1. O governo de JK pode ser visto como um tipo de conciliação ao mesmo tempo modernizante e conservadora. Discuta esta afirmação.

JK buscou sustentar, ao lado de uma posição inovadora quanto ao desenvolvimento econômico do país, uma aliança política conservadora, que satisfazia os interesses da classe média tradicional, da burguesia comercial e da oligarquia rural.

Assim, pode-se dizer, de maneira bem geral, que o governo JK buscou conciliar uma política modernizante com outra de caráter conservador.

Além disso, ao mesmo tempo em que soube atrair o apoio da classe empresarial, JK tolerou as ações dos comunistas e controlou as reivindicações sindicais, apoiando os trabalhistas por meio de seu vice, João Goulart.

A política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek é vista de forma muito ambígua. No entanto, é inegável que ele foi o presidente que ousou aglutinar um desenvolvimento modernizante com um governo democrático e que foi bem sucedido nessa questão.

Um ponto chave desse sucesso foi à conciliação entre um governo modernizante mais ao mesmo tempo conservador. Juscelino assumiu o governo num período sensível e crítico do país – entre o suicídio de Vargas e a renúncia de Jânio Quadros – e era preciso um enorme bom senso para tomar as rédeas do país nesse momento tenso. Apesar de contar com apoio parlamentar (devido à aliança PTB+PSD), seu governo era alvo da oposição udenista principalmente porque ficava clara a herança varguista do ponto de vista trabalhista. O então presidente sabia que para seu governo ter respaldo popular, era necessário carregar essa bandeira trabalhista-getulista. Aliás, esse foi um importante motivo para a insistência da aliança eleitoral com o PTB. E para efetivar a vitória sobre a oposição ele precisava do apoio do meio rural e conservador do PSD e do meio urbano do PTB. E João Goulart era o que tinha maior possibilidade de concretizar essa reconciliação. Jango controlava o Ministério do Trabalho e conseguiu controlar as reivindicações sindicais e a aliança entre os dois partidos conseguiu reunir interesses da burguesia comercial, da oligarquia rural e da classe média tradicional.

O Executivo de seu governo, procurava implementar uma política inovadora sem acabar com o clientelismo tradicional na política brasileira. Os antigos órgãos eram mantidos para corresponder aos interesses políticos e regionais. Junto a isso, o crescimento da participação militar também contribuiu para o seu apogeu político, pois eram importantes para a estabilidade do governo. Em suma, JK conseguiu com um único Ministro da Guerra, o general Lott, controlar qualquer envolvimento político dos militares na intenção de impedir que o Executivo se concretizasse e que não abalassem os alicerces do poder civil. Afinal, para Juscelino, o respeito aos direitos civis e a Constituição eram imprescindíveis. Fica implícito nessas atitudes um ponto conservador em seu método político.

Do ponto de vista modernizante, sobretudo para a classe empresarial o Programa de Metas possuía evidentes atrativos. Principalmente pelas evoluções estruturais favoráveis a obtenção de financiamentos e as baixas taxas de juros. O êxito na indústria automobilística, multiplicação de recursos para aparelhamento bélico ( o orçamento militar também crescia, significando mais um motivo para o apoio das forças armadas à JK), a construção de Brasília, trouxeram um clima de euforia e modernização. Em termos gerais, os projetos desenvolvimentistas de Juscelino Kubitschek, que era a base do Plano de Metas representou uma “construção do Novo” para o país. Em outras palavras trouxeram esperança no futuro, dentro dos moldes dessa espécie de “modernização conservadora”.

  1. Qual o significado do Plano de Metas para o governo JK?

O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi marcado pelo seu cunho desenvolvimentista, termo consagrado através de sua política de desenvolvimento e industrialização do Brasil. Tal política se personificou através do Plano de Metas.

O Plano de Metas tinha importante significado para o governo de JK, servindo de consolidação e autoafirmação da política de desenvolvimento da nação, proposta por Juscelino. O Plano materializava todos os esforços de JK para trazer o progresso ao Brasil. “50 anos em 5” era o lema de seu governo, que almejava trazer um rápido desenvolvimento a nação que na concepção dele poderia sim sair de sua “eterna vocação agrícola”. As medidas adotadas por esse plano visavam alguns fatores importantes para a construção de uma nação industrializada. Tais fatores são viabilizar investimentos para as empresas nacionais e estrangeiras, sendo o ponto fundamental de seu governo, pois essa abertura econômica ao capital estrangeiro e incentivo a vinda dele através da vinda das multinacionais é uma característica que marca o seu mandato, diferenciado-o do governo de Getúlio que utilizava motivado pelo nacionalismo diversas táticas de protecionismo. O investimento em infraestrutura, transporte e energia é outro ponto importante do Plano de Metas, que, além disso, visava à construção da nova capital nacional, Brasília (considerado pela oposição udenista um gasto desnecessário). A justificativa de sua construção embasa-se na tese de que levando a capital nacional para o interior do país, o desenvolvimento e o progresso iriam juntos. Essa preocupação em levar o desenvolvimento não só para o interior, mas também para todo o Brasil, levou a construção das Superintendências de Desenvolvimento, que tinham como função, espalhar o progresso e industrialização nas regiões em que fossem implantadas. O Plano de JK visa também expandir as ofertas de emprego para que assim possa canalizar o apoio dos grupos e classes emergentes, demonstrando assim o seu interesse pelo apoio das diversas camadas sociais.

            Esses são alguns dos pontos fundamentais do Plano de Metas, que como dito anteriormente, tinha o significado de promover a industrialização, o progresso e o desenvolvimento da nação, em um curto período de tempo, apenas em cinco anos. Além disso, cabe ressaltar outro significado do Plano, que foi a modernização do conceito populismo, através da política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek.

 Com base no que foi dito, observa-se a importância do Plano de Metas e o seu significado no contexto histórico no qual estava inserido, levando esperança ao povo de que o Brasil poderia deixar de ser uma nação agrícola e se tornar assim um país industrializado, demonstrando, além disso, a materialização e a personificação da política desenvolvimentista de JK.

Uma vez que nesse contexto a sociedade brasileira estava marcada pela ideologia da superação do atraso econômico e do rápido avanço industrial do país. Ou seja, na mentalidade da década de 1950, o Brasil deveria superar rapidamente sua condição de país subdesenvolvido através de uma política desenvolvimentista, isto é, de um projeto dirigido pelo Estado com o objetivo de modernizar o país e equipará-lo aos países plenamente industrializados. Portanto, a criação do Plano de Metas de JK só foi possível graças a um processo histórico no qual o Brasil estava, gradualmente, deixando de ser predominantemente agrário-exportador e se tornando um Estado industrializado. Esse Plano apresentava metas que deveriam ser cumpridas entre 1956 e 1961 e deveriam atingir as seguintes áreas: educação, alimentação, transporte, energia e infraestrutura/indústria de base.

Tendo em vista fomentar o desenvolvimento do país, JK também abriria o país ao capital internacional, transformando este último em um sócio do processo brasileiro de industrialização. Assim, é a partir dessa época que cerca de 400 multinacionais começam a se instalar no país, destacando-se principalmente as do ramo automobilístico. Essas indústrias traziam capital e nova tecnologia para o Brasil e, em troca, lucravam muito com a mão-de-obra barata que encontravam aqui. Além disso, o governo também investiu na expansão das usinas hidrelétricas; na abertura de novas rodovias que integraram regiões até então isoladas umas das outras; na expansão da indústria do aço; na instalação da indústria de construção naval, etc.

Embora o país tenha progredido na ampliação de sua infraestrutura e o projeto de avanço na industrialização tenha sido bem-sucedido, também surgiriam problemas sociais decorrentes das medidas econômicas implantadas durante o governo JK. A longo prazo, a instalação de multinacionais e o aumento de ofertas de emprego acabou por gerar uma migração interna que, por sua vez, ocasionou um inchaço urbano desordenado em algumas regiões do Brasil. Ou seja, o crescimento não planejado das cidades fez com que a demanda por serviços públicos crescesse exponencialmente e saísse do controle das autoridades públicas. Com isso, as pessoas que saíram do campo em busca de um emprego melhor nas indústrias tiveram de se deparar com uma situação subumana nos grandes meios urbanos. E nos meios rurais também haveria uma crise, pois não houve investimentos do governo nessas regiões. A ausência de uma reforma agrária e o crescente êxodo rural tornaram a situação ainda mais complexa, provocando tensões que dariam origem aos movimentos reivindicatórios das Ligas Camponesas.

O crescimento da inflação e o aumento da dívida externa também foram algumas das heranças nefastas do desenvolvimentismo e da consequente subordinação do capital nacional ao estrangeiro. A partir daquela época, os preços dos bens de consumo começaram a subir sem a contrapartida de um reajuste dos valores dos salários dos trabalhadores.

  1. O que significa,segundo Maria Antonieta Leopoldi,o "caminho do meio" adotado por Vargas em seu segundo governo?

Para entendermos o que Maria Antonieta Leopoldi quis dizer com a expressão “difícil caminho do meio”, façamos uma analogia entre o Segundo Governo Vargas (1951-1954) e um equilibrista. Assim como o equilibrista, Vargas e todo o seu governo buscou uma posição central e de equilíbrio. Se por acaso um equilibrista concentrar toda a sua atenção em apenas um dos lados, o lado esquecido faz pressão pra que ele caia. Vargas se via pressionado assim como o equilibrista. Buscava conciliar os dois lados opostos da sociedade em prol de seu objetivo principal. O do equilibrista é atravessar a corda e chegar ao outro lado. O de Vargas era conquistar a maior base eleitoral possível para se reeleger em 1955. Vargas sustentou o máximo que pode a tentativa de se equilibrar, mas falhou bem próximo de alcançar o seu objetivo. E caiu.

O primeiro obstáculo de Vargas durante a sua travessia pelo “caminho do meio” era equilibrar os investimentos em dois setores historicamente opostos e com interesses divergentes dentro de uma sociedade. Refiro-me aos setores público e privado da economia.

O setor público demandava a sua atenção para uma maior presença do Estado atuando como principal agente do desenvolvimento da economia. E a roda do mundo capitalista que não para de girar buscava a expansão da sua influência pelos países periféricos através da implantação de indústrias e de práticas comerciais que favorecessem o financiamento de empréstimos e a obtenção de matéria-prima.

De forma muita inteligente, Vargas percebeu que ao optar por defender ferrenhamente as propostas e os interesses de um único partido político estaria pondo em risco a sua vitória em 1955, por isso durante todo o seu Segundo Governo, diferentemente da postura adotada anteriormente por ele (1930-1945), assume uma posição suprapartidária que ameniza as relações de conflito com os seus adversários.

Equilibrar as relações econômicas internacionais do Brasil foi para Vargas mais um desafio a ser ultrapassado durante o seu Segundo Governo. De preferência os EUA, principal fonte do capital estrangeiro que ingressava na economia para o desenvolvimento da industrialização, através de empréstimos, e detentor do petróleo que era o combustível para os projetos de infraestrutura do país ou privilegiar o maior parceiro comercial: A Europa?

Por mais contraditório que seja, a maior vitória de Vargas depois da criação das Leis Trabalhistas dividiu toda a bancada eleitoral do país, até mesmo os seus aliados. A Petrobrás iniciou uma série de discussões a respeito do monopólio da extração do petróleo pelo Estado. Questões como percentuais de barris que seriam exportados, o papel do capital estrangeiro na empresa e a distribuição do petróleo e dos seus derivados entraram em pauta.

A eletricidade foi mais um amplificador das divergências entre setor privado e público. Caracteristicamente, o governo de Vargas investia em subsídios às usinas responsáveis pela geração da energia elétrica, favorecendo assim os seus crescimentos. Por outro lado, sabemos que na época apenas a empresa canadense Light (Brazilian Light and Power) era responsável por 62% da energia gerada no país. Como solução, a Assessoria Econômica evitou criar um plano geral estruturando todo o processo de geração de energia do país, evitando desta forma que um dos lados saísse prejudicado. Os assessores gastavam em projetos tanto para o setor público quanto para o privado.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o Itamaraty eram duas instituições completamente desunidas. A FIESP acusava o Itamaraty de amadorismo durante as reuniões com as principais potências econômicas. O órgão era acusado de sempre atender os interesses dos principais países. A conciliação só acontece em 1950, quando o Ministério das Relações Exteriores abre suas portas para os industriais com a criação do Conselho Consultivo de Acordos Comerciais com o Exterior.

Em alguns casos, todas essas divisões e conflitos ocorrentes durante o seu Governo facilitaram a sua permanência. Em outros casos, os conflitos interpartidários iniciaram o processo que culminou no seu assassinato em 24 de agosto de 1954. Como exemplo, a desunião entre os industriais da FIESP e da FIRJ facilitaram a permanência de Getúlio mesmo após a aprovação do aumento de 100% no salário mínimo, o que representaria enormes prejuízos aos industriais. Já o atentado da Rua Tonelero marca o fim do apoio da FIRJ e dos militares a Vargas.

Após tanta pressão por sua renúncia, Getúlio opta por mudar o curso da história ao se matar na madrugada de 24 de agosto de 1954. O final do texto deixa claro que Juscelino Kubitschek, diferentemente de Vargas, atinge “o caminho do meio”, porém isso só foi possível graças à série de investimentos na infraestrutura feita durante o Segundo Governo de Getúlio Vargas.

    • Referências:

 

    • LEOPOLDI, Maria Antonieta. O difícil caminho do meio: Estado, burguesia e industrialização no Segundo Governo Vargas (1951 - 1954). (p.162 - 203).

 

    • BENEVIDES, Maria Victoria. O Governo Kubitschek: A esperança como fator de desenvolvimento. (p.9 - 22).

 

    • http://rachacuca.com.br/educacao/historia-do-brasil/governo-de-juscelino-kubitschek/
    • Acessado em 07/10/2013 às 18h48min.

 

    • http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_de_Metas
    • Acessado em 11/10/2013 às 16h29min.
  1. O governo de JK pode ser visto como um tipo de conciliação ao mesmo tempo modernizante e conservadora. Discuta esta afirmação.

JK buscou sustentar, ao lado de uma posição inovadora quanto ao desenvolvimento econômico do país, uma aliança política conservadora, que satisfazia os interesses da classe média tradicional, da burguesia comercial e da oligarquia rural.

Assim, pode-se dizer, de maneira bem geral, que o governo JK buscou conciliar uma política modernizante com outra de caráter conservador.

Além disso, ao mesmo tempo em que soube atrair o apoio da classe empresarial, JK tolerou as ações dos comunistas e controlou as reivindicações sindicais, apoiando os trabalhistas por meio de seu vice, João Goulart.

A política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek é vista de forma muito ambígua. No entanto, é inegável que ele foi o presidente que ousou aglutinar um desenvolvimento modernizante com um governo democrático e que foi bem sucedido nessa questão.

Um ponto chave desse sucesso foi à conciliação entre um governo modernizante mais ao mesmo tempo conservador. Juscelino assumiu o governo num período sensível e crítico do país – entre o suicídio de Vargas e a renúncia de Jânio Quadros – e era preciso um enorme bom senso para tomar as rédeas do país nesse momento tenso. Apesar de contar com apoio parlamentar (devido à aliança PTB+PSD), seu governo era alvo da oposição udenista principalmente porque ficava clara a herança varguista do ponto de vista trabalhista. O então presidente sabia que para seu governo ter respaldo popular, era necessário carregar essa bandeira trabalhista-getulista. Aliás, esse foi um importante motivo para a insistência da aliança eleitoral com o PTB. E para efetivar a vitória sobre a oposição ele precisava do apoio do meio rural e conservador do PSD e do meio urbano do PTB. E João Goulart era o que tinha maior possibilidade de concretizar essa reconciliação. Jango controlava o Ministério do Trabalho e conseguiu controlar as reivindicações sindicais e a aliança entre os dois partidos conseguiu reunir interesses da burguesia comercial, da oligarquia rural e da classe média tradicional.

O Executivo de seu governo, procurava implementar uma política inovadora sem acabar com o clientelismo tradicional na política brasileira. Os antigos órgãos eram mantidos para corresponder aos interesses políticos e regionais. Junto a isso, o crescimento da participação militar também contribuiu para o seu apogeu político, pois eram importantes para a estabilidade do governo. Em suma, JK conseguiu com um único Ministro da Guerra, o general Lott, controlar qualquer envolvimento político dos militares na intenção de impedir que o Executivo se concretizasse e que não abalassem os alicerces do poder civil. Afinal, para Juscelino, o respeito aos direitos civis e a Constituição eram imprescindíveis. Fica implícito nessas atitudes um ponto conservador em seu método político.

Do ponto de vista modernizante, sobretudo para a classe empresarial o Programa de Metas possuía evidentes atrativos. Principalmente pelas evoluções estruturais favoráveis a obtenção de financiamentos e as baixas taxas de juros. O êxito na indústria automobilística, multiplicação de recursos para aparelhamento bélico ( o orçamento militar também crescia, significando mais um motivo para o apoio das forças armadas à JK), a construção de Brasília, trouxeram um clima de euforia e modernização. Em termos gerais, os projetos desenvolvimentistas de Juscelino Kubitschek, que era a base do Plano de Metas representou uma “construção do Novo” para o país. Em outras palavras trouxeram esperança no futuro, dentro dos moldes dessa espécie de “modernização conservadora”.

  1. Qual o significado do Plano de Metas para o governo JK?

O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi marcado pelo seu cunho desenvolvimentista, termo consagrado através de sua política de desenvolvimento e industrialização do Brasil. Tal política se personificou através do Plano de Metas.

O Plano de Metas tinha importante significado para o governo de JK, servindo de consolidação e autoafirmação da política de desenvolvimento da nação, proposta por Juscelino. O Plano materializava todos os esforços de JK para trazer o progresso ao Brasil. “50 anos em 5” era o lema de seu governo, que almejava trazer um rápido desenvolvimento a nação que na concepção dele poderia sim sair de sua “eterna vocação agrícola”. As medidas adotadas por esse plano visavam alguns fatores importantes para a construção de uma nação industrializada. Tais fatores são viabilizar investimentos para as empresas nacionais e estrangeiras, sendo o ponto fundamental de seu governo, pois essa abertura econômica ao capital estrangeiro e incentivo a vinda dele através da vinda das multinacionais é uma característica que marca o seu mandato, diferenciado-o do governo de Getúlio que utilizava motivado pelo nacionalismo diversas táticas de protecionismo. O investimento em infraestrutura, transporte e energia é outro ponto importante do Plano de Metas, que, além disso, visava à construção da nova capital nacional, Brasília (considerado pela oposição udenista um gasto desnecessário). A justificativa de sua construção embasa-se na tese de que levando a capital nacional para o interior do país, o desenvolvimento e o progresso iriam juntos. Essa preocupação em levar o desenvolvimento não só para o interior, mas também para todo o Brasil, levou a construção das Superintendências de Desenvolvimento, que tinham como função, espalhar o progresso e industrialização nas regiões em que fossem implantadas. O Plano de JK visa também expandir as ofertas de emprego para que assim possa canalizar o apoio dos grupos e classes emergentes, demonstrando assim o seu interesse pelo apoio das diversas camadas sociais.

            Esses são alguns dos pontos fundamentais do Plano de Metas, que como dito anteriormente, tinha o significado de promover a industrialização, o progresso e o desenvolvimento da nação, em um curto período de tempo, apenas em cinco anos. Além disso, cabe ressaltar outro significado do Plano, que foi a modernização do conceito populismo, através da política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek.

 Com base no que foi dito, observa-se a importância do Plano de Metas e o seu significado no contexto histórico no qual estava inserido, levando esperança ao povo de que o Brasil poderia deixar de ser uma nação agrícola e se tornar assim um país industrializado, demonstrando, além disso, a materialização e a personificação da política desenvolvimentista de JK.

Uma vez que nesse contexto a sociedade brasileira estava marcada pela ideologia da superação do atraso econômico e do rápido avanço industrial do país. Ou seja, na mentalidade da década de 1950, o Brasil deveria superar rapidamente sua condição de país subdesenvolvido através de uma política desenvolvimentista, isto é, de um projeto dirigido pelo Estado com o objetivo de modernizar o país e equipará-lo aos países plenamente industrializados. Portanto, a criação do Plano de Metas de JK só foi possível graças a um processo histórico no qual o Brasil estava, gradualmente, deixando de ser predominantemente agrário-exportador e se tornando um Estado industrializado. Esse Plano apresentava metas que deveriam ser cumpridas entre 1956 e 1961 e deveriam atingir as seguintes áreas: educação, alimentação, transporte, energia e infraestrutura/indústria de base.

Tendo em vista fomentar o desenvolvimento do país, JK também abriria o país ao capital internacional, transformando este último em um sócio do processo brasileiro de industrialização. Assim, é a partir dessa época que cerca de 400 multinacionais começam a se instalar no país, destacando-se principalmente as do ramo automobilístico. Essas indústrias traziam capital e nova tecnologia para o Brasil e, em troca, lucravam muito com a mão-de-obra barata que encontravam aqui. Além disso, o governo também investiu na expansão das usinas hidrelétricas; na abertura de novas rodovias que integraram regiões até então isoladas umas das outras; na expansão da indústria do aço; na instalação da indústria de construção naval, etc.

Embora o país tenha progredido na ampliação de sua infraestrutura e o projeto de avanço na industrialização tenha sido bem-sucedido, também surgiriam problemas sociais decorrentes das medidas econômicas implantadas durante o governo JK. A longo prazo, a instalação de multinacionais e o aumento de ofertas de emprego acabou por gerar uma migração interna que, por sua vez, ocasionou um inchaço urbano desordenado em algumas regiões do Brasil. Ou seja, o crescimento não planejado das cidades fez com que a demanda por serviços públicos crescesse exponencialmente e saísse do controle das autoridades públicas. Com isso, as pessoas que saíram do campo em busca de um emprego melhor nas indústrias tiveram de se deparar com uma situação subumana nos grandes meios urbanos. E nos meios rurais também haveria uma crise, pois não houve investimentos do governo nessas regiões. A ausência de uma reforma agrária e o crescente êxodo rural tornaram a situação ainda mais complexa, provocando tensões que dariam origem aos movimentos reivindicatórios das Ligas Camponesas.

O crescimento da inflação e o aumento da dívida externa também foram algumas das heranças nefastas do desenvolvimentismo e da consequente subordinação do capital nacional ao estrangeiro. A partir daquela época, os preços dos bens de consumo começaram a subir sem a contrapartida de um reajuste dos valores dos salários dos trabalhadores.

  1. O que significa,segundo Maria Antonieta Leopoldi,o "caminho do meio" adotado por Vargas em seu segundo governo?

Para entendermos o que Maria Antonieta Leopoldi quis dizer com a expressão “difícil caminho do meio”, façamos uma analogia entre o Segundo Governo Vargas (1951-1954) e um equilibrista. Assim como o equilibrista, Vargas e todo o seu governo buscou uma posição central e de equilíbrio. Se por acaso um equilibrista concentrar toda a sua atenção em apenas um dos lados, o lado esquecido faz pressão pra que ele caia. Vargas se via pressionado assim como o equilibrista. Buscava conciliar os dois lados opostos da sociedade em prol de seu objetivo principal. O do equilibrista é atravessar a corda e chegar ao outro lado. O de Vargas era conquistar a maior base eleitoral possível para se reeleger em 1955. Vargas sustentou o máximo que pode a tentativa de se equilibrar, mas falhou bem próximo de alcançar o seu objetivo. E caiu.

O primeiro obstáculo de Vargas durante a sua travessia pelo “caminho do meio” era equilibrar os investimentos em dois setores historicamente opostos e com interesses divergentes dentro de uma sociedade. Refiro-me aos setores público e privado da economia.

O setor público demandava a sua atenção para uma maior presença do Estado atuando como principal agente do desenvolvimento da economia. E a roda do mundo capitalista que não para de girar buscava a expansão da sua influência pelos países periféricos através da implantação de indústrias e de práticas comerciais que favorecessem o financiamento de empréstimos e a obtenção de matéria-prima.

De forma muita inteligente, Vargas percebeu que ao optar por defender ferrenhamente as propostas e os interesses de um único partido político estaria pondo em risco a sua vitória em 1955, por isso durante todo o seu Segundo Governo, diferentemente da postura adotada anteriormente por ele (1930-1945), assume uma posição suprapartidária que ameniza as relações de conflito com os seus adversários.

Equilibrar as relações econômicas internacionais do Brasil foi para Vargas mais um desafio a ser ultrapassado durante o seu Segundo Governo. De preferência os EUA, principal fonte do capital estrangeiro que ingressava na economia para o desenvolvimento da industrialização, através de empréstimos, e detentor do petróleo que era o combustível para os projetos de infraestrutura do país ou privilegiar o maior parceiro comercial: A Europa?

Por mais contraditório que seja, a maior vitória de Vargas depois da criação das Leis Trabalhistas dividiu toda a bancada eleitoral do país, até mesmo os seus aliados. A Petrobrás iniciou uma série de discussões a respeito do monopólio da extração do petróleo pelo Estado. Questões como percentuais de barris que seriam exportados, o papel do capital estrangeiro na empresa e a distribuição do petróleo e dos seus derivados entraram em pauta.

A eletricidade foi mais um amplificador das divergências entre setor privado e público. Caracteristicamente, o governo de Vargas investia em subsídios às usinas responsáveis pela geração da energia elétrica, favorecendo assim os seus crescimentos. Por outro lado, sabemos que na época apenas a empresa canadense Light (Brazilian Light and Power) era responsável por 62% da energia gerada no país. Como solução, a Assessoria Econômica evitou criar um plano geral estruturando todo o processo de geração de energia do país, evitando desta forma que um dos lados saísse prejudicado. Os assessores gastavam em projetos tanto para o setor público quanto para o privado.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o Itamaraty eram duas instituições completamente desunidas. A FIESP acusava o Itamaraty de amadorismo durante as reuniões com as principais potências econômicas. O órgão era acusado de sempre atender os interesses dos principais países. A conciliação só acontece em 1950, quando o Ministério das Relações Exteriores abre suas portas para os industriais com a criação do Conselho Consultivo de Acordos Comerciais com o Exterior.

Em alguns casos, todas essas divisões e conflitos ocorrentes durante o seu Governo facilitaram a sua permanência. Em outros casos, os conflitos interpartidários iniciaram o processo que culminou no seu assassinato em 24 de agosto de 1954. Como exemplo, a desunião entre os industriais da FIESP e da FIRJ facilitaram a permanência de Getúlio mesmo após a aprovação do aumento de 100% no salário mínimo, o que representaria enormes prejuízos aos industriais. Já o atentado da Rua Tonelero marca o fim do apoio da FIRJ e dos militares a Vargas.

Após tanta pressão por sua renúncia, Getúlio opta por mudar o curso da história ao se matar na madrugada de 24 de agosto de 1954. O final do texto deixa claro que Juscelino Kubitschek, diferentemente de Vargas, atinge “o caminho do meio”, porém isso só foi possível graças à série de investimentos na infraestrutura feita durante o Segundo Governo de Getúlio Vargas.

    • Referências:

 

    • LEOPOLDI, Maria Antonieta. O difícil caminho do meio: Estado, burguesia e industrialização no Segundo Governo Vargas (1951 - 1954). (p.162 - 203).

 

    • BENEVIDES, Maria Victoria. O Governo Kubitschek: A esperança como fator de desenvolvimento. (p.9 - 22).

 

    • http://rachacuca.com.br/educacao/historia-do-brasil/governo-de-juscelino-kubitschek/
    • Acessado em 07/10/2013 às 18h48min.

 

    • http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_de_Metas
    • Acessado em 11/10/2013 às 16h29min.