O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE: Uma análise desta forma de enfrentamento da questão social nos diferentes períodos da história

Adriana Soely André de Souza Melo
Aluna do Curso de Serviço Social da UNOPAR ? Universidade Norte do Paraná na modalidade EAD ? sistema de ensino presencial conectado.(dezembro de 2009).

RESUMO

O presente trabalho visa realizar uma análise da atuação da mulher na sociedade a partir das décadas de 50 até os dias atuais. Será feita uma análise dos aspectos históricos, sociais e econômicos, apresentando os fatores de contribuição na formação no curso de Serviço Social até a década de 50. Sem a pretensão de esgotar o assunto, o presente trabalho visa portanto, resgatar o papel da mulher na sociedade, analisando desta forma o enfrentamento da questão social nos diferentes períodos da história.

INTRODUÇÃO

Para melhor entendimento do papel do Serviço Social na Sociedade desde os tempos remotos até os dias atuais, bem como a atuação das mulheres e a inserção destas nas Escolas de Serviço Social será feito um breve estudo, inicialmente, dos conceitos trabalhados na disciplina de Psicologia Social: Ideologia, Identidade e Representação Social para assim, realizar uma análise da mulher na sociedade a partir das décadas de 50 até os dias atuais. Será feita uma análise dos aspectos históricos, sociais e econômicos, apresentando os fatores de contribuição na formação no curso de Serviço Social até a década de 50. Desta forma resaltar aspectos acerca do papel da mulher na sociedade analisando o enfrentamento da questão social nos diferentes períodos da história.

ALGUNS CONCEITOS PERTINENTES

IDENTIDADE

A questão da Identidade é central nos estudos culturais no ponto em que eles examinam os contextos dentro dos quais e por meio dos quais tantos os indivíduos quantos os grupos constroem, negociam e defendam sua identidade ou autocompreensão. (SEDGWICK, 2003, p. 169). Bock (2002, p. 145), apud Rampazzo, (2007, p. 62), define Identidade como: A denominação dada às representações e sentimentos que o indivíduo desenvolve a respeito de si próprio, a partir do conjunto de suas vivências. Sendo uma das primeiras formas que nos identifica com nosso nome. Nos faz distintos junto ao conjunto de outros seres.
Assim, a nossa identidade se constitui pelos grupos a que fazemos parte. A forma como esses grupos vivem, bem como sua prática e seu modo de agir. Sendo, portanto, a partir daí, cada identidade perpassada por outra identidade e por outras histórias de vida.
Cada ser é individual, ator e autor de sua história e da sociedade na qual está inserido. Vale ressaltar que a identidade é um processo de construção permanente, que se transforma do nascer até o morrer.
No tocante ao Serviço Social podemos dizer que é a luta que a área de Serviço Social tem travado para repensar as origens do Serviço Social, ultimamente vem tentando fazer um acerto de contas com o capitalismo, segundo Martinelli, (2007, p. 11), pondo a limpo todas as múltiplas determinações que, enquanto modo de produção, impôs como configuração cultural dessa área.

IDEOLOGIA
Trata-se de um termo muitas vezes confuso e difícil de entender. Pois nele se dá uma acumulação fantástica de contradições, de paradoxos, de arbitrariedades, de ambigüidades, de equívocos e de mal-entendidos, o que muitas vezes torna extremamente difícil encontrar o seu caminho nesse labirinto.
Para Marx, o conceito de ideologia aparece como equivalente a ilusão, falsa consciência, concepção idealista na qual a realidade é invertida, as idéias aparecem como motor da vida real. Assim, ele amplia o conceito e fala das duas formas ideológicas através das quais os indivíduos tomam consciência da vida real. Ele as enumera como sendo a religião, a filosofia, a moral, o direito, as doutrinas políticas, etc (LÖWY, 2006, p. 11-12). "Para Chauí, a ideologia é compreendida como um sistema de representações e normas que ?ensinam? os indivíduos a conhecer e agir" (Chauí (1982,), apud Rampazzo, (2007, p. 76),
Se juntarmos as concepções de Marx, Lênin, Mannheim e Chauí, veremos que todos apresentam conceitos distintos sobre ideologia. Portanto, para evitar essa confusão terminológica e conceitual Löwy ( 2006, p. 13) define o que há em comum a esses tantas definições:
O termo que me parece mais adequado para isso, e que proponho como hipótese nesse momento é " visão social de mundo". Visões sociais de mundo seriam, portanto, todos aqueles conjuntos estruturados de valores, representações, idéias e orientações cognitivas. Conjuntos esses unificados por uma perspectiva determinada, por um ponto de vista social, de classes sociais determinadas.


Por fim, há entre os assistentes sociais uma discussão sobre a existência ou não de uma ideologia do Serviço Social (FALEIROS, 2007, p. 141).

REPRESENTAÇÃO SOCIAL
O conceito de representação social consiste em explicações que fazem parte da vida cotidiana, e através das quais se procede a interpretação e mesmo à construção das realidades sociais (MOSCOVOCI, 1976, P. 48, apud MENEZES, 2007, p. 1). As representações sociais são teorias sobre saberes populares e de senso comum que buscam construir e interpretar o real. Essas representações servem para criar algo que não é familiar, em familiar. Para Menezes, (2007, p. 3), como manifestação da realidade, as representações sociais passam a ter o poder de congregar os homens, dando-lhes objetivos comuns, atribuindo-lhes papéis, ordenando-lhes comportamentos.
Ressaltamos que as representações sociais não são um conceito fechado, por isso, está sempre em construção, estando, portanto, sempre situadas no contexto social em que ocorrem.

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA INSERÇÃO DA MULHER NAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL, QUANTO AOS ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS E ECONÔMICOS

A Prática Profissional dos assistentes sociais é institucionalizada

Depois da Segunda Guerra Mundial, e após o aprofundamento do capitalismo surge a necessidade por parte da classe dominante de impor um tipo de controle social que mantivesse a pobreza de certa forma sob o controle destes. Foi um período de reconstrução da história da profissão do Serviço Social no Brasil.
Foi um período de grandes transformações econômicas e sociais. De um lado, a classe operária com intensas manifestações, de outro, o estado como repressor para desarticular essa classe.
Esse momento marca o Serviço Social por que a igreja tenta expandir o cristianismo, propagar a Igreja Católica. É a partir daí que acontece a capacitação das mulheres para o assistencialismo. A primeira escola de parte do movimento social da igreja. Nasce utilizando a teoria da igreja. "A prática do Serviço Social nesta época era mais no sentido de "calar a boca" da pobreza". Era uma questão assistencialista.
Assim, o Serviço Social origina-se com a missão de redenção: Centros de estudos e ação Social, dinamização de movimento laico; Moças de classe média alta, especializadas na doutrina social da igreja. (GOES, 2007, p. 2).
Até a segunda metade da década de 1940 aconteceram três congressos que tinham a finalidade de preparar os agentes profissionais de Serviço Social para que tomassem posição em face dos problemas estruturais da necessidade de preparar agentes para atuar nas comunidades. A partir desse período surge a idéia de modernização no Serviço Social relacionada com aprimoramento de técnicas para o agir profissional.
Já na década de 50, temos um período de industrialização e desenvolvimento econômico que se equivalem. Nesse período criam-se também grandes instituições assistenciais, estatais, autárquicas e privadas como o SESI, SESC, SENAI e LBA. Embora os profissionais de Serviço Social já sejam requisitados nesta época, eles ainda exerciam o papel de "calar a boca" da classe trabalhadora. O objetivo do seu trabalho ainda era o de coibir as idéias da classe trabalhadora.
Em suma, na curta existência do Serviço Social no Brasil, os assistentes sociais lutam para superar a imagem que se tem até hoje da profissão. O serviço Social no Brasil se constitui como profissão, no final dos anos 1950, quando é sancionada a lei que regulamenta o seu exercício em 1957.

IMPORTÂNCIA DAS MULHERES NESTA TRAJETÓRIA E OS ASPECTOS QUE CONDICIONAM TODO ESTE PERÍODO

O Serviço Social é uma profissão feminina, assim como sua origem terminantemente vinculada às iniciativas religiosas. Todos os novos postos foram ocupados por mulheres (SIMÕES, 2007, p. 76). A taxa de feminização do curso de Serviço Social é a maior do Brasil. Segundo dados de Beltrão e Teixeira (2004), apud Simões, (2007, p. 76), afirma que em 1970 o curso de Serviço Social era o segundo mais feminino, perdendo apenas para enfermagem. Já nos anos 1980, 1991 e 2000, dados do Censo / IBGE, o curso assume a posição de primeiro lugar. Assim, o percentual de mulheres na profissão é sempre próximo a 95% em todos os anos estudados.
Se nos remontarmos aos primórdios da prática de assistência social poderemos constatar que embora hoje já existam homens optando por essa profissão, desde o início as maiores iniciativas foram das mulheres.
Alguns nomes como a enfermeira Florence Nigtingale, na Inglaterra, Otacvia Hill, em Londres que desenvolveram importantes trabalhos de educação familiar e social com famílias e operários daquela localidade. Tivemos também em Nova Iorque Josephine Shaw Lowell, que fundou a primeira sede americana da Sociedade. Tivemos também a precursora no Serviço Social, Mary Richmond, responsável por sistematizar sua construção prática. Criou também a primeira Escola de Filantropia Aplicada. Sendo sua influencia marcante em todo processo do desenvolvimento do Serviço Social. E assim, até hoje, temos não somente na profissão de Serviço Social, mas em todos os seguimentos a presença marcante da mulher.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sem a pretensão de esgotar o assunto, nesse trabalho foram feitas algumas reflexões acerca de conceitos trabalhados na disciplina de Psicologia Social bem como a importância destes conceitos na vida prática de um assistente social. Falou-se também sobre a inserção da mulher nas Escolas de Serviço Social, analisando os seus aspectos históricos, socias e econômicos, e, fianlizando, fizemos uma breve análise dos fatores que contribuíram na formação no curso de Serviço Social, seguida de uma breve análise desta forma de enfrentamento da questão da atuação do profissional do Serviço Social desde os seus promódios até a contemporâneidade.
Sabe-se que desde o princípio, ocorreu a presença em maior número da mulher e que ao longo destes anos a categoria travou uma luta ferrenha objetivando obter o reconhecimento da profissão e deixando de lado a ilusão de servir, como era o objetivo quando do seu surgimento.
Em suma, se analisarmos o tempo presente observamos que a categoria deu um salto qualitativo em todos os aspectos: a profissão hoje já é vista como qualquer outra profissão, insserida no mundo do trabalho; a presença da mulher ainda continua predominante, embora tenham também alguns homens desempenhando esse papel; Embora a mulher em alguns casos ainda seja pouco remunerada e reconhecida, ela vem, ao longo dos anos destacando-se no mercado de trabalho.

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS

FALEIROS, Vicente de Paula. Metodologia do trabalho social. 10. ed. São Paulo: Cortez. 2007.
GOES, Adarly Rosana Moreira. Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social II. Londrina: Unopar Virtual, [2007], slides, aula 1 p. 2, vídeo e texto.
LÖWY, Michael. Ideologias e ciência social: elementos para uma análise marxista. 17 ed. São Paulo: Cortez, 2006.
MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2007.
MENEZES, Mirtes Viviani. Psicologia Social. Londrina: Unopar Virtual, [2007], slides, aula 2 p. 1 e 3, vídeo e texto.
RAMPAZZO, Lisnéia. Psicologia Social. Módulo II. Londrina: Editora CDI e Monitoria Soluções, 2007 (Curso de Graduação em Serviço Social - Unopar Virtual).
SEDGWICK, Peter; EDGAR, Andrew.(orgs) Teoria Cultural de A a Z: conceitos-chave para entender o mundo contemporâneo. São Paulo: Contexto. 2003.
SIMÕES. Pedro. Os profissionais do social. Revista Sociologia Ciência & Vida. Nº 4, ano I, ed. Escala. 2007.