No campo da educação formal, condenamos o falante usuário de 'nóis vai', mas um aspecto deve ser levado em conta: esse cidadão considerado analfabeto (por não ter ido à escola) não conhece a Gramática. Alguém não teria razão para lhe dizer que ele deveria ter cuidado com a concordância verbal. O que é isso? Ele desconhece esse metiê, e se ainda insistirmos em dizer que o verbo não foi flexionado como exige a norma culta, continuamos a não ter a resposta.

Importante, então, vermos essa 'flexão' pelo aspecto da coloquialidade e não nos atermos à teoria científica da linguagem, citando esse ou aquele gramático, filólogo ou antropologista. O que vale é o modo de se efetuar a comunicaçção sob a visão desse apedeuta, visto como indivíduo sem instrução (formal). Ele tem a instrução do dia a dia, a ética, a filosofia de vida, o viver salutar. Sabe comunicar-em em uma feira-livre ao vender seu produto, conhece a norma de conquistar o cliente e sabe dar o troco se lhe entregam uma nota de dez Reais. 

Quanto custa o molho de cebola?, lhe seria perguntado. "Dois real, mas faço trêis por cinco". E vende seu produto. 

Ruim, por outro lado, quando o locutor nobre, em cima de carro de som, usando altura de decibéis incompatíveis com a educação e a vida hodierna, grita aos nosssos ouvidos: "Acabou de chegar muitos produtos nesta cidade" (citando-a e a respectiva loja para a qual divulga os bens de consumo). 

Houve na fala do jovem a devida concordãncia verbal? O ouvido atento diz que não. Passemos a frase para a ordem direta: "Muitos produtos acabaram de chegar a esta cidade", com a devida correção gramatical, em que se inclui a regênia verbal.

O divulgador do alto de seu microfone é aquele que foi à escola. Por isso, temos que reconsiderar a lingaugem do homem simples, que deve ser vista como adequada. 

Há outros itens a serem discutidos, mas esses 'tons' linguísticos bastam. 

Sou João Carlos de Oliveira. Site www.linguagemdocotidiano.com.br