RESUMO

A Educação demanda novos olhares, novas práticas educativas e novos espaços de vivências psicossociais. Esse processo de conhecimento e identificação poderá ser vivido na escola de forma construtiva ou conflitiva, o que por sua vez, provocará uma série de reformulações cognitivas e comportamentais. A educação enfrenta nos últimos anos, várias dificuldades no âmbito das instituições escolares no tocante ao baixo nível de aprendizagem dos alunos, altos índices de indisciplina, baixa qualidade de ensino, a não participação das famílias, os comportamentos inadequados e uma pratica docente descontextualizada da realidade local. Discutir a problemática da formação e atuação do pedagogo nos espaços não escolares e sua contribuir para a melhoria das inquietações existentes na educação é a mola propulsora do presente trabalho. Nesse sentido, no período de 17 de junho a 04 de setembro de 2014, desenvolvemos uma investigação sobre a atuação do pedagogo social, junto ao Núcleo de Atendimento Multidisciplinar/NAM, órgão vinculado a Prefeitura de Macau, enfocando as dimensões físicas, organização pedagógica, gestão institucional e atuação do pedagogo fora do espaço escolar. Em outras palavras, buscamos conhecer, compreender e avaliar os espaços e atividades de uma instituição social. Sinalizamos a discussão existente no contexto social e acadêmico acerca do contexto histórico da formação de professores no Brasil, de forma a refletir sobre a atual situação da formação de professores e pedagogos. Tecer considerações sobre o fazer e o lugar do pedagogo social no contexto acadêmico, atuação e formação em instituições, empresas e órgãos do governo etc., ou seja, o pedagogo nos espaços não escolares veio balizar essa pesquisa, é justamente nesse momento que se faz oportuna intervenção psicopedagógica preventiva e curativa, a fim de facilitar tal processo, ampliando a percepção e a adaptação do educando, bem como, a melhoria da pratica docente, favorecendo assim, uma melhor eficácia e eficiência do processo ensino e aprendizagem de toda rede de ensino do município de Macau. Diante dos aspectos supramencionados, o NAM oferecerá aos educandos e educadores, o suporte necessário para fazer uma educação de qualidade em nosso município.

Palavras-chave: Atuação do pedagogo, formação profissional, espaço não escolar.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de intervenção sócio-escolar tem como tema: “A atuação do pedagogo em uma instituição não escolar”. O que justifica a realização deste foi à necessidade de possibilitar aos pedagogos a compreensão de sua capacidade de atuação profissional em ambiente extra sala de aula. Para tanto é necessário que o curso de formação forneça elementos que façam com que estes profissionais tenham segurança e competência profissional.

Como objetivo principal, escolhemos descrever o perfil do pedagogo que exerce suas atividades profissionais em espaços não escolares. Nesse contexto, o estudo busca responder qual o papel do pedagogo em um espaço não escolar. Apesar da classe empresarial ainda não se atentar a essa nova situação, o profissional da pedagogia tem importante participação nas instituições, promovendo bons resultados.

Para fundamentar a pesquisa contamos com os teóricos: Kuenzer & Machado (1982), Lück (2000), Silva e Fernandes (2007), Grinspun 2005, Santos (2005), Fontes(2004), Luckesi (1991),  e Libâneo (2002, 2004 e 2006) .

Do ponto de vista metodológico, procuramos investigar de forma quantitativa e qualificativa uma empresa pública, os pedagogos que atuam neste segmento, quais as atividades exercidas, para a partir da investigação definir o perfil desses profissionais.

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: a introdução que equivale ao primeiro capítulo, no segundo e terceiro capítulos serão discutidos as abordagens teóricas: O pedagogo em espaço escolar e o pedagogo em espaços não escolares, no quarto capítulo, a intervenção sócio escolar e quinto capítulo considerações finais.

2 O PEDAGOGO EM ESPAÇOS ESCOLARES

Para atender a demanda da educação humanística, o Conselho Federal de Educação, através do Parecer 252/69, reformula o curso de Pedagogia e normatiza-o para que assuma a formação do administrador escolar, supervisor escolar e orientador educacional. Segundo alguns autores, a função desses profissionais é a de reproduzir as relações sociais mantidas pela sociedade capitalista.

Orientados e conduzidos pelo discurso desenvolvimentista dos anos 60, em relação a baixa produtividade do sistema escolar e pelos altos índices de evasão e repetência que eram apresentados como entraves do “desenvolvimento econômico com segurança”, grande número de intelectuais, representantes dos interesses oficiais, privilegiam a tecnologia educacional para a solução desses impasses e a transpõe para a educação no Brasil.

A educação passa a ser vista como investimento individual e social, em decorrência do que deve vincular-se aos planos globais de desenvolvimento. A expectativa de que a educação atenda às necessidades econômicas, políticas e sociais. Conduzem inicialmente à avaliação dessas mesmas necessidades, o controle da execução dos projetos e a posterior verificação do grau de atingimento dos objetivos propostos. (Kuenzer; Machado 1982 p.34)

A princípio o pedagogo pode atuar como professor na Educação Infantil e nas séries Iniciais do Ensino Fundamental e na docência das disciplinas pedagógicas do Ensino Médio, o graduado em Pedagogia, enquanto profissional da educação, com conhecimento e reconhecimento do trabalho pedagógico escolar em sua totalidade, poderá atuar como articulador e organizador do processo pedagógico escolar, tanto na elaboração de projetos pedagógicos como na área de pesquisa.

O curso de Pedagogia “navegava” em águas calmas até pelo menos 1945, quando começou a fase de redemocratização do país. O período de 1960-1964 foi marcado pelo tecnicismo e a necessidade de se formar trabalhadores para o mercado capitalista, entre eles os profissionais da educação, atendendo ao apelo desenvolvimentista da época, visando dinamizar a economia do país, sendo essa etapa caracterizada como a etapa do capitalismo brasileiro dedicado aos investimentos em educação alicerçados no ideário tecnicista”  (Brzezinski 1996, p. 98)

O curso de Pedagogia foi instituído por ocasião da organização da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, através do Decreto-Lei nº 1190 de 04 de Abril de 1939.

O Curso de Pedagogia, que nos últimos anos formou os profissionais para a docência, a partir da Lei 9.394/96 tem debatido sua identidade, questionando entre a formação do licenciado ou do bacharel. E é justamente sobre estas questões, as quais ora se apresentam, que se propõe esse estudo e pesquisa quanto à formação e identidade do Pedagogo e sua função dentro do contexto escolar.

A competência para utilizar pedagogicamente as novas tecnologias pressupõe novas formas de se relacionar com o conhecimento, com os outros e com o mundo, em uma perspectiva colaborativa. Essas alternativas propõem ir além dos cursos de formação que contemplam apenas aspectos técnicos e operacionais. Isso exigirá do professor reflexões para alcançar uma concepção teórica da aplicação das tecnologias na educação escolar. (FREIRE, 1998, p. 96).

Para Paulo Freire, a educação corresponde ao processo de humanização. “Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo” (1981b: 79). E afirma que trabalhar nessas crianças o estímulo pela leitura crítica e o gosto pelo aprender, pois somente assim serão livres em suas atitudes e pensamentos por toda a vida.

Destacamos o pensamento do teórico onde cita qual é a função do pedagogo na escola pública, dando ênfase a três destas funções: administração escolar, supervisão e orientação pedagógica. Reclama a ausência deste profissional na rede de ensino, fato este que pode comprometer seriamente o processo educativo. , “A escola se compõe de um conjunto de funções, e todas elas influentes, de sorte que a maneira como são conduzidas as ações em uma determinada área, afetam, de alguma forma as ações de outra área”. LÜCK (2001,p.78). Conclui-se que esta reflexão sobre o papel do pedagogo na escola atingiu a pequena dimensão que pretendia atingir, ou seja, despertar no leitor a conscientização da necessidade de se inserir o pedagogo no local que é seu de direito.

 

O Pedagogo nestes espaços elabora projetos educativos, planeja ações da organização, presta apoio pedagógico, além de atuar como professor em organizações que mantém escolas em suas dependências. (Silva e Fernandes, 2007, p.3020)

O autor chega a afirmar que o pedagogo pode assumir sua função em sala de aula ou em outros espaços nos muros da escola, interagindo com a docência em um processo multidisciplinar, se apresentando de forma aberta ao apoio pedagógico, na função de intermediar ações pedagógicas entre professores, pais e alunos.

 

A Pedagogia não é sinônimo de docência. A base de um curso de Pedagogia é o estudo do fenômeno educativo em sua complexidade, em sua plenitude. Ele afirma que “todo trabalho docente é um trabalho pedagógico, mas nem todo trabalho pedagógico é um trabalho docente”. Segundo o autor, a abrangência da Pedagogia é maior que a da docência. (Libâneo 2006, p.220)

 

Segundo Libânio (2006) A concepção democrático-participativa se adapta a busca da democratização da escola por ter como característica a relação orgânica existente entre setores da escola, na importância que se dá a busca de objetivos comuns a todos e também por defender uma forma de tomada de decisão coletiva, onde cada membro assume sua parte e responsabilidade no trabalho. Outra característica importante dessa concepção é a ênfase nas 04 relações humanas. A gestão participativa se propõe como condição para resistir às formas conservadoras de organização e gestão escolar.

 

Os objetivos sociopolíticos da ação dos educadores voltados para as lutas pela transformação social e da ação da própria escola de promover a apropriação do saber para a instrumentação científica e cultural da população, é possível não só resistir às formas conservadoras de organização e gestão como também adotar formas alternativas, criativas, que contribuam para uma escola democrática a serviço da formação de cidadãos críticos e participativos e da transformação das relações sociais presentes. (LIBÂNEO, 2006, p.328)

 

 A educação deve ser vista como uma área que pode caminhar junto com todos que buscam uma educação de melhor qualidade e, se possível, numa dimensão mais ampla de um mundo melhor. Fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino Fundamental, compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir, para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social; reconhecer e respeitar as manifestações e necessidades físicas, cognitivas, emocionais, afetivas dos educandos nas suas relações individuais e coletivas assim como aqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria.

A Orientação Educacional tem o papel de mediação na escola, isto é, ela se reveste de mais um campo na escola para analisar, discutir, refletir com e para todos que atuam na escola – em especial os alunos, não com um tom preventivo, corretivo, mas com um olhar pedagógico. (Grinspun 2005, p.76).

Ao que percebemos o autor nos ajuda a entender que a escola contribui para o processo de transformação do aluno no convívio social, fazendo com que este passe a agir de forma consciente, participativa e critica. Para o docente, caberá a responsabilidade da visão critica e transparente, fomentando discussões de caráter social e propulsor à educação com qualidade. [...]