O homem da Morte

Pensar o homem é pensar a sua condição de ser existente, enquanto realidade finita.

O homem é um animal condicionado para a morte, carregamos em nossos lábios o pó de nosso túmulo. Nossa realidade corporal é uma prova dessa realidade. Estamos todos fadados ao nada a ser uma bela e linda refeição para os vermes.

O mundo contemporâneo em especial à ideologia imediatista que faz brotar o moralismo imediato, a compra assemelhada aos prazeres, a busca por uma aventura sexual como se fosse de alguma forma amenizar nossa eterna condição é cada vez mais alicerçada em nossa realidade.  O Sociólogo Zygmund Bauman já nos alertava para a realidade da fluidez que conduz nossos espíritos. Nesta tangente deixamos de ser realmente existentes, pois, mascaramos a vida por coisas que não trazem e tampouco dignifica nossa condição de ser racional, que age tem vontade e busca representar-se no mundo. Nietzsche pensador um tanto que verazmente diluiu essa realidade entre a vontade como sendo o estado dionisíaco e a representação como sendo o estado apolíneo. Conjectura esta que retira das leituras de Shopenhauer.  

Como se não bastasse a ideia criamos um conceito de vida pós-morte. A vida pós-morte nega a própria realidade da morte em si, pois, se algo sobrevive após a morte, logo por dedução a qualquer espírito que não esteja afetado patologicamente deduzirá que a morte não pode ser um critério válido, pois, se de alguma forma em outra realidade ascética estivermos de alguma forma não morremos, mas sim sobrevivemos.

Dispensando essa realidade pouco afirmativa a minha reflexão filosófica, busco refletir sobre a condição humana no tempo histórico. O tempo existencial que marca nossa história e forma nosso corpo e ações. A sociedade através do processo civilizatório acaba com desconstruir tais estados antepostos por Nietzsche, através de uma moral niilista que renega a vida em nome das ações tipicamente moralizantes. Essas realidades moralizantes faz nascer o moralismo que acarreta consigo o preconceito. Preconceito que mata não somente o próximo, mas descaracteriza a capacidade do homem de pensar por si mesmo, algo que Kant já reafirmava em seu fragmento “O que é o Iluminismo” Supere aude. Ou seja, é preciso que o homem seja conduzido por si mesmo, sem qualquer escrúpulo ou medo de ser moralmente julgado por uma sociedade que pouco ética é em si mesma. A esta realidade vale lembrar a própria realidade dos Direitos Humanos. De antemão, é preciso um código de conduta que faça valer a nossa integridade humana, realidade que demonstra nossa eterna Barbárie que é escondida frequentemente em nossas ações ditas como moralmente corretas.

Não existe limite para o bem, tampouco para o mal, aquilo que se faz por amor deve ser feito por ação, por vontade, por representação do individuo que busca deixar em sua vida o legado de uma vida que realmente possa ser significada em tempo, espaço e significância. Eis aí a volta de Aquiles e de grandes tragédias que esquecidas agora em plena desvalorização do ser e quebra ou decadência das instituições venha talvez inaugurar um tempo de ações que possam estar além de qualquer mera compreensão marxista de alienação. Em outras palavras às vezes é preciso deixar que o sujeito se descubra sozinho, pois de alguma forma atingira um estado de contemplação de si. Se não. Apenas servirá para o cumprimento de baratas que ainda resistem em sobreviver a qualquer ataque nuclear.