Há ou poucos dias atrás, num desses domingos na praia da Armação/Fpolis, almocei na companhia do Juiz Federal Fábio, que trabalha com o Sérgio Moro na Capital do Paraná. 

Durante o curso da conversa Fábio teceu alguns comentários sobre seu ínclito colega de trabalho. Começou relatando que Moro, com descendência mourisca (na verdade italiana), residiu na cidade de Maringá/PR (onde nasceu), em cujo lugar fez sua faculdade e, depois disso, ingressou na magistratura federal, mercê de seus méritos, isso ainda na década de noventa.

No ano de 2006, atuando em Curitiba, o Juiz Moro escreveu seu primeiro grande artigo (publicado num jornal de grande circulação naquela unidade da Federação) pontificando a necessidade de se combater a corrupção no país e como forma de moralizar o serviço público a partir de instituições isentas e autônomas.

De resto, Fábio relatou que a "Lava-Jato" se constitui o maior desafio da vida profissional do seu colega, coroando sua carreira, inclusive, que o sobredito artigo sinalizou o porquê da sua missão na judicatura federal, tendo como coadjuvantes não menos emblemáticos o MP e PF.

Muito oportuna e profícua a manifestação da Adepol/SC (Associação dos Delegados de Polícia). Aproveitando a efeméride da "Lava-Jato", como disse o Jornalista Alexandre Garcia nesta manhã (Bom Dia Brasil), e que sirva como ânimo para lutarmos de forma incansável por nossa autonomia institucional.

Sem pretender me alongar, na data de hoje comemora-se dois anos da "Lava-Jato" e o brilhante trabalho da Justiça, Ministério Público e Polícia Federal propicia uma grande contribuição a nação. Todavia, afigura-se que o maior desafio do magistrado ainda está porvir, pois na sequência dos fatos vamos saber se irá investigar o "sistema financeiro" (quase todo o dinheiro da corrupção passou pelos bancos que tinham o dever de investigar e informar a origem de somas vultosas depositadas em suas agências) e o complexo midiático nacional (o sistema financeiro e empresas brasileiras e multinacionais sempre foram os principais clientes da mídia que dentro da sua liberdade de imprensa e com seus jornalistas "popstar" também teriam o dever de investigar, porém e invariavelmente, o que se pode inferir é que blindaram enquanto fosse possível e conveniente aqueles que dispenderam altas somas gastas com publicidade). Diante disso, Sergio Moro terá dois caminhos durante os seus trabalhos: o tecnicismo vinculado a legislação aplicável ou transcender (quase que de forma messiânica) a isso e dar um exemplo de coragem indômita  à sociedade, de maneira a ir a fundo para passar realmente o pais a limpo e dar uma resposta plena aos brasileiros.

A resposta virá não só com o vento, mas esperamos que com o tempo. Saúde para Sérgio Moro. . 
 

*Artigo (partcial) publicado na rede interna da Polícia Civil do Estado de Santa Catarina (17.03.2016).