O MINEIRO
Publicado em 19 de maio de 2011 por GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
O MINEIRO
Nazaré, 26-09-1974
Os cansados mineiros
Andam em direção
Aos tenebrosos túneis.
Parece magia do inferno
Quando a terra os engole
Um por um, a todos.
Descem o elevador
Para as profundezas da terra,
Para o fundo do inferno.
Todos eles cospem negro,
Como se estivessem cuspindo
Suas turbulentas vidas desgraçadas.
Começa o trabalho
Que parece interminável.
O único sinal de vida
É a lâmpada no capacete.
São raros os mineiros
Que vêem a luz do sol,
Pois dela estão privados
Talvez para toda a vida.
Suas feições são pálidas
Mesmo que sejam um negro,
Por falta de luz solar,
Pela umidade existente
Nas profundezas do inferno.
É calor e umidade
É suor e tuberculose.
Suas vidas são negras.
Quando estão fora das minas
Sempre é noite fechada,
Quando descem às minas
Sempre é madrugada.
É assim todo dia
Até a hora da morte,
Até a hora da sorte.
São homens e mulheres
Num formigueiro úmido,
Em meio à semi-escuridão,
Com marretas e picaretas,
Na esperança que um dia
A morte os leve de uma vez
Para não mais trabalharem,
Para descansarem em paz
Com a falta de ar definitiva.
Cá, do outro lado do país
O empresário sorri com a produção,
E manda tudo para exportação.
Nazaré, 26-09-1974
Os cansados mineiros
Andam em direção
Aos tenebrosos túneis.
Parece magia do inferno
Quando a terra os engole
Um por um, a todos.
Descem o elevador
Para as profundezas da terra,
Para o fundo do inferno.
Todos eles cospem negro,
Como se estivessem cuspindo
Suas turbulentas vidas desgraçadas.
Começa o trabalho
Que parece interminável.
O único sinal de vida
É a lâmpada no capacete.
São raros os mineiros
Que vêem a luz do sol,
Pois dela estão privados
Talvez para toda a vida.
Suas feições são pálidas
Mesmo que sejam um negro,
Por falta de luz solar,
Pela umidade existente
Nas profundezas do inferno.
É calor e umidade
É suor e tuberculose.
Suas vidas são negras.
Quando estão fora das minas
Sempre é noite fechada,
Quando descem às minas
Sempre é madrugada.
É assim todo dia
Até a hora da morte,
Até a hora da sorte.
São homens e mulheres
Num formigueiro úmido,
Em meio à semi-escuridão,
Com marretas e picaretas,
Na esperança que um dia
A morte os leve de uma vez
Para não mais trabalharem,
Para descansarem em paz
Com a falta de ar definitiva.
Cá, do outro lado do país
O empresário sorri com a produção,
E manda tudo para exportação.