O Lúdico no Século XXI
Publicado em 11 de março de 2009 por Paulo Gilson Carvalho Júnior
Na década de 80 do séc. XX, era de praxe presenciar muitas crianças em plena rua brincando de esconde-esconde, pega-pega, salva-latinha, amarelinha, boca de forno, dentre as inúmeras formas saudáveis que as crianças adoravam praticar próximo as suas residências, com segurança; não era comum um acontecimento trágico ou perturbador próximo a estes locais, a polícia agia de forma mais eficaz, os bandidos temiam a justiça e existia a censura para libertinagens ou qualquer ato imoral na comunidade e nos meios de comunicação.
Nesta época de euforia, muitos falavam da amplitude na democracia, houve nas décadas posteriores vários avanços na economia, política, maior avanço no intercâmbio de culturas com o surgimento e a proliferação da informática, avanços na medicina, etc., foi um Boom no desenvolvimento materialista.
Ao passar dos anos, a estrutura da sociedade veio sendo somadas e às vezes modificadas por algo ou alguma situação consequente deste boom, por exemplo: a implementação cada vez maior de máquinas nas indústrias, religiões mercantilizadas, ausência de filtragem no conteúdo dos meios de comunicação, contingente da mão de obra superior ao mercado empregatício, inflação e a política aderindo com uma democracia mais ampla de forma irresponsável, sem muito se preocupar com as consequências futuras, fazendo demagogias perante a sociedade.
Causando com esta estrutura vários rompimentos na população, criando fossos profundos na sociabilidade e na economia entre as pessoas; evoluindo para um desenvolvimento paradoxal da população, isto é, vai ficando cada vez mais difícil o cidadão se situar como igual, perante a justiça e perante a concorrência pela sobrevivência.
Com todo este aparato sendo moldado, acentua-se cada vez mais a marginalização, estas pessoas começam a procurar alternativas para se manter, procurando apoio político e quando não são atendidos, alguns de casos mais extremos recorrem à mendicância, outros se prostituem, roubam e até matam para conseguir algo.
Esta estrutura de desenvolvimento paradoxal se iniciou desde a evolução capitalista com a globalização e está se agravando no nosso século atual, em que se soma a todo este desenvolvimento, uma justiça deficiente, uma política econômica voltada para a minoria e uma total liberdade sem censura efetiva.
É neste contexto que se presencia uma mudança nos comportamentos lúdicos das crianças, que assimilaram uma cultura diferente, que não brincam com plena liberdade e segurança, sem temer algo, pois a marginalização está em um patamar muito diferente, acontecendo em larga escala os estupros, mortes, sequestros, pedofilias, assaltos, tráfico de drogas, fazendo desta sociedade um verdadeiro caos.
Hoje, o lúdico de antes, se tornou estórias e práticas platônicas para muitas pessoas, mas ainda existem famílias e instituições que tentam resguardar apaixonadamente estes momentos, praticando em locais fechados ou em regiões em que este boom do desenvolvimento ainda não se apoderou de suas estruturas.
O que predomina na maioria das regiões atualmente, são recreações e convívio familiar desestruturado, que contém conteúdos impróprios em que a criança é suscetível a manipulação pelas imagens e ou práticas de guerra, sexo, humilhações, intolerâncias ou consumo de drogas; fazendo com que muitas crianças cresçam com instintos agressivos e desumanos, tornando assim um ciclo vicioso para a posterioridade.