O LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGOGICA NA ARTICULAÇÃO

Por Hellen Aline Rodrigues Albuquerque | 05/09/2018 | Educação

FREITAS, Jéssica Messi

SORTI, Dhaya Cristyna Furlan

ALBUQUERQUE, Hellen Aline Rodrigues

Resumo: O presente trabalho apresenta como tema, o lúdico como ferramenta pedagógica, haja vista que a brincadeira faz parte do desenvolvimento do jovem, principalmente no período da infância a adolescência, sendo através do brincar que este consegue se relacionar socialmente, em tempos e lugares diferenciados, construindo parâmetros e a visão do mundo de acordo com cada experiência nova. Assim, se observa que o lúdico faz parte da vida cotidiana do jovem, independentemente da cultura ou da sua classe social. O lúdico por se caracterizar como brincadeira, permite através dos jogos didáticos e de outras práticas pertinentes, a construção do saber, além de proporcionar também o acompanhamento do desenvolvimento emocional, mental e o psicomotor do educando, servindo ainda, como forma de estímulo, quanto a sua participação no cotidiano escolar, conforme a sua interação social.

Palavras-chave: Articulação, dificuldade de aprendizagem e ludicidade.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta como tema, o lúdico como ferramenta pedagógica, haja vista que a brincadeira faz parte do desenvolvimento do jovem, principalmente no período da infância a adolescência, sendo através do brincar que este consegue se relacionar socialmente, em tempos e lugares diferenciados, construindo parâmetros e a visão do mundo de acordo com cada experiência nova. Assim, se observa que o lúdico faz parte da vida cotidiana do jovem, independentemente da cultura ou da sua classe social.

Neste sentido, pode-se questionar se o ato de brincar, pode e deve ser utilizado como forma lúdica no processo ensino-aprendizagem na escola?

Se, como ferramenta pedagógica, o lúdico possibilita um melhor aprendizado para os alunos com déficit de aprendizagem, quando utilizado pelo professor articulador?

A ludicidade, como se observa, proporciona uma série de aspectos, que se bem utilizados, facilitam sobremaneira a busca do conhecimento e do aprendizado, estimulando ao educando a curiosidade e a busca por novas descobertas, tornando o aprendizado mais fácil e mais prazeroso, proporcionando assim ao educando um crescimento físico e emocional, a interação e o desenvolvimento de suas capacidades psicomotoras na construção do conhecimento.

Deste modo, este trabalho tem como finalidade, através de uma pesquisa bibliográfica, fazer uma análise do lúdico na articulação, sua aplicabilidade e seus resultados, como instrumento facilitador do conhecimento, embasando-se nas ideias e concepções de estudiosos como: Antunes (2004), Araújo (1992), Huizinga (2010) Kishimoto (2011), Luckesi (1998), Santos (1999/2000) entre outros.

2 MATERIAS E MÉTODOS UTILIZADOS

Este trabalho será realizado totalmente de forma de revisão bibliográfica, para demonstrar a importância do lúdico no ambiente escolar, sendo uma pesquisa qualitativa documental, segundo Gil (2002, p.44), “[...] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

Neste estudo bibliográfico foi realizado a pesquisa em diversos meios, como livros, artigos de periódicos, google acadêmico e revistas, elaborando assim uma revisão bibliográfica sobre a historia da Educação Física e principalmente sobre a importância da recreação como alicerce pedagógico no desenvolvimento integral da criança e adolescente.

3. O LÚDICO E SUAS FERRAMENTAS

O lúdico se caracteriza como atividade realizada através de jogos e brincadeiras, que faz parte do cotidiano das pessoas, principalmente dos jovens, motivo pelo o qual, estes se identificam tanto com ela.

De acordo com Santos (2000, p. 57):

A palavra lúdico significa brincar. Neste brincar estão incluídos jogos, brinquedos e brincadeiras, e é relativo também a conduta daquele que joga, que brinca, que se diverte. As atividades lúdicas fazem parte da vida do ser humano e, em especial, da vida da criança, desde o início da humanidade. Entretanto, essas atividades, pôr muitos séculos, foram vistas como sendo sem importância e tendo conotação pejorativa. Culturalmente somos programados para não sermos lúdicos. Somente a partir dos anos 50 de nosso século é que o brinquedo e o jogo começaram a ser valorizados. Tal mudança de enfoque se deu principalmente pelo avanço dos estudos da psicologia sobre a criança pequena, que colocou as atividades lúdicas em destaque, por ser o brinquedo a essência da infância.

 

Desse modo, o brinquedo encontra-se intrínseco no cotidiano da criança, de tal forma, que não se concebe a ideia de uma criança sem brinquedo, seja ele qual for.

Neste sentido, conforme explica Brougère (2010, p. 56):

A cultura lúdica está imersa na cultura geral à qual a criança pertence. Ela retira elementos do repertório de imagens que representa a sociedade no seu conjunto; é preciso que se pense na importância da imitação na brincadeira. A cultura lúdica incorpora, também, elementos presentes na televisão, fornecedora generosa de imagens variadas.

 

Assim, é comum observarmos crianças que imitam as figuras dos pais e daqueles que as cercam, bem como, criarem estórias, imitando seus heróis e heroínas que se mostram em filmes televisivos.

Para Aragão (2007, p. 62):

O lúdico exerce um fascínio muito grande, uma vez que é inerente ao ser humano. E o que é melhor, sua parte alegre reporta-se aos momentos em que ele está feliz. O lúdico pode ser manifestar através de atos que podem ser de estratégia, quando falamos de jogos; de imaginação, quando falamos em histórias; e dramatização ou construção, quando falamos em artesanato

 

Tanto os jogos quanto as brincadeiras fazem parte da vida o indivíduo, da infância a fase adulta, o que possibilita um relacionamento intrapessoal bem como interpessoal.

De acordo com Luckesi (1998, p. 29): “A atividade lúdica é aquela que dá plenitude e, por isso, prazer ao ser humano, seja como exercício, seja como jogo simbólico, seja como jogo de regras.” Os jogos apresentam múltiplas possibilidades de interação consigo mesmo e com os outros.

Conforme Pires (2008, p. 03):

Através de atividades lúdicas, como as brincadeiras, os jogos, as cantigas etc., as crianças aprendem a refletir suas ações e a dos adultos, experimentam situações novas e criam soluções para os desafios do seu cotidiano.

 

A ludicidade, por proporcionar divertimento, conquista a todos. No caso especifico do jovem, além de proporcionar alegria, também auxilia do desenvolvimento motor e cognitivo e contribui para um processo ensino-aprendizagem mais saudável e eficaz, através de jogos, brinquedos e brincadeiras, que estão ligados diretamente a criança, ou ao jovem de modo geral, como atividade característica do seu comportamento, promovendo o desenvolvimento psíquico, físico e a socialização.

Para Lima (1998, p. 69), o desenvolvimento da criança depende estritamente da atividade, pois a criança, sempre que não está dormindo, brinca exaustivamente, é neste momento que os jogos, o faz de conta, brincadeiras e os brinquedos começam a apresentar-se, e será através deles que a criança desenvolverá boa parte de suas habilidades motoras e cognitivas.

Portanto, essas atividades, desde cedo, devem ser aplicadas de modo a estimular ao jovem, para proporcionar seu pelo pleno desenvolvimento psicomotor e sua relação com o mundo que o cerca. O jogo se apresenta como é uma das opções a serem utilizadas, haja vista o divertimento que este proporciona.

O jogo, se caracteriza como uma atividade de divertimento ou brincadeira.

Jogo é um termo do latim “jocus” que significa gracejo, brincadeira, divertimento. O jogo é uma atividade física ou intelectual que integra um sistema de regras e define um indivíduo (ou um grupo) vencedor e outro perdedor. Os jogos podem ser utilizados para fins educacionais para transmitir o sentido de respeito às regras e a mensagem de que numa disputa entre adversários haverá sempre um que perde e outro que ganha.

 

O jogo, se mostra uma importante ferramenta na construção do ser, haja vista que, desde cedo prepara a criança, para quando adulta, se deparar com situações não favoráveis, que perder não significa derrota, mas incentiva a busca de soluções viáveis para a realização de seus projetos.

Para Huizinga (2010, p. 16), o jogo apresenta as seguintes características:

O jogo é uma atividade livre, conscientemente tomada como “não-séria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendência a rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou de outros meios semelhantes.

 

Os jogos proporcionam uma série de exercícios, habilidades que acompanharão o jovem durante toda a vida, entretanto, deve-se tomar cuidado quanto a sua aplicabilidade, haja vista que, deve-se considerar a idade certa para o jogo certo, de acordo com as regras pertinentes para cada atividade.

Kishimoto (2011, p.18), apresenta três níveis de diferenciações de jogos:

1- o jogo pode ser visto como resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social;

A noção de jogo não nos remete à língua particular de uma ciência, mas a um uso cotidiano. Assim, o essencial não é obedecer à lógica de uma designação cientifica dos fenômenos e, sim, respeitar o uso cotidiano e social da linguagem, pressupondo interpretações e projeções sociais. Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores, crenças, modo de vida, que se expressa também, por meio da linguagem.

 

2 - pode ser um sistema de regras;

No segundo caso, as regras permitem diferenciar cada jogo, permitindo superposição com a situação lúdica, ou seja, quando alguém joga, está executando as regras do jogo e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma atividade lúdica.

3 - ou ainda, um objeto.

Neste sentido, vê-se o jogo quanto objeto. O objeto xadrez, por exemplo, se materializa no tabuleiro e nas suas peças. O pião, confeccionado, representa o objeto empregado na brincadeira de rodar-pião.

Ainda, para Kishimoto (2011, p. 27): “A existência de regras em todo jogo e uma característica marcante. Há regras explicitas, como no xadrez ou na amarelinha, regras implícitas como na brincadeira de faz de conta.”

Assim, por meio do jogo, a criança encontra prazer, além de que, através do esforço empreendido, esta desenvolve a satisfação da conquista, bem como, exprime o sentimento de liberdade para alcançar seus objetivos.

Segundo Araújo (1992, p. 64), “jogo é uma atividade espontânea e desinteressada, admitindo uma regra livremente escolhida que deve ser observada ou, um obstáculo deliberadamente estabelecido, que deve ser superado.”

Desse modo, esses aspectos possibilitam uma compreensão do jogo, de modo diferenciado, de acordo com suas culturas, caracterizados pelas regras e os objetos utilizados.

Além dos jogos, o brinquedo também auxilia no desenvolvimento da criança, haja vista que este se caracteriza como um ou mais objetos utilizados para o simples ato de brincar.

Brinquedo é um objeto ou uma atividade lúdica, voltada única e especialmente para o lazer, e geralmente associada a crianças, também usada por vezes para descrever objetos com a mesma finalidade, voltada para adultos. Na pedagogia, um brinquedo é qualquer objeto que a criança possa usar no ato de brincar. Alguns brinquedos permitem às crianças divertirem-se enquanto, ao mesmo tempo, as ensinam sobre um dado assunto. Brinquedos muitas vezes ajudam no desenvolvimento da vida social da criança, especialmente aquelas usadas em jogos cooperativos.

 

O brinquedo facilita o desenvolvimento da criança, haja vista as diversas atitudes durante o seu manuseio, cognitivo e social e, se bem utilizado, pode certamente se tornar uma eficiente metodologia pedagógica.

De acordo com Vigostski (2011, p.122):

A relação brinquedo e desenvolvimento pode ser comparada à relação instrução e desenvolvimento, o brinquedo fornece ampla estrutura básica para a mudança da necessidade e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginaria, a criação das intenções voluntarias e a formação dos planos de vida real e motivações volitivas tudo aparece no brinquedo que constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo.

 

Entretanto, deve observar que a criança estabelece uma relação com o brinquedo desprovida de regras.

Para Kishimoto (2011, p. 20):

O brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua ação... O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo e dar à criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipula-los.

 

Assim, é através da manipulação do brinquedo que a criança reproduz cenas e situações do cotidiano, desenvolvendo as mais diversas brincadeiras, como formas de se entreter e de se distrair. Pode ser uma brincadeira recreativa como brincar de "esconde-esconde" ou um gracejo, como trocadilhos ou insinuações.

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 27):

A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada.

 

 A brincadeira, ainda, se constitui como uma ação livre, embora com regras explicitas e implícitas, que ajuda a criança quanto ao seu desenvolvimento cognitivo, físico e moral.

Para Kishimoto (2011, p. 24): “A brincadeira é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode ser dizer que é o lúdico em ação.”

As regras possibilitam a criança organizar as brincadeiras de acordo com as suas necessidades e, auxiliam ainda, na organização de ideias, desenvolvendo e aperfeiçoando conhecimento cognitivo.

Neste sentido, segundo Wajskop (2005, p. 25):

A criança se desenvolve pela experiência social, nas interações que estabelece, com a experiência histórica dos adultos e do mundo. Nesse sentido, a brincadeira é uma atividade humana na quais as crianças são introduzidas constituindo se em um modo de assimilar e recriar experiências dos adultos. Essa definição de brincadeira, como atividade social específica e fundamental que garante a interação e construção de conhecimentos da realidade pelas crianças, é que nos faz estabelecer um vínculo com sua função pedagógica.

 

Desse modo, a brincadeira se torna um ato que, para atender as necessidades da criança, esta mistura o imaginário e o real, sem que no entanto, perder a razão, mantendo a busca constante da afetividade e melhorando sobremaneira seu interesse cognitivo.

De acordo com Huizinga (2010, p. 17):

A criança representa alguma coisa diferente, ou mais bela, ou mais nobre, ou mais perigosa do que habitualmente é. Finge ser um príncipe, um papai, uma bruxa malvada ou um tigre. A criança fica literalmente transportada de prazer, superando-se a si mesma a tal ponto de quase chegar a acreditar que realmente é esta ou aquela coisa, sem, contudo perder inteiramente o sentido da realidade habitual. Mais do que uma realidade falsa, sua representação é a realização de uma aparência: é imaginação, no sentido original do termo.

 

Esse comportamento permite a criança uma manifestação mais completa, quanto as novas descobertas que surgem, tanto cognitivas, quanto psicomotoras.

Para Santos (2000, p. 38)

Toda criança vive agitada e em intenso processo de desenvolvimento corporal e mental. Nesse desenvolvimento se expressa a própria natureza da evolução e esta exige a cada instante uma nova função e a exploração de nova habilidade. Essas funções e essas novas habilidades, ao entrarem em ação impelem a criança a buscar um tipo de atividade que lhe permita manifestar-se de forma mais completa. A imprescindível” linguagem” dessa atividade é brincar, é o jogar. Portanto, a brincadeira infantil está muito mais relacionada a estímulos internos do que a contingências exteriores. A criança não é atraída por algum jogo por forças externas inerentes a ele, mas sim por uma força interna, pela chama acesa de sua evolução. É por essa chama que busca no meio exterior os jogos que lhe permitam satisfazer a necessidade imperiosa posta por seu crescimento.

 

Através da brincadeira e de seus movimentos, a criança consegue exteriorizar seus sentimentos, fato que proporciona uma vivencia construída a cada instante.

De acordo com Oliveira (1992, p. 115):

O lúdico significa a construção criativa da vida enquanto ela é vivida. É um fazer um caminho enquanto se caminha, nem se espera que ele esteja pronto, nem se considera que ele ficou pronto, este caminho criativo foi feito (está sendo feito) com a vida no seu ir e vir, no seu avançar e recuar. O lúdico é vida se construindo no seu movimento.

 

Assim, o brinquedo, o jogo e a brincadeira, se fazem intrínsecas ao comportamento da criança em todas as etapas do seu desenvolvimento, se caracterizam ainda, como um manancial de prazer, que de forma pedagógica pode ser utilizado na busca do conhecimento.

De acordo com Antunes (2004, p. 34-35):

A atividade lúdica ou a habilidade de brincar é dotada de uma ação fundamental na estruturação do psíquico da criança. É no brincar que a criança une elementos de fantasia e realidade e começa a distinguir o real do imaginário. Brincando, a criança desenvolve não só a imaginação, mas também fundamenta afetos, elabora conflitos e ansiedades, explora habilidades e, à medida que assume múltiplos papéis, fecunda competências cognitivas e interativas.

 

Conforme Teixeira (2010, p. 44): “O jogo, o brinquedo e a brincadeira são analisados e estudados na pedagogia, tendo em vista as possibilidades práticas de sua utilização no processo de ensino aprendizagem.” É brincando que a criança constrói significados para assimilação dos papéis a serem desenvolvidos em sociedade, proporcionando a compreensão das relações afetivas que ocorrem no mundo a sua volta.

Desse modo, o ato de brincar deve ser desenvolvido na prática educacional, de modo a atender as necessidades afetivas do educando e, ainda, proporcionar seu desenvolvimento psíquico, motor e social.

Segundo Lopes (2006, p. 110):

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a interação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais.

 

Nesse sentido, o educando desenvolve habilidades de modo colaborativo e cooperativo, aprende a conhecer limites e respeitas normas.

Como explica Dhome (2003, p.12):

Para desenvolver um raciocínio em favor das vantagens do uso do lúdico na educação, precisamos considerar que o brincar faz parte do cotidiano da criança, é isso que ela gosta de fazer. Brincando ela fantasia, imita os adultos, desafia e testa suas habilidades. Enquanto a criança está crescendo e adquirindo experiências para a sua vida [...].

 

Assim, a ludicidade na educação deve ser vista como uma ferramenta de auxílio ao processo ensino-aprendizagem, um instrumento que possibilita ao educador estimular as habilidades psicomotoras e cognitivas da criança ou do jovem, proporcionando ainda, o desenvolvimento da linguagem num processo constante de crescimento pessoal e social.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 23):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.

 

Neste sentido, a atividade lúdica pode ser desenvolvida de acordo com o currículo e em todas as disciplinas, de modo a facilitar o desenvolvimento do aluno, possibilitando a construção de conceitos nas diversas áreas do conhecimento, desenvolvendo um modelo didático e pedagógico, onde o brincar se torna uma forma divertida de aprender, de se socializar e compartilhar objetivos.

Para Teixeira (2010, p. 49):

Por meio da brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimenta formas de comportamento e se socializa, descobrindo o mundo ao seu redor. Brincando com outras crianças, encontra seus pares e interage socialmente, descobrindo, desta forma, que não é o único sujeito da ação, e que para alcançar seus objetivos, precisa considerar o fato de que outros também têm objetivos próprios.

 

Percebe-se, então, a ludicidade como ferramenta pedagógica que transforma o ato de brincar numa forma espontânea de aprender.

Neste sentido, conforme Santos (1999, p. 111):

Dentro de uma perspectiva educacional, o brincar pode apresentar-se de diferentes maneiras e enfoques. É possível perceber que ele está presente em todas as dimensões da existência do ser humano e muito especialmente na vida das crianças. Pode-se afirmar que “brincar é viver”, pois a criança aprende a brincar brincando e brinca aprendendo.

 

Santos (1999, p. 87), enumera ainda, alguns pontos que devem ser observados, tais como:

- do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade. A emoção deverá estar junta na ação humana tanto quanto a razão. A expressão lúdica tem a capacidade de unir razão e emoção, conhecimento e sonho, formando um ser humano mais completo e pleno.

 

Assim, o ato de brincar na educação, propicia uma série de vantagens que facilitam o desenvolvimento da criança e do adolescente, se caracterizando ainda, como uma metodologia pedagógica, onde se aprende brincando, facilitando o aprendizado, inclusive, para os alunos com déficit de aprendizagem, quando da articulação no ensino fundamental, de modo a revisar, ou ainda, construir novas formas de adquirir conhecimentos. Fato que nos mostra a articulação, não como uma aula de reforço, mas um trabalho de apoio pedagógico.

Conforme afirma Krug (2001, p. 78), [...] não se trata de uma aula de reforço, mas de uma aula, onde tanto se pode revisar ou construir novos conhecimentos, como desencadear debates, trabalhos em grupos e outras atividades que se caracterizem como as mais prazerosas possíveis.

Assim, a articulação se mostra imprescindível para facilitar o desenvolvimento dos educandos, quanto ao processo ensino-aprendizagem.

De acordo com o Orientativo SEDUC-MT (2013, p. 14):

O primeiro passo da articulação é sempre a avaliação diagnóstica, em parceria com o professor regente e acompanhada pelo Coordenador Pedagógico. Se, de fato a necessidade de atendimento for identificada, o aluno será agrupado com seus pares e atendido em turno diferenciado, para não sofrer prejuízos da vivência das experiências pedagógicas oportunizadas na turma em que está matriculado. A estrutura de articulação amplia a possibilidade de vivência das experiências pedagógicas aos alunos que precisam de maior tempo para construir um perfil de aprendizagem e desenvolvimento que corresponda à sua idade.

 

Essa ação diagnóstica, é imprescindível para o atendimento ao educando e, como se observa, não é uma tarefa apenas do professor-articulador, mas do educador regente, bem como, do coordenador pedagógico.

Cabe, entretanto, ao professor-articulador o atendimento aos alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem, independentemente do ciclo em que estes estejam e, ainda, deverá organizar as turmas de acordo com a idade e o grau de dificuldade diagnosticado.

Conforme o Orientativo SEDUC-MT (2013, p. 13): “O professor articulador da aprendizagem é parte do coletivo de professores do Ciclo, atende grupos de alunos que apresentam desafios de aprendizagem e necessitam de planejamento diferenciado.”

Ainda, de acordo com o mesmo orientativo são funções do professor-articulador:

- Contribuir com a construção, reflexão e execução do Projeto Político Pedagógico em todas as suas dimensões (projeto Sala do Educador, reuniões pedagógicas, entre outros);

- Elaborar com o coordenador pedagógico no coletivo de professores do ciclo o plano de atendimento aos alunos com desafios de aprendizagem ou em processo de superação (quando houver sala de superação);

- Fazer da avaliação uma ferramenta pedagógica para realizar intervenções focadas na aprendizagem, dentre outros aspectos (SEDUC-MT, 2013, p. 14-16).

 

Neste sentido, deve o professor articulador, através da interação, desenvolver metodologias, de modo a preparar o educando para superar as dificuldades encontradas, o que pode ser feito através da ludicidade.

Conforme explicam Machado e Nunes (2011, p. 29).

O professor deve interagir com a criança de modo que possa ser um facilitador, interventor, problematizador e propositor de novas ideias, espaços e brincadeiras, levando em conta as reações das mesmas e as encorajando em seus modos de brincar e de compreender o mundo. Assim, o educador e as crianças, juntos, poderão transformar e descobrir diferentes modos de se relacionarem. Quando o educador compartilha uma brincadeira ou um jogo com a criança, ele pode ajudá-la a enfrentar eventuais insucessos, estimular seu raciocínio, sua criatividade, reflexão, autonomia etc. Isto quer dizer que, quando o educador tem a intenção de brincar junto com a criança, pode criar diversas situações que estimulem o seu desenvolvimento, sua inteligência e afetividade.

 

Desse modo, o professor-articulador assume a função de mediador, ou ainda, de facilitador, haja vista que, o ensinar, também significa aprender, consistindo numa troca de conhecimentos diários, vividos por ambos, tanto o educador, quanto o educando, respeitando as etapas do processo ensino-aprendizagem e, buscando formas de tornar esse processo instigante.

Assim, o professor articulador pode aplicar a utilização de jogos, tanto conhecidos, bem como, criar novos jogos, como forma de proporcionar uma aprendizagem significativa de forma planejada.

De acordo com Santos (2000, p. 39)

Existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos como instrumentos de aprendizagem significativa. Em primeiro lugar, o jogo ocasional, distante de uma cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um único momento de exercício aeróbico para quem pretende ganhar maior mobilidade física. E, em segundo lugar, certa quantidade de jogos incorporados a uma programação somente tem validade efetiva quando rigorosamente selecionada e subordinada a aprendizagem que se tem como meta.

 

Nota-se então, que a aplicação de jogos direcionados e planejados com finalidades pedagógicas, proporcionam ao educando a motivação necessária para trabalhar suas dificuldades, nos mais diversos níveis.

Contudo, para a aplicabilidade de jogos, existem alguns aspectos que devem ser observados.

Como explica Santos (2000, p. 40-42):

Capacidade de se constituir em fator de auto - estima do aluno: – Jogos extremamente “fáceis” ou cuja solução se coloque acima da capacidade de solução por parte do aluno causam seu desinteresse.

Condições psicológicas favoráveis: – O jogo jamais pode surgir como “trabalho” ou estar associado a alguma forma de sanção..

Condições ambientais: – A convivência do ambiente é fundamental para o sucesso no uso dos jogos.

Fundamentos técnicos:  – Um jogo jamais deve ser interrompido e, sempre que possível, o aluno deve ser estimulado para buscar seus próprios caminhos. Além disso, todo jogo sempre precisa ter começo, meio e fim, e não ser programado se existirem dúvidas sobre as possibilidades de sua integral consecução.

 

Entretanto, para o sucesso dos jogos como recursos pedagógicos, é fundamental a relação de confiança entre o professor-articulador e o aluno, bem como, estabelecer entre ambos, laços de afetividade, proporcionando ao educando, desenvolver as interações, de modo que, o aluno sinta-se à vontade para questionar e se manifestar nas mais diversas formas.

Neste sentido, deve-se observar que a ludicidade, proporciona ao educando a exteriorização de suas emoções, bem como, a interiorização das sensações externas, propiciando a compreensão do mundo que o cerca, haja vista que, ao brincar, o aluno aprende a conviver no ambiente escolar, cumprir as normas e interagir com os demais de forma organizada.

Desse modo, a ludicidade, através de jogos e brincadeiras contribui de forma expressiva para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem e propiciam ao educando seu pleno desenvolvimento, desde a coordenação motora a estruturação do pensamento e sua forma de linguagem.

Nota-se então, a importância do papel do professor-articulador em todo o processo de articulação e seus resultados.

Segundo o exposto no Orientativo SEDUC-MT (2013, p. 13):

O trabalho desse professor é de fundamental importância, porque deverá realizar um atendimento pedagógico, por meio de intervenções pedagógicas que foquem as especificidades das necessidades de aprendizagem que cada aluno apresenta. Devido a essa especificidade, as Salas de Apoio Pedagógico não podem atender a muitos alunos e esses poderão ser agrupados de acordo com a necessidade formativa para superação dos desafios de aprendizagens diagnosticados, respeitando o agrupamento por idade/ciclo, a fim de que se criem condições necessárias para que o professor articulador da aprendizagem possa desenvolver ações que superem a realidade diagnosticada.

 

Assim, para o sucesso da articulação e da utilização da ludicidade como metodologia utilizada pelo professor-articulador, esta deve ser desenvolvida em comum acordo entre o professor regente e o coordenador pedagógico.

Diante dessas especificidades, atribuídas ao professor-articulador, deve-se seguir o disposto no Orientativo SEDUC-MT (2013, p. 16):

Com base na natureza do trabalho do articulador, e considerando que os desafios de aprendizagem estão relacionados geralmente aos processos de alfabetização, o professor articulador da aprendizagem deverá ser Licenciado em Pedagogia e ter experiência comprovada em alfabetização, sendo atribuída a carga horária de 30 horas, não sendo autorizada atribuição de professores com outra área de formação, conforme portaria nº 308/12/GS/Seduc/MT.

 

Quando da atribuição do professor-articulador, deve-se observar o quantitativo dos alunos da escola, de acordo com a legislação vigente.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O presente artigo teve como objetivo refletir o lúdico como ferramenta pedagógicas na articulação, tendo em vista a necessidade de se procurar práticas educativas que respeitem as especificidades de cada educando.

Durante a pesquisa realizada pode-se observar que a ludicidade pode propiciar ao aluno um aprendizado mais prazeroso, facilitando a busca do conhecimento e a busca por novas descobertas.

Saliente-se que o ato de brincar, a brincadeira e o brinquedo é importante para o desenvolvimento e a socialização de crianças e adolescentes, haja vista, que através dos recursos lúdicos pode-se promover uma aprendizagem mais significativa para o educando.

Considerando que há um número significativo de alunos que necessitam de apoio pedagógico através do professor articulador e sendo uma das funções do professor articulador atender aos alunos com necessidades de aprendizagem diferenciada, utilizando estratégias pedagógicas complementares integradas às atividades desenvolvidas pelo Professor Regente, faz-se necessário que este busque se utilizar os mais diferenciados métodos para atender alunos em processo de intervenção e apoio pedagógico. 

 

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

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HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. Tradução: João Paulo Monteiro. 6ª ed. - São Paulo, Perspectiva, 2010.

 

PIRES, Gisele Brandelero Camargo. Lúdico e Musicalidade na Educação Infantil. Indaial: Ed. ASSELVI, 2008.

 

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