O entendimento das ideias fundamentais de Camus.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 09/07/2013 | FilosofiaO entendimento das ideias fundamentais de Camus.
Imaginar a Filosofia como busca pelo sentido da vida é um profundo engano. O dever da Filosofia não é dar sentido a vida, pelo contrário, mostrar que a mesma não tem nenhum sentido, viver é existir sem finalidade diz Camus.
Com efeito, a Filosofia deve reconhecer, que a vida de fato não tem sentido, e, fundamentar a falta de sentido da mesma, não existe nenhuma lógica que fundamente a existência da vida. Natural essa visão que parece ser essencialmente pessimista o que de fato não é, o que imaginamos.
Camus acreditava que ao adotarmos a visão real da vida, então passamos a viver com liberdade, a nossa existência passa ser conduzida por uma lógica não ideológica.
Quando não fundamentamos a vida na metafísica, passamos então a vivê-la plenamente, sendo sua realização a única finalidade da existência, na busca da felicidade que consiste na realização do prazer. Certa visão epicuriana. Edjar.
Camus deixou-se influenciar pelo mito de Sísifo, um rei grego abandonado pelos deuses gregos, foi condenado a um destino implacável ao inferno. Sua condenação era obrigado rolar um pedra ao topo de um monte e voltar ao solo e repetir esse movimento eternamente.
Camus entendia que mito explicava o não sentido da vida, o absurdo da nossa existência, e tudo que fazemos de certo modo é a repetição eterna das mesmas coisas, sem motivo aparente para tal procedimento.
O que significa, portanto, o absurdo da nossa existência, estamos sozinhos nesse mundo, não existe finalidade para nossas vidas.
Ele entendeu que a vida, é uma luta indeterminada ao infinito para realização de tarefas essencialmente inúteis, fúteis, mas necessárias ao mecanismo de alienação da mesma.
A realidade da vida é tão cruel que a única forma de ser normal é viver a ilusão, não se cria uma racionalidade na realidade pura, a mesma leva necessariamente a depressão.
É quase impossível ser o super-homem de Nietzsche, o que significa não poder superar o mundo das ideologias comuns, o homem supercrítico costuma ser uma pessoa amargurada, triste, porque de certa forma entende a existência como perda de tempo, viver a própria dor. Edjar.
Existe uma lógica na natureza, tudo que está nela, remonta para a mesma, cujo grande objetivo é sua reciclagem, o que significa que qualquer forma de vida, tem o mesmo significado para a natureza, sendo que a referida age apenas na sua defesa, nada existe além da mesma.
A vida, com efeito, é a luta para realização do nada, nas suas infinitas formas, e tudo se realiza, porque nada em última instância tem finalidade. Edjar.
Somos seres, que temos a consciência de viver a vida sem significado, pelo menos algumas pessoas, mas temos que viver como se tivesse sentido, um dos objetivos da vida é enganar a nossa própria consciência.
Então vivemos a vida como se ela tivesse sentido, essa é a primeira atitude de um ato de má fé, o mesmo procedimento descrito pelo existencialismo de Sartre.
Então o sentido criado como real, normalmente fundamenta numa ideologia divina, sendo Deus, no caso da cultura do ocidente o cristianismo, o grande mecanismo do engano psicológico.
O sentido, não existe em nosso exterior, mas somente em nossas mentes, do mesmo modo Deus, um produto do imaginário, sendo que o mesmo só tem finalidade apenas no engano, é uma representação da ilusão da razão, que funciona como mecanismo da anti razão. Edjar.
Para Camus, o universo todo, não tem propósito, finalidade, do mesmo modo a nossa existência, o universo é, e, nada mais, da forma em que foi constituído.
A única diferença que existe entre o homem e os demais animais, é que o homem tem a linguagem e que a mesma constitui em formulação de ideologias, o sentido da existência uma construção das referidas como representações que voltam a consciência como se fossem verdades, quando são mentiras.
Então para Camus, o homem tem que necessariamente abraçar o absurdo, reconhecer que os sentidos da nossa existência conferem tão somente a uma invenção ideológica. A vida não existe além da nossa consciência deturpada.
Então vivemos o resultado de uma grande contradição a respeito da percepção do sentido da vida e o saber de que, o universo como um todo não tem razão de ser, falta a vida sentido.
Camus compreende a epistemologia dessa reflexão, temos que viver essa grande contradição, não temos como fugir dela, para poder chegar ao ponto de viver plenamente.
A vida só será plena, se antes aceitarmos o fato que a mesma não tem sentido e que é por natureza absurda. Ao abraçarmos o absurdo, as vidas constituídas por consciências sábias transformam-se em uma revolta inevitavelmente permanente, contra a falta de sentido do universo e da própria existência.
Nesse ponto tempos dois caminhos, assumirmos a falta de sentido da existência e vivermos a liberdade ou mergulharmos numa atitude de má, do nosso próprio engano, na invenção dos deuses e em morais ligadas a sua existência e perdermos a referida em ilusões.
Edjar Dias de Vasconcelos