O GRANDE BURGUÊS
Nazaré, 22-10-1994

Abaixo o capitalismo,
Regime de escravidão.
Religiões, comparsas do atraso,
Deixa o povo na escuridão.
A fome baila no mundo.
Como um cão raivoso solto no espaço,
Tenta comer o ar.
Porque são tão rancorosos?
É só respirar e parar.
Mundo desastrado.
Poderíamos proporcionar
Alegria para o povo,
Mas cento e cinqüenta opressores
Promovem a desgraça
De cento e cinqüenta milhões de desesperados,
Limitando-lhes até o ar que respiram,
Poluindo tudo.
Eu não sei como o povo agüenta
Passar fome e dar seu voto
Aos promotores de suas desgraças...
E dão de graça...
Eu já convivi alguns instantes
Com pessoas burguesas.
As conversas são ridículas,
Chamam o povo de puxa-saco,
Que incomodam suas residências,
Que chateiam seus maridos,
Que não sabem o que vão vestir
Para um baile de gala.
Realmente, é difícil escolher.
Se o dinheiro é fácil?
Quem paga é a desgraça popular?
São os pobres infelizes com seu sangue,
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Com seu suor, com suas lágrimas?
Pobres desgraçados que ainda admiram seus patrões
Com suas loiras formosas,
A saltar de seus aviões particulares,
Com roupas elegantes e feitas de pele latina,
Nas fabricas da Europa.
Ainda sorriem para eles
Como se quisessem se destacar,
Como o pobre mais orgulhoso
E ciumento de seu patrão,
Sem pensar que tudo aquilo
Vem de sua própria exploração.
Baba ovos infelizes, façam um experiência,
Olhem para trás, vejam seus semelhantes.
Porque sempre impedem que o povo enfurecido
Estraçalhem seus patrões?
La vem o Doutor, ninguém chega perto.
Quem encostar muito perto, eu mato!
Grita um desgraçado e pobre segurança.
Segurança de sua própria sandice.
Causa de sua própria aflição.
Inimigo de si próprio.
Espertos capitalistas,
Armaram um teia inquebrável:
O Presidente rouba e deixa seu filho, Governador
Que deixa seu neto, Senador
Que deixa seu bisneto, Deputado
Que deixa seu tataraneto Prefeito
Que vai galgar todos os degraus do parasitismo,
Até chegar a Presidente,
E repetir todo o ciclo.