O JOGO E APRENDIZAGEM NA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGOGICA

 

 

 

 

EVERSON AUGUSTO MARQUES

GABRIELA ARAUJO GRACIANO

SILMARA APARECIDA VIGATTI SORRIGOTTI

 

 

 

Resumo

O presente trabalho busca a compreensão da relação entre e jogo e educação. A discussão sobre a relação entre jogo e educação vem de longa data, mas há pouco tempo o jogo vem sendo trabalhado sob uma nova perspectiva, o enfoque psicopedagógico. O jogo para a criança é muito mais que simplesmente um ato de brincar, é uma forma de inserção na vida social e uma adaptação necessária ao meio. È necessário levar em consideração que a atividade lúdica fornece informações importantes sobre o desenvolvimento infantil. Dessa forma ao brincar a criança expressa sua afetividade, emoções, seu desempenho físico-motor e seu estágio de desenvolvimento cognitivo. No diagnóstico psicopedagógico a hora lúdica serve para levantar hipóteses dos problemas de aprendizagem. Já como medida de intervenção preventiva trabalhar as dificuldades que se relacionem com controle segmentar, atenção, memorização, ansiedade e as que especificamente se relacionem com os conteúdos escolares como português e matemática.

Palavras-chave: lúdico, intervenção psicopedagógica e aprendizagem.

Introdução

A educação é algo presente na vida do ser humano entendemos a mesma como algo muito dinâmico,  uma vez que as pessoas estão em  constante transformação e isso se estende à educação formal sistematizada, a qual deve agregar conhecimentos e promover uma formação humana e do desenvolvimento do aluno de forma integral, porém a escola  por sua vez,  é  um local de grande diversidade.  Em virtude dessa nova realidade surge a necessidade de um profissional na unidade  escolar que auxilie toda a instituição e o professor de maneira preventiva diminuindo o fracasso escolar e eventuais dificuldades de aprendizagem que possam surgir ao longo do processo de escolarização.

Objetivo

 

  • O objetivo dessa pesquisa foi conhecer como a atividade lúdica se relaciona com a educação e quais as possibilidades de aprendizagem que a mesma proporciona ao indivíduo sob o enfoque psicopedagógico.

Metodologia

 

Para a realização desse trabalho, a fundamentação teórica deu-se com o levantamento do conhecimento cientifico produzido na área, através da pesquisa bibliográfica em livros.

Resultado

 

O lúdico na intervenção psicopedagógica

 

O desenvolvimento infantil precisa acontecer de forma integral, atingindo o individuo como um todo, para que isso aconteça é necessário que a criança seja estimulada em todos os aspectos como afetivo, cognitivo e corporal. Muitas vezes quando acontece o fracasso escolar pode estar havendo falha no desenvolvimento em alguns desses aspectos. Nosso objeto de investigação consiste em saber quais as potencialidades que podemos desenvolver na criança através do trabalho psicopedagógico lúdico, visto que a criança aprende brincando.

 A brincadeira para a criança deve ser um espaço onde ela possa integrar o mundo externo e interno, com prazer e satisfação. Por muito tempo os educadores se preocuparam com as metodologias de ensino só hoje a preocupação está sendo em descobrir como ela aprende. É muito importante o educador, ao utilizar um jogo saber quais os objetivos que pretende alcançar e o jogo adequado ao momento educativo.

 Enquanto a criança está brincando, ela incorpora valores, conceitos e conteúdos Lopes (2001). As dificuldades escolares trazem uma certa depreciação do aluno porque muitas vezes se enfatiza os problemas da criança prejudicando a sua auto-imagem o psicopedagogo deve ajudá-los a redescobrir o seu potencial.  Sendo assim Lopes (2001) sugere a confecção de jogos para que as crianças possam ter a oportunidade de construir, criar e desenvolver planos e revelar sua capacidade de realização.

A coordenação motora deve ser levada em consideração quando a criança apresenta dificuldades, alguns jogos proporcionam a oportunidade do exercício motor, desenvolvendo assim, essa habilidade tão importante para a alfabetização. É necessário o psicopedagogo ficar atento aos movimentos orientações e noções e procure organizar brincadeiras para que a criança possa desenvolver essa habilidade tão essencial.

Muitas crianças podem apresentar a ansiedade uma característica emocional que pode variar de grau e intensidade. Segundo Lopes (2001) esta pode influenciar, na concentração, nos relacionamentos interpessoais  e na auto estima tais aspectos podem dificultar a aprendizagem e também o trabalho do professor. Para que a criança aprenda a se controlar emocionalmente o psicopedagogo deve estimular a criança com  atividades que exigem maior esforço e concentração ajudam a diminuir o nível de ansiedade da criança.

 A falta de regras e limites é uma constante que os educadores se deparam diariamente, muitas têm dificuldades de aceitar limites, dentro do contexto escolar aparece a dificuldade de se relacionamento tanto entre colegas com o professor, muitas vezes tais comportamentos acabam por prejudicar a aprendizagem. Nesse sentido vale lançar mão de jogos competitivos e com regras. As regras por sua vez, levam as crianças a respeitar e a serem respeitadas, dessa forma aprendizagem lúdica serve para as situações de vida. Sendo assim Lopes (2001) sugere a confecção de jogos para que as crianças possam ter a oportunidade de construir, criar e desenvolver planos e revelar sua capacidade de realização.

Lopes (2001) destaca ainda que se pode trabalhar o controle segmentar com atividades que envolvam a confecção de jogos, aumentar a concentração trabalhando com espaços e peças pequenas e com atividades de pintar recortar e colar. No desenvolvimento da antecipação e estratégia, utilizar jogos que proporcionem prever, calcular e montar para a ampliação do raciocínio.

Macedo (1997) sugere que o jogo tenha espaço na instituição escolar, pois os jogos principalmente os de regra apresentam uma situação problema e um resultado desse modo tais jogos permite o sujeito rever as suas ações, operações e os procedimentos que levaram aos erros. 

Segundo Petty e Passos (1996) de acordo com a perspectiva de Macedo (1997) o erro pode ser classificado em ter níveis os quais são inidentificáveis através do contexto dos jogos: no primeiro nível a criança não percebe o erro, portanto não é um problema a ser superado.  No segundo, o erro ou ação desfavorável, provoca desequilíbrio e pede mudança de ação, nesse sentido há uma tentativa de superação (nem sempre bem sucedida). No terceiro nível, há compreensão do problema, o jogador consegue estruturar melhor suas jogadas e diminuir os erros e consegue justificar suas ações.  Ao professor ou ao psicopedagogo quanto trabalhar com jogos de regras deve fazer uma mediação de qualidade, orientar, fazer questionamentos que permitam a criança sistematizar o seu conhecimento.

A estrutura dos jogos de regras é caracterizada pela competição, situação em que duas pessoas desejam a mesma coisa ao mesmo tempo. Segundo Macedo (1997) a competição não é boa nem má, o que modifica o sentido da competição é a maneira como se reage diante dela. Cabe, portanto, ao profissional estar preparado para lidar com as situações em que a competição está presente para saber mediar os conflitos que possam surgir.

 Macedo (1997) discute as estruturas dos jogos e como elas são muito importantes para a psicopedagogia, citando como exemplo o jogo de damas fala das inúmeras relações que se pode estabelecer com essa atividade. As combinações são praticamente infinitas, podem-se trabalhar relações espaciais. No caso tabuleiro, os espaços demarcados simulam as ruas, e as peças as posições e deslocamentos.  Esse jogo ainda requer relações lógicas, estratégias para articular o jogo em função da jogada do outro. Para o autor acima além dessas relações espaciais e lógicas, esse jogo proporciona relações psicológicas, implica em aprender a perder, ganhar, ser solidário e cooperativo.  Todas as características desse jogo contribuem para uma relação entre aluno e psicopedagogo baseada no respeito, admiração e aprendizagem.

Os jogos de regras tanto na perspectiva psicopedagógica clinica ou escolar oferece inúmeras oportunidades de aprendizagem, no que diz respeito à matemática possibilita criança a construir relações lógicas aprender a raciocinar e rever o porquê dos erros e acertos. Para a investigação das ciências físicas e naturais é necessário observação sem a qual não se pode conhecer os elementos da natureza, dessa forma trabalhar com jogos é testar variações, medir riscos, observar o desenvolvimento da partida, o conhecimento produzido com os jogos de regra é comparável com o produzido pelo  método cientifico Macedo (1997)

 De acordo com Macedo (1997) o jogo de regra, assim como as línguas são estruturados dentro de um sistema. Ao se jogar com regras é necessário atribuir significações, interpretar para tomar decisões coordenar pontos de vista de defesa e ataque. O jogo de regras é comparável a produção de um texto.

Segundo Macedo (1997), os jogos são importantes na vida da criança não só no presente, mas também no futuro. De acordo com o mesmo autor no presente a criança necessita do jogo, ou seja, um espaço e um tempo para pensar e se adaptar, por isso a atividade lúdica é importante para o desenvolvimento dela.  Através do jogo a criança desenvolve alguns aspectos sociais e cognitivos que serão úteis no futuro. Desse modo dos jogos de exercício, a criança herda o prazer funcional, nesse sentido ela pode encarar o trabalho não como sacrifício mas como algo  que da satisfação.  Do jogo simbólico a criança pode herdar que possibilidade de experimentar e a criatividade o que futuramente poderá ser útil em seu trabalho. No jogo de regra a criança é colocada em contato com regra isso significa que ela tem que lidar com limites e restrições um fator necessário para que haja solidariedade e compartilhamento.

Por isso Macedo (1997), defende o valor psicopedagógico do jogo, por dois motivos, primeiro porque pode representar para criança uma experiência fundamental de entrar em contato com o conhecimento, de construir respostas em função de um trabalho que integre o lúdico o operatório e o simbólico. Segundo, porque pode representar para a criança que conhecer é um jogo de investigação, por isso de construção do conhecimento, em que se pode ganhar, perder, tentar novamente, sofrer com paixão, conhecer com amor, amor pelo conhecimento, no qual a situações de aprendizagem é tratada de forma mais digna, filosófica, espiritual, enfim superior.

Assim sendo para Macedo (1997) a psicopedagogia, que tem o jogo como um dos seus instrumentos, poderia ser definida como uma forma de tratamento que resgata, prepara e aprofunda competências não só para presente da criança que se relaciona com as atividades escolares, mas também para o futuro profissional.

Como vimos à atividade lúdica pode ser trabalhada no contexto da instituição escolar e inúmeras são as suas aplicações para se trabalhar as dificuldades de aprendizagem ou mesmo como produção de conhecimento fora das atividades formais com livros e cadernos. Já no que diz respeito a atividade lúdica  na psicopedagogia clínica é utilizada no diagnóstico para observar como a criança se relaciona com os objetos e sobre a sua forma de pensar enquanto brinca, desenha ou joga. Essa atividade é denominada a hora do jogo, conta com uma caixa com vários objetos como: tesoura, blocos de construção, cartolina, papéis coloridos, percevejos, massinha, tintas, etc.

Segundo Paín (1992) a hora do jogo pode ser utilizada até os nove anos, o objetivo da hora lúdica é descobrir como a criança brinca, e em que condições é capaz de brincar. Segundo a mesma autora a fim de descobrir quando se deu o déficit na aprendizagem e o seu nível de gravidade, é necessário antes de qualquer coisa descrever o percurso normal do jogo e a sua seqüência lógica. De acordo com Paín (1992 p.52) para que a atividade lúdica seja um canal de aprendizagem a mesma é estruturada de acordo com os seguintes momentos:

a)       Primeiro, um inventário, quando a criança trata de classificar algum conteúdo da caixa seja pela manipulação experimento seu funcionamento, ou pela exploração através do olhar, avaliando as possibilidades de ação sobre os objetos.

b)       Um segundo momento, é dedicado à postulação de um jogo, construído em torno de um esboço de seqüência que é o desenvolvimento coerente da hipótese escolhida. O material deixa de ser utilizado em si, a criança começa a formar em parte uma organização simbólica por sucessivos ensaios, escolhe o destino e o papel dos personagens, combina e adéqua aceitando ou descartando significantes e episódios.

c)       Num terceiro momento realiza a aprendizagem propriamente dita, acontece que a integração da experiência entra no sujeito como conhecimento. Essa integração é realizada por duas maneiras, por resumo ou esquematização do jogo, naquilo que ele tem de mais coerente e equilibrado e outra pela vinculação desses esquemas com os anteriores através da assimilação coordenadora.

De acordo com a autora acima citada, os dados mais importantes a serem extraídos dessa atividade são quatro aspectos fundamentais da aprendizagem: a) distância de objeto, capacidade de inventário, b) função simbólica, adequação significante e significado, c) organização, construção da seqüência e integração, d) integração, esquema de assimilação.

Cada uma dessas etapas da atividade lúdica da criança pode revelar déficit na aprendizagem, por exemplo, as crianças que interrompem o inventário podem apresentar incapacidade de coordenação. As crianças que apresentam antecipação instável e costumam apresentar uma diminuição na capacidade de criação, possibilidade de auto correção, inclusão de referencias verbais revelam em nível de aprendizagem incapacidade de entender relações, formular hipótese e resolver problemas. Outras ainda não são capazes de fazer integração, ou seja, não conseguem assimilar, fazer uma síntese cognitiva do exercício lúdico.

Portanto, essas são algumas formas de aplicação do jogo na perspectiva psicopedagógica tanto em clinica como escolar, o jogo é uma oportunidade para profissionais e educando sendo necessárias  reflexão e mudança de ação, por isso o psicopedagogo deve ter critérios e objetivos bem definidos ao utilizar a atividade lúdica como suporte em seu trabalho.

Conclusão

 

Esse trabalho deve o intuito a relação entre atividade lúdica e aprendizagem. Na antiguidade o jogo era visto somente como recreação, mas com o passar dos tempos foi adquirindo outras concepções.

O aprendizado é uma necessidade vital, com esse trabalho pode-se perceber quão importante são os jogos e brincadeiras como forma de adaptação (no sentido piagetiano) e inserção no mundo social.

Na psicopedagogia, tanto na instituição escolar como na clinica o jogo é um instrumento valioso seja para levantar hipóteses sobre problemas de aprendizagem ou para trabalhar diversos aspectos do desenvolvimento.

Em fim os jogos são importantes e de diversas aplicações, que estimulam o desenvolvimento de vários aspectos que implicam na aprendizagem escolar, por isso fazer o uso de atividade lúdica como meio de construir conhecimento é um exercício necessário já que a criança aprende brincando.

Referências Bibliográficas

PAÍN. Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre , Artes médicas, 1992.

LOPES. Maria da Glória. Jogos na educação: criar fazer, jogar.4ª ed. São Paulo,. Cortez, 2001.

MACEDO, Lino et. Al. Quatro cores senha e dominó: oficinas de jogos em uma perspectiva construtivista. São Paulo: Casa do psicólogo, 1997.