Ilza Aparecida dos Santos Maciel

Se procurarmos o sentido da palavra jogo trazido em dicionários podemos, por exemplo, encontrar: 1-atividade física ou mental fundada em sistema de regras que definem a perda ou ganho, 2-passa tempo, 3- jogo de azar, aquele em que a perda ou ganho dependem mais da sorte que do cálculo (Aurélio, 2001, p.408).

“CHATEAU (2002, p. 1821) o considera o centro da infância, pelo fato de ser um dos meios que mais contribuem para o desenvolvimento da criança”.

Os jogos competitivos motivam a criança a pensar de modo, particularmente, ativo, como pode ser visto nas estratégias elaboradas por elas. O objetivo de superar o adversário, a criança é motivada a pensar seriamente. É preciso aprender a se organizar socialmente, compreender, interpretar, aprender e aplicar as regras e respeitar o adversário uma vez que sem ele não há jogo. A competição é inevitável e o professor pode e deve lidar com ela de modo positivo ao invés de evitá-la.

É necessário explicar o jogo e suas regras antes de iniciar o jogo e esclarecer possíveis duvidas por parte dos alunos, é importante que todos os alunos conheçam o jogo manuseando todas as suas peças antes da partida pois assim vão saciar suas curiosidades e aguçar o interesse pelo jogo de fato.

Para KAMII (1991, p.280) “o dever do professor não é evitar os jogos competitivos, mas guiar as crianças quanto a esse desenvolvimento da criança, para que elas se tornem jogadoras justa e capazes de comandar a si próprias”.

O aspecto competitivo do jogo contribui para o desenvolvimento da criança, porque requer elaboração e cumprimento de regras.

Os jogos de regras possibilitam à criança construir relações qualitativas ou lógicas, facilitar resolução de problemas, aprender a raciocinar e a questionar seus erros e acertos.

“PIAGET define a regra como uma regularidade imposta pelo grupo, de tal sorte que sua violação representa uma falta” (PIAGET- 2002, p.1822). 

Nos jogos competitivos a criança percebe que não pode satisfazer todos os seus desejos segundo sua vontade e começa a identificar as regras do jogo como uma forma estruturada de exercício para as regras reais, com as quais deverá conviver.

O jogo serve como uma forma de aplicar os conceitos de um modo lógico, nítido e com sentido às crianças, pois por intermédio do jogo, aprendem muito. O jogo é uma atividade pratica e não teórica proporcionando assim momentos de lazer durante a aprendizagem, facilitando a assimilação de determinados conteúdos embutidos nos jogos. Como qualquer outra atividade o jogo requer muito planejamento por parte do professor, ele precisa ter claramente os seus objetivos com o determinado jogo para conseguir ter sucesso com a atividade e com isso manter os alunos entusiasmado, e manter o controle, pois gera muita discussão e o professor precisa estar atento a tudo que acontece durante o jogo e não simplesmente dar o jogo nas mãos dos alunos sem nenhuma orientação como complementação do tempo vago.

Segundo KAMII, para Piaget, a competição nos jogos é parte de um desenvolvimento maior que vão do egocentrismo a uma habilidade cada vez maior em descentralizar e coordenar os pontos de vista. (KAMII, 1991, p.268). 

A melhor maneira de lidar, então com a competição nos jogos é fazê-lo de forma natural em relação a vitoria ou à derrota, até que as crianças tornem-se “prontas” para eles, as atividades de jogos no ensino devem propiciar momentos de prazer e experiências de participação e não de frustração e exclusão.

Referencias:

AURELIO, B.H.F- O minidicionário da língua portuguesa- 4ªed., Rio de Janeiro- RJ: Nova Fronteira,2001.

CHATEAU- Educação Física no Ensino Fundamental In: PEC- Formação Universitária, São Paulo- SP: modulo 2, 2002.

KAMII. C.& DEVRIES, R.- Jogos em grupo na educação infantil: implicações da teoria de Piaget, São Paulo-SP: Trajetória Cultural, 1991.

OLIVEIRA. M.K.- Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento um processo sócio histórico, 2ªed. , São Paulo- SP: Scipione, 1995.

PIAGET, J. – A epistemologia Genética de Jean Piaget II. In: PEC- Formação Universitária, São Paulo- SP: modulo 2, 2002.