O naufrágio das civilizações

Nasci com uma boa saúde nos braços de uma civilização moribunda e, durante toda a minha vida, tive a sensação de sobreviver, sem mérito ou culpa, quando tantas coisas ao meu redor estavam caindo em ruínas; como aqueles personagens de filmes que atravessam ruas onde todas as paredes desmoronam, e ainda acabam ilesas, sacudindo a poeira de suas roupas, enquanto atrás delas toda a cidade inteira não ha nada a não ser um monte de escombros.

Tal foi meu triste privilégio desde o primeiro fôlego. Mas é também, sem dúvida, uma característica do nosso tempo, se comparamos com aqueles que se precederam.

No passado, os homens tinham a sensação de serem efêmeros em um mundo imutável; vivíamos na terra onde os nossos pais tinham vivido, trabalhamos como tinham trabalhado, cuidamos como tinham cuidado, educaram como tinham educado, rezavam da mesma forma, movidos por os mesmos meios.

Meus grandes parentes e todos os antepassados ​​desde diferentes gerações nasceram sob a mesma dinastia otomana, como não puder crer  nisso eternamente?

Lahcen EL MOUTAQI