O Navio Fantasma

Foi numa viagem de cinco-e-meia da manhã, de Paquetá para o Rio. A barca era a Gragoatá e o mestre era o “Zé- -da-Burra” ...

Um nevoeiro muito forte impedia a visibilidade quase por completo e o “Zé-da-Burra” estava se orientando pe- lo radar quando, de repente, um dos marinheiros que es- tava com êle na casa-de-comando gritou:

- “Cuidado Zé!...Vem uma caravela enorme aí na nossa frente!” e, ràpidamente , seguiu-se o barulho da reversão das máquinas, que se fez acompanhar por um forte sola- vanco e, enquanto todos os passageiros gritavam,agigan- tou-se pela prôa da barca a imagem de uma enorme cara- vela que vinha na nossa direção... E ela já estava tão per- to que não dava mais para mudar a rota da barca mas, pa- ra o espanto de todos , a caravela passou por dentro da nossa embarcação, de prôa à pôpa, e desapareceu depois, por trás de nós, como que por um encanto ...

Eu nunca tinha ouvido falar de miragens na Baía da Guanabara, sendo esse o único caso de que se tem notí- cias até o presente ...