O IMAGINÁRIO NAS CARTAS ENVIADAS PARA EMÍLIA DE LOBATO

            

Joelma Gomes De Oliveira Araújo[1]

Hérica Debora Souza Perrut²

 

Resumo: Esta pesquisa faz uma investigação que o imaginário contido nas cartas que as crianças escrevem para Emília. Sua elaboração será feita através de pesquisa bibliográfica e análise de correspondências originais, enviadas ao Museu de Monteiro Lobato em Taubaté-SP. Essas correspondências mostram as crianças, caminhos do mundo fantástico que tornam possível a compreensão e superação de si e, também sonhar com coisas que possam se tornar realidade por meio da ficção. Elas deixam transparecer uma relação de pura intimidade entre as crianças e a boneca Emília, com uma mistura de cumplicidade, curiosidade, fantasia e sentimentos. Nesse sentido, descobrimos que essas cartas funcionam como um mecanismo estimulador do imaginário infantil, possibilitando à criança vivenciar momentos mágicos.

PALAVRAS CHAVE: Cartas, imaginário, fantasia, infância.

 

1. Introdução

O imaginário leva a criança além do momento em que acontece a situação, podendo a criança viajar por caminhos que só a memória é capaz de percorrer. A imaginação tornou-se o caminho possível, que permite não só atingir o real.

Para a execução desse trabalho monográfico, temos como prioridade a análise de cartas redigidas por crianças de diversas cidades do país, que são endereçadas à espevitada Emília, personagem da obra de Monteiro Lobato, nas quais tomamos como referencial o imaginário que está envolvido nos relatos destas cartas. Essas correspondências, que servirão de aporte para nossa análise, foram fornecidas pelo Museu Monteiro Lobato de Taubaté, Estado de São Paulo.

 Por isso o objetivo proposto neste trabalho monográfico é desvendar o mundo imaginário existente nas cartas que as crianças enviam para a personagem Emília de Monteiro Lobato. Assim, o ato de escrever cartas põe em exercício toda imaginação que tem como elo de duas pessoas, vinculando diretamente experiências vividas por eles.

A escolha desse tema foi motivada pela ânsia de descobrir o que as crianças imaginam no momento em que estão escrevendo suas cartas para Emília.

No decorrer do texto, nota-se a mistura da fantasia com a realidade, enriquecendo a vida. A imaginação tem sabor de infância, e é capaz de projetar a criança para além do universo do cotidiano. Os conflitos humanos são resolvidos através da fantasia. È necessário salientar que a fantasia criada pelas crianças não apresenta fuga do real, mas justamente a forma mais apropriada para sua percepção.

 

1. A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE E O DESENVOLVILMENTO INFANTIL SOB O PRISMA DO IMAGINÁRIO.

1.1 IMAGINAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

O Museu de Monteiro Lobato em Taubaté recebe em média 680 cartas por dia, endereçadas à boneca que são carinhosamente lidas e respondidas, uma a uma sem exceção, por uma pessoa que representa a Emília de Lobato. Ao chegar ao museu às cartas vão ocupando um espaço de representação prática e se constituem como jogo de interação social, entre remetente e destinatário.

As cartas nos possibilitam um envolvimento com o mundo imaginário e torna-se um dos fatores fundamentais para o desenvolvimento infantil.

A busca para entender o imaginário que envolve o mundo infantil tornou-se necessária estudar o ato do brincar, enquanto recurso utilizado para estimular o desenvolvimento infantil para ajudá-lo na compreensão de sua fantasia e devaneio.     

Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. [...] Ao brincar de faz-de-conta as crianças buscam imitar, imaginar, representar e comunicar de forma especifica que uma coisa pode ser uma personagem, que uma criança pode ser um objeto ou um animal, que um faz-de-conta que é outro. (PCNs,1998:28)

Desse modo, quando brinca como se fosse o pai, a mãe, o filhinho, o médico, o paciente, os heróis e vilões, estão imitando e recriando personagens. Assim, a troca de papéis se processa no mundo imaginário da criança. Portanto, fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre as relações entre as pessoas, isto é, sobre o eu e sobre o outro.

Outro mecanismo que faz aflorar o mundo imaginário da criança é a literatura infantil - através dos contos de fadas -, onde incorpora perfeitamente os personagens que ora é representado. Para uma criança não existe uma linha clara separando o mundo real, do mundo do faz-de-conta. Uma criança confia no que o conto de fada diz por que a visão de mundo aí apresentando está de acordo com a sua. (BETTELHEIM, 1980:59). Assim, compreendemos que a fantasia preenche enormes lacunas, esclarece dúvidas e, permite que a criança vivencie situações impossíveis na vida real, através da qual os medos são superados, os fantasmas são vencidos, as barreiras são transpostas rumo a uma maturidade saudável.

 Uma criança defrontada com problemas e situações cotidianas que lhe causam perplexidade é estimulada, no seu aprendizado a compreender o “como” e o “porque” de tais situações, e a buscar soluções.  (BETTELHEIM, 1980:78).

 

Através da literatura podemos soltar nossa imaginação, fazer viagens impossíveis e ir além do imaginário. A literatura, e em especial a literatura infantil, tem um importante papel social a cumprir, pois ela serve de agente de formação e transformação da consciência do mundo das crianças, ou até mesmo de um adulto que se deixar levar pelas entrelinhas de um livro.

Nesse prisma a literatura brasileira foi testemunha de um processo que jamais poderá ser esquecida, quando nos referimos à literatura infantil, delineada para crianças. Não há como discutir literatura infantil, sem mencionar Monteiro Lobato. O escritor revolucionou a escrita e inseriu a magia nos livros infantis, numa época em que não se pensava em desligar literatura européia de literatura brasileira. Até então todos os textos que circulavam no país eram traduções de autores europeus, textos anti-convêncinais e com idéias avançadas para sua época. Lobato, portanto, criou um novo estilo, trouxe para a literatura um mundo de faz-de-conta, onde realidade e sonho comungam.

Sobre a importância do imaginário para o desenvolvimento infantil, Nelly Novais Coelho (1997) afirma que a literatura assume um papel fundamental rumo ao estímulo da criança. Nela os sonhos se fundem entre o imaginário e o real. E, é através da literatura infantil, e principalmente dos contos de fadas que a criança pode dar asas a sua imaginação, e assim, alcançar o amadurecimento interior.

Pensar nos contos de fadas só como pequenas obras de artes, úteis para manter a criança entretida e quieta é coisa do passado. Hoje são entendidos como narrativas que cativam, envolvem e instigam o leito a refletir a sua condição, o maravilhoso, o onírico, o fantástico [...] deixaram de ser vistos como pura fantasia ou mentira, para ser tratado como portas que se abrem a determinadas verdades humanas. (COELHO, 1987: 9).

É através dos contos de fadas que as crianças se identificam e se vêm projetadas na atual situação da condição humana frente às provações da vida. O leitor pode, através das personagens infantis, experimentarem ações,   reações,  noções  como  o amor, o medo  e a rejeição. 

 Sabemos que os contos de fadas abordam problemas existenciais, sociais e morais, pois as circunstâncias tratadas nas narrativas possibilitam a aproximação o leitor à sua realidade, pois elas têm origem no medo do ser humano em relação ao que é desconhecido. Discutem também aquilo que é proibido e o que há de mais íntimo nas pessoas. Nesse aspecto, Khéde (1990:17) os define como: Os contos de fadas na versão literária atualizam ou reinterpretam em suas variantes questões universais como conflitos do poder e a formação de valores, misturando realidade e fantasia no clima de era uma vez.

Antes de Lobato esses conceitos eram encontrados somente nas literaturas feitas para adultos. Mas, Lobato quebra essa barreira colocando simbologia e imaginação em suas obras, pois acreditava que elas eram fundamentais para que seu leitor faça a compreensão do mundo a sua volta. O objetivo do autor, entre outros é que é necessário saber para crescer, biológico, cultural e socialmente. Suas obras se destacam, pois mostra a íntima união entre real e o imaginário. Ele instiga a criança à investigação, levando a pensar e criar novas hipóteses para seus questionamentos.

Dessa maneira Lobato teve como importante descoberta de suas obras, mostrar como o maravilhoso e mágico é possível de ser vivido por qualquer um. Embora reconhecesse não haver uma receita de sucesso pronta para o nível infantil. Sabia que os imaginários de suas obras iriam contribuir definitivamente para o desenvolvimento infantil, pois elas eram carregadas de possibilidades que só o imaginário podia revelar. Sobre isso (COELHO, 1997:138) reforça,

 Um dos grandes achados de Lobato foi mostrar o maravilhoso como possível de ser vivido por qualquer um. Misturando o imaginário com o cotidiano real, mostra como possíveis aventuras que normalmente só podia existir no momento da fantasia.   (COELHO, 1997: 138)

 

Nesse momento a ficção começa a se ligar com a comunicação dando asas à imaginação, fazendo com que a pessoa que a escreve libere seus mais diversos sentimentos, desejos, fantasias numa mistura de realidade com imaginário.

As cartas permitem percorrer ainda inúmeros outros caminhos que abre outras possibilidades, como cartas de amor, de amizade, de informação, de utilidade pública entre outras.

As cartas funcionam como via privilegiada para investigar relações pessoais porque permitem distinguir relações mútuas. A prática epistolar de um indivíduo só existe em função de outro, para quem se enuncia uma fala e de quem se aguarda uma resposta. Elas são expressões de amizade que se formou devido uma fantasia que se passa na mente humana, seja por um contato direto ou apenas pela idealização de uma lembrança ou de uma fantasia.

 Pois é através da carta que as pessoas manifestam o desejo de contar seus segredos, relatar as suas mais diversas experiências. Nesse contexto podemos citar as cartas enviadas pelas crianças para Emília que é uma das mais importantes personagens da Literatura Brasileira e principalmente das obras de Monteiro Lobato.

As cartas enviadas para Emília deixam revelar a imagem e a fantasia que as crianças construíram ao longo de seu contato com algo que a ligasse com esta personagem, que vai construindo também memória e intimidades ao longo de vidas. Assim Cunha menciona que (2002: 184), [...] A carta como uma prática de escrita tanto fala de quem a escreve como revela sempre algo sobre quem a recebe, anunciando a intensidade do relacionamento entre os envolvidos.        

             Segundo Chombart de Lauwe (1991: 92) a fantasia seria um dos elementos do processo de emancipação da criança, resultando a obra literária infantil em uma contribuição importante para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional, ao possibilitar-lhes a compreensão de si mesmo. 

Na infância a imaginação exerce uma influência sobre a formação do caráter da criança. Por volta dos seis anos, durante o período chamado de segunda infância (dos 4 a 6 anos), forma um primeiro ideal de si mesma à imagem e semelhança de um dos pais, do professor ou de uma pessoa querida. É o modelo no qual ela se espelha, tornando seus atos uma imitação dos atos dos personagens do seu cotidiano. Tal modelo exerce uma influência cada vez maior à medida que a inteligência se desenvolve. E isso Freud, chamou de superego. Assim, o caráter está sob o domínio da imaginação, que se refere a uma grande parte das tendências adquiridas.

  A cada idade aperfeiçoamos nossa maturidade. Corpo e mente tem que estar sempre em sintonia. [...] como no passado, a tarefa mais importante e também mais difícil na criação de uma criança é ajudá-la a encontrar significado na vida. Muitas experiências são necessárias para se chegar a isso. (BETTELHEIM, 1980:12).

Bettelheim (1980) considera que a magia está dentro de cada criança, e que precisamos deixar fluir e possibilitar que elas experimentem emoções novas, sem se deixar dominar. Significa falar também de um modelo de educação que acolhe a fantasia e a criatividade em que os professores possam compartilhar com as crianças seu conhecimento e enfrentar a incerteza e o desconhecido. Para ele a criança precisa sentir se respeitada só então terá condição de desenvolver e de viver em um mundo social e cultural. Se sua crítica e criatividade tiverem que ser dominados e normalizados, não haverá desenvolvimento integral, mas apenas uma diluição de suas capacidades no que o outro concebe por civilização.

 Muitas vezes as coisas se tornam tão confusas na mente das crianças que elas não são capazes de distinguir o que é real, é não conseguem classificá-las. Mas alguma classificação ordenada é necessária para ela voltar à realidade.

 

2. EMÍLIA, E UMA VIAGEM ATRAVÉS DAS CARTAS.

2.1 A PERSONAGEM

Pensar a questão da personagem nos obriga a voltar o olhar para a Grécia Antiga e para os pensadores que impulsionaram o conhecimento sobre, este assunto.

Beth Brait menciona que, Aristóteles, pensador grego, levantou alguns aspectos importantes, que marcaram até hoje o conceito de personagem e sua função na literatura.  Aristóteles estava preocupado não só com aquilo que é “imitado” ou refletido num poema, mas também com a própria maneira de ser do poema e com os meios utilizados pelo poeta para elaboração de sua obra. (BRAIT, 2004:28)

Um aspecto importante desse estudo é o que diz respeito à semelhança que existe entre personagem e pessoa. Conceito que está voltado para a “imitação do real” (mimesis aristocrática). Essa concepção até certo ponto marcou as tentativas de conceituação e valorização da personagem. Ela se destaca como reflexo de pessoa humana e também se mostra como a construção de um papel onde o ser humano é a base principal.

Horácio ao citar Aristóteles diz:

 A partir da segunda metade do século XVIII a concepção de personagem entra em declínio, sendo substituída por uma visão psicologizante que entende personagem como a representação do universo psicológico de seu Criador. (BRAIT, 2004:37)

 

 É quase impossível discutir a representação de um personagem para a literatura infantil sem mencionarmos a boneca falante, chamada Emília de Monteiro Lobato.

Uma vez que o surgimento da boneca Emília na Literatura Infantil é de extrema importância para o contexto infantil, pois ela representa a curiosidade, a peraltice, e a materialização da fantasia maravilhosa e onipotente que toda criança inconscientemente carrega. Ela é a relação da criança com a possibilidade do milagre vir a se tornar real.

Emília é um caso a parte, não tem medo. Acha que medo é coisa de criança. Lobato ao familiarizá-la quis mostrar que para existir não precisamos ter medo. Precisamos ter poder de decisão para enfrentar os problemas da vida. Nessa perspectiva, a personagem passa a ser vista por seu público/leitor como um jogo de interesse, onde cada um só segue o que lhe convém.

A personagem vai se delineando sobre os olhos do leitor, mostrada unicamente como os recursos oferecidos pelo código verbal, passa então a ter uma existência que carrega em si toda uma crítica ao modo educativo de cada leitor. [...] tanto ao conceito de personagem quanto sua função no discurso estão diretamente vinculados não apenas como modelo a ser seguido, mas que só é seguido quando encanta ou interessa. (BRAIT, 2004:27).

 

Em cada trama nos identificamos com um personagem, basta que ele traga características que são reconhecidas por nós ao longo de sua apresentação. Muitas vezes nos vimos retratados naquela personagem, ou até mesmo no papel que ela desempenha.  Sabemos que como personagem, Emília encanta, e faz com que seus leitores vivam momentos mágicos, ou seja, se deixa levar pelas aventuras que ela vive em cada episódio dos livros de Monteiro Lobato.

2.2 UMA BONECA FALANTE, CHAMADA EMÍLIA...

Emília é uma boneca de pano de quarenta centímetros costurada pelas mãos de Tia Anastácia, e que evoluiu e virou gente. Ela nasceu boneca de pano, de trapo e macela, e tornou companheira preferida de Narizinho. Narizinho é o apelido de Lúcia, neta de Dona Benta, uma simpática senhora de mais de sessenta anos, usa óculos de ouro na ponta do nariz e dona do famoso Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Emília foi fabricada com retalhos de uma saia velha, olhos de retrós e recheio de macela por Tia Anastácia, cozinheira e espécie de faz de tudo no sítio. Protagoniza a grande maioria das obras infantis de Monteiro Lobato e, possui a incessante capacidade de incendiar a imaginação de todos os seus leitores, seja adultos ou crianças. No livro “Reinações de Narizinho”, a narradora chama a boneca de “Excelentíssima Senhora Dona Emília” e a apresenta da seguinte forma:

[...] uma boneca de pano, fabricada pela preta e muito feiosa, a pobre, com seus olhos de retrós preto e as sobrancelhas tão lá em cima que é como ver uma cara de bruxa. [...], mas apesar disso, narizinho quer muito bem a Sra. Dona Emília, vive a conversar com ela, e não se deita sem primeiro acomodá-la numa redinha armada entre os dois pés da cadeira” (LOBATO, 1970:7)

 

Ao pesquisarmos o imaginário na literatura infantil, percebemos que  Monteiro Lobato não inovou ao fazer de uma boneca personagem, nem ao atribuir-lhe fala e outras características humanas, pois vários autores já faziam isso em suas obras. 

É através dos sonhos que a excepcionalidade de Emília tem dia e hora marcada. Ela iniciou quando Emília começa a falar de verdade: Assim diz Emília: Fiquei falante com uma pílula que o célebre Doutor Caramujo me deu (LOBATO, 1970:20). 

A fala é fundamental na biografia e no decorrente fascínio que a boneca exerce sobre nós. É pelo exercício da palavra, falada e escrita, e pela aquisição da linguagem que Emília atinge outro patamar, transformando-se de rélis boneca de trapo e macela, igual a tantos outros brinquedos comuns do cotidiano lúdico infantil, na irresistível, cintilante, inusitada e

De boneca de pano como nasceu o percurso da boneca sofre alterações significativas desde o momento em que aprende a falar, graças a uma pílula falante do Doutor Caramujo, um dos habitantes do Reino das Águas Claras.

Veio a boneca. O doutor escolheu uma pílula falante e pôs-lhe na boca – Engula de uma vez! Disse Narizinho ensinando à Emília como se engole pílula. E não faça tanta careta que arrebenta o outro olho. Emília engoliu a pílula muita bem engolida, e começou a falar no mesmo instante. A primeira coisa que disse foi: Estou com um horrível gosto de sapo na boca. E falou, falou, falou e falou. Falou tanto que Narizinho, atordoada, disse ao Doutor que era melhor fazê-la vomitar aquela pílula e engolir outra mais fraca. Não é preciso – explicou o grande médico. Ela que fale até cansar! Depois de algumas horas de falação, sossega e fica como toda gente. Isso é fala recolhida que tem de ser botada para fora. E assim foi. Emília falou três horas sem tomar fôlego. Por fim calou-se. (LOBATO, 1970:19)

 

             Calou-se nada. Daí para frente Emília será uma falante de língua afiadíssima.

Bendita torneirinha e benditas asneiras!. (LOBATO, 1970:21). Pois é justamente, a capacidade de falar e seu exercício ilimitado, a condição essencial para que Emília desempenhe sua função nas aventuras de Lobato.

As atitudes e as travessuras de Emília têm como função romper as barreiras entre o fictício e o real, o metafórico e o literal, o verídico e o imaginário. Adiciona vida real ao mundo mágico de Lobato, pois através de Emília ele nós mostra que o maravilhoso é possível de ser vivido. Misturando o imaginário com o cotidiano real, em sua aventura que normalmente só podiam existir no mundo da fantasia.

A imprevisibilidade e irreverência de Emília é que a coloca num lugar diferente dentro do imaginário infantil. Ela é aquela que através de atitudes novas e ousadas desconstrói e renova símbolos religiosos, culturais e morais de sua época. Prova disso foi a rejeição sofrida por ela por parte dos colégios católicos. As atitudes da boneca escandalizavam a Igreja na época.  

 Conforme mencionamos no início do texto, Emília começou como boneca de trapo e macela e, apesar de tornar-se falante, continua boneca, sempre será uma boneca de trapo e macela, o que faz com que se mantenha o impacto que ainda causa até hoje, e o fascínio que exerce sobre as crianças.

-Fala mesmo, Sinhá, fala que nem gente! (LOBATO, 1970: 20). É esse espanto de Tia Anastácia, criadora da Emília de pano e macela, que se renova, de geração. È o prazer que a leitura das obras de Monteiro Lobato, desperta em nós, a possibilidade de virmos habitar, com o uso do pó de pirlimpimpim, este lugar encantado chamado inconsciente, [...] Quer dizer, Sítio do Pica-Pau amarelo.

 

2.3 O IMAGINÁRIO NAS CARTAS ENVIADAS PARA EMILIA 

No início do século XX, seria difícil imaginar a vida sem presença das cartas, hoje devido à evolução tecnológica ela vem perdendo um pouco a razão de ser. Mas tem ainda uma parcela de leitores que cultivam o velho hábito de se corresponder usando esse mecanismo, e entre eles estão as crianças que escrevem para a personagem Emília de Lobato. Com a esperança de manter algum contato com seu ídolo, para conhecer trocar intimidades e confidências. As cartas enviadas para Emília de Monteiro Lobato tem uma rica mistura de sentimentos, intenções e uma grande parcela de ficção.

Devido os episódios que passam na televisão com o Sitio do Picapau Amarelo as crianças tem um certo contato com essa personagem, também através dsa obras de Lobato as crianças foram criando uma relação que as levam fantasiar com seu ídolo. Então elas escrevem para o Museu de Monteiro Lobato, Taubaté São Paulo, onde estão todos os personagens de Lobato, disponíveis para satisfazer as fantasias das pessoas que os amam.   

É através das cartas que as crianças tentam superar a distância que os separam, minimizando a saudade dos que já tiveram o prazer de conhecê-la pessoalmente, satisfazendo a curiosidade.

A carta torna o escritor “presente” em relação a quem ele se dirige. E presente, mas simplesmente através das informações que fornecem sobre sua vida, suas atividades, seus sucessos e fracassos suas fortunas e suas infidelidades; presente de um tipo de esperança imediata e quase física.   (GALVÃO E GOTLIB, 2000:14).

 

 Nesse instante a ficção volta a colar-se com a comunicação e cada criança coloca no papel os mais amplos e variados assuntos, deixando assim revelar a personalidade de quem escreve, suas angustias, tristezas, alegrias e esperanças.

Ao longo dos anos Emília se tornou ponto de referência entre o leitor que aprecia as obras de Monteiro Lobato. Com seu jeito irreverente, mandona, crítica e dona de todas as idéias mirabolantes permitem que a criança fantasie, libertando avalanches de sentimentos, na tentativa de se realizar através das atitudes de Emília.

Ao examinarmos algumas cartas que as crianças enviaram para Emília percebemos que elas expressão sentimentos, sensações e se projetam através das cartas, a fim de viver todas as aventuras que a boneca vive, tanto relacionada ao estado afetivo, como os sentidos e aos pensamentos interiores.

Com esse status Emília se torna fundamental para o universo infantil, representa a materialização da fantasia, maravilhosa de dar vida a todo objeto, mesmo que através da imaginação. Percebemos também que os assuntos centrais das cartas estão relacionados diretamente com o desejo de expressar amizade, amor, gratidão, sinceridade e carinho, contendo também relatos escolares, familiares de cada um. Quase todas as cartas são iniciadas com a seguinte expressão: Querida amiga [...], Amada [...], Sincera amiga [...], Cara amiga Emília [...]. Onde as crianças tentam se mostrar íntimos de Emília. As cartas também têm uma grande variedade de desenhos, que representam lugares idealizados pelas crianças, flores, corações, que simbolizam o amor e o afeto.

 

2.4 ANÁLISE DO UNIVERSO IMAGINÁRIO DAS CRIANÇAS DEMONSTRADO ATRAVÉS DAS CARTAS ENVIADAS A EMÍLIA

A carta é um meio de comunicação antiga e que com a tecnologia deixou de ser muito utilizada nos dias atuais.

A atitude de enviar cartas a uma pessoa ‘querida’ já possui em si mesma toda uma simbologia carregada de bons significados afetivos, principalmente de consideração, pois enviamos cartas àquele que queremos bem. Dessa maneira, quando uma criança escreve uma carta direcionada a personagem Emília do Sítio do Picapau Amarelo, esta criança acredita veemente na verdade idealizada em torno da personagem, como se fosse um ser real, da qual a inspiração advém da forma autêntica e audaciosa com que Emília foi apresentada nos livros e continua sendo interpretada na versão da série da TV.

Diante disso, ao analisar algumas das cartas enviadas pelas crianças para a personagem Emília de Monteiro Lobato na Chácara do Visconde em Taubaté, observa-se que a imaginação de uma criança quando bem estimulada por uma personagem tão bem arquitetada provoca sonhos, devaneios, fantasias [...] A ponto de inclusive surpreender a própria atriz Francine Patrick Lobato Santos, que foi a artista que recebeu a minha correspondência, pois é ela quem responde as cartas na Chácara direcionadas para Emília, e também respondeu a minha: Procuramos responder todas as perguntas das crianças. É muito divertido! Criança tem uma imaginação fértil.  Francine enviou-me dez cartas para serem analisadas.

Nestas cartas direcionadas a Emília é possível verificar o carinho que as crianças demonstram por esta personagem referindo-se a ela com expressões afetuosas, como: “Querida Emília”; “Minha querida amiga Emília”; “Cara amiga Emília [...]” e “Prezada Emilia”.  Foi possível observar que algumas dessas crianças referiam-se a personagem como amiga, provavelmente, porque Emília consegue despertar um sentimento de companheirismo e amizade muito grande, pois nas narrativas ficou clara a sua preocupação em ajudar as personagens boas do sítio. Também houve uma aluna do Colégio Integração de São Paulo, Bianca que provavelmente estimula pela professora escreveu para Emília, utilizando o grau diminutivo do substantivo feminino para saudar a personagem Emília, pois dessa maneira ela procura aproximar-se mais de Emília, demonstrando a afeição que a mesma sente em relação à personagem, como se verifica na passagem a seguir: Amiguinha Emília.

Já em outra correspondência a criança saudou não somente a Emília, mas todas aquelas outras personagens que provavelmente demonstra algum tipo de afeição, pois utilizou o seguinte cumprimento: Queridos amigos: Emília, tia Nastácia, Visconde de Sabugosa e Narizinho. No entanto, esta menina ao escrever sua saudação, referiu-se primeiro a Emília, como já foi visto, possivelmente por que esta personagem possui uma personalidade marcante que cativa à preferência das crianças.

A despedida nas correspondências analisadas não é diferente do que ocorre na saudação, pois as crianças também utilizam expressões extremamente afetuosas, como se pode verificar nas passagens a seguir: [...] um beijo e um abraço para todo ai do sítio, tiau Emília; Queira aceitar um abraço da amiguinha; Abraços; Um grande beijo; Adeus o seu amigo Cauê; [...] beijos eu te amo; Um beijo e um abraço; Um beijo de sua amiga; Um beijo de sua amiguinha; Abraços no fundo do meu coração; Mil beijos! Isso demonstra o quanto às crianças sente carinho pela personagem e manifestam de maneira cordial oferecendo beijos e abraços.

 

Já o Visconde de Sabugosa, no livro ‘A Chave do Tamanho’ aperfeiçoou o pó que Emília acabou cheirando, sendo que a boneca acabou indo parar em um lugar nebuloso, como veremos na citação a seguir:

Visconde, de fato, andava estudando um misterioso superpó, capaz de maravilhas ainda maiores que o velho pó de pirlimpimpim [...]; [...] Emília foi de pé ante pé ao laboratório do Visconde e remexeu tudo até encontrar [...] Cheirou-a. Lembrava o cheiro do pó de pirlimpimpim; Quando Emília abriu os olhos e foi lentamente voltando da tonteira, deu consigo num lugar nebuloso, assim com ar de madrugada [...]; Que pó certeiro o do Visconde! (LOBATO, 2004: 9).

 

Dessa maneira, qual a criança que não vai se encantar em realizar viagens ou uma aventura maravilhosa através de um pó mágico, por isso em relação às outras correspondências foi possível constatar que muitas crianças escreveram para Emília curiosa em receber o famoso pó de pirlimpimpim pedindo-o: Você pode mandar para mim o pó de pirlimpimpim; Gostaria que me mandasse um pouco do pó de Pirlimpimpim. [...] e você podia pedir a Visconde de Sabugosa que mim mandasse um pouco do pó mágico de pirlimpimpim podia fazer isso por min? Sim ou não. É a magia desse pó mágico tão bem narrada por Monteiro Lobato que provoca nas crianças o desejo de possuí-lo provavelmente para que possam realizar os sonhos e as fantasias mais íntimos que possuem e também participar das aventuras mais diversas e emocionantes.

Em uma das cartas analisadas houve uma que chamou a atenção em relação à admiração do menino Cauê pela possibilidade da boneca falar e expor suas idéias: Emília eu gosto da suas idéia porque você é você fala e você é uma boneca e você fala e você é melhor do que eu pensava, [...]. Na verdade, muitas crianças ficam fascinadas com uma personagem que é uma boneca e ainda por cima fala o que pensa. Talvez a inspiração de Monteiro Lobato para criá-la como um brinquedo que fala tenha vindo da personagem Pinóquio de Collodi, no entanto Emília vai muito mais além, pois é mais complexa em relação à personalidade, ou seja, mostra-se audaciosa e atrevida naquilo que fala e faz, sendo que o autor começa a introduzir na personagem Emília esta característica a partir do livro de ‘Reinações de Narizinho’ como podemos ver no trecho a seguir: [...] Faziam planos de toda sorte, cada qual mais amalucado. Emília tinha idéias de verdadeira louca. (LOBATO, 1997:21).

Já em outras correspondências houve crianças que escreveram sobre a admiração que possuem em relação à boneca Emília devido as suas atitudes de ousadia, travessuras e traquinagens como se pode ver nos trechos a seguir: [...] gosto muito quando você faz travessuras; [...] você e bonita e respondona; [...] você é o máximo para mim te acho rebelde. Porque será que as crianças admiram e valorizam tanto este lado desaforado de Emília? Vamos observar alguns fragmentos do livro ‘Emília no país da gramática’ em relação às palavras desaforadas da boneca para compreendermos a sua obstinação: -Por isso está gorda assim, sua vagabunda! - observou Emília. / - Cuspo de micróbio! - Gritou Emília. (LOBATO, 1997:16). Na verdade Emília não segue as regras sociais, mesmo assim é admirada, pois diz o que sente independente a quem seja e não guarda nada para si, ou seja, não é falsa, por isso as crianças se identificam tanto com ela. Já no livro ‘Reinações de Narizinho’ a boneca demonstrou um pouco mais de sua audácia:

Mas antes que ela chegasse à porteira Emília explodiu: / - Cara de coruja seca! Cara de Jacarepaguá cozinhada com morcego e misturada com farinha de bicho cabeludo, ahn![...] e botou-lhe uma língua tão comprida que dona Carochinha foi arregaçando a saia e apressando o passo [...] (LOBATO, 1997:106).

 

O menino Cauê ao se corresponder com Emília também escreveu em sua carta a seguinte passagem: “Todas as meninas gostam de você, mas eu sou um menino gosto de você, eu durmo meuto”. [...] Ou seja, a própria criança está argumentado em relação à questão de gêneros, pois mesmo ele sendo menino, como afirma, ele gosta da Emília, apesar dele saber que todas as meninas gostam dela. No entanto está claro que Cauê abre prerrogativas para que os meninos como eles gostem de Emília também. Portanto, é possível avaliar e afirmar que Emília é apreciada por crianças de qualquer sexo. Mesmo assim, fica superada uma questão conhecida como sexismo: em que as meninas têm que gostar de coisas de meninas e os meninos têm que gostar de coisas de meninos. Apesar de que esta personagem não foi criada neste tipo de ideologia. Sendo que este tipo de ideologia histórico-cultural é considerado preconceituoso e jamais deve ser estimulada. Sendo assim, torna-se interessante observar que de maneira espontânea e carinhosa ele gosta da boneca criada por Monteiro Lobato e se analisarmos bem não é só ele porque a personagem Emília tornou-se a grande figura do universo da literatura infantil brasileira, sendo uma criatura admirada por todas as crianças que entraram e entram em contato com esta personagem e suas aventuras, assim como adultos, independente da questão de gênero.

Houve uma correspondência em que a criança estava preocupada com os pratos típicos da cozinha de Tia Nastácia, por isso ela escreveu para Emília fazendo o seguinte pedido: [...] peça para a tia Nastácia mandar um bolinho de chuva bem quentinho. Na verdade, qual é a criança que não gosta de um carinho de tia, principalmente quando a referida faz pratos bem gostosos, como os bolinhos de chuva. O interesse dessa criança em relação a este bolinho, assim como podemos deduzir, talvez a outras gostosuras pertencentes a este universo gastronômico é devido à própria construção e caracterização das personagens do sítio em que vários momentos as histórias são desenvolvidas em um ambiente muito familiar, ou seja, há momentos importantes na narrativa que as personagens passam na ou ao redor da cozinha de Tia Nastácia.Também sem argumentar sobre o tão famoso pomar do sítio com suas frutas deliciosas. Podemos com isso verificar os tão cobiçados bolinhos de tia Nastácia.

Nas cartas analisadas é possível perceber o quanto às crianças se interessam por esse universo mágico criado por Monteiro Lobato, ou seja, fica explícito o fascínio por Emília e também pelas outras personagens, pelo sítio, pelo pó de pirlimpimpim e pelas histórias e aventuras. Inclusive o próprio autor no livro ‘O Picapau Amarelo’ escreveu:

Portanto, é possível compreender que se as crianças escrevem é porque elas acreditam neste universo mágico tão bem construído que aguça e faz parte dos sonhos e desejos de muitos destes infantes e inclusive de alguns adultos, pois isso justifica o desejo de uma criança escrever marcando de acordo com o tempo de Emília a data dessa boneca ir visitá-la em sua própria casa, ou seja, é o mundo real que existe na imaginação de uma criança da qual Lobato comentou no seu livro ‘O Picapau Amarelo’ em fragmento que já foi citado anteriormente nesta pesquisa. A idealização de uma personagem como Emília é tão surpreendente que muitas crianças transformam em objetivo conhecê-la pessoalmente como um sonho, um querer [...]. Sendo assim, é isso que dá sentido e alimenta a imaginação das crianças: o acreditar e o idealizar.

Considerações finais

 

O imaginário é construído e expresso através de símbolos. O caráter afetivo contido no imaginário o faz diferir do conceito de imaginário, pois essa também se encontra no processo do conhecimento científico. Enquanto o imaginário consiste na utilização, formação e expressão de símbolos, a imaginação científica é limitada pela razão conceitual.

Já sabemos que o imaginário não significa ausência da razão, mas apenas a exclusão de raciocínios demonstráveis e prováveis. E nesse sentido o imaginário é um processo cognitivo no qual a afetividade está contida, traduzindo uma maneira especifica de perceber o mundo, de alterar a ordem da realidade.

A carta nessa perspectiva pode ir além, transpor momentos e situações extremamente importantes para o cognitivo, contribuindo para o êxito do leitor.

 Acreditamos que a curiosidade, a imaginação do ser em relação a si mesmo e ao outro pode ser gerado no momento em que ele escreve uma carta, pois ela tem a capacidade de despertar emoções e percepções que a criança possui. Por isso este exercício, apesar de ter diminuído muito, ainda colabora significativamente para a formação da personalidade infantil, revelando os desejos, as angústias, as alegrias, e as tristezas que a criança sente em relações ao seu ídolo.

Ao analisar cada carta, compreendemos a cumplicidade, e confiança que as crianças têm na boneca Emília, e a magia que envolve os diversos assuntos através das correspondências. As crianças depositam nelas o desejo e a esperança de ter seus problemas resolvidos. Consideramos também importante todo o trajeto percorrido para entender de que forma os elementos apresentados nas cartas se aproximam do mundo da criança, colaborando, em especial para a melhoria da perspectiva histórico-cultural e psicológica de cada um. A carta nessa perspectiva pode ir além, e transpor momentos e situações extremamente importantes para o cognitivo e para o afetivo, contribuindo para o êxito do leitor.

Lobato provou que uma boneca de pano ou um sabugo de milho (Emília ou Visconde de Sabugosa) são crianças exatamente porque são imaturas em seu amadurecimento emocional. Em suas obras apresenta interesses de ensinar através das aventuras deliciosas com muito entretenimento. Ressalta o aspecto educativo, mesmo que indiretamente.

Através deste trabalho compreendemos a importância do mundo imaginário em que se encontram as crianças que fantasiam uma relação tão intensa com a boneca Emília de Monteiro Lobato.

 

 Referências

 

- BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas tradução de Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

- COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil, Teoria; Análise; Didática: São Paulo: Àtica, 1997.

- CHOMBART DE LAUWE. Marie-José. Um outro mundo: a fantasia. São Paulo. Perspectiva: EDUSP, 1984.

 

-´KHÉDE, Sonia S. Personagens da Literatura infanto-juvenil. São Paulo. Ed. Àtica. 1986.

- LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. 9 ed. São Paulo. Brasiliense. 1970.

______Peter Pan 37. ed. São Paulo: Brasiliense, 199

_______D. Quixote das Crianças. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1978.

_______Aventuras de Hans Standen e Geografia de D. Benta 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1978.

________ O Picapau Amarelo. 34ª. Ed. São Paulo; Brasiliense, 1997.

________ A chave do Tamanho. São Paulo: Brasiliense, 2004.

________Histórias do Mundo para Crianças. 38ª. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

________ O Minotauro. São Paulo: Brasiliense, 2004.

________Emília no País da Gramática. São Paulo: Brasiliense, 2004.

 

 

[1] ARAÙJO. Joelma Gomes de Oliveira, Especialização em Literatura Infantil e Infanto Juvenil. Licenciatura em Pedagogia. Professora da Educação Básica no Município de Jauru-MT. E-mail: [email protected]

² PERRUT. Herica Debora Souza. Especialização em Psicopedagogia, Gestão Escolar e Gestão Pública Municipal. Licenciada em Pedagogia. Coordenadora Pedagógica da Educação Básica no Município de Jauru-MT. E-mail: [email protected]