- Oi! Tu vens sempre aqui?

- Sim, mas vou deixar de vim.
- Por que?
- Por causa de ti.
- E o que te fiz?
- Falou comigo.
- E qual o problema? Já que tu respondeste?
- Respondi, pois estou carente (começa a chorar).
- Não fica assim! Estou aqui.
- Tu não és ninguém, apenas um idiota que se aproveita das mulheres.
- Não é bem assim, mas vamos ao meu carro?
- Não, não vou! Estou melhor aqui. Garçom, dá-me uma tripla aí!
(Bebe, e então fica extremamente alcoolizada)
Depois disto, Cláudia abre-se para Bento e diz que é garota de programa, e ninguém nunca mais tinha chegado para conversar com ela, como ele fez. Ele, já alegre, a convida novamente para ir ao carro, e logo, estão em um motel.
- Tira a roupa para mim vai! - diz ele.
- Não, Bento, tu nem perguntaste se eu queria vir para cá.
- Mas estás acostumada a fazer isso.
- Tudo bem, mas não é só assim. Tem de conversar, saber como é a pessoa, essas coisas.
- Foda-se! Vai me dar ou não?
- Não! Se quiser fique aí com a mão mesmo! Vou-me embora! És insensível, enganei-me!
- Não se vá, estou apaixonado por ti. Desculpe-me!
Ela volta, eles conversam mais um pouco, e ela acaba cedendo.
- Vais me ligar amanhã?
- Ligo sim, meu amor.
Amanhece, e Cláudia, ansiosa, por quase arranjar um namorado, espera ansiosamente pelo telefonema de Bentinho, como assim, já o chamava. Esperou, esperou, esperou, e nada. Então liga para ele:
- Alô? Bentinho está?
- Quem?
- Bentinho! Um homem de cabelos pretos, lindos olhos castanhos, um pouco forte, barba torneada, um amor de pessoa.
- Minha senhora, olha, aqui é da Mercearia São João, o único Bentinho que eu conheço é o de Machado de Assis, pois este não mora aqui, e muito menos perto. (e desliga.).
- Aquele safado! Enganou-me!
Passam-se os dias, e Cláudia está andando pela rua e vê Bentinho em uma esquina, quando sai correndo atrás dele, o vê com outra mulher em um grande amasso.
- Seu filho da puta! Enganou-me, agora fica aí com outra no maior amasso!
- Mas, eu não sei nem quem és.
- Não, e aquela nossa noite? O que foi que tivemos? Um sexo ardente e maravilhoso!
A que Bentinho estava "amassando" não estava vendo nada. E perguntava com quem Bentinho estava conversando. E ele não respondia.
- Seu safado! Nunca mais olhe para mim.
Bentinho sai correndo atrás de Cláudia e ela para em frente a uma ponte.
- Tchau Bentinho, enganaste-me. Ainda pensei que pudesse amar novamente.
- Tchau Cláudia.
Cláudia nasceu em 1927 e morreu em 1940. Bentinho nasceu em 1940 e viveu a vida intensamente até conhecer Cláudia.

 

Rafael Menezes