A fama da falta de pontualidade dos brasileiros já ultrapassou fronteiras há muito tempo. Isso já foi motivo de muita brincadeira em nosso grupo.

Alguns amigos  às vezes se irritavam com esse assunto, defendendo que essa é uma imagem distorcida. Eram justamente os que mais se atrasavam para as nossas reuniões.

As desculpas? Ah, sim, eram criativos, mas todos nós sabíamos que eram desculpas.

Quando fiz pós-graduação, nossas aulas aos  sábados  começavam as nove horas da manhã. Todo santo sábado um de nossos colegas chegava atrasado.

Nosso mestre era um tanto amargo,  se irritava com facilidade e  se incomodava bastante com atrasos. E estava certo, não?

Todos que o conheciam alertavam os alunos para que  evitassem  entrar fora do horário em suas aulas.

No começo da história, ver  nosso colega chegando atrasado e levando duras reprimendas era desagradável, depois aquilo foi se tornando algo esperado.

Os colegas de classe sempre  diziam a ele: -Toma jeito, isso é feio, tá ficando chato!.

Como não havia jeito as pessoas passaram a esperar ansiosas os encontros de sábado pela manhã do mestre irritado com o aluno desleixado.

Falta um detalhe não? O motivo do atraso.

Simplesmente  o rapaz  cansado dizia que não conseguia acordar mais cedo.

O que poderia então chamar a atenção nesses encontros, logo no início das aulas?

A criatividade da bronca do mestre e o jeito como nosso colega absorvia o que ouvia.

Um  dia, para espanto de todos, o aluno  venceu o mestre por cansaço!

Já desanimado e vendo que nada mudaria o mestre disse:-  Senhor X, tenho que concordar contigo. O senhor atrasa, mas pelo menos é consistente no atraso. Chega sempre,  pontualmente,  as nove horas e dez minutos. E nunca mais tocou no assunto.

Nesse momento alguém, até hoje não sabemos que foi, disse:-  Junte-se a eles .... Toda a classe explodiu numa só gargalhada!

Engraçado? Não, parece realmente um costume que temos.

Por que me lembrei disso?

Esta semana, algumas pessoas num almoço, conversavam sobre um  novo prazo de entrega que o nosso  mercado  havia criado.

A pergunta era assim: - Sabem qual o  novo prazo para entrega de produtos que o mercado está praticando?

Lógico que as respostas eram as mais variadas, 30 dias , 60dias, imediata, 360 dias, contra pagamento, não estão entregando...

A dica para aguçar a curiosidade era de que a condição não  consta nos contratos e nem nos pedidos.

Ao olhar em volta,  o que mais se via eram interrogações nos olhos das pessoas e aquela pergunta, uns olhando para os outros: -Que prazo é esse?

Para aliviar o sofrimento recebemos a resposta: -Entregaremos o mais breve possível!

Com isso passamos a ouvir relatos de um estudioso de mercado que vem acompanhando essa questão da pontualidade da

entrega  e como nossas empresas tratam do assunto.

A conclusão é que precisamos melhorar muito!

Quando nos atrasarmos para um compromisso e nos perguntarem quando chegaremos já temos uma reposta bem “criativa”: O  mais breve possível.

Atrasado? Não ! É  só uma imagem distorcida ...

 

Ivan Postigo

Economista,  Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP

Autor do livro: Por que não? Técnicas para  estruturação de carreira na área de vendas

Postigo Consultoria de Gestão Empresarial

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