O Jejum e o Perdão unilateral

De nada adiantará jejuar, se o coração abrigar recentemento de mágoa contra o próximo. Infelizmente muitos que praticam o jejum precisam liberar o perdão para o próximo. Jejum sem perdão unilateral é hipocrisia ou é um ato de farisaísmo. Jesus disse: "...não sejas como os hipócritas..." (Mt.6:5a).
Mas o que é perdão unilateral? ? Unilateral significa de um lado, de uma parte. Portanto, o perdão unilateral existe apenas para uma das partes; é o perdão concedido pelo ofendido sem a participação do ofensor. Em outras palavras, é o perdão não solicitado pelo ofensor, que as vezes nem sabe que precisa dele. A parte ofendida toma a iniciativa do gesto, e indulta a parte a quem o ofendeu, sem esperar que o outro lhe peça isso. Essa atitude é muito difícil de se pôr em prática, porém, não é impossível de se praticar. Por que? Porque temos dentro de nós o Espírito Santo, o Parácleto, que nos ajudará a praticar o perdão unilateral.
Para ilustrar este princípio quero expor aqui uma história que li no livro, The golden Key, da consagrada escritora Mary Welch. Ela mesmo narra:
"Certa mulher odiava uma comunidade inteira. Durante sete anos ela não conseguia nem orar nem ler a Bíblia. Ela tinha sido prejudicada e caluniada por pessoas cuja posição nos círculos eclesiásticos tinham maior influência na comunidade. Tinha sido ferida da pior maneira que um ser humano pode ser ferido ? da pior maneira que feriram Jesus de Nazaré: ao seu bem chamaram mal. Ninguém foi falar do assunto com ela, nem ninguém lhe pediu desculpas. Levou dois anos para ela acreditar que aquilo tinha ocorrido, e mais sete para ela "deixar" aquilo acontecer e aceitar, como diz o Dr. Hower. Durante esses sete anos ela era uma morta-viva. No começo ela não conseguia acreditar que a humanidade pudesse ? e preferisse ?interpretar o bem como mal. Mas quando chegou a acreditar, permitiu que o mal tivesse domínio sobre ela. O julgamento de que as pessoas pudessem ter feito o que fizeram fez nela mais mal do que se ela fosse cem vezes pior do que tinha dito que era. Quando o tóxico do ódio se tinha tornado insuportável, ela voltou-se para outro tipo de tóxico, o álcool, para poder ter breves intervalos de esquecimento.
Esta mulher me disse que durante todo o tempo estivera querendo perdoar ? porque ela considerava que perdoar era amor ao próximo apesar do que ele tenha feito contra nós. Mas cometeu um grave erro num ponto. Ela achou que o perdão deve esperar que ofensor confesse e peça desculpas! Por isso ela esperou e sofreu e odiou, esperando que pelo menos um dos indivíduos envolvido viesse e confessasse que tinha interpretado errado a atitude dela, esperando poder perdoar e ficar livre do tremendo fardo do ressentimento e do ódio. Mas ninguém veio confessar, e ninguém veio pedir nada, e ninguém veio oferecer nada. A vida era um deserto no qual o único oásis era a bebida.
Quando ela ouviu que podia localizar sua "cidade fantasma" e redimi-la, pegou um papel e lápis e localizou-a. Traçou um mapa da cidade ? a comunidade que a tinha prejudicado. Depois, pela fé e pela vontade de responder, mas sem nenhum sentimento de amor ou alegria para estimula-la, ela foi andando em sua imaginação ponto por ponto daquele território. De cada casa foi tirando seu julgamento e substituído-o por uma benção, agradecendo a Deus tudo o que todos naquela casa tinham feito a seu favor, ou contra. No começo ela se sentia como
uma pedra embrutecida, só com a vontade de dizer sim; mas no fim da jornada era uma estrela dançando em êxtase. Esta mulher achou liberdade, dando liberdade àqueles que ela tinha preso. Achou vida, dando a Deus lugar em cada pessoa que tinha mantido prisioneira em seu julgamento. Até onde sei, até hoje ninguém naquela comunidade confessou o erro ou o pediu perdão pelo mal que lhe causara. Ela disse que isso não foi necessário. Nunca precisou dizer que ela lhe tinha perdoado, e ninguém ficou embaraçado. Mas hoje toda a comunidade a ama e se entrega por ela, do mesmo modo que ela lhes perdoou".
Este fato mostra-nos que há grande poder no perdão unilateral. Nós temos em nossas mãos um poder maior que o da fissão atômica! O exercício de tal poder resulta em mudanças drástica que perduram por toda eternidade. Neste exato momento, pense em alguém contra o qual você têm queixa. Não considere agora se a pessoa merece ou não ser perdoada. Pense em si mesmo como um álveo do perdão, como se fosse um canal de poder e energia do perdão. Aqueles a quem perdoamos, em nome de Jesus e na sua autoridade, estão perdoados. Tome a iniciativa perdoando o seu ofensor! Então jejue com o coração limpo na presença de Deus!
"A virtude central do cristianismo é o poder do perdão".
Stanley Jones

Shalom Uvrachot!
Paz e benções!
Pr. Ronaldo Carvalho,
Bacharel em Teologia pela Faculdade de Teologia e
Ciência da Religião-Fatem ?Am, e Especializado no Hebraico Bíblico.
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