O esgotamento de uma geração
Publicado em 16 de novembro de 2009 por Ivan Postigo
Quem teve oportunidade de ocupar um posto gerencial nas décadas de setenta e oitenta conviveu com altos índices de inflação e uma ciranda financeira que não deixou saudades a qualquer gestor.
Índices e mais índices eram consultados e utilizados no dia-a-dia para cálculo de custos e tabelas de preços . Apesar da dedicação dos profissionais, importavam , muitas vezes aos tomadores de decisões , mais os fatores de correção que as técnicas contábeis mais apuradas.
Pelo menos duas décadas foram fortemente afetadas e induziram muito profissionais ao estudo dos malabarismos econômicos.
Findo esse período muitos desses profissionais estavam encerrando carreiras por vontade própria ou por exclusão do mercado, sem poder absorver e contribuir com a mudança que o mercado estava experimentando nas técnicas e conceitos de gestão .
Com a queda da inflação a gestão financeira foi substancialmente facilitada, contudo isso não gerou especialistas no controle do caixa das empresas e nem na preparação de projeções e estabelecimento de metas , ao contrário vê-se uma desatenção significativa num volume substancial de organizações .
A advento da microinformática e das planilhas eletrônicas trouxe uma facilidade para elaboração de cálculos matemáticos e financeiros sem igual, permitindo que o tempo para elaboração de trabalhos mais complexos fosse reduzido em pelo menos cinco vezes.
Em muitos casos ganhou-se na velocidade de elaboração e perdeu-se ainda mais o foco de análise dos problemas.
Muitos setores das empresas foram enxugados , restando cabeças ótimas voltadas ao desenvolvimento matemático da questão , mas com um menor foco na validação dos valores.
A geração que estava saindo pouco aprendeu das novas técnicas fornecidas pela informática e a geração que estava chegando pouco pode aprender sobre validação de valores.
Quem participou da transição e foi capaz de entender, adaptar-se e utilizar as novas facilidades teve ganhos significativos, porém não sem transitar por um incontáveis softwares ( planilhas eletrônicas ).
Do início da década de oitenta até os dias de hoje pode-se contar com não menos do que 10 tipos de planilhas que entraram e saíram de moda.
Quem transitou por esse período vai se lembrar do Visicalc, Calcstar, Omnicalc, Lótus 1 2 3 , quatro-pró, entre outros, até chegar ao Excel dos dias atuais.
O avanço da informática é o lado interessante da questão , mas e o custo padrão , que fim levou?
E os estudos de tempo e movimento , racionalização de tarefas, redução do tempo de trabalho , do desperdício , deixaram de ser importantes?
A globalização não exigiria uma atenção maior com nossos meios de produção ? A obsolescência hoje em dia não acontece num ritmo maior do que há vinte anos?
Quando o tempo deixou de ser um fator importante no processo produtivo ?
Os encargos sociais hoje não são maiores do que há vinte anos, então por que a variável tempo não merece a mesma atenção e consideração do passado?
As técnicas contábeis ainda são as mesmas, nossos balanços ainda tem ativo e passivo, os resultados ainda são apurados de acordo com as partidas dobradas, assunto ainda tabu para quem não estudou contabilidade , então por que a tão sonhada contabilidade gerencial ainda não é uma realidade como instrumento de gestão ?
Muitas empresas utilizam os recursos contábeis mais para atender os preceitos fiscais do que de gestão.
O fim ciclo inflacionário é que levou a esse desinteresse nos conceitos fundamentais de gestão ou estamos observando o esgotamento de uma geração ?
Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645 4652
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