Acolher a si mesmo com todas a expectativas e possibilidades que se possa deslumbrar no próprio horizonte. Sem receio, sem medo, sem preconceito, sem desilusão, sem pretensão. Assim como a vida é.

Não querer exigir de si e nem dos outros e nem dos cosmos o que não sou e o que não consigo e muito menos culpar pelas consequências das escolhas feitas, sejam elas quaisquer que sejam. O remorso e a culpa apenas servem para elucidar a consciência, mas pode bloquear e paralisar o dinamismo da experiência humana, que é sempre bonita, mesmo aquelas que depois percebemos equivocadas.

Para que inquietação e ansiedade? O que se pode mudar do futuro? Ele não existe e como possibilidade será sempre o hoje de cada um. O tempo que se chama hoje é o tempo meu, é o tempo nosso e é o tempo de Deus também. Toda mudança, toda conversão, toda atitude somente se inicia se for no hoje: as decisões se tomam no agora, ainda que as ações se possam concretizar posteriormente. Debater-se e debelar-se por algo que ainda nem se configurou não é que seja muito saudável e racional. Faz-se necessário mais serenidade e menos apreensão.

Verdade que o hoje não esgota toda nossa ânsia de realização e não contempla toda a nossa esperança, mas é o hoje que corre entre os dedos para pormos os alicerces da possível construção. A dor, a alegria e todas as outras experiências são individuais e por mais que se solidarizem ou acolha como sua, será sempre a experiência sua e do outro, diferentes. A intensidade do que se vive, cada é um é diferenciado, por mais que se aproxime e se intencione. O que passa na cabeça, no coração, no corpo, nos sentimentos de uma pessoa ninguém pode viver a mesma intensidade, pode até viver mais, mas sempre diferente.

O hoje é essa metáfora do tempo e além dele, que nos faz refém e autônomos ao mesmo instante. Como viver, como agir, como acolher, como aceitar, como rejeitar… tudo depende desse instante de decisão, de entrega e de futuro também. A tristeza que colhe o mundo, a ganância e a avareza que assolam as pessoas,  tudo porque o hoje passa desapercebido e o amanhã se abre como solução, mas se hoje você não dá os primeiros passos, a corrida nunca chegará ao seu término.

Certamente que essa vivência deva acontecer na prudência e nas conformidades das regras da sociedade e da comunidade onde se está inserido. Liberdade e autonomia não significa anarquia e muito menos rebeldia. É revolução pessoal para se dispor de fazer o que é bom e o que se deve.