Gustavo de Souza¹

RESUMO: Este trabalho apresenta uma abordagem sobre o ensino de História no Brasil e as dificuldades do professor em sala de aula.  No trabalho, será feito uma breve trajetória sobre o início do ensino de História no Brasil, desde os tempos dos jesuítas até o século XXI. Mostrando as principais dificuldades que a história enfrentou antes de depois de se tornar uma disciplina. Trataremos também do papel do professor de História dentro desse contexto, suas principais dificuldades ao ensinar história em sala de aula, principalmente na diferenciação do ensino acadêmico e do ensino escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino; História; Professor; Brasil; Escola; Trabalho.

1 Introdução

Nesse artigo temos compro principal foco fazer uma análise de toda a trajetória do ensino de História no Brasil. O tema foi escolhi devido as grandes mudanças que o Brasil vem passando desde o seu processo de colonização até os nossos dias atuais, principalmente com o surgimento de novas tecnologias que estão cada dia mais nas mãos de nossas crianças e adolescentes.

Nosso trabalho começa no período colonial, onde o Brasil recebe a missão jesuítica, com a missão de catequizar os Índios que aqui viviam, no próximo capitulo tratamos sobre como se iniciou o ensino de história no Brasil, como eram as primeiras aulas de história, principalmente com a fundação com Colégio Pedro II e do IHGB, que tinham por finalidade criar a identidade do Brasil. No terceiro capitulo falamos do ensino de História com o advento da republica, de como se desenvolveu o ensino de História, quais foram as ideologias que serviram de base para a disciplina e quais foram as mudanças que a disciplina passou durante o período republicano e com a instauração da ditadura militar. No último capítulo começamos a discorrer sobre quais são as dificuldades que os professores de História vem enfrentando ao longo dos anos e de como está a situação do ensino na nossa atual conjuntura política.

Nessa pesquisa procuramos trabalhar alguns autores de artigos e livros sobre o ensino de História no Brasil, como também foi feito com base na experiência do autor do artigo em sala de aula, as dificuldades que encontrou em sala de aula. Esse artigo não visa solucionar o problema do ensino de História e muito menos da educação em geral no Brasil, mas tem como objetivo central, uma breve abordagem de como foi o ensino e quais os problemas que temos que superar na educação para que no futuro tenhamos uma educação de qualidade para os nossos jovens do Brasil. O artigo apresenta uma leitura de fácil compreensão dos fatos abordados.

 

2 O período Jesuítico na educação

 

Sabemos que logo após a chegada dos portugueses no Brasil, tivemos a chegada da companhia de Jesus, Criada por Inácio de Loyola, em 1534. Essa companhia foi criada para que Igreja pudesse catequizar as populações da América. Nesse mesmo período a igreja católica começa a ficar abalada com o surgimento de outras religiões, com o Protestantismo, com isso, a igreja começa a ser questionada e a perder fiéis. Dado esse fato, podemos perceber que uma das intenções da Igreja católica estava também a reconquista de fieis e no domínio da religião na América. Outro fato que não podemos nos esquecer é o de que a igreja estava, geralmente, junto aos interesses dos estados e das monarquias.

Os religiosos tinham também a função de administrar as principais instituições religiosas existentes, isso nos mostra que a igreja detinha de certo poder nas colônias.  Quando a companhia de Jesus chegou ao Brasil, em 1549, tinham a função de catequizar os índios, africanos e até os imigrantes que aqui chegaram. A companhia de Jesus teve um papel fundamental na história do Brasil, pois em muitas situações a companhia foi contra a escravização dos indígenas, chegaram até a criar aldeias missionárias e até a liderar revoltas contra a escravidão.

Com a companhia de Jesus no Brasil, a história que era estudada tinha apenas conotação religiosa, ou seja, se estudava apenas o sagrado, o divino, e se deixava de lado a história da civilização. Porém, em 1760, os jesuítas foram expulsos do Brasil, pelo ministro Marques de Pombal, o principal motivo era o forte poder e influência que a igreja estava adquirindo na colônia. Mas a influência dos jesuítas ainda se estenderam por anos e por incrível que pareça ela ainda respinga no nosso ensino atual.

 

3 A criação do Colégio D. Pedro e do IHGB

 

A história das primeiras instituições de ensino no Brasil começam com a vinda da família real para o Brasil. Na Europa, a Franca tinha como imperador Napoleão Bonaparte, que estava em guerra contra aqueles países que fizessem comercio com a Inglaterra. Em 1808 a família real desembarca no Brasil, e partir daí Portugal perde o Monopólio e o Brasil passa a ser a sede do império. Por uma questão de necessidade começaram a surgir às primeiras instituições de ensino, como diz Maria Isabel Nascimento:

“A presença da corte portuguesa no Brasil, com todo o seu aparato, propiciou o desencadeamento de transformações na Colônia. Neste processo, foram abertos os portos brasileiros ao comércio exterior acabando com o monopólio português. Para suprir as carências oriundas do longo período colonial foram criadas várias instituições de ensino superior” (NASCIMENTO, Maria).

 

As primeiras instituições de ensino que surgiram foram a Academia Real da Marinha (1808), Academia Real Militar (1810), Academia Médico-cirúrgica da Bahia (1808).

Com o processo de independência do Brasil, em 1822, começa a surgir uma preocupação com a educação, na constituição outorgada em 1824 surge o tema educação, que depois em 1827, para melhor abranger o tema foi promulgada a primeira lei a respeito da educação no Brasil. Porém não podemos deixar de destacar que viviam em uma época onde apesar de estar que a educação era um direito de todos, na prática não era assim que funcionava, pois era uma sociedade aristocrática e escravagista, ou seja, apenas uma minoria tinha direito a frequentar essas instituições.

Em 1837, é criado o Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro. E foi a partir daí que a história entrou como disciplina.  Junto com o colégio surgiu o IHGB (instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), e foi com os professores do Colégio Pedro II, que eram pesquisadores do IHGB que a biografia do Brasil começou a ser construída.  Era no colégio Pedro II que as disciplinas era criadas e serviam de base para outros colégios, isso durou até o ano de 1930, quando foi criado o ministério da educação.

A História que era ensinada no colégio Pedro II, era basicamente duas, a história do sagrado, religiosa e que tinha estreita ligação com a igreja católica, e a história da humanidade, que era mais ligada a antiguidade. A história do Brasil era estudava através dos feitos dos grandes líderes. Não podemos nos esquecer que o colégio foi criado quinze anos após a independência do Brasil e treze anos após a promulgação da primeira constituição brasileira, que durou durante todo o império.  Portanto a história que aqui era estudada era para formar cidadãos os homens da elite, aqueles que futuramente iriam cuidar de negócios, segundo Nascimento (2006, p.1), “O colégio de Pedro II era frequentado pela aristocracia, onde era oferecido o melhor ensino, a melhor cultura, com o objetivo de formar as elites dirigentes. Por este motivo, era considerado uma escola modelo para as demais no país.”

Nesse trecho podemos perceber que os mais pobres, os abastados e escravos não tinham a oportunidade de estudar no colégio. O colégio Pedro II era o modelo de escola da época e servia de modelo para todos os outros colégios que surgiram na época.

Se hoje nós achamos que Estado investe pouco em educação, veremos que no período imperial a participação do Estado na educação era quase que mínima. Na lei a educação primaria era um direito de todos, mas quando analisamos isso na prática podemos ver que não funcionava. Apenas quem frequentavam as escolas era uma minoria que pertencia a elite do Império.

Analisando o final do império, podemos perceber que tínhamos poucas escolas e alguns liceus, e que ainda se continuava a não investir na educação e apenas a elite continuava a frequentar os colégios, porém em 1879, uma reforma no ensino foi feita por Leôncio Carvalho, onde foi dada a liberdade de ensino, e com isso começaram a surgir os primeiros colégios protestantes do país. E em 1891, Benjamin Constant, fez mudanças no ensino baseados no positivismo, teoria essa que virou o pilar da nossa Republica e ainda está até hoje em nossa bandeira: “Ordem e Progresso”. Agora, na república a educação começa a tomar novos rumos e novos interesses para a formação da nação.

 

4 O Ensino na República e as ideologias

 

Até aqui já discorremos sobre a educação no período colonial do Brasil, com os jesuítas que tinha a função de catequizar e educar os índios segundo o sagrado e tinham interesses em aumentar o número de fiéis em virtude do surgimento de nova religiões como o protestantismo. Já falamos também sobre a criação do colégio Pedro II e do IHGB, que serviram para criar a biografia do Brasil.

Como se sabe, em 1889 a república foi proclamada no Brasil, mas não podemos ser omissos e pensar que as coisas mudaram da noite para o dia, tudo continuou da mesmo forma, na economia e na sociedade, com exceção da escravidão, que foi abolida em 1888. Porém, vale destacar aqui que, os negros, apesar de terem sua liberdade foram jogados a margem da sociedade, pois eles foram obrigados a ficar com os piores empregos, com os piores salários, e com a pior situação de vida se que poderia imaginar, não houve uma integração por parte do governo dos ex escravos na sociedade. Tanto que a maioria dos ex-escravos eram analfabetos e não tiveram o direito a frequentar a escola nem quando eram escravos e muito menos quando se tornaram livres. Na realidade, a única coisa que mudou foi o regime de governo, saímos de uma monarquia e passamos a ser uma república, perdemos um Imperador e ganhamos um presidente da República.

Com surgimento da República também surgiram várias correntes sobre o ensino no Brasil. Uma delas foi a teoria do positivismo de Comte, que tinha como principal difusor Benjamin Constant. O positivismo tinha como pilar as ciências (Biologia, física, Matemática) e deixava de lado as humanidades, que na época do império eram mais valorizadas. Outras correntes também surgiram, como a corrente da Igreja católica que pregava a criação de colégios religiosos, a corrente anarquista também ganhou bastante espaço na educação Brasileira. Porém, mudança do ensino ocorreu em 1920, época em que a ideia de educação para todos começou a tomar força. Um dos líderes dessa ideia era Anísio Teixeira, que acreditava que a educação deveria ser para todos, livre, laica e igualitária, como descreve Elisa Meirelles:

“A ideia de uma Educação para todos só ganhou força na década de 1920. Nesse período, se destacaram os pioneiros da Escola Nova - Anísio Teixeira (1900-1971), Fernando de Azevedo (1894-1974), Lourenço Filho (1897-1970) e outros -, que defendiam a escola pública e laica, igualitária e sem privilégios” (MEIRELLES, Elisa; 2013).

 

O ensino de história nesse período serviu para criar a ideia de nação e de pertencimento da nação. Com a proclamação da República, foi necessário criar novos mitos, novos heróis, e a história foi utilizada para esse fim. Houve a criação do mito e herói da Republica Tiradentes, que tem a data comemorada até nos dias atuais.

Nas escolas a História entrou como a disciplina dos acontecimentos, das datas e personagens da História. E por muito tempo as aulas de História foram nesse estilo. As aulas de história eram meras reproduções, como se tudo fosse uma verdade absoluta. Não havia desenvolvimento de uma consciência crítica. O professor era encarregado de apenas passar para os alunos o nomes dos grandes heróis e datas. Já os alunos tinham o simples papel de decorar esses nomes e datas.

Mesmo em algumas décadas o ensino de História passou por várias mudanças, mas a forma de ensinar continuou a mesma.

Outro ponto que não podemos deixar de abordar neste assunto é o fato de que mesmo com a Proclamação da República e as várias tentativas de universalizar o ensino, muitas pessoas ainda não tinham acesso à educação e continuaram viver a margem da sociedade.

Esse fato de ser uma disciplina apenas de decorar nomes e datas também envolveu a geografia, que por muitos anos não foi uma geografia crítica como conhecemos hoje, mas foi uma geografia que apenas se decorava os continentes, os estados e as capitais.

Com o golpe militar de 1964, as disciplinas de História e Geografia também passaram a sofrer um grande golpe. Todos sabemos que o período militar foi um dos piores da história do Brasil. Podemos dividir a ditadura em dois períodos, o primeiro começa em 1964 e vai até 1968 (antes do AI5), já vivíamos um período de repressão, porém esse estado de repressão passou a ficar mais forte com a instituição do AI5, com ele a repressão se intensificou, o poder legislativo e judiciário também foram golpeados pelo AI5, o presidente ganhou mais poderes, o habeas corpus foi suspenso, pessoas podiam perder seus direitos políticos por até 10 anos,e claro, o ensino de história, como já citado, foi afetado pelo ato adicional.  Foi a partir de um decreto em 1971 que as disciplinas de História e Geografia Foram abolidas do currículo, no lugar foi criada a disciplina de Estudos Sociais no primeiro grau. A disciplina de história só existia apenas no segundo grau e apenas em um ano, com duas aulas semanais.

A disciplina de Estudos Sociais visava os interesses dos militares que estavam no poder. Os livros didáticos da época tinham um conteúdo muito superficial sobre determinados assuntos e outros foram até abolidos dos livros. Tudo era passado pela cesura, que na época ficou mais forte, não só nas escolas e universidades, mas também em programas de TVs, novelas, rádios e jornais impressos. A disciplina de estudos sociais serviu de ferramenta para a manutenção do regime militar, para formar cidadãos patrióticos e nacionalistas. Outro fato que levou a que tudo isso fosse possível foi a situação econômica do Brasil na década de 70, com o famoso milagre econômico, a situação financeira ia bem, as pessoas conseguiam credito fácil, carros surgiam no mercados e outros produtos, segundo Nascimento: “As camadas médias urbanas foram beneficiadas com a facilidade de crédito, o incentivo ao consumo com o abarrotamento de novidades como automóveis, televisores e câmeras.”

Isso mostra que parte da classe média urbana no Brasil foi conivente e aceitou passivamente essa situação por conta da situação econômica que o Brasil vivia naquele momento.

Para piorar ainda mais a situação dos professores de História, a partir de 1976, foi criada a licenciatura de Estudos Sociais, e só poderiam lecionar a disciplina quem tivesse cursado essa licenciatura, aqueles que eram formados em História e Geografia não podiam lecionar a disciplina, e o que lhe restaram foram apenas às pouquíssimas aulas que existiam no segundo grau. Isso mostra a tendência dos profissionais formados em licenciaturas do curso de Estudos Sociais que era consideradas licenciaturas  curtas a  estarem mais próximos aos interesses dos militares que estavam  no poder, como cita Fonseca os profissionais que eram formados em Estudos sócias estavam aptos a  “atender aos objetivos do Estado, aos ideais de Segurança Nacional do que um outro profissional oriundo de um curso de licenciatura plena em História, apesar das limitações deste” (FONSECA,2003, p.28).

Com isso, podemos perceber que a educação, tinha papel fundamental para moldar os cidadãos da forma e no mesmo caminho que eram os interesses dos donos do poder. Porém, um dos reflexos negativos dessa formação era a má capacitação dos professores, que na maioria dos casos não possuíam um conhecimento profundo dos assuntos que eram trabalhados, deixando assim, as explicações muitas vezes vagas e de qualidade ruim. A História sempre colocou medo nos poderosos, por isso foi à disciplina que mais sofreu e continua sofrendo ao longo dos anos.

 

5 A História na redemocratização e as dificuldades do professor na atualidade

 

Discorremos no capítulo anterior sobre a disciplina de História durante a Republica e algumas reformas educacionais que tentaram ser feitas para universalizar o ensino. Nesta capitulo vamos analisar como ficou a disciplina com a redemocratização do Brasil e quais são as principais dificuldades que o professor vem enfrentando em sala de aula.

O primeiro ponto que temos que aqui abordar é que, durante a ditadura a disciplina de História foi abolida do currículo, com o processo da redemocratização, mais especificamente em 1986, a História volta como disciplina nos currículos das escolas do Brasil. Porém junto com a volta da História nos temos também uma nova forma de olhar a História. Durante muitos anos a História foi à disciplina das datas, fatos, nomes e memorização. Porém, com a volta da disciplina começaram a surgir amplas discussões de como seria o ensino da disciplina, era necessário mudanças. A História não poderia continuar sendo aquela disciplina da memorização, a partir de agora a história precisava ser crítica. Era necessário formar cidadãos para uma sociedade mais crítica. Aqueles que antes eram excluídos da História passaram a  ser integrantes dela.

Porém, a disciplina de história ainda está nas mãos do Estado, esse controla a história através de currículos engessados, esse fato tira a autonomia dos professores de História, e por sua vez as aulas se tornam metódicas, chatas e não levam ao objetivo, que é formar um cidadão crítico. Os currículos escolares são frutos dos interesses do Estado, uma forma de manipulação. Os conteúdos são selecionados e repassados na maioria das vezes como uma verdade absoluta aos alunos.  Outro ponto que não podemos deixar de lado são os livros didáticos que o governo distribui nas escolas. Já falamos nos parágrafos acima que os currículos escolares são cheios de intencionalidades de acordo com os interesses do Estado.  Os livros didáticos não ficam fora disso. Pois os livros que são selecionados para serem distribuídos nas escolas são produzidos de acordo com os próprios interesses e ideologias do estado. Se pegarmos um texto de qualquer autor poderemos perceber a sua intencionalidade, ou até mesmo a sua intencionalidade. Esses textos podem ser facilmente manipulados com ideologias e com os interesses de quem os compra ou produz, segundo HIPOLITO;

 

“Toda produção textual ela reflete a intencionalidade de seu autor. Se analisarmos de maneira crítica qualquer texto, podemos perceber as intenções que se evidenciam na trajetória argumentativa. Na linguagem discursiva, o autor manipula, de forma ideológica, a mente do leitor a aceitar as suas “verdades”. O mesmo acontece com os textos oficiais que estruturam o currículo.”(HIPOLITO, Paulo)

 

Com base nesse trecho podemos perceber o que já havia afirmado no parágrafo anterior, os livros didáticos e textos que contemplam o currículo oficial são produzidos de acordo com os próprios interesses do Estado.

Outro fato que não podemos deixa de lado é o que de a culpa da situação do ensino de história não é apenas do Estado, mas em grande parte dos próprios professores de História. Vários são os motivos que levam a isso. Muitos professores de História, ou até mesmo a grande maioria tiveram aulas no método tradicional de aulas expositivas e como são frutos dessa metodologia acabam se acomodando e seguindo o mesmo modelo tradicionalista que se perpetua por muitos anos. Isso transforma as aulas de História em entediantes e chatas. Os professores apenas repassam o que está nos livros didáticos e não desenvolvem nos alunos um senso mais crítico e o resultado disso é o desinteresse dos alunos e a preguiça e a falta de leitura e de questionamentos.

Um outro fato importante que não podemos deixar de lado é a falta de leitura de muitos professores. A História sempre está em constante formação e mudanças, não é apenas uma disciplina do passado, mas também do presente e do futuro. E a desatualização de muitos professores causa o comodismo, aulas mal preparadas e alunos desinteressados caminhando cada vez mais para uma educação ruim, segundo Hipólito;

“Estamos falando aqui de um certo comodismo cristalizado que professores de História estão envolvidos em sua prática pedagógica. Um comodismo que inibe a capacidade cognoscente do aluno em que, em muitos casos, são criticados pela sua falta de interesse para com o que estar sendo ensinado. Quando na verdade o real problema está no professor e na forma que ele conduz a aula.” (HIPÓLITO, Paulo)

 

Como podemos ver, o problema é muito mais profundo que imaginamos, é uma falha que existe na formação dos professores e que precisam ser corrigidas, não apenas na disciplina de História, mas em todas as disciplinas do currículo, para que a cada ano a educação caminhe, mesmo que devagar, para os caminhos da qualidade e da criticidade.

A questão da evolução tecnológica também levou a uma desvalorização do ensino de História. Se analisarmos as crianças de hoje e de 20 anos atrás, vamos perceber que as atuais dificilmente vão estar brinquedos ou fazendo brincadeiras de ruas, vão estar em um divertimento rápido, a internet. Hoje deixou-se de estudar o passado de analisar, como se o passado fosse apenas para os museus. Com o avanço de todas as tecnologias e os avanços das comunicações, as informações chegam cada vez mais rápidas no nosso dia a dia, com apenas um click temos acesso ao que quisermos. Isso levou as pessoas a não se preocuparem e fazer pesquisas mais profundas sobre determinadas notícias ou acontecimentos, levou as pessoas a não querer pensar, já que temos tudo pronto, acabado na internet. É o conjunto dessa realidade que vai desvalorizando o ensino de História o Brasil.

 

Conclusão

 

Espero que durante nossa abordagem sobre o tema proposto tenha ficado claro toda a trajetória e as dificuldades que os professores de História vem enfrentado desde o seu surgimento como disciplina no Brasil.

Diante de tudo isso podemos perceber que a História ou talvez a educação sempre foi do Estado para a manipulação e controle da sociedade e principalmente das massas. O Brasil ainda não tem a educação de qualidade que todos nos ainda sonhamos, porém nós, professores precisamos caminhar e lutar para que esse objetivo seja alçado o mais breve possível, mesmo que os frutos venham a ser colhidos em longo prazo.

Não podemos negar que hoje os professores em geral sofrem com a desvalorização da profissão, com as péssimas condições de trabalho e salários muito abaixo do que deveria ser o justo ou talvez o essencial.

A questão hoje é muito mais ampla do que imaginamos. A questão da valorização do professor vai muito além dos salários. Hoje é necessário que aja uma transformação geral na educação. Hoje precisamos melhorar a qualidade não apenas do Ensino Superior, precisamos começar na base, com melhores estruturas nas escolas para receber as crianças, alimentação adequada salários dignos, cursos de capacitação para os professores. Assim, isso deve acontecer também no Ensino Fundamental e Ensino Médio. Não podemos aceitar essa nova base que quer destruir o Ensino médio que já não tem os melhores índices. História e Geografia devem continuar fazendo parte do currículo obrigatório, porém suas práticas é que devem ser mudadas e deixar de ter um currículo manipulado e engessado, precisa ser um currículo que permita o senso crítico e a libertação.

Por último é necessário mais investimento nos cursos de licenciatura, que nos últimos anos foram os “patinhos feios” das Universidades do Brasil. Os professores dos cursos de licenciatura devem sempre estar atualizados também e não apenas transmitir a teoria para os alunos, mas é necessários que tenha um equilíbrio entre a teoria e a prática, pois é a partir disso que teremos, mesmo que em longo prazo, uma educação de qualidade no Brasil, que coloque o nosso pais entre os melhores no sistema educacional, para que nossos jovens saiam  das escolas e universidades não apenas com um certificado ou diploma, mas que saiam como cidadão críticos e livres, assim podendo exercer a cidadania e a plena democracia, sem desigualdades e preconceitos. A educação é um fruto que se planta no presente se colhe no futuro.

 

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