RESUMO

Como antecedente para seleção do tema, observou-se o desinteresse das Famílias dos alunos das primeiras séries do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”, no turno vespertino, em acompanhar o processo Ensino Aprendizagem de seus filhos. Acreditamos que o Problema maior está no fato de as famílias da maioria desses alunos não terem tido a oportunidade de estudar, bem como acharem que a Educação de seus filhos seja de total responsabilidade da Escola, assim como acharem que se eles não tiveram oportunidade de estudar seus filhos também não precisam ter acompanhamentos no processo de aprendizagem. Para esclarecer a problemática envolvida foram traçados como objetivos analisar o papel da Família no Processo Ensino Aprendizagem dos alunos das primeiras séries do Ensino Médio do turno vespertino da Escola de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”; Investigar as causas do alto índice de reprovação do aluno das séries iniciais do Ensino Médio; Reconhecer a importância da Família no Processo Ensino Aprendizagem enquanto os primeiros educadores de seus filhos; Verificar as implicaturas na aprendizagem, causadas pela ausência da família no processo Ensino Aprendizagem; Coletar dados que comprovem a positividade do processo da aprendizagem; Averiguar a maneira em que a Família participa no desempenho escolar do aluno e Analisar o nível socioeconômico dos pais dos alunos das séries a serem pesquisadas. Para tanto, foram escolhidas duas metodologias de trabalho: a revisão de literatura e um estudo de caso. Por fim conclui-se, entre outras, que, a escola deve se voltar para uma educação cidadã, que valorize o diálogo, a solidariedade e o valor da vida. Para isso é preciso, manter laços estreitos com a família, através de uma gestão democrática (mesmo que numa escola particular), onde todos possam e devam assumir responsabilidades, o que resultará na valorização da escola pela família, que a reconhecerá como local capaz de transformar socialmente e de ampliar sonhos e pensamentos. Palavras-chave: Afetividade. Aprendizagem. Família. Escola.

INTRODUÇÃO

Hoje, a maioria dos adultos, homens e mulheres, trabalham fora para o sustento da família, fazendo com que as crianças, cada vez mais cedo, saiam da restrita convivência familiar para permanecerem, grande parte do dia, em instituições de ensino, onde adquirem conhecimento e socialização entre colegas e adultos que não são seus familiares. Do ponto de vista afetivo e social, a escola tem sido a depositária de responsabilidade por parte de alguns pais. Espera-se que essa instituição cumpra ou complemente o papel antes atribuído às famílias e aos demais adultos, que é o de desenvolver capacidades culturais e valores sociais para interagirem com o mundo e consigo mesmos. Na verdade, à escola cabe a função de educar a juventude na medida em que o tempo e a competência da família são considerados escassos para o cumprimento de tal tarefa (DELVAL, 1998). Além disso, a escola também exerce uma função educativa junto aos pais, discutindo, informando, aconselhando, encaminhando os mais diversos assuntos, para que, em colaboração mútua, possam promover uma educação integral à criança (SALVADOR, 1999). A família é a matriz indispensável para que o trabalho de construção do cidadão aconteça. Toda a riqueza do desenvolvimento da criança se inicia na família e vai se fortificando na medida em que os pequenos começam a estabelecer sua rede relacional, que, na sequência, acontece na escola e se expande para além dela. Portanto, é em relação com seus pares e em um contexto democrático que a criança consolida o seu papel social de cidadã. A respeito da importância da integração família-escola, Salvador (1999) ressalta que a ação educativa deve ser compartilhada. Conhecer a criança é um privilégio das relações professores/responsáveis, não devendo serem interpretadas em uma perspectiva unidirecional. Os pais devem ser sensíveis às necessidades emocionais e sociais infantis, mesmo que haja manifestação radical no transcurso do seu desenvolvimento; precisam obter informações sobre como estão e como atuam seus filhos nessa instituição; e ainda dar suporte à função educativa da escola. Esse conhecimento mútuo, essa complementaridade, é condição indispensável 14 para um bom acompanhamento educativo. A escola precisa dispor de informações sobre os acontecimentos relevantes na vida das crianças e dos jovens, e deve olhar para a mudança de concepção da família, no sentido de vê-la de maneira mais global e buscar envolvêla nas atividades escolares, muitas vezes até mudando as suas programações para contemplar a participação familiar. Cada vez mais a participação e a inclusão dos pais na escola são vistas como necessária, pois ajuda a escola em sua missão educativa. Incentiva-se a organização de grupos de pais, para que façam parte dos conselhos escolares e possam decidir, junto à equipe da escola, sobre vários assuntos, desde o estabelecimento de prioridades de temas para trabalhos em sala de aula, até alocação de verbas, promoção de eventos, (ZENTI,2002). Gradativamente, a presença dos pais e da comunidade está sendo considerada como uma ampliação das possibilidades tanto da escola quanto das famílias. Na década de 1990, alguns estudos se voltaram para a pesquisa em torno da participação de pais na vida escolar do filho, tentando mostrar o que se define como envolvimento de pais e escola. Alguns desses pesquisadores estabeleceram ações importantes que revelam a participação dos pais nas atividades associadas à vida escolar das crianças: acompanhar tarefas e trabalhos escolares, ver caderno com as lições da escola, verificar se o filho fez as tarefas, estabelecer horários de estudo, informar-se sobre matérias e provas, (MAIMONI e MIRANDA, 1999). Outros consideraram que um pai envolvido é aquele que auxilia nas tarefas de casa, quando é solicitado, participa da programação da escola, assiste às atividades esportivas e extracurriculares da criança, toma conhecimento do rendimento do filho no colégio, através dos boletins, e participa das festas e comemorações escolares, (STEINBERG et al., 1992). Em vista disso, compreende-se que o pai que frequenta as reuniões pedagógicas e acompanha a proposta da escola, pode ajudar, e muito, pois sua presença é um sinal de interesse – incentivar o filho a ir à escola, insistir na assiduidade às aulas, organizar o tempo para que estude, está de fato participando. É extremamente gratificante para os filhos quando os pais se interessam pelo seu progresso escolar. Tal atitude pode se iniciar em casa quando perguntam o que a 15 criança fez no colégio, vêem seu boletim e, sempre que possível, comparecem às reuniões de pais e mestres. Cabe à instituição deixar claro a importância dessas e de outras atitudes desde as primeiras reuniões com os responsáveis. De acordo com Bencini (2003), o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) concluiu em 1999 que quando há parceria da família com as escolas e diálogo dos pais com os professores e diretores, os alunos aprendem melhor. Trata-se também de uma forma de a família verificar se os objetivos propostos pelo colégio estão sendo alcançados. Os pais devem exercer uma posição de supervisores da proposta pedagógica de modo a questionar, sugerir e colaborar com ações que visem a boa parceria entre família-escola. Para a instituição de ensino, também é importante o apoio da família, pois os pais cooperativos e atentos ao desenvolvimento dos filhos ajudarão a estimular na criança o gosto pela aprendizagem, com implicações no desempenho escolar dos mesmos. A partir da Constituição Federal de 1988, a educação passou a ser um direito da criança assegurado legalmente. Até os seis anos de idade, a frequência às creches e pré-escolas é uma opção dos pais, cabendo ao Estado o dever de oferecer vagas nesses espaços. No Ensino Fundamental, por volta dos sete anos de idade, a educação torna-se obrigatória. O Estado não pode deixar de atender à demanda por vagas de toda a população infantil, nem os pais podem manter os filhos afastados da escola, estando ambos os sujeitos à penalidade legal. Isso significa o reconhecimento da criança e do jovem como cidadãos que devem ter os seus direitos assegurados, não só pela família, como também pela sociedade e pelo Estado. Dessa forma, como antecedente para seleção do tema, observou-se o desinteresse das famílias dos alunos das primeiras séries do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”, no turno vespertino, em acompanhar o processo ensino-aprendizagem de seus filhos. Acredita-se que o problema maior está no fato de as famílias da maioria desses alunos não terem tido a oportunidade de estudar, bem como acharem que a educação de seus filhos seja de total responsabilidade da escola, assim como acharem que se eles não tiveram oportunidade de estudar, também não precisam acompanhar o processo de aprendizagem de seus filhos. 16 Questionou-se, dessa forma, qual o papel da família no processo ensino aprendizagem dos alunos das primeiras séries do Ensino Médio, do turno vespertino da Escola de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”; qual o impacto da participação ou não da família dos alunos das primeiras séries do Ensino Médio, do turno vespertino no processo ensino aprendizagem; quais implicações da falta de participação da família, nesse processo; de que maneira a família participa no desempenho escolar dos alunos; qual o nível socioeconômico dos pais dos alunos das séries a serem pesquisadas. Com base na problemática estabelecida, teve-se como objetivo analisar o papel da família no processo ensino aprendizagem dos alunos das primeiras séries, do Ensino Médio, do turno vespertino da Escola de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”. Objetivou-se, também investigar as causas do alto índice de reprovação dos alunos das séries iniciais do Ensino Médio; reconhecer a importância da família no processo ensino aprendizagem, enquanto os primeiros educadores de seus filhos; verificar as implicaturas na aprendizagem, causadas pela ausência da família no processo ensino aprendizagem; coletar dados que comprovem a positividade do processo da aprendizagem; averiguar a maneira em que a família participa no desempenho escolar do aluno; analisar o nível socioeconômico dos pais dos alunos das séries a serem pesquisadas. Assim, o trabalho focou na preocupação no alto índice de reprovação dos alunos dos primeiros anos do Ensino Médio do turno vespertino da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”, Espírito Santo, Brasil. O aprendizado nas séries iniciais é de fundamental importância para que os alunos consigam desleixar nos anos seguintes, bem como no curso superior. O mercado de trabalho está cada dia mais exigente, por isso é necessário que a comunidade escolar, principalmente os pais estejam diretamente envolvidos no processo Ensino aprendizagem. Preocupando-se com o futuro de nossos jovens, em especial, os da unidade escolar pesquisada, foi feita a proposta de averiguar as causas principais do não envolvimento dos pais no processo ensinoaprendizagem. Para tanto, foram escolhidas duas metodologias de trabalho: a revisão de literatura e um estudo de caso, através de estudo de caso, do tipo a qualiquantitativa. Para essa pesquisa, o método escolhido foi o indutivo, "considerado como o elemento distintivo da ciência, o seu emprego é como forma ou critério de 17 demarcação entre aquilo que é científico e o que não é." (OLIVEIRA, 1997, p. 1), é o conjunto de métodos e técnicas utilizados para a realização de uma pesquisa. Quanto à ciência, este estudo é teórico e prático; quanto à natureza, o trabalho é científico original (pesquisa realizada pela primeira vez e que contribui para a evolução do conhecimento da ciência); quanto aos objetivos, é uma pesquisa exploratória (realizar levantamento bibliográfico); quanto aos procedimentos, é uma pesquisa de fonte de papel (pesquisa bibliográfica e documental); quanto ao objetivo, é uma pesquisa bibliográfica (elaborada a partir de material já publicado) e quanto à abordagem é uma pesquisa qualitativa (a pesquisa é descritiva e os dados obtidos são analisados indutivamente). Assim, confirma Gil (1996, p. 48): “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” Adicionalmente, a pesquisa apresenta um estudo de caso realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”, Espírito Santo, Brasil. Segundo Yin (apud ROESCH, 1996, p. 155) “[...] o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto, pois este é especialmente adequado ao estudo de processos à medida que eles se desenrolam na organização. Como ferramenta, foram utilizados questionários com perguntas fechadas aplicados aos pais, alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”. [...]