O Flagelo Continua

Por Paulo Rabelo Guimaraes Machado Diniz | 08/06/2016 | Crônicas

O Flagelo Continua

Poderia ser a morte uma consumação, mas é apenas uma interrupção, pois nada muda. O flagelo da vida continua como disse Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas. Se pelo menos com a morte expiasse todo o mal da vida flagelada e, a partir daí flutuasse sem culpa numa liberdade irrestrita seria a morte um prêmio. Mas não! Ela só quebra a aventura da escada da vida - a segurança da subida ou os riscos das descidas. Não há escadas tão longas que permitisse subir e subir ininterruptamente. Portanto, chega-se logo ao limite e há de se descer. As mais altas a Al Qaeda derrubou. Mas mesmo essa mais alta subiria um não sedentário em um dia. O que é um dia em 77, 88 ou 99 anos de vida. Portanto leitor, não há uma escada para subir toda a vida sem olhar para trás. Deve ser por não haver escadas assim que a vida seja um flagelo. O que fazer ao chegar ao topo dessas escadas miúdas? Terá que descer para poder subir de novo. Ao descer tem o risco de queda e este é menos ao subir. Para qualquer um é possível subir lento e até lendo o que aqui escrevo. Neste caso o leitor não se culparia por estar perdendo tempo já que é também um exercício físico. Mas jamais leia ao descer você poderá chegar antes  quebrado e demorará  voltar a subir. Talvez seja por não ter escadas tão longas pela vida é que se precisa fazer o que há de ser feito até os trinta anos de idade. Depois não mais será o auto, no máximo um coadjuvante nos flagelos alheios.