Estava  sentado no trabalho, só esperando a hora passar. Vamos partir pra Brasília de carro. Loucura, eu sei. Mas queremos tocar no Rock festival de bandas que vai rolar por lá. Ensaiamos com a nova formação. Agora o Fabrício não faz mais parte da banda. Tivemos que mudar tudo. Com isso o Wallace que era o baixista, passou a tocar batera, no lugar do Fabrício e o Cláudio que era vocal e guitarra base passou a ser vocal e baixo, e eu, Thiago, continuei na guitarra solo. Mas a novidade na banda é à entrada de Marcelo, que agora é nosso tecladista.

Tocar em festivais é super importante para bandas que estão começando. Lá grandes nomes do Rock nacional vão para avaliar os novos artistas e é claro olheiros de gravadoras famosas. Resolvemos partir hoje mesmo na sexta. O festival é no domingo. Nunca fui a Brasília de carro. Nem sei quanto tempo leva ou quantos dias, mas creio que conseguiremos chegar a tempo para tocar nossas músicas e conseguir nossa tão sonhada vaga na EMI ou Sony Music.

A tarde caiu vadia como sempre, sexta feira, 13 de Julho de 2012. Alugamos uma Van bem legal pra levar todo equipamento da banda. Enchemos o tanque e estávamos nos preparando para sair. O ponto de partida seria a casa de Wallace em Botafogo. Estávamos lá aguardando o Cláudio e o Marcelo Chegarem, ouvindo um pouco de Rock pra variar. A Van já estava na garagem do prédio. Era tudo muito engraçado, nós não fazíamos idéia da loucura que estávamos fazendo, éramos jovens e loucos, só queríamos diversão. Conhecer grandes nomes do Rock nacional como Dado Vila-Lobos, Herbert Vianna, Marcelo Bonfá, André Müller, Fê Lemos e Flávio Lemos, alguns dos caras que fizeram a história do Rock em Brasília nos anos 80. Nós não estávamos nem preocupados se iríamos tocar bem, só queríamos ver esses caras tocando, essa era a realidade de tudo. 

Resolvemos então que a melhor forma de chegar a Brasília de carro era pela BR 040, puro engano, mal sabíamos o que nos esperava por essa aventura que estávamos prestes a embarcar. Tudo pronto, malas e equipamentos na van, Cláudio e Marcelo chegam. Pé na estrada. Nós decidimos nos revezarmos no volante, afinal a viagem era longa e precisávamos descansar.  O primeiro turno ficou com o Wallace, ele havia dito que detestava dirigir a de madrugada, o segundo turno ia ficar o Marcelo o terceiro era meu e o quarto do Cláudio, Funcionava assim, nós fizemos um calculo de que levaríamos aproximadamente de 13 a 14 horas para chegarmos a Brasília e decidimos que faríamos três paradas, dessa forma durante essas paradas aconteceria à troca de turno de motoristas. Isso daria mais ou menos três horas de volante para cada um se arredondarmos as paradas.

Estávamos empolgados partimos a toda colocamos o som bem alto e partimos ao som de AC/DC na primeira parte da viagem. O festival iria acontecer no lendário estádio Mané garrincha e nós já estávamos com os ingressos e o nosso passaporte de banda participante que tiramos pelo site na internet. As boletas já haviam sido depositadas na conta citada no verso do ingresso e nossos nomes já constavam na lista do site. “Veja galera, nosso nome já ta lá, confirmado, banda Calibre!” Disse O Marcelo super animado. “Beleza, finalmente vamos ter a nossa chance de mostrar nosso trabalho.” Disse eu. “Sabe que quando chegarmos lá vamos ter que bebemorar, né?” Disse Wallace enquanto dirigia. “Eh vamos sim!” Completou o Cláudio. “Mas por enquanto nada de erva e de cerveja, estamos entrando em uma rodovia federal, não vamos criar problemas com a PRF.” Completei eu.

Enquanto o som rolava e a galera zoava no carro eu estava divagando em meus pensamentos; Como será que está o Fabrício. Pô o cara tocava com agente. Ele era um ótimo baterista, talvez o melhor que eu já tenha tocado. Mas o cara vacilou, não tinha como ele continuar na banda depois do que ele Fez com o Cláudio. O cara estava criando maior intriga entre ele e a namorada. E não tinha sido a primeira vez. Há alguns anos atrás ele ainda tinha roubado uma namorada do cara também. E agora estava fazendo fofoca dele para ex dizendo que ele já tinha um caso com atual antes de tudo ter terminado entre eles. Isso não se faz, mesmo que o Cláudio estivesse errado, o que não era o caso, ele não devia fazer isso, pelo contrário ele devia no mínimo ter dado uns toques se fosse o caso.

De repente recebo um cutucão e levo um susto. “Que isso cara, tá chapado, já, véi?!” Era só o Marcelo brincando comigo. “não, só estava pensando em umas paradas aí.” Respondi. “Ih, não vai dar pra trás agora né cara, você é o nosso compositor, precisamos de você bem cara, você é o gênio da banda.” Disse o Marcelo. “Calma cara, só estava relaxando, tá tudo bem, aumenta esse som Cláudio, vamos curtir a viagem!” Tentei descontrair e galera entrou na onda.

Já havia um tempo que estávamos na estrada, resolvemos dar uma parada para irmos ao banheiro e também para comermos algo. Não demorou muito encontramos um desses restaurantes beira de estrada. Não era lá essas coisas, mas devido a nossa pressa e fome paramos ali mesmo. O nome era cantina da vovó. Parecia um pouco com aqueles restaurantezinhos que tem via lagos. O banheiro, nossa, horrível. Eu entrei em um deles para dar uma mijada. Que fedor! E tava tudo sujo. A galera estava lá fora no restaurante me esperando para comer, o rango já devia estar chegando. Mas eu sempre fui um cara meio desconfiado, percebi que tinha um opala preto que estava vindo junto com agente fazia um tempo e de repente, outro cutucão enquanto eu estava em cima da pia olhando pelo basculante do velho banheiro. “Ei cara, o que você esta fazendo aí? O Cláudio. Então eu lhe disse; “Sobe aqui cara, quero te mostrar uma coisa. Tá vendo?”Perguntei a ele. “vendo o que?”Disse o Cláudio. “Olha lá cara, não percebe que aquele opala tá seguindo agente desde quando entramos na BR.” Então o Cláudio disse; “Que isso cara, deve ser coincidência, por que estariam nos perseguido.” “Sei lá.” Respondi. “De repente o cara, ou os caras, descobriram que estamos carregando instrumentos na van queiram nos roubar. Eu sou cabreiro com essas coisas. Poxa, nós batalhamos tanto para conseguir todo esse equipamento. Acho melhor esperarmos aquele carro sair para depois partirmos.” Disse a ele. “Tudo bem, já que você grilou com isso, não vejo por que nos expormos assim, afinal temos que preservar nossos instrumentos. Só espero que esse carro não demore muito tempo para sair dali.” Completou Cláudio.

Depois de decidimos ficar um pouco mais no restaurante, até que o tal opala preto se mandasse fomos até os Wallace e Marcelo que já estavam à mesa nos esperando. Chegando lá explicamos o que vimos e eles concordaram que deveríamos esperar mesmo que para preservarmos nossa segurança, tratava-se mais de uma medida preventiva do que medo. Mas ainda não sabíamos o que realmente estava por vir naquela viagem, só queríamos diversão. Mas acabamos encontrando o pior. O que era para ser um final de semana de lazer e trabalho acabou se tornando algo que jamais pude esquecer algo medonho e terrível.

Tivemos um almoço agradável, apesar de o lugar não ser tão apresentável, mas a comida era boa e parecia ter sido feita com bastante higiene. Preocupamo-nos um pouco, pois o tempo que levamos ali poderia nos atrasar em muito até a chegada a Brasília, onde seria o evento, já estava anoitecendo e ainda estávamos em Minas Gerais, em uma pequena cidade chamada Sete Lagoas, uma cidadelazinha que cortava a rodovia que ligava Minas a Brasília. O tempo frio, a noite chegou, estava anoitecendo, tínhamos que partir e era hora de trocar o turno dos motoristas. Dessa vez do Marcelo ia levar o carro. Partimos então, pegamos uma velha estrada de terra, uma estrada cercada de mato pelos dois lados pouca iluminação, mas de acordo com as coordenadas do mapa do evento, era um bom caminho para cortar e chegar mais rápido a ao distrito Federal.  “Pessoal, vamos manter o bom ritmo e não vamos desanimar, nós vamos conseguir chegar vem lá.” Disse Wallace tentando levantar a galera. “Eh isso aí!” Cláudio e completou. “Então já que saímos dos olhos da fiscalização da PRF (Polícia Rodoviária Federal) vamos bebemorar e fomemorar.” Disse eu. Dali pra frente começou a zoeira, pegamos Vodka, que havíamos comprado e guardado nos cases dos instrumentos e é claro, a maconha. Colocamos o som nas alturas ao som de Geração Coca-cola (Legião Urbana), drogas e Rock Rol, só faltou o sexo, pena que nossas namoradas não puderam ir conosco, isso realmente foi uma pena, ou talvez uma alívio para elas, pois o que passamos lá foi terrível e estava só por começar.

Pé na estrada som alto, muita bebida e droga.  O Marcelo, também já havia fumado um baseado e estava meio chapado. Ele estava passando com aquela van alugada nos buracos da estrada sem dó nenhuma e sentando o pé no acelerador. Faróis altos devido ao pouca iluminação no local, quando de repente, ele aparece de novo. O opala preto atravessado naquela velha estrada em Sete Lagoas. O susto fez Marcelo soltar um palavrão; “Car@#&%, que isso!” Todos levamos um susto. O Carro estava em uma velocidade relativamente veloz, seria difícil frear sem que acertássemos tal opala preto. Nós entramos em desespero, pois a estrada era muito estreita, não havia como contornar e então Marcelo jogou o carro para o lado direito, era um barranco, rolamos a baixo capotando e batendo por entre as árvores até que a van parou lá embaixo, fomos parados por uma enorme árvore que estava a frente.

“Ai minha cabeça.” Disse o Marcelo. “Tá Todo mundo bem?” Perguntei. “Cara, eu acho que quebrei meu pé, tá doendo, muito.” Ouvi Wallace dizendo. Que logo perguntou; “Ei, Cláudio, tá tudo bem? Cláudio? Pessoal, o Cláudio, não está respondendo.” “Temos que sair daqui”. Eu disse. “vamos para fora do carro!” completei. Com muito esforço saímos. Eu estava sentindo muita dor no ombro direito, Marcelo estava com a cabeça machucada, sangrava bastante, Wallace estava mancando, parecia ter quebrado ou torcido o pé esquerdo. Tivemos que arrastar o Cláudio, que estava desacordado, para fora do carro e colocá-lo encostado em uma das muitas árvores que havia no local. Para nossa sorte havia algumas lanternas dentro do carro e elas nos ajudaram naquela noite fria e escura naquela cidadezinha. “Droga, e agora como vamos chegar a Brasília agora?” Falou Marcelo desapontado com tudo que estava acontecendo. Tentei acalmar os nervos do pessoal; “Gente temos que pensar nesse momento na nossa segurança, o Cláudio está desacordado, alguém aí esta com celular no bolso? O meu ficou no carro vou levar século para encontrá-lo agora e meu ombro tá doendo muito.” Então o Wallace pegou seu iPhone do bolso e disse; ”Tá sem sinal, que droga!” “O meu também.” Disse Marcelo. Peguei o celular do Cláudio eu sem bolso, mas estava quebrado, deve ter sido o impacto do acidente. Tínhamos que fazer algo e rápido não poderíamos ficar ali, ir para estrada tentar ajuda era uma opção, mas se o tal Opala Preto estivesse lá. Com Marcelo meio tonto e com a cabeça sangrando, Wallace com o pé ferido e Cláudio desacordado, eu era único que estava em melhores condições para tomar as rédeas do pelotão e então eu disse a eles: “Não podemos subir esse barranco com o Cláudio nessas condições e você e o Wallace precisam de cuidados Marcelo, tente manter-se acordado, sei que a pancada foi forte, mas se você apagar será pior. O opala que vimos na estrada é o mesmo que eu havia visto lá na parada junto com Cláudio quando bisbilhotava no banheiro. Não sei por que, mas esse cara, ou esses caras estão nos perseguindo e não estão de brincadeira.” Enquanto eu falava todos tentavam se recompor estávamos nos levantando com exceção de Cláudio, que ainda estava desacordado.

Tínhamos que sair dali e rápido. Os instrumentos e os equipamentos nossos já não eram mais a preocupação maior. Um de meus amigos estava desacordado e outro prestes a desmaiar também. “Wallace, tente carregar o Marcelo ele não tá bem, toma essa lanterna. Eu vou levar o Cláudio.” Me esforcei um pouco e consegui carregar meu amigo Cláudio. As aulas de primeiros socorros e resgate que aprendi no Exército fora úteis nessa hora. Foi quando percebi um barulho estranho vindo da van. “Opa! Galera corre isso vai explodir!” um vazamento de combustível, foi então que eu vi um fagulha de fogo vindo da direção. Corremos mata adentro, claro que com muita dificuldade, eu carregando o Cláudio e o Wallace e Marcelo, um carregando o outro. Quanto estávamos a uma distancia segura, cerca de 100 metros já não agüentávamos mais correr pela aquela mata fechada e fria. Foi então que escutamos um grande boom e o Clarão no ar, era a van explodindo. Mas o pior veio em segui dos estilhaços voando pelos ares e ver um o algo atingir Wallace há uma velocidade incrível, estava escuro só clarão da explosão nos iluminava e os feixes de luz de nossas lanternas. O Desespero tomou conta de mim. “Wallace? Você tá bem mano?” Vi Wallace e o Marcelo caírem com o pouco de iluminação que havia no lugar deu pra ver que o que tinha acertado ele o machucou muito. Imediatamente coloquei Cláudio no chão. Com a explosão algumas coisas voaram pra fora da van e um o case do teclado tinha vindo como uma arma e acertado em cheio a cabeça de Wallace. Joguei a lanterna na direção deles e ando vi aquilo, Wallace estava morto, seu rosto completamente desfigurado com a pancada que havia levado. Com o impacto Marcelo ficou desacordado também. Agora eu me via em um grande dilema.  Eu estava ali, no meio do mato, Um opala preto a solta, que poderia conter um psicopata ou uma quadrilha de assaltantes, meu um amigo morto bem ali na minha frente e os outros dois desacordados. Estava em parafusos totalmente apavorado, não tinha idéia do que fazer agora.

Decido a sair daquele lugar e procurar ajuda tive que fazer uma escolha; deixa um dos dois amigos ali e levar o outro, iria conseguir carregar um. “Sinto muito Marcelo, mas eu conheço o Cláudio há mais tempo, vou encontrar ajuda e volto pra te buscar eu prometo amigo.” Disse para o corpo desacordado de Marcelo caído no chão daquela mata. O clarão da pequena explosão me fez visualizar um pequeno casebre e um rio um pouco mais a frente. Decidi ir até pedir ajuda e voltar para buscar o Marcelo e o corpo de Wallace. Segui naquela direção. O que eu pensava que era um rio na verdade era um lago, pude observar isso quando me aproximei mais e joguei o feixe de luz da lanterna naquela direção. E então pude constatar que havia realmente um pequeno casebre. Era tipo aquela cabana do filme uma noite alucinante, um lugar bem feio, pouca iluminação e havia uma velha caminhonete próximo a velha casa. Aproximei-me, bati na porta, chamei; Ô de casa, ajuda, socorro, preciso de ajuda aqui fora.” De repente uma garota abre a porta. Morena cabelos longos, bem bonita. “O que houve” Disse ela. “sofremos um acidente na estrada, capotamos e caímos ribanceira a baixo.” Enquanto eu explicava fui entrando e carregando Cláudio. “Coloque-o ali no sofá.” Disse a jovem e continuou; “Meu nome é Clarisse estou passando uma temporada aqui em sete lagoas com o meu namorado que já deve estar chegando por aí foi a te o centro da cidade comprar algumas coisas.” Disse Ela. “Escuta, eu preciso voltar até lá e buscar meus amigos, você tem um telefone fixo por aqui? Pois os celulares parecem que não pegam nessa localidade.” Perguntei. “Não, não tenho não. Essa é a parte chata de se morar nessa localidade.” Disse Clarisse. “Tudo bem. Mas vou ter de voltar lá, para buscar meus amigos que ficaram no meio do caminho.” Disse a ela. “Eu fico aqui cuidando de seu amigo até que meu noivo chegue para lhes dá suporte e levá-los até o hospital na cidade.” Depois do que a jovem Clarisse havia dito fiquei mais tranqüilo, porém ainda meio atônito com tudo, afinal um de meus amigos acabara de morrer e dois deles estavam com a vida por um fio. Peguei a minha lanterna e voltei na direção em que vira anteriormente caminhei novamente todo aquele pequeno trajeto de cerca de 100 ou 150 metros, Por entre aquelas enormes árvores e enquanto caminhava divagava novamente em meus pensamentos; o que uma garota tão jovem e bonita fazia sozinha em uma velha choupana em plena mata no interior de Minas gerais? Daí então me veio o estalo; E se ela for o misterioso motorista do Opala preto? Não, não pode ser. Ela não seria tão rápida a ponto de chegar naquela velha cabana tão rápido. Não teria passado por nó sem que percebêssemos. Bom, levando em conta que estávamos totalmente arrebentados, seria possível sim. Mas mesmo assim, não haveria tempo hábil. Mas, espere! Talvez ela não esteja sozinha, merda! Tenho que voltar, o Cláudio pode estar em perigo. Envolvia-me tanto naquela linha de raciocínio que quase perdi o ponto onde havia acontecido o acidente com Wallace e Marcelo. As pilhas da lanterna estavam quase se acabando, contudo consegui chegar até local, bom, pelo menos era o que o meu senso de direção me indicava. Mas ao chegar o local não encontrei nenhum dos dois lá, só havia um rasto no sentido contrário, com se estivesse indo em direção a velha cabana. Depois de visualizar esse rastro a finalmente as pilhas da minha lanterna chegou ao fim, agora eu estaca somente eu e escuridão daquela fria mata atlântica da pequena cidade de Sete Lagoas. Aquela altura do campeonato eu só queria encontrar o Marcelo e partir dali para velha choupana e tentar salvar o Cláudio. Mas não era hora de tentar procurá-lo, eu devia mesmo era voltar até lá e buscar o Cláudio mesmo, com sorte eu estaria enganado a respeito de Clarisse, mas eu não sabia o que o destino me reservara ao voltar até aquela cabana velha e sombria.

Corri de volta para o local onde estava Cláudio. Gritei o Marcelo algumas vezes, mais nada dele me responder, na certa se levantou e foi tentar buscar ajuda na estrada. Mas ainda me pairava uma dúvida no ar; Quem tirou o corpo de Wallace daquela trilha? Não teria como ter sido a Clarisse, quando eu fui até cabana não corpo ainda estava lá. Wallace era um cara extremamente alto 1,90m de altura e ela é apenas uma mulher. Sei lá, as coisas não se encaixavam direito, essa agora do Marcelo sumir, eu tenho certeza ele não estava morto eu mesmo verifiquei seu pulso antes levar o Cláudio até a cabana. Não pode ser, será que ele tem alguma coisa haver tudo aquilo. Corri como um louco em direção a cabana. Cheguei próximo ao lago, onde havia um pequeno poste de iluminação e observei que a velha lancha estava ancorada no meio do mesmo e não mais na margem como quando eu havia chegado ao local pela primeira vez. Entrei sem bater na porta e fiquei pasmo o que estava diante de mim naquele momento. Mesmo com aquela péssima iluminação da velha cabana e a mobília velha a madeira do chão rangendo em meus ouvidos, pude ver aquilo. Clarisse estava amarrada e amordaçada em uma velha cadeira de no centro da choupana. Agora pude ver que ela de fato não tinha nada haver com aquilo que estava acontecendo. “Clarisse, meu Deus, o que houve? Cadê seu noivo e o Cláudio, onde estão?” Estava me aproximando para solta-la quando de repente. “Nem pense em fazer isso gênio da banda!” disse uma voz misteriosa que logo se revelou para mim, todo de preto com uma toca ninja e apontando uma 9 mm em minha direção. Aquela voz, ela era familiar, eu estava reconhecendo aquele cara de algum lugar. Então tirou a touca e olhou nos meus olhos, pude ver a expressão do ódio por ter sido desprezado por nós e expulso da banda, era Fabrício, nosso ex-baterista. “Pensou que eu ia esquecer fácil o que vocês fizeram comigo, né? Escuta aqui seu idiota ninguém me despreza dessa forma, ninguém, entendeu?” Disse ele se aproximando de mim cada vez mais e apontando aquela arma para minha cabeça. Tentei acalmá-lo; “Fabrício, não é bem assim cara, você vez coisas más, conosco, principalmente para o Cláudio. Nós éramos amigos, era pra você estar conosco nesse festival...” Fui interrompido por ele. “Não existe festival, seu idiota. Eu inventei tudo isso e vocês caíram como patinhos no meu plano. Eu criei o site e os boletos bancários, a conta onde vocês depositaram o dinheiro, os ingressos, a confirmação de inscrição no festival, era tudo fake. Seus idiotas pensaram mesmo que iriam conhecer os ídolos do rock Nacional. É o milagre da tecnologia. O que as redes sociais não fazem né?” Agora tudo se encaixava, ele queria vingança, mas havia ido longe demais. “Cadê o Cláudio?” Gritei com ele. “Ei, você não está em posição para fazer perguntas ou exigências, eu tenho umas surpresinhas para você ainda.” Disse ele. “E o que você fez com o Marcelo?” Perguntei. “Não me importo para onde esse idiota foi ele que se dane, não fazia parte mesmo da formação original da banda Calibre. Minhas contas eu tenho que acertar mesmo é com vocês três, ou melhor, dizendo, dois. Nem tive trabalho para acabar com a raça do Wallace, o único trabalho que tive foi para me livrar do corpo, com um pouco de esforço e inteligência a policia acha. Ah, espere um instante você queria ver onde eu coloquei o Claudio, hei não fuja da minha vista ou eu estouro os miolos dessa princesinha aqui.” Apontou para jovem Clarisse e ela se debatia sem poder fazer nada amarrada naquela cadeira. “Abra essa porta!” Disse Fabrício apontando com arma em minha direção. E então eu abri uma velha porta de madeira que parecia ser um cômodo da velha cabana, e ao abrir pude ver Cláudio amordaçado e amarrado, nas mesmas condições em que encontrei Clarisse ao chegar. “entra aí” Ele disse.

Quando entrei no pequeno quarto ele disse; “Tá aí, não queria ver seu vocalista?” Fabrício olhava para Cláudio repleto de ódio e rancor por tudo que havia acontecido com a banda calibre. E continuou a dizer palavras de ofensa para meu amigo Cláudio que estava ali amordaçado. “Seu maldito, eu vou acabar com você! Sei que a idéia de me tirar da banda partiu de você Cláudio...” Cláudio se debatia na cadeira, eu tentava esboçar alguma reação, mas temia, Fabrício poderia apertar o gatilho a qualquer momento. Fabrício continuava a falar e eu podia ver o ódio em seu olhar; “Eu já tenho o álibi perfeito. Acabo com todos vocês e me mando, a policia irá constatar que um dos membros da manda não estará aqui, o Marcelo e aí eu tiro meu corpo fora dessa! E agora; eu acabo com vocês! Quem eu mato primeiro, guitarrista ou vocalista, guitarrista ou vocalista...” Ficou brincando e apontando a pistola ora para mim ora para Cláudio. Até que disse; “Mas é claro que eu não vou dar uma mancada dessas, o vocalista tem que ser o último a morrer, sinto muito Thiago, mas você vai primeiro!” Naquele momento eu percebi que seria o meu fim. Ele apontou a arma em minha direção e eu fechei meus olhos e de repente escuto um “Tuft” e o som de alguém caindo no chão. Abri meus olhos e para meu alívio era o Marcelo. “Ufa” Disse eu aliviado eu vê-lo. “Cara por onde você andou? Perguntei super alegre em vê-lo. Enquanto ele pegava a arma de Fabrício que caíra no chão ao ele desmaiar com pancada de lanterna que ele havia dado. “Temos que sair daqui, solta logo o Cláudio.” Eu estava desamarrando o Cláudio e Marcelo arrastando e o Marcelo me ajudando. Enquanto desamarrávamos ele que agora estava acordado Marcelo me explicava o que viu; “ Bom cara, eu acordei ali sozinho. Olhei pro lado e vi o Wallace morto...”  “Eu sei...” Completei com olhos tristes. “O Wallace tá morto, meu Deus, o que esse cara tá fazendo?” Disse o Cláudio.  “Espera Cláudio, deixa o Marcelo falar!”E o ele continuou; “Bem como eu ia dizendo, eu vi, enfim, vocês quem lá morto e de repente comecei a ouvir passos em minha direção e corri para trás de uns arbustos e me escondi. E então vi alguém carregando o corpo dele, arrastando como se fosse um saco de lixo. Depois que ele se foi eu segui o rastro dele por entre os arbustos e vim parar aqui. Quando estava chegando perto da cabana pude ver Opala preto parado atrás dos arbustos,  perto da velha caminhonete.”  Conversávamos e saiamos o cômodo. “Cara, vamos matar ele?”Perguntou o Cláudio. “Não, acho melhor trancá-lo nesse quarto, não tem janela mesmo, não vai ter como ele fugir.” Disse a eles. “Meu Deus, Clarisse, tenho que solta-la!”Exclamei preocupado.

Para minha surpresa Clarisse já não estava presa à cadeira. E então eu perguntei; “Marcelo, você soltou a garota que estava presa a essa cadeira?” Ele olhou pra mim e disse; “Que garota?” Olhamos um para outro estranhamente, quando em instante ela surge pela porta de trás e acerta em cheio a cabeça de Marcelo, que estava trancando a porta onde Fabrício estava desacordado. Com a forte pancada Marcelo caiu desacordado novamente e pra ser sincero, nem sei se ele resistiu a essa.  Com a rapidez de uma especialista Clarisse pegou a arma que estava nas mãos de Marcelo. Foi quando Cláudio foi pra cima dela sem ter percebido que ela havia pegado a arma, eu gritei; “Cláudio, não!” Mas já era tarde, um tiro certeiro no peito e ele caiu na minha frente agonizando. Abaixei-me e tentei pressionar o ferimento. Antes de morrer ele me disse; Amigo, foi bom tocar com você, sorriu e...” De repente batidas do velho quarto, era o Fabrício;  “Abre  porta amor! Espere! Amor? Agora mais uma vez as peças estavam se encaixando. Clarisse estava realmente nessa com Fabrício e eles eram namorados, ela estava ajudando ele desde o começo. Ela abre a porta e ele sai dando um beijo nela e dizendo; “Me de a arma eu preciso acabar com ele! Você já fez o serviço de acabar com o Cláudio pra mim, mas esse eu faço questão de apagar benzinho.” Disse ele pegando a arma da mão da bela e perigosa Clarisse. E continuou me atazanando; “Opa, nem pense em tentar sair do meu campo de visão, ou eu largo o dedo em cima de você maninho!” Exclamou Fabrício o baterista louco. “O que achou da Clarisse? Bela desempenho não? Nos conhecemos no Facebook e logo nos identificamos, ela também é baterista e tocava em uma banda, só que há seis meses ela, assim como eu,  foi expulsa da banda e aí então eu a ajudei a dar um jeitinho eu seus antigos ex-companheiros de banda. Como eu havia ajudado ela, agora era vez dela me ajudar e então, estamos aqui.”

Não estava acreditando naquela história que Fabrício me contava enquanto apontava aquela 9 mm direto na minha cabeça. Eles tinham planejado tudo aquilo que acontecera. Movido por um ódio e um rancor tão grande por ter sido desprezado ele completou; “Já tenho o final perfeito, você surtou e matou seu companheiros de banda, jogou a van barranco abaixo, matou o Wallace e jogou seu dentro do lago depois apagou o Claudio com um belo tiro no peito e em seguida deu um tiro na cabeça do Marcelo. Depois surta e se mata. Eu tiro nossas digitais da arma, certo querida.” Disse ele olhando para Clarisse.  “Depois coloco a arma eu sua mão. “Mas e opala preto querido o que vai fazer com ele? Perguntou Clarisse e arma apontada para e ele sempre com os olhos fitos em mim, respondeu; “Quanto ao opala preto não precisa se preocupar, não tem digitais minhas nele, usei  luvas o tempo inteiro, vou deixá-lo por aqui mesmo. Já tenho uma moto reservada para fugirmos em um lugar estratégico benzinho. E agora é hora de dizer adeus querido amigo!” quando ele estava pronto para apertar o gatilho e me matar percebi que o corpo de Marcelo que estava atrás deles já na estava mais e antes que ele atirasse eu disse; “Espere, espere!” Ah, que foi não quer levar o tiro na cara é isso, tudo bem eu acerto o peito, pode ser?” Disse Fabrício já estressado com tanta demora. Eu completei; “Você não disse que eu seria o último a morrer, então atira primeiro no Marcelo que está aí caído atrás de vocês.” Ele me afrontou; “Não decida o que eu faço, mas já que insiste eu mato logo ele.” Quando ele se virou para atirar; “Merda, cadê ele Clarisse? Ela; “Não sei, pensei que tinha acabado com ele com aquela pancada que lhe dei.” Como que num último rolo de um filme de suspense ao estilo Pânico ou Eu Sei o que vocês no verão passado, Marcelo aparece por detrás de uma das portas com a pá que Clarisse lhe acertara anteriormente e acerta em cheio no rosto de Fabrício. “Maldito, morra!” Ele gritava. Com a força da pancada Fabrício foi ao chão batendo na velha cadeira e quebrando-a, Marcelo continuava a golpear sempre o rosto com cada vez mais força. Com o impacto da queda arma rolou para o lado no chão e como num surto instintivo pulei rolando no chão em direção a arma, mesmo com toda dor que sentia em meu ombro. Clarisse pulou junto comigo e rolamos no chão brigando pela arma e de repente um disparo. “Marcelo parou de golpear Fabrício e gritou; “Thiago, não!” Mas par minha sorte procurei sangue no meu corpo e achei, mas não era meu. No momento da briga a bala acabou sobrando para Clarisse que levou um tiro na boca do estômago e morreu. Gritei; “Calma, estou bem, esse sangue não é meu.” Aliviados caímos sentados ao chão e então Marcelo disse; “Temos que sair daqui!”

Marcelo pegou a chave do Opala preto e decidimos sair logo dali. Nem sequer mexemos nos corpos deixamos tudo como estava corremos em direção ao carro. Segundo Marcelo ele sábia onde o carro estava, pois ele havia visto quando veio para choupana por entre os arbustos. Entramos no carro e constamos que o tanque estava cheio, o que era ótimo, porque, tendo em vista o que ocorrera ali, nós nem sabíamos para onde ir. Marcelo pegou no volante, meus ombros ainda doía muito. Estávamos prestes a sair quando num último susto Clarisse aparece na frente do carro com arma prestes a atirar e que instintivamente Marcelo acelerou o carro e eu disse; “Rápido, ela vai atirar!” Marcelo acelerou e passou por cima dela sem piedade e gritando; “Morra maldita!”

Pegamos a estrada, Marcelo ao volante, o dia raiando, o carro passando por aquela estrada de terra cheia de buracos. O Opala trepidava e cada a  trepidar meu ombro latejava de dor. A pancada do acidente com a Van ainda estava doendo e muito. Parece que agora a banda realmente chegou ao fim. Pensava;  Era como Fabrício havia dito quando foi desligado da banda; “Vocês não vão muito longe sem mim!” E realmente, a banda calibre acabou de uma maneira muito trágica. De repente, mais um estalo daqueles; Como Marcelo sabia onde estava a chave do carro? E como ele achou tão bem o local onde o Opala estava escondido? Ele agiu com tanta rapidez. Esboçou tanto ódio quando matou o Fabrício e a Clarisse. Tudo bem que o que eles fizeram foi cruel e desumano, mas ele parecia agir como um deles. Foi realmente estranho ele ter sumido àquela hora e ele demorou demais a chegar até a cabana. Ele não estava tão longe assim. Diante desse raciocínio que me viera naquele momento eu perguntei a ele; “Marcelo, por que você demorou tanto a chegar à cabana, você não estava tão longe. Ele me respondeu; “Eu estava com muito medo cara.” Daí então ele me perguntou; “ Você se  lembra de quando eu entrei na banda?” “Lembro sim.” Respondi a ele. Então ele encostou o carro e continuou; “Thiago, Thiago, você não se lembra de tudo. Essa história tem muito mais do que você imagina amigo. Quem me indicou para banda foi o Fabrício, nós já nos conhecíamos há muito tempo. Muito tempo mesmo. Éramos  amigos. Amigos até demais entende? “Não, não entendi.” Respondi. “Thiago, nós tínhamos um caso, isso mesmo, sou bi-sexual e Fabrício também era. Para ele me manter dentro da banda era como ter um aliado que contava tido que rolava todos os ensaios, shows, músicas que estavam sendo compostas. Resumindo, eu fazia parte desse plano, eu sabia de tudo. Mas depois que a Clarisse apareceu às coisas foram mudando, percebi que depois que ele tinha conhecido essa garota no Facebook ele não me procurava mais. Fiquei com ciúmes. Então fiz minha vingança pessoal. Já que não podia tê-lo Clarisse também não poderia. Dessa forma, levei adiante os planos de Fabrício e arquitetei tudo para minha vingança pessoal. E no final consegui acabar com a raça dos dois.” Fiquei perplexo diante daquilo tudo que ele me falara, pois ele pôs risco a própria vida e a vida de todos nós, e quatro pessoas morreram por causa disso tudo. Só consegui, fazer uma pergunta para ele; “Por que Marcelo?” E ele me respondeu; “Amor, amei demais o Fabrício, não conseguia vê-lo com outra pessoa.” “Cara, você é louco, por sua causa meus amigos estão mortos, você poderia ter parado tudo isso, quando soube da traição de Fabrício, mas não o fez, é tão psicótico quanto ele. Agora entendo por que não quis ir à polícia. Você faz parte de todo esse esquema sujo.” “cara, tudo bem, se você não contar pra ninguém, eu também não conto.” Disse ele. “ Você é louco, a polícia vai nos procurar, os pais deles sabiam para onde estávamos indo, se aparecermos lá, você vai ter que se entregar Marcelo, você e único que pode responder por esses crimes.” Disse a ele. “Eu já tenho tudo esquematizado, vou para Paraguai, tenho dinheiro o bastante, o tanque ainda está cheio. A conta onde vocês depositaram o dinheiro, ela é minha. O cartão está aqui comigo, podemos ir juntos cara, não vai pegar nada pra você, eu prometo. Me identifiquei muito com você cara, você não é má pessoa como o Fabrício era.” Ele se aproximou de mim tentando acariciar meu rosto e evitei. “Não sou como você! Não quero ficar aqui, me deixe ir, faça o que você quiser Marcelo, mas não vou com você.”

O dia já havia amanhecido e foi ali em Sete Lagoas que a banda Calibre chegou ao fim. Sai do opala preto e ele se foi seguiu sentido Rio pela velha estrada de terra e eu fiquei ali parado e estarrecido, me sentei em uma pedra que havia á beira da estrada. Até que passou um carro, na verdade uma Van acenei pedindo carona e para minha surpresa ela parou. Um belo grupo de cinco jovens o que estava ao banco carona perguntou; “ E aí amigo, tá indo pra onde?” e eu lhe respondi; ‘pra qualquer lugar longe daqui amigo.” “Beleza, então entra aí mano.” Disse ele. Ao entrar na Van me vi e vi a banda calibre eles pareciam conosco há algumas horas atrás; um grupo de jovens ouvindo rock e fumando maconha, um deles me ofereceu um baseado; “E aí cara, curte?” Peguei da mão dele e dei uma tragada naquele cigarro de maconha, precisava relaxar depois de tudo que acontecera. “Já gostei desse cara, ele é dos nossos!” Disse o camarada com camisa do The Doors, o mesmo que me dera o baseado. Então o do volante perguntou meu nome e eu respondi. Depois o do carona disse; estamos indo pra Brasília cara, vai ter um mega evento no Mané Garrincha. Parece que é um tipo de festival de bandas compramos o ingresso na Web, esperamos tocar lá e conseguir atrair os olheiros das grandes gravadoras.” Então ele me mostrou o ingresso e o cartão de confirmação de inscrição. Idênticos ao que nós tínhamos tirado no site, no mesmo site que eles tiraram pura furada, mas eles caíram como nós. A diferença é que eles não tinham um psicopata num opala preto perseguindo eles. E então eu comecei a rir e disse; “Vocês tem mais uma guitarra sobrando aí, eu sou guitarrista, tô a fim de tocar também.” Enfim eu ia realizar meu sonho de conhecer a Capital, pena que não ia tocar naquele maldito festival, pois não ir haver nada lá. Só o velho serrado e corrupção de sempre.”

Por Tom Oliver