O Enviado da ONU para o Saara Ocidental demissiona por "motivo de saúde"

Por Lahcen EL MOUTAQI | 23/05/2019 | Política

O Enviado especial da ONU para o Saara Ocidental, ex-presidente alemão, Horst Kohler de 76 anos demissionou de seu cargo "por motivos de saúde", declarou quarta-feira a ONU num comunicado.

"O secretário geral (Antonio Guterres) lamentou profundamente esta demissão, mas ele tem dito compreender perfeitamente a situação, declarando seus melhores desejos ao emissário", indicou o comunicado da ONU.

Horst Kohler estava no cargo desde junho de 2017.

A ONU não deu nenhum detalhe sobre os problemas de saúde do ex-presidente alemão.

Desde que assumiu o cargo, Horst Kohler tentou meticulosamente reviver o processo tendo em vista encontrar uma saída para o Saara Ocidental.

A este respeito o Sr Guterres chamou para  "gestos" em prol de uma solução "negociável". Após seis anos de interrupção do diálogo, este último emissário conseguiu que as partes falassem novamente, as partes se reuniram  duas vezes na Suíça - dezembro e depois março – seja Marrocos, a Frente Polisário, a Argélia e a Mauritânia. Uma terceira reunião foi planejada para os próximos meses, mas nenhuma data tem sido  definida até então.

Depois da segunda reunião, no entanto, o Polisario deixou poucas esperanças em prol de um avanço rápido do antigo conflito, considerando que "os separatistas não se mostraram certa inclinação para se engajar num processo sério de negociações".

No final de março, Horst Kohler havia julgado que as posições permaneciam "fundamentalmente divergentes".

Diante deste episódio de demissão do enviado para o saara "o Reino de Marrocos tomou nota com pesar" desta renúncia surprendente, sublinhou um comunicado do Ministério de Relações Exteriores  que "prestou homenagem ao Sr. Horst Kohler, devido aos seus esforços positivos desde a sua nomeação ".

A Frente Polisário declarou-se "profundamente entristecida" com as notícias e agradeceu o Sr. Kohler por "seus esforços dinâmicos que visam  reviver o processo de paz da ONU".

Em sua declaração na quarta-feira, a ONU ressalta que o secretário-geral agradeceu o seu emissário por seu trabalho, "também as partes envolvidas no processo a saber ( o Marrocos e Polisario) bem como os estados vizinhos (Argélia e Mauritânia) pelo apoio trazido ao Sr. Kohler no processo político "destinado a encontrar uma saída para o conflito.

O Polisario defende  um referendo de autodeterminação para o Saara Ocidental, para uma área desértica de 266.000 km2 em uma região rica em fosfatos e cercada por águas ricas e peixes. O Marrocos, que liberou esta ex-colônia espanhola em 1975, defende uma solução baseada sobre o plano de autonomia sob sua soberania.

No final de abril, a ONU renovou por seis meses a sua missão de paz no Saara Ocidental. Washington acredita que uma curta duração faz  a pressão sobre as quatro partes para chegar a uma solução deste antigo conflito prolongado.

A Missão das Nações Unidas para a organização de um Referendo para o Saara Ocidental, segundo os adversários de Marrocos, tem um custo anual de cerca de US $ 50 milhões, e  cerca de 300 membros. Desde 1991, ela permitiu um cessar-fogo na região.

Lahcen MOUTAQI

Professor universitário- pesquisador