Desenhos labirintos todos os dias. Não sei por que estou fazendo isso. Mas assim que termino de desenhá-los eu pego a caneta e tento sair deles. Não sei por que isso acontece comigo. Mas parece que eu me sinto em um desses divertidos brinquedos de criança. Divertidos para alguns, pois para mim isso tem se tornado um terrível pesadelo. Nunca consigo fazer as coisas que quero é como um labirinto. Nós tentamos chegar ao final ou até a saída e acabamos nos enrolando. E dessa forma que me sinto todos os dias. Está certo que as coisas nem sempre são como queremos, mas pra mim parece que nada acontece da forma que quero. Sempre tem uma pedra no caminho. Dizem que as pedras no caminho nos tornam mais fortes. Mas toda hora tem pedras, parece que depois que o mundo se tornou mais globalizado as pedras também se tornaram mais constantes em minha vida.

Tento a todo o momento sair desse horrível labirinto, sinto náuseas, tonteira e alguém sempre me interrompem quando estou fazendo algo. Se eu estou assistindo um filme meu pai me aborrece, se estou escrevendo minha esposa sempre faz um comentário sobre o que está vendo na televisão ou então me faz uma daquelas perguntas que eu levaria bastante tempo para respondê-la de forma que entenda e onde eu gastaria bastante energia e com certeza ficaria extremamente tonto, por causa do labirinto. Isso é o labirinto, a minha vida tem se tornado um.  As minhas decisões não são baseadas somente naquilo que eu realmente necessito, mas também naquilo que as pessoas que estão ao meu redor sentem. Se eu for postar alguma coisa em minha página do Facebook em que tenho em conjunto com mais três amigos tenho que perguntá-los se posso fazê-lo. Talvez Durkheim tivesse razão, não há nada que façamos na face da terra sem que a sociedade influencie em nossas atitudes. Para ele o suicídio era o único ato em que um individuo conseguia realizar sem que a sociedade interferisse. Mas hoje as coisas já são vistas de outra forma, se a pessoa toma à decisão de suicidar-se a culpa não é dela, mas sim da sociedade e da mídia que impõe esses tipos de tendências aos nossos jovens. Disso eu discordo completamente. Acho interferir no livre arbítrio de um ser humano. O que pode acontecer é a confusão, o labirinto. Por não conseguirmos conciliar ou por não conseguirmos realizar todas as coisas que queremos, por causa da sociedade que nos impõe a “agir de forma coerente”, ou seja, de acordo com os parâmetros e normas que regem todo o sistema vigente do mundo moderno.

Como entender tudo isso? Não tem como entender! Não passa de um labirinto. Você viver tentando fazer todas as coisas que quiser, mas não vai conseguir. Por mais rico que você seja. Isso é uma utopia, o mundo é assim uma imensa utopia. Nem mesmo Hitler ou Elvis nenhum desses indivíduos extremamente ricos e cercados de glória como o Rei Salomão conseguiram realizar tudo que o seu mais profundo íntimo desejava. Os labirintos não permitem isso. É como se tivéssemos cavado a nossa própria cova. O que acontece na realidade é isso. O homem vive preso a emoções e aflições que ele mesmo criou e que saiu de seu controle. A sociedade existe graças à humanidade e sem a humanidade a sociedade não é nada. É um labirinto que não tem saída.  

A sociedade precisa da humanidade para existir. Ela acaba se a humanidade acabar também. E ela comanda os nossos passos. Não nos permite viver a nossa própria vida, vivemos aquilo que o sistema quer sejamos. Não somos donos dos nossos passos como pensamos que somos. No fundo todos têm frustrações por causa disso. É como em Matrix. Vivemos uma realidade que não é a realidade. Achamos que moramos onde moramos e que somos o que somos. Mas o que criamos se tornou mais forte do que nós. É como se a criação se voltasse contra o criador. A sociedade se tornou o Lúcifer da humanidade. Ela rebelou-se contra nós e a tentamos expulsá-la de nós todos os dias, mas é ela que nos expulsa a todo o momento através do código penal, das leis trabalhistas, da religião da educação e tudo mais. Esse é o labirinto da humanidade que a persegue todos os dias

Por Tom Oliver