Sarah Maria de Souza Ferreira

Suélen de Cássia da Silva


Resumo

O papel do Administrador no Brasil atual pode ser compreendido através do desenvolvimento de várias competências relacionadas à área em que esse profissional está inserido dentro do mercado. Devido a diversos fatores, se torna um pouco complexo definir as "funções" de um gestor, mas o artigo em questão salienta que capacidades como: trabalho em equipe, visão sistêmica, "aprender a aprender" entre outras habilidades são buscadas no mercado de trabalho atual, de maneira que os Administradores do presente e do futuro se adéqüem a real necessidade das organizações e do ambiente onde estão inseridas, gerando um diferencial competitivo não somente para as empresas, mas também para o seu papel como profissional.
Palavras-chave: papel do Administrador, competências, "aprender a aprender", visão sistêmica.

Abstract
The administrator?s role in current Brazil can be understood through the development of many competencies related to areas that this professional is inserted in the market. Due to several factors it becomes a little complex to define the functions of a manager, but the article in question detaches those capacities like: teamwork, systematic vision, "learn to learn" among others abilities are demanded in the current work force, so that current and future administrators adapt to the real necessities of the organizations and the environment where they are inserted, creating a differential competitive not only for the corporations, but for his role like a professional as well.
Keywords: Administrator?s role, competencies, "learn to learn", systemic vision.



1. INTRODUÇÃO


A profissão de Administrador em épocas mais antigas, além de não ser devidamente reconhecida, não era de fácil acesso a todos como nos dias atuais. As primeiras escolas que formavam Técnicos em Administração foram instaladas em São Paulo, em meados da década de 40. Mais precisamente em 1944, foi criada pelo Doutor Luiz Lopes a Fundação Getúlio Vargas, que contribui até os dias de hoje na formação de Administradores e Economistas do Brasil inteiro. Com essa Fundação, foi instituída também a EASP ? Escola de Administração de Empresas de São Paulo, sendo mais uma instituição formadora de profissionais da área administrativa no país.
A partir da década de 50, o Brasil presenciou a chegada de um movimento industrial muito grande, com destaque para a região sudeste, em São Paulo e Rio de Janeiro. Essas novas empresas, vindas do exterior, como Volkswagen, entre outras, trouxeram com elas técnicas administrativas mais modernas, e por sinal, desconhecidas até então pelas empresas brasileiras.
Dentre essas técnicas podemos citar a preocupação mais explícita com os Recursos Humanos, tendo sido instituído o sistema de Avaliação de Desempenho de funcionários (CHIAVENATO, 2009). Junto com essa questão também pode ser mencionado o surgimento do termo "Gestão de Pessoas", onde fica mais clara a relação de comportamento entre empresa/funcionário praticada pelas empresas recém-chegadas, o que não era o caso do Brasil naquela ocasião.
Nesse ínterim, as empresas começaram a sentir a necessidade de outro tipo de profissional para atuar na área de gestão, uma vez que, devidos às novas técnicas, não eram mais suficientes as competências de alguém com uma visão somente focada em custos, como no caso de um Contador, que era quem muitas vezes coordenava a empresa. O papel de um indivíduo que pudesse administrar uma organização seria, agora, algo a mais que uma visão numérica e estatística, não podendo focar os recursos da empresa somente na economia e nas finanças, mas havia mais pontos a serem pensados, a exemplo do recurso humano, a mão de obra para que a empresa funcionasse, e pudesse atingir os lucros tão esperados pelo proprietário.
Em suma, esse objetivo somente seria alcançado se as empresas tivessem em seu comando alguém realmente capaz de ter uma visão mais perspicaz, de vários ângulos, ou seja, era realmente necessária a partir daquele momento a introdução da chamada "visão sistêmica" dentro das organizações (Bertalanffy, 1950).


2. A PROFISSÃO DO ADMINISTRADOR NO BRASIL



Levando em conta que a "figura" do Administrador é bem recente (oficializada em 09/09/1965, mais precisamente), em tempos remotos profissionais de outras áreas já consolidadas na ocasião exerciam o papel do mesmo, como os Contadores, por exemplo, devido à grande preocupação com os gastos empresariais, acima de tudo. Em seu livro "Imagens da Organização" Gareth Morgan (1996) deixa clara a importância da metáfora da organização como cérebro, onde os Administradores teriam que, ao longo do tempo, desenvolver a habilidade de "aprender a aprender", em uma comparação com a riqueza de informações e conhecimentos que absorve um cérebro humano; parece que o autor já previa o que seria um requisito precioso nas organizações de um futuro não muito distante.
Quando se fala em Administração, principalmente para um aluno que está prestes a optar pelo curso, mas não têm um rol de informações suficientes sobre o mesmo, a primeira ideia que lhe vem a mente é a de um profissional bem vestido, de terno e gravata, que passa seu dia atarefado atrás de uma mesa assinando pilhas e pilhas de documentos, seguido de vários relatórios para conferir e tendo a sua disposição uma equipe, sem se esquecer de uma secretária e uma telefonista.
A ideia, a priori, era de que o Administrador, por ser o chefe da empresa, não necessariamente poderia "pôr a mão na massa", em uma expressão bem popular, mas ficaria sempre no topo da organização, de onde comandaria tudo e todos. Justamente por essa visão, que por tanto tempo foi julgada como padrão (e ainda hoje existem gestores que pensam dessa forma!), houve a chamada rivalidade entre patrões e empregados, uma vez que não se tinha na organização a perspectiva de crescimento mútuo de ambas as partes, como mostra hoje a política do "ganha-ganha", que já oferece uma nova visão sobre a colaboração e o crescimento de ambos dentro da organização (CHIAVENATO, 2009).



2.1 ? O Administrador de ontem e o Administrador de hoje


Fazendo um paradoxo entre os papéis exercidos pelos gestores de diversas épocas vividas pela sociedade brasileira podemos afirmar com certeza que muita coisa mudou desde que a "figura" do Administrador começou a ser reconhecida e inserida no cenário empresarial.
Administrar, segundo o dicionário Aurélio, significa "governar, gerir, dirigir, fazer justiça"(...). Antigamente, isso tudo poderia ser feito por um gerente apenas, que tinha domínio sobre qualquer situação dentro da empresa em que atuasse. Havia a idéia de que a "palavra final" seria dele, sem uma opinião alheia para decisões, sem um estudo prévio de outras possibilidades, enfim: um gestor sozinho era capaz de conduzir "relativamente bem" uma organização.
Com os advindos de uma época mais moderna, onde se fala em Globalização, Ecoeficiência e Responsabilidade Social, se tornou uma tarefa muito difícil para apenas uma pessoa dar conta de todos os assuntos ligados à vida organizacional. Olhando hoje para uma empresa consegue-se enxergá-la primeiramente por suas áreas específicas, como RH, Marketing, Finanças, Produção, dentre outras; é basicamente a chamada visão sistêmica, onde visualizamos as partes, e a partir delas compreendemos o todo.
Sendo assim, o Administrador de hoje necessita de requisitos como a capacidade de trabalho em equipe, visando o bem comum da organização e de quem nela trabalha, a habilidade de aprender sobre coisas não diretamente ligadas ao seu ramo de atuação, dinamismo, interação com pessoas, que são a fonte de produção e crescimento de uma empresa, abertura para novas idéias e inovações que possam surgir, dentre outros fatores importantes, como atenção cada vez maior para as Tendências e Megatendências (Naisbitt, 1990) que estão aflorando no mercado e podem se transformar em uma vantagem competitiva para a sua empresa.
Várias mudanças de paradigmas podem ser observadas resumidas no quadro abaixo, de Idalberto Chiavenato:







As Três Eras da Administração do Século XX

Era Clássica
1900 ? 1950
. Inicio da Industrialização
. Estabilidade
. Pouca mudança
. Previsibilidade
. Regularidade e certeza
. Administração Científica
. Teoria Clássica
. Relações Humanas
. Teoria da Burocracia
Era Neoclássica
1950 ? 1990
. Desenvolvimento Industrial
. Aumento da mudança
. Fim da previsibilidade
. Necessidade de inovação
. Teoria Neoclássica
. Teoria Estruturalista
. Teoria Comportamental
. Teoria de Sistemas
. Teoria da Contingência
Era da Informação
Após 1990 . Tecnologia da Informação
. Globalização
. Ênfase nos serviços
. Aceleração da mudança
. Imprevisibilidade
. Instabilidade e incerteza
Ênfase na:
Produtividade
Qualidade
Competitividade
Cliente
Globalização
Quadro 1 ? As três Eras da Administração do Século XX. Chiavenato, I. (2.000)


No Brasil atual pode-se afirmar que estamos vivendo a Era da Informação, que se lança em nosso cotidiano cada vez mais "furiosa". Há uma preocupação constante por parte das empresas em relação à produtividade, ou seja, é necessário que se atenda clientes cada vez mais exigentes, e que querem sempre mais a qualquer momento; esses mesmos clientes desejam qualidade nos produtos e serviços oferecidos, de maneira que aumenta a competitividade entre as empresas, uma vez que o cliente passa a ser o "centro das atenções", e a competição gira em torno dele para sempre agradá-lo e conquistar a sua confiança. Por fim, já adiantando um pouco sobre a Globalização, é iminente salientar que o objetivo dos gestores de qualquer empresa é oferecer e comercializar seus produtos não somente na sua cidade-sede, nem no seu país, mas sim no mundo todo; é gerar uma vantagem competitiva a todo instante, pois a que era usada até um momento anterior já está estagnada para o mercado atual.
Por poucas linhas já podemos observar como se tornou complexo o papel de um Administrador ao longo dos anos de sua existência. Realmente, é um desafio a cada dia a dia organizacional que ele enfrenta, buscando atingir para o bem geral da empresa e de seus colaboradores as melhores técnicas, os melhores resultados, e a satisfação de todos, e ainda ter o privilégio de ser reconhecido por sua contribuição constante na construção de uma sociedade e de uma economia mais sólidas.
"As empresas são as pessoas que nela trabalham"... Tendo por base essa frase popular pode-se ter uma vaga ideia do quanto o Administrador tem um papel importante na organização onde ele atua; é nele que estão concentradas as expectativas e a confiança de se atingir o objetivo proposto no Planejamento Estratégico da empresa, bem como a satisfação de todos os que fazem parte dela.
Ser um Administrador de verdade, nos dias atuais, não é mais se limitar a apenas dar ordens, ler relatórios e focar somente em uma área de atuação; as empresas hoje requerem colaboradores que tenham visão aberta para outros nichos de mercado, que explorem novas oportunidades dentro da empresa, e que sejam capazes de colaborar com o desenvolvimento da organização em geral.
"Assim como ninguém aprende tanto sobre um assunto como o homem que é obrigado a ensiná-lo, também ninguém se desenvolve tanto como o homem que tenta ajudar os outros a se autodesenvolverem." Peter Drucker, autor dessa frase, chama a atenção para a importância real da capacidade de aprendizado do ser humano; nas organizações do presente e do futuro, a troca de experiências entre os colaboradores de diversas áreas, com conhecimentos e valores diferenciados é e será um requisito valioso, onde uma rede de conhecimento mútuo vai sendo tecida ao longo da existência (quase que certamente de sucesso) das mesmas.
Dois autores conceituados na área de Marketing, Wick & León (1997), apresentaram um modelo de concepção do aprendizado tendo como base 5 letras ? S.A.B.E.R. - composto pelos chamados 5 passos interligados. São eles:
1- Selecionar: escolher uma meta que seja fundamental para você e para sua empresa;
2 -Articular: determinar como você vai atingir a meta;
3 Batalhar: colocar o plano articulado em prática;
4 Examinar: avaliar o que e como você aprendeu;
5 -Recomeçar: determinar sua próxima meta de aprendizagem.
Podem-se entender esses cinco passos como uma espécie de ciclo, onde se analisa as metas, definem-se as estratégias, avalia-se o que foi agregado no aprendizado, e recomeça-se em busca de novos objetivos e conhecimentos. É uma renovação do aprendizado desenvolvido através das práticas possibilitadas pela organização.
A frase de Gold (1995) também explicita o quanto é fundamental a habilidade de desenvolver o aprendizado organizacional, rompendo barreiras antigas e obtendo resultados cada vez mais inovadores e arriscados, mas nem por isso livres de sucesso: "A transformação está ligada ao aprendizado em profundidade, que questiona e rompe com meios os resultados existentes ou 'antigos' e conduz a meios radicalmente novos" (Gold, 1995). Falando mais uma vez sobre a mudança dos papéis exercidos pelos gestores mais remotos até os atuais, podemos observar o quadro abaixo:

OS ADMINISTRADORES DO PASSADO
Aprendiam quando alguém lhes ensinava.
Achavam que o aprendizado ocorria principalmente na sala de aula.
Responsabilizavam o chefe pela carreira.
Não eram considerados responsáveis pelo próprio desenvolvimento.
Acreditavam que sua educação estava completa ou só precisava de pequenas reciclagens.
Não percebiam a ligação entre o que aprendiam e os resultados profissionais.
Deixavam o aprendizado a cargo da instituição.


OS ADMINISTRADORES DO TERCEIRO MILÊNIO
Procuram deliberadamente aprender.
Reconhecem o poder do aprendizado decorrente da experiência de trabalho.
Sentem-se responsáveis pela sua própria carreira.
Assumem a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento.
Encaram a educação como uma atividade permanente para a vida toda.
Percebem como o aprendizado afeta os negócios.
Decidem intencionalmente o que aprender.

Quadro 02 - Análise comparativa entre os Administradores do passado e os Administradores do terceiro milênio. Wick & León (1997).


Grande parte das mudanças se concentra no fato da aprendizagem organizacional, sendo agora impossível de não se tocar nesse assunto no dia a dia de uma empresa que almeja bons resultados. A onda do momento é "aprender a aprender", e fazer com que ambas as partes, empresa e empregados, ganhem com isso.


2.2 - O perfil "esperado" de um Administrador na atualidade


Um administrador de sucesso nos dias atuais não pode mais se dar ao luxo de se focar em apenas uma área, achando que só serão necessários conhecimentos do que ele realmente for atuar no dia a dia. Em meio ao ambiente empresarial, diversas situações diferentes estão desafiando a capacidade de desenvolvimento de ideias e potencial dos gestores ali presentes.
A metáfora usada por Morgan em seu livro (Imagens da Organização, 1996) já dá uma noção do que seriam os paradigmas futuros exigidos de uma gestão nos dias atuais. A capacidade de "aprender a aprender" está sendo cada vez mais valorizada pelas organizações, que buscam profissionais que saibam aproveitar dessa ferramenta de maneira a criar uma espécie de rede de dados, informações, e conhecimento, gerada graças à capacidade de aprender não só dos membros que com ela colaboram, mas também da equipe de gestão que a coordena.
É difícil mensurar, nos dias atuais, onde o papel de um Administrador não poderia ser exercido.

É indispensável dizer que, em qualquer empresa, por menor que seja, faz-se necessário um gestor capacitado para lhe dar um direcionamento preciso; essa capacidade é então trabalhada nos cursos de graduação e especialização da área administrativa, a fim de que não aconteça novamente o que era comum no passado: devido à falta de Administradores capacitados, profissionais de diversas áreas (sem ser administrativa) ocupavam cargos de gestão em organizações.
É por essa e outras razões que o mercado de hoje, extremamente competitivo, espera captar profissionais cada vez mais capacitados, que possam desenvolver competências ao longo do tempo, e que, principalmente, "aprendam a aprender", colaborando para a organização da qual fazem parte e, indo além, possam contribuir também para seu desenvolvimento pessoal.
Um ponto a ser questionado é: por que nos dias atuais, mesmo com a qualidade cada vez maior agregada nos cursos de graduação em Administração, e todo o embasamento que se constrói em determinados cursos na área, muitos Administradores perdem seus lugares para profissionais de outras áreas, como Advogados, Médicos, e Engenheiros?
A resposta para essa pergunta talvez seja muito subjetiva para ser respondida em algumas linhas de um artigo, mas o que se subentende é que falta alguma coisa que os Administradores ainda não estão fazendo, ou melhor, estão deixando de fazer. Na teoria e na prática, é possível descrever com clareza o verdadeiro papel do Administrador no Brasil? Há diferenças entre os dois?
Partindo desse pressuposto se faz necessário ter consciência do que o Administrador de hoje poderá fazer daqui por diante para reverter essa situação, uma vez que, assim como o Advogado, o Engenheiro, e muitos outros profissionais, seu papel também é fundamental para vários setores da economia brasileira, que é o que movimenta de alguma forma nossos negócios e nosso país.



2.3 ? A importância da competência administrativa


É de suma importância salientar que a presença de um Administrador dentro de uma organização possibilita que a mesma seja gerida por um profissional melhor qualificado, do que quando geridas pelos seus próprios proprietários (a menos que eles tenham uma formação na área), ou profissionais de outras áreas que se vêem obrigados a "aprenderem" Administração na prática, acarretando em um desperdício muito grande do capital da empresa e em alguns casos, até a falência.
Segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) cerca de 50% das empresas encerram as atividades com até dois anos de existência, tendo como fator determinante o mau gerenciamento. Isto demonstra na prática a real importância dos conhecimentos administrativos dentro de uma organização. Sendo assim, não é imprescindível dizer que um curso mais voltado para empreendedores, tão apoiados pelo SEBRAE, por exemplo, seria uma graduação em Administração? Esse fator não é "quase crítico de sucesso" para que ele exerça seu papel futuramente?
No que tange a influência do Administrador na história recente do Brasil é possível afirmar que a atuação dos Administradores nas organizações está cada dia maior e como conseqüência disto atingimos a cada dia empresas melhor elencadas no mercado e reconhecidas por seu trabalho em meio à sociedade. Tal reconhecimento gera vários benefícios não só para os empresários, mas também para essa sociedade através da geração de empregos, renda para a nação e diminuição da pobreza.


2.4? O Administrador atual e a Globalização


Já vimos, portanto, pelo menos na prática, que o gestor de ontem não pode ser o mesmo de hoje, a menos que tenha havido uma adaptação muito grande aos novos paradigmas apresentados. A figura do "chefe" se modernizou, de maneira que, em algumas empresas, há uma política mais maleável para que os empregados participem da vida organizacional com ideias, sugestões, e até mesmo críticas que servirão para o desenvolvimento das mesmas. É mais uma vez comprovada a necessidade de adaptação do pensamento e opinião dos gestores sobre a questão de "aprender a aprender", tendo em vista que essa capacidade pode ser conquistada por qualquer funcionário, e não somente por eles.
O papel do Administrador de hoje é muito flexível, ou seja, é necessário que os mesmos estejam sempre atentos ao mercado e às suas mudanças, para que assim consigam acompanhar as tendências e novos métodos que estão sendo desenvolvidos e utilizados no mercado.
O cenário econômico atual está marcado pela Globalização, que tem como foco principal a livre circulação de bens através da integração das economias mundiais (Santos, 1993). Como conseqüência, a concorrência está mais ampla, afinal, agora a empresa não concorre apenas com suas concorrentes locais, mas também com outras de qualquer parte do mundo. Nos cursos de Administração esta temática é abordada a fim de preparar o futuro Administrador para o mercado de trabalho, pois ele também concorrerá a vagas de trabalho com profissionais do mundo todo.
Dessa forma é possível observar que o Administrador é um profissional que tem um grande campo de atuação, podendo desenvolver seus conhecimentos em empresas de todos os tamanhos, sejam elas públicas ou privadas, independente do ramo de atuação. Há um leque muito grande de opções para profissionais competentes e qualificados, que saibam desenvolver atividades em conjunto com outros colaboradores e agreguem valor não somente para si, em um conhecimento tácito, mas que tenham capacidade de aprender a transcrever esse conhecimento em explícito, a fim de que isso se transforme em valor também para a organização, e seja aproveitado na era globalizada em que vivemos.



2.5? Os gestores atuais frente à questão ambiental


Eis mais um ponto que, nos dias atuais, tira o sono de muitos Administradores não só brasileiros, mas do mundo todo: a questão da preservação ambiental. Um gestor que não se preocupar com essa temática hoje, corre o risco de ver sua empresa "quebrada". O leitor acha um exagero? Vejamos: os tão desejados certificados ISO (International Organization for Standardization, que em português pode ser traduzido como "Organização Internacional para Aferição") 14000, por exemplo: somente os possui a empresa que tem algum crédito com a questão ambiental ligada ao seu ramo de atuação, ou seja, a equipe de gestão foi competente a fim de aliar a questão mais discutida do planeta às suas formas de auferir lucros, de maneira que não prejudique ambas as partes, e ainda se destaque como uma organização ecoeficiente.
Se formos um pouco mais longe pode-se citar uma questão que está em pauta também, que são os chamados "créditos de carbono". Em algumas áreas do nosso planeta já não há mais a possibilidade de se plantar uma árvore, por motivos como falta de espaço, terras devastadas e inférteis, entre outros. As empresas que, devido ao seu ramo de atuação poluem drasticamente a natureza, se sentem "obrigadas" a reflorestarem alguma área em troca da poluição gerada pelas mesmas.
Pode parecer demais, mas as empresas que forem detentoras de espaços de reflorestamento e afins terão grande vantagem competitiva no mercado futuro. É de fundamental importância ter não somente na missão da empresa, mas também na atuação dos gestores, o conceito de responsabilidade social.
Citemos como exemplo a empresa de cosméticos Natura: através da atuação de seus diversos gestores conseguiu-se extrair a "fórmula" de proporcionar lucro aos sócios, motivar suas consultoras a venderem cada vez mais, e ainda por cima contribuir com a área sócio-ambiental do planeta, incluindo-a na fabricação de seus produtos.
É claro que nem em todos os setores é possível juntar a atuação da empresa em algum projeto de Responsabilidade Social ou Ambiental, mas não se pode esquecer que esses quesitos, se bem trabalhados, geram um diferencial enorme para as organizações que os praticam, ou até mesmo patrocinam.
Nessa onda de "Preservação Ambiental" o papel dos Administradores é ficarem atentos às tendências e às ofertas que o mercado solicita, a fim de que possam tomar partido das mesmas, evitando que as organizações geridas por eles sofram algum dano por não atenderem normas ou requisitos exigidos a partir de então, onde o assunto do momento é a "conservação do nosso planeta", não esquecendo, é claro, da sobrevivência da própria empresa frente a essas novas contingências.


3 ? CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca pelo conhecimento multidisciplinar faz do Administrador um profissional diferenciado, pois ao contrário de algumas profissões que visam à formação do aluno inteiramente voltada apenas para a área de interesse, os cursos de graduação em Administração têm uma perspectiva diferente: eles exigem que os alunos possuam uma visão holística do mundo.
Neste ano de 2010 a profissão do Administrador completou 45 anos de existência no Brasil, sendo assim um momento oportuno para destacar a importância e influência que esse personagem exerce sobre a história do país.
O Administrador é um profissional que desde o seu reconhecimento vem se adequando e ao mesmo tempo ajudando a escrever a história do país, passando por vários momentos históricos, e sempre lhe sendo cobrada uma capacidade maior de visão mercadológica.
A influência desses profissionais é algo quase impossível de mensurar com palavras, devido a sua subjetividade, mas muito fácil de perceber; afinal, ele se faz presente em várias áreas, influenciando, por exemplo, a Economia, Política, Educação, Saúde, e muitas outras que, como tudo para caminhar bem, necessitam de uma boa gestão.
São várias áreas tão interligadas em que o Administrador pode atuar que se torna complexo "descrever" um papel para o mesmo; a quantidade de informações que gira em torno desse profissional, das quais ele deve selecionar e captar as que forem necessárias para seu ramo de atuação é muito grande. Faz-se necessário que o Administrador seja ligado a tudo o que acontece a sua volta, e principalmente, que esteja aberto a novas informações, novas tecnologias e inovações que lhe serão úteis em um momento vindouro dentro da organização.
Podemos citar o aumento do número dos cursos de Administração como exemplo da influência que a profissão vem exercendo no mercado; este aumento conseqüentemente aumentou o número de alunos e professores do nível superior; este aumento de alunos acarretará em um aumento de profissionais qualificados no mercado de trabalho, desde que estes absorvam o máximo possível do conhecimento oferecido, gerando uma melhoria da qualidade da gestão tanto de empresas públicas quanto privadas.
Projetos sociais desenvolvidos por vários Administradores de empresas não só geram a aproximação da mesma com a sociedade como torna possível que esta tenha melhores condições de vida.
No assunto Economia, o Administrador auxilia, entre outras formas, principalmente através da geração de empregos e renda, buscando alavancar os recursos investidos em sua empresa, o que beneficia milhares de brasileiros, contribuindo para a diminuição da marginalidade e da exclusão social ainda existente no país.
Em suma, é evidente o modo como o administrador influencia na história do Brasil de diversas maneiras, sendo todas elas interligadas; certamente, esta profissão tem e ainda terá muito mais a oferecer para o crescimento do Brasil, desenvolvendo a cada dia novos conhecimentos e competências que contribuam para a concretização de uma Economia brasileira mais consolidada.



Referências bibiográficas

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Escrito em setembro/2010.