Este é o novo mundo em que estamos vivendo. Por enquanto. A sabedoria popular afirma que quando alguém fala uma mentira muitas vezes, acostuma-se tanto com o que afirma, que acaba acreditando que seja verdade. Com certeza o mesmo acontece quando ouvimos inúmeras vezes na mídia as mesmas notícias horrendas, chocantes e inacreditáveis. De tanto vê-las e ouvi-las dia após dia, por mais terríveis que sejam nos acostumamos com elas a ponto de já não nos sentirmos mais tão chocados como antes. Até parece que tudo o que vemos, já era de se esperar; já não nos comovemos mais com as atrocidades anunciadas, até porque não podemos dar jeito, nossas opiniões não são ouvidas, mas todos sabem que estamos horrorizados, assustados e sem nada podermos fazer. A cada dia os tristes episódios caem no esquecimento para dar lugar a outros acontecimentos ainda piores. Então ficamos calejados e entorpecidos e já não sentimos mais nada além de um medo generalizado com o qual já nos habituamos, enquanto adquirimos o hábito de auto proteção. Vivemos atrás das grades dos portões, das portas e das janelas, e ninguém mais circula despreocupadamente pelas ruas e praças, já que qualquer desconhecido pode representar um grande perigo para qualquer um de nós. Entramos nos Bancos sob o olhares agressivos de policiais a postos e temos que esvaziar nossas bolsas e casacos, expondo nossos pertences nas portas giratórias pois até prova em contrário, qualquer um é suspeito. Qualquer telefonema de quem não conhecemos nos deixa assustados, e temos que estar precavidos para não responder a perguntas de quem não sabemos quem é, pois enquanto o tempo passa o número do nosso telefone poderá estar sendo clonado. Temos medo de abrir a porta. Temos medo de circular pelas ruas dentro do nosso próprio carro. Quando começamos a esquecer um ato de terrorismo praticado em determinado país, quando as lágrimas de quem perdeu pessoas queridas num atentado ainda nem secaram, uma barbaridade diferente acontece aqui no nosso país antes deitado em berço explêndido. São inacreditáveis os últimos acontecimentos, até mesmo em um lugarejo quase desconhecido nas dunas do nordeste, onde acaba de explodir uma sangrenta revolução causada por ódios contidos como águas revoltas de uma represa podre, atrás das paredes de uma precária penitenciária mal administrada e desprotegida, onde homens de alta periculosidade e rivais entre si, circulavam livremente misturados com outros que cometeram menores delitos, todos amontoados e revoltados, e como feras famintas e sedentas de sangue ameaçavam destruírem-se uns aos outros. A polícia não tinha condições de controlar a população carcerária ensandecida e cada vez mais assassina, e o governo do Estado ficou a ver navios, cuidando em pedir socorro ao Governo Federal. Depois de roubado, dizem, o brasileiro começa a fechar a porta. Agora, após a retirada de vários mortos, no local estão alguns homens trabalhando, há algumas retro escavadeiras fazendo um paredão, um monte de coisas que há muito deviam ter sido feitas. Tudo isso aconteceu alguns dias depois de em outro Estado ter havido rebelião ainda maior. Vamos aguardar o próximo capítulo rezando para que Deus tenha misericórdia de todos nós que nascemos num país de aparência tão bela e tão apodrecido por dentro.
Autora: Junia - 22/01/2017