Realmente estamos chegando onde tanto queríamos! A desgraça nos seduz e muda a nossa medíocre rotina. Fingimos que estamos preocupados, que alguma coisa nos choca, mas a verdade é que transformamos em diversão o que deveria ser condenado pelos comportamentos morais e éticos.
Filha mata os pais e a televisão mostra a cobertura do caso, como quem passa um filme de horror. Ah! E nós? Nós somos atentos telespectadores e juízes também. Mas quem julga o nosso sadismo? Criança é arrastada por bandidos e nós acompanhamos tudo, como quem assiste a uma corrida de cavalos. Precisamos não nos omitir, mas olhar e comentar as boas ações, que muitas vezes são encobertas pela maldade que é inerente do ser humano. Ele rouba, mas faz! Que tolice, todos fazem alguma coisa. O que vai contar são as ações a favor do próximo. - Gente, gente, vai começar o julgamento do casal que matou a criancinha! É o que se ouve pelas ruas. Estou quase ouvindo um grito de gol e pessoas tomando cerveja na hora desse "espetáculo" macabro. O engraçado é que para consertamos os erros, nos queremos cometer os mesmos. É preciso matar! Vamos linchar! Ladrão, (referindo-se a políticos). Ainda não conseguimos entender o nosso papel na terral. Decoramos a vida e borramos em nossas atitudes.
O espetáculo do horror dá direito a testes para ator. Delegados aparecem bem vestidos e cheios de segurança, policiais mostram retidão, promotores demonstram eficiência e o povo também tem sua função, o de coadjuvar nesse filme que um dia vai ganhar o OSCAR. O OSCAR da vergonha mascarada de moral!
Precisamos pressionar para que não sejamos telespectadores sádicos-imbecís, dando ibope ao barbarismo. Vamos nos chocar, mas sem fazer festa com a desgraça alheia.