação, talento apurado etc).

Analisando as crianças consideradas precoces (com alguma habilidade especificada, prematura pelas manifestações, exemplo: precoce nas artes), caso não for estimulada, pela falta de informação dos pais e da escola onde frequenta, não será garantia que sua habilidade será desenvolvida em sua plenitude.

Assim como as prodígios, onde supera o nível profissional de um adulto (alto desempenho, habilidades extremamente especializada). Um bom exemplo de criança prodígio é o personagem Robin do filme Batman e Robin onde ele era o “menino prodígio”. É importante destacar que prodígio é diferente de superdotação:

  • Prodígio se destaca em sua área em particular, capacidade extrapolam limites, assumindo particularidades.
  • Superdotação apresenta alto potencial de quociente de inteligência – QI – cujas intelectuais são generalizadas.

Dotação é outra característica, com presença de notável capacidade natural em pelo menos um domínio: capacidade física, capacidade socio afetiva, criatividade, inteligência, capacidade de percepção. Formado por um grupo diferente de pessoas ( um significativo exemplo é Chico Xavier).

Assim como crianças com superdotação (termo que não possui uma aplicação decorrente de concepção; skills= habilidades). Por isso altas habilidades é conectado ao termo superdotação.

Dessa formas as escolas inclusivas e de altas habilidades ou superdotação precisam se reorganizar e transformarem o cenário escolar, no ambiente (âmbito) ordenamento jurídico. Todas as crianças devem segundo Declaração de Salamanca “o objetivo fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social, que a criança deve aprender junto com as crianças padrões, na inclusão.” Conferência Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994.

Ainda no âmbito jurídico, as escolas pertencentes ao estado de São Paulo devem ser adequar também a Lei Estadual 15.830 promulgada em 15 de junho de 2015 a limitação do número de alunos e o professor auxiliar. Onde a Promotoria Publica pode receber denuncia sobre a quantidade de alunos padrões e alunos inclusão laudados.

O papel da escola e, principalmente do professor é tarefa de extrema importância para o sucesso da inclusão (adequações físicas, comportamentais e legais) , pois as escolas promovem a socialização e educação de todos de maneira efetiva, auxilia  para que seus alunados sejam capazes de aprender e de terem autonomia, porém com a diversidade de atender crianças com perfis diferentes – alunos padrões e inclusão.

Vale ressaltar que a inclusão escolar também promove uma ampla diversidade e respeito, assuntos importantes à construção de uma sociedade justa e cidadãos pensantes.

CONCLUSÃO

Ao lidar com crianças com altas habilidades muitos professores dizem que são crianças preguiçosas, pois estamos muito acostumados a patologizar do que considerar suas habilidades. Os professores precisam separar o mito da realidade, a criança com altas habilidades sofre prejuízo em sua educação em decorrência dessas concepções errôneas que persistem no senso comum de determinados educadores. Também precisam estar atentos, pois a escola é um dos principais espaços de convivência social, durante as primeiras fases de seu desenvolvimento.

Como diz Zenita Cunha Guenther 2000 p.14 “(...) estimular o talento é um dever de todos, principalmente o professor- porque ele é o mediador no processo ensino aprendizagem, deve ser o objetivo da escola.”

Garantir os direitos dos alunos com altas habilidades e superdotação deverá esta pautada no principio da diversidade humana, visando o respeito e o desenvolvimento da criança e adolescente. É pertinente destacar o quão é importante a presença de um profissional da saúde (psicólogo) apoiando a família, assim como todos os envolvidos, orientando-os e apoiando-os. Incentivando a promoção da autoestima transformando suas habilidades.

Concluindo assim que desenvolver talentos, sobre um olhar mais apurado, é ao mesmo tempo um investimento social e uma responsabilidade coletiva, pois a inclusão não é o fim e sim o começo de uma nova forma de desenvolver novos saberes e novas possibilidades de ensinar. É fazer com quem o sociedade escolar, em particular o professor, saia da sua zona de conforto e, aprenda um novo ensinar às essas crianças e jovens.

BIBLIOGRAFIA

GUENTHER, Zenita Cunha. (2011) Crianças Dotadas e Talentosas – Não as deixe esperar mais! GEN LTC EPU, S. P.

MERCADANTE Marcos Tomanik, SCAHILL Lawrence. Psicofarmacologia da criança - Um guia para crianças, pais e profissionais. São Paulo: Memnon Edições Científicas, 2005.

RENZULLI, J.S. (1978). “What makes giftedness? Reexamining a definition”. Phi Delta Kappan, n. 60, pp. 180-184 e 261

VIRGOLIN, Ângela M.R. A contribuição dos instrumentos de investigação de Joseph Renzulli para a identificação de estudantes com Altas Habilidades/Superdotação. IV Encontro Nacional do CONBRASD. I Congresso Internacional Sobre AltasHabilidades/Superdotação. IV Seminário Sobre Altas Habilidades/Superdotação. – Curitiba, 2010. – Disponível em < http://conbrasd.org/wp/wp- content/uploads/2013/03/Anais-VF1.pdf>. Acesso em: 19/08/14

 (1998). “Uma proposta para o desenvolvimento da criatividade na escola, segundo o modelo de Joseph Renzulli”. Cadernos de Psicologia, v. 4, n. 1, out., pp. 97-111.

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/ed_especial/tgd_unid2.pdf

https://pedagogiaaopedaletra.com/altas-habilidades-superdotacao-concepcoes-conceitos/

Educação Infantil – Saberes e Práticas da Inclusão. Disponível em: Acesso em 12 de novembro de 2018