Os alunos do curso de Diplomatas do Instituto Rio Branco, elegeram como patrono o diplomata e poeta pernambucano João Cabral de Mello Neto. Insensato, como sempre, o ministro Ernesto Araújo, fez um comentário nada elegante nem diplomático sobre o nome escolhido pelos alunos.


Em sua fala, como representante do Ministério das Relações Exteriores, lembrou que o poeta escolheu o lado errado, ou lado do marxismo, por isso foi perseguido.

O fato ocorreu em 1952, época conhecida como a da caça às bruxas ou a perseguição a todos os comunistas ou simpatizantes, com base em fatos reais ou imaginários. Foi o caso do poeta que foi acusado de promover uma célula comunista no Itamaraty, juntamente com com o filólogo Antonio Houaiss e outros dois diplomatas. Como se tratou de denúncia sem procedência, o poeta recorreu ao STF que o inocentou, evitando que sua carreira na diplomacia fosse interrompida.

Naquela época, de triste memória, a perseguição de políticos, artistas, escritores estava a solta. Graciliano Ramos, Jorge Amado, Monteiro Lobato e outros intelectuais foram presos, sendo o autor de Vidas Secas a mais longa prisão, que deu origem ao seu livro Memórias do Cárcere, adaptado para o cinema. Nos Estados Unidos a perseguição, chamada de macartismo, envolveu o famoso caso dos imigrantes italianos Sacco e Vanzetti, que foram condenados a morte com base em provas forjadas. Charles Chaplin, foi proibido de morar nos EUA.


Qual a intenção do medíocre diplomata e por acaso ministro ao relembrar um fato já esquecido que prejudicou a carreira do poeta, cuja única culpa eram suas amizades com pessoas que militavam no PCB? Será que o "macartismo brasileiro" já está em atividade?
Para lembrar, o poeta João Cabral era de família de usineiros pernambucanos, com vários livros publicados, reconhecido internacionalmente e membro da Academia Brasileira de Letras e será sempre lembrado por sua competência, inteligência e produção intelectual, enquanto que o atual ocupante do ministério será relegado à tumba do esquecimento.