Poesia: luz dos fracos, fraqueza dos lúcidos, terror da razão.
Vejo agora, às portas de minh'alma, tua sina.
Tu que me querias morto, aqui me tens.
Sobrevôo sem trégua minha morte vã.
Agora estou aqui, sou teu com meu corpo e meu desejo.
Descubro-me nu, nefasto e régio...
Esta noite escura, um calor etéreo...
Quero ver os portões do lugar pra onde irei.
Minha tortura, Deus meu!
Pode haver alegria maior?
Fui homem, enterrado no mundo:
-Acorde!
-Trabalhe!
-Tu nada és!
Badou, nada é. Só som, fúria e dor.
Ah... mas essa dor é divina...
A dor dos mais nobres deuses.
Descerei tal qual Orfeu e com meus versos
Não há Cérbero que me possa deter.