O FUGITIVO

Naquele dia fugia do sol ardente de verão. Por volta das doze horas ele chegou ao estabelecimento trazendo consigo de um lado uma bolça com alguns volumes e do outro lado uma garrafa com água, pediu ao dono do estabelecimento alguns mantimentos alimentícios para continuar sua viagem tirou de um dos bolsos alguns tostões e pagou o que tinha pedido, arrumou tudo em sua bolça e quando ia saindo o dono do referido estabelecimento indagou com ar de curiosidade:

­­- O senhor está viajando para onde?

Nesse momento ele virou-se e respondeu com palavras fortes e seguras:

-Estou indo há um lugar que não lhe interessa. Passou pela porta e foi embora.

 O Senhor Fortunato dono do estabelecimento saiu ao encontro do seu amigo, o Senhor Basílio um dos fornecedores de verduras e legumes da região.

Chegara ao sitio exausto da viajem, também com esse sol em brasas em pleno mês de agosto, não havia de esperar outro clima, a vegetação já estava esbranquiçando, as poucas águas já se iam acabando depois dos invernos irregulares dos últimos anos.

A produção de verduras e legumes diminuíram no sitio do senhor Basílio em consequências da pouca água disponível. O senhor Furtado veio ao sitio Sabaiba a convite do senhor Basílio para que não pensasse mal dele, que alguns dias não lhe enviara seus pedidos ao todo.

Os dois conversaram sobre o problema que era comum aos amigos e traçaram medidas para amenizar o problema para ambos.

Mais foi após o almoço que os dois foram prosear sem relacionar os problemas, estiveram umas duas horas proseando Fortunato falou ao amigo que passara pelo seu estabelecimento um homem que aparentava ter uns trinta e cinco anos, forte, a barba por fazer, cabelos pretos e a pele parda tão parda que parecia ser queimada de tanto ficar exposto ao sol, e que lhe havia comprado alguns mantimentos

Disse também que perguntara para onde ia mais o tinha respondido desagradavelmente e depois foi embora.

Seu Basílio disse ao amigo que o mesmo homem havia passado em seu sitio há uns três dias e que apenas pediu um pouco de água para beber e colocar em uma garrafa que carregara e depois foi embora.

No dia seguinte o senhor Fortunato voltara para seu estabelecimento.

Passados alguns dias dos acontecimentos que deixou seu Fortunato curioso, resolve então ir a uma outra vila na esperança de saber se tinha passado por lá aquele homem misterioso que despertara curiosidade.

Ao chegar a vila perguntou a todos os comerciantes que existiam ali, mais sem êxito, ninguém havia visto nenhum homem com as mesmas descrições que o senhor Fortunato lhes dera. A curiosidade aumentou e ele perguntou para si mesmo: - quem é este homem e o que procura? Era mesmo de se perguntar porque passou por dois lugares que foi dado noticia desse homem misterioso, já no terceiro ninguém o havia visto sendo que não tinha outro caminho a seguir a não ser o que passa naquela vila.

Senhor Fortunato ainda queria saber quem era aquele homem, mas não poderia perder mais seu tempo em busca de informações de um homem tão grosso e pitoresco como aquele e resolvera voltar no mesmo dia.

Partira ao cair da tarde devendo chegar já a noite, mas o seu veículo de transporte parou de funcionar quando o sol já ia se escondendo no horizonte. O que havia de fazer com o veículo enguiçado no meio da estrada deserta, embora já fosse um crepúsculo bem acentuado que era mais escuro do que claro, via-se perfeitamente a mata rala, baixa e de galhos retorcidos e folhas caindo no chão como se a vida estivesse acabando por falta de nutrientes ou mesmo de sede que era o mais provável.   

Senhor Fortunato desesperou-se com a situação.

-O que farei agora nesse deserto meu Deus.

Na tentativa frustrada de consertar seu veículo, o desespero aumenta com a possibilidade quase certa de passar a noite naquele lugar, o que faria se isso nunca havia acontecido com ele?

Já tinha desistido de sair desse problema que caíra e acostumara com a ideia de passar a noite ali.

Ainda enxergava-se alguma coisa, não havia escurecido por completo quando o senhor Fortunato avistou um pequeno ponto cinza no horizonte da estrada parecia que era um homem, mais se não fosse? Se fosse um animal feroz? O senhor Fortunato empalideceu, parecia que o sangue do seu corpo sumira de repente.

Para sua sorte era ele, o mesmo homem que lhe deixara curioso.

Foi então que o    homem indagou-o que fazia ele naquele deserto e ao anoitecer. Mas como seu Fortunato ficara com um pouco de receio de lhe responder diretamente, respondeu-lhe com a voz fraquejante como que se estivesse com medo da situação que se encontrara, mais ao mesmo tempo que respondera perguntou-lhe o que ele fazia também na mesma situação, em pleno deserto.

Então o homem misterioso até então começou a responder-lhe a pergunta, o homem tinha uma voz melancólica e ao mesmo tempo assombrosa, e com isso senhor Fortunato estremeceu os nervos.  

Quando ele lhe falara eu era uma fugitivo o senhor Fortunato começou suar frio e a tremer como um terremoto de alta amplitude e aos poucos descaído suas feições de homem forte que era, e de repente senhor Fortunato cai ao chão desmaiado, não deixando o homem terminar de contar sobre sua vida. Sim. Ele era fugitivo mais não do que provavelmente senhor Fortunato pensara.

Aquele homem fugira da vida que levara naquele lugar onde pesava-lhe muito as poucas chuvas dos últimos invernos e que já não tinha mais o que fazer naquela região com pouca comida e água, bem fundamental para sobrevivência, não tinha nenhuma ajuda das autoridades governamentais para sua permanência ali, nem mesmo era reconhecido como cidadão.

Então tinha que buscar sobreviver em outro lugar e saíra em busca de melhores condições de vida naquele momento.

E o nome dele? Há! O nome! Isso não faz diferença, é só mais uma vítima de um conjunto e que só um é natural.

Por: Armando Gomes de Oliveira