Segundo fontes, a primeira forma que teve o livro foi oral. No Egito e na Mesopotâmia na forma de hinos e poemas, enquanto que, na Grécia, os famosos poemas Ilíada e Odisséia só foram difundidos tardiamente em forma de livro.
A oralidade, de forma geral, convive com o livro escrito desde há milênios. É possível compreender que a forma material foi se adaptando às características das novas situações sociais, de acordo com as necessidades de informações e dos materiais disponíveis.
Hoje, como num "salto triplo", podemos nomear os materiais nos quais podemos ler os livros afirmando que saltaram da pedra para o papel, e do papel ao digital, momento no qual nos deparamos com uma especial tecnologia ao nosso dispor.
Como escritor e editor de eBook, o livro digital, vejo maravilhado as possibilidades nascidas de um simples e quase etéreo arquivo digital onde é possível "gravar" dados correspondentes a uma capa, folha de rosto, apresentação bibliográfica, sumário e notas de referência by touch, cuja forma se une ao conteúdo de maneira a propiciar uma rica e facilitada experiência de leitura por parte do leitor, que se torna também um "navegante".
O mundo atual é investido de invenções tecnológicas, povoando o nosso universo prático com os chamados "gadgets", aparelhos e máquinas que prometem facilitar nossas atividades diárias e nos conectando com um mundo paralelo e plenamente integrado à nossa realidade, quando falamos da Tecnologia da Informação.
Uso este título com as iniciais maiúsculas porque se trata hoje de uma área de conhecimento para a qual converge um número significativo de jovens e até não tão jovens assim, que seguem em busca de atrativos, novidades, estímulos, e formas de experiência que enriqueçam suas próprias vidas e cotidiano.
Interesssante notar que a ideia de Globalização, no contexto dessa era da informação em que vivemos, implica em buscar conhecimentos e integrá-los às nossas vidas, atividades e ações. Não é mais possível viver reagindo às novidades criadas e ofertadas quase que diariamente, mas sim buscar saber e aprender como interagir com essas "maquininhas" que trazem facilidades por suas funcionalidades, porém, trazem também "temor" de que elas possam "acabar" com nossos "velhos e bons" materiais.
O livro é um desses casos. Assim como um gênio que aparece em dada época é, contraditoriamente, ansiado primeiramente e depois atacado quando traz a "boa nova", com o livro podemos correlacionar essa ideia.
Mas por quê? Afinal, o livro convencional, de papel, com cheiro próprio e afeto dedicado especialmente por cada leitor em particular, "jamais" poderá ser abalado por qualquer coisa que arrogue substitui-lo.
Não sei. Talvez mesmo o livro convencional nunca acabe, como quer, imagino, a maioria dos escritores e leitores, porém o fato de termos hoje meios inteligentes para ler livros dentro de um aparelho leitor que nos dá todas as funcionalidades de um livro convencional, mais as facilidades em termos de acessibilidade, navegabilidade e portabilidade, agregado ao valor de ser ecologicamente correto (pois dispensa que se destrua árvores para dar conta às impressões em papel), me parece trazer a própria revolução tecnológica para o universo da experiência subjetiva e consciente do homem moderno.
É perfeitamente compreensível a relação que se estabelece entre pessoa e material, portanto um livro de papel pode ser tão importante para alguém quanto um aparelho móvel o é na sociedade atual. É algo que se incorpora em nossas vidas e já não sabemos muito bem viver sem. Mas a revulução ainda está em curso, e hoje um "gadget" (e-reader, tablet, mobile) traz recursos para acessar arquivos específicos, cuja função é propiciar acesso para leitura e a decorrente navegabilidade pelo texto em face de funcionalidades que se criam a cada nova versão ou modelo.
E o que isto quer dizer?
Bem, a meu ver, tomando o ângulo de leitor primeiramente, vejo que o fato de poder armazenar milhares de livros na biblioteca de meu e-reader, podendo acessá-los a um toque, sem precisar carregar o "peso dos materiais" que os compõem, dá-me a sensação de que o mundo ficou aos meus pés! Sim, posso levar um sem-numero de livros num aparelho de poucas gramas, para onde eu quiser, e acessá-los para ler na hora e instante em que desejar. Para um leitor assíduo como eu, é como ter o mundo aos meus pés. Ou melhor, by touch of my fingers.
Não faço o gênero do escritor/leitor que resiste às novidades. Mesmo um livro convencional, do qual extraio uma experiência ímpar, não me prende pelo seu cheiro, cor, peso, e afetividade relativa. Posso criar mecanismos outros para os meus eBooks, que são inodoros, sem cor e peso, mas absolutamente interessantes pois me trazem as mesmas sensações que um livro de papel. Penso que não devo concorrer contra a modernidade, uma vez que sou um produto dela. Se vivo e respiro seus ares, devo estar a seu lado, crescer e aprender coisas novas, saber que a evolução das coisas não precisa excluir outras, mas que pode trazer ainda mais facilidades e atrativos funcionais.
Um eBook, como livro digital mencionado aqui, não é um simples arquivo PDF que pode ser lido em muitos aparelhos e PCs. A referência de livro digital a que me refiro aqui está conectada ao formato ePub, o formato padrão internacional para o livro digital, cujas características de composição se correspondem à linguagem de um site, pois utiliza a linguagem conhecida como HTML. Dessa forma, o livro passa a oferecer ao leitor possibilidades de ler e navegar por seu conteúdo de forma rápida e eficiente.
Os diferentes gadgets disponíveis no mercado oferecem muitos recursos e confortabilidade. Mas faltam ainda eBooks em nosso idioma, ou, em outras palavras, diria que faltam primeiro informações sobre as funcionalidades dos livros digitais, o seu manuseio por exemplo, assim como eBooks produzidos para oferecer ricas experiências de leitura e navegação em nosso idioma.
Os gadgets, em sua maioria, oferecem meios para que o leitor compre seus eBooks em livrarias virtuais, mas, como a esmagadora maioria de eBooks está em inglês, os que não dominam este idioma ficam à mercê de experimentarem a leitura de um livro digital especialmente feito para ser acessado e lido em um confortável aparelho como é o caso do e-reader.
O Projeto Letras Criativas ? www.letrascriativas.com.br, do qual sou sócio-fundador, é um site que tem buscado, ao longo de sua existência (10 anos aproximadamente), desenvolver o compartilhamento de produtos digitais ? culturais e artísticos ? para manter elevada a nossa estima intelectual e emocional, frente à diversidade existente no meio produtivo de cultura e tecnologia.
Como escritor, estou escrevendo a série literária "Psicor, os tipos de caráter em ação", com base nos 9 tipos de personalidade do Eneagrama, sendo que as três primeiras novelas, correspondentes aos tipo 3, 6 e 9 do eneagrama, já estão à venda nos formatos ePub (para a maioria dos gadgets) e MOBI (para quem possui os leitores da Amazon, o popular Kindle). [Mais sobre essa série literária em formato eBook em http://letrascriativas.mercadoshops.com.br.]
Agora, voltando a falar como editor de eBook, penso que a estrada é longa em nosso país para se alcançar um modelo autossustentável do livro digital, visto que a demanda ainda é inferior ao desejável. Ainda temos poucos leitores de eBooks (pessoas), acho que na mesma proporção de editores e ofertas de livros digitais em nossa língua. Mas é tudo questão de tempo. O eBook ainda se consolidará em nosso mercado como uma excelente opção (no mínimo) ao livro convencional. E só o tempo dirá quem reinará a partir de então. Peguemos os remos e sigamos na direção do futuro, que já bateu às nossas portas para dizer: "Já não há mais limites para você: viva no presente que eu cheguei para ficar!"