O ENSINO E O APRENDIZADO NA ESCOLA: AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELO PROFISSIONAL DE GEOGRAFIA.

                                                        Edna Maria Silva Oliveira Godinho1

Temos visto em nosso dia-a-dia que na prática escolar ocorrem algumas realidades e experiências com as quais nos deparamos, entre elas cabem destacar algumas deficiências no aprendizado dos alunos, onde estes apresentam certas dificuldades no que diz respeito ao ensino da Geografia, principalmente quando este exige reflexão sobre os acontecimentos cotidianos e do mundo.

            Percebendo estas dificuldades começo este artigo que tem por objetivo, destacar e evidenciar algumas dessas causas e dificuldades que colaboram para que a aprendizagem sofra certos danos. Algumas delas podem estar ligadas à própria prática de ensino de Geografia nas aulas. Por isso, faz-se necessário a compreensão de alguns dos fatores que geram consequências na aprendizagem dos alunos, podendo ocasionar em larga escala, a infrequência, a reprovação, a repetência e até mesmo a evasão escolar, que nos dias atuais está cada dia mais séria.

            O que vemos na proposta do sistema educacional brasileiro é que ao aluno é preciso propiciar a oportunidade de aprender e também, propiciá-lo a conhecer sua própria capacidade para receber esse conhecimento, porém uma das questões que há muito tem preocupado profissionais de todas as áreas do ensino é a falta de interesse de alguns alunos em participar das atividades propostas em sala de aula, participando de debate relativo ao conteúdo trabalhado.

            Esta resistência demonstrada por alguns alunos em sala de aula reflete-se na dificuldade do raciocínio lógico, da compreensão de conteúdos fáceis, corriqueiros a eles, Mais que se traduzem em dificuldade para elaborar raciocínios coerentes, fazendo com que se achem incapazes de aprender.

            Após buscar algumas hipóteses para esta “falta” de interesse ou desmotivação, parte-se do pressuposto que o motivo desse problema pode estar no contexto das próprias aulas de Geografia, onde em muitos casos, o professor somente transmite conhecimento, pois não é profissional formado nessa área, ou não consegue levar em consideração algumas experiências dos alunos que são de fundamental importância para interligar o conteúdo com a realidade vivida pelos alunos.

            Estando em sala de aula todos os dias é possível notar o quanto se torna evidente e o quanto é expressivo o número de alunos com dificuldades de aprendizagem, e que este número ainda é maior por aqueles que frequentam escolas públicas. Dentro desta realidade, busco através deste trabalho reforçar a importância que os educadores devem observar com carinho seus alunos, porque ficam marginalizados, promovendo até certo Isolamento Social dentro da sala de aula, o que jamais pode acontecer, pois, sabe-se que este ambiente é singular na busca do conhecimento para estes educandos.

             Diante da realidade da escola pública, é possível notar que a grande maioria dos alunos e seus familiares fazem parte de um grupo social excluído, principalmente do mundo do trabalho, convivem com a falta oportunidades de lazer, saúde, esporte, dentre outros. Propiciar a estas crianças a percepção de que a escola deve ser vista como um lugar agradável, de construção permanente de conhecimento, bem como estimulá-los a se expressarem e se manifestarem espontaneamente, será um grande diferencial na sua formação como cidadão crítico, pessoas pensantes  que podem sim emitir opiniões sobre diversos assuntos.

            Mostrar ao aluno caminhos diferentes dos habituais em situações e problemas, é fazer com que estes alunos venham se tornar pessoas com consciência de si mesmo, dos outros e da sociedade; é permitir escolhas diferentes em seu dia-a-dia. Sendo assim o profissional de Geografia deve buscar valorizar a aprendizagem de seus alunos, estimulá-los ao desenvolvimento lógico a partir da vivência de situações lúcidas e desafiadoras.

            O ensino de geografia pode fazer com que os alunos busquem a compreensão de forma mais ampla o que vivem na realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e propositiva. Para tanto, porém, é preciso que os educandos recebam e adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos com os quais este campo de conhecimento opera e constitui suas teorias e explicações, de modo a poder não apenas compreender as relações socioculturais e o funcionamento da natureza às quais historicamente pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade, ou seja, o conhecimento geográfico.

CAVALCANTI (2002), afirma que o ensino de geografia tem como finalidade básica de ação, trabalhar o aluno juntamente com suas referências adquiridas na escola e sistematizá-las em contato com a sociedade, com o cotidiano para assim criar um pensar geográfico que leve em consideração a análise da natureza com a sociedade e como estas se relacionam e quais as dinâmicas resultantes deste relacionamento.

Através do ensino de geografia, o estudante poderá adquirir e formar sua própria consciência espacial, um raciocínio geográfico e sociocultural. Essa consciência espacial vai além do conhecer e do localizar, ela inclui e propicia também o analisar, o sentir, e o compreender a especialidade das práticas sociais. Ou seja, impulsiona um aprendizado com maior amplitude.

Cabe ao professor trazer novas metodologias de ensino para a sala de aula, deixando de trabalhar somente com o livro didático e com assuntos que não tem conexão com a realidade dos alunos. Isso pode promover e/ou gerar desinteresse pelas aulas de Geografia, tida por muitos alunos como uma disciplina que “para passar” é preciso apenas decorar alguns fatos para conseguir fazer uma prova. Assim, a Geografia perde a sua importância como disciplina que serve para que o aluno saiba ler e pensar o mundo que está a sua volta.

            Nesse contexto, faz-se necessário aproximar o aluno da sua própria realidade, da sua vivência, fazer relações para que eles possam, a partir daí, interpretar diferentes realidades. Com essa abordagem local, é possível que fique mais fácil, posteriormente compreender alguns fenômenos que ocorrem em uma escala mais ampla. É preciso mostrar que há muito mais que conteúdos a serem transmitidos, mas sim concepções de “mundo” a serem criadas e reformuladas no ambiente escolar. Por isso é tão importante que o conteúdo se torne significativo para os alunos.

Cabe então a nós professores transpor e vencer o pensamento de Geografia estática que foi por muito tempo repassado nas escolas, como forma de manutenção da sociedade hierarquizada. Para isso, é necessário instigar a curiosidade do aluno, aguçar sua curiosidade para que ele possa trazer suas contribuições para a sala de aula, gerando um ambiente onde haja trocas de conhecimento, diálogo e contato com realidades diferentes, mais que contenham informações que possam ser compartilhadas e que acrescentem ao que já possuem. Essas possibilidades não podem ser apenas uma ideia e jamais serem desperdiçadas, pois a escola deve e pode possibilitar situações para que o educando desenvolva a sua autonomia, adquira criticidade para que possa ajuda-lo a  se posicionar diante dos desafios.

            Avaliando os acontecimentos diários vividos por alunos e professores, percebe-se que a realidade da sala de aula é múltipla, no entanto, isso ainda não vem sendo aproveitado no aprendizado, geralmente se parte de um conhecimento já estipulado e engessado. Essa falta de interação nas aulas ligado as dificuldades que os alunos apresentam também está vinculada com a inexistência da interdisciplinaridade nas escolas, promovendo um ensino cada vez mais fragmentado. Assim, somente através de uma educação crítica, que problematize a própria realidade, será possível vencer as dificuldades existentes no ensino de Geografia e quem sabe de outras disciplinas também.

            O que se pode entender com toda essa problemática é que, não é possível mudar o comportamento dos alunos, mas é possível ajuda-los a buscar abertura a novas possibilidades que lhe trarão mudanças e que isso provocará diferença na vida de cada um deles. Este é sem dúvida um trabalho lento, porém, possível.

            Diante da experiência que temos e da vivência que nosso trabalho nos propicia, podemos perceber que há algo bem mais importante: “A educação é algo que não se faz sozinha o ensino é um processo que compõe a formação humana em sentido amplo, alcançando todas as dimensões da educação: intelectual, afetiva, social, moral, estética, e física”.

Bibliografia.

CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e prática de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

________________________________________________________________________

1 Graduada em Geografia em Licenciatura e Bacharelado pela UFG.

1 Especialista em Educação Ambiental pela UFG.