O Ensino de Geografia para Alunos com Síndrome de Down: reflexões a partir de um estudo de caso realizado em uma escola na cidade de Volta Redonda, RJ 

Sara de Souza Barroso

Os alunos portadores de necessidades especiais, principalmente os que possuem deficiência intelectual, constituem o público que mais estimula a reflexão sobre os desafios no processo de ensino-aprendizagem. Este grupo apresenta níveis diferentes de aprendizagem, demandando um trabalho pedagógico diferenciado, metodologias específicas, recursos e procedimentos distintos. Em nossa pesquisa, partimos da ideia de que muitos destes alunos podem aprender de maneira dinâmica e significativa se respeitado os limites e os interesses do educando.

A escola é um ambiente onde ocorrem interações de diferentes tipos, entre crianças e adolescentes portadoras ou não de necessidades especiais. Esse convívio às vezes não é fácil, uma vez que ainda existem pais que discriminam e passam essas ideias excludentes aos seus filhos. Cabe aos educadores um importante papel no que diz respeito à inserção de alunos com necessidades especiais no ambiente escolar, reforçando a ideia de que todos nós somos diferentes, independente de termos ou não uma deficiência intelectual e temos limitações para o aprendizado de determinada matéria, além de que a interação proporcionará troca de saberes.

O ensino da geografia para alunos com necessidades especiais, é desafiador para os professores. O conteúdo apresentado por esta disciplina deve ser integrado às demais áreas do conhecimento e buscar sempre que possível, dialogar com a realidade dos educandos, para possibilitar assim a aprendizagem significativa.

 Encontrei profissionais ao longo desses anos de graduação, que ensinavam através do método tradicional onde os recursos utilizados eram: quadro, caderno e o livro didático. Essas aulas em alguns momentos tornavam-se monótonas e não despertavam o interesse dos alunos gerando conversas paralelas e indisciplina da turma.

Partimos, nesta pesquisa, da ideia de que, de modo geral, mas principalmente no caso de alunos com necessidades especiais, a ciência geográfica poderia ser apresentada de maneira lúdica. O uso das tecnologias educacionais é um instrumento facilitador, como por exemplo, auxiliando a localização de um determinado lugar, para isso, podem-se utilizar alguns aplicativos que estão ao alcance dos educandos através de notebook, celulares e tablet.

Nesta pesquisa abordaremos a inclusão de um aluno com Sindrome de Down, uma doença considerada genética, afeta funções cognitivas do cérebro e seu portador tem características especificas como: olhos puxados para cima, implantação das orelhas mais baixa que normal língua grande e pesada, que são identificadas aparentemente. Antes de John Langdon Down, perceber essas semelhanças, eles eram chamados de idiota, mongoloide, imbecil, entre outros.

Estes alunos necessitam de muitos recursos visuais, pois estes lhe chamam a atenção e ajudam na concentração. Para auxiliar em sua aprendizagem, os professores de geografia poderiam usar recursos como: aplicativos de mapas virtuais, jogos, brincadeiras, imagens retiradas de revistas, fotografias, dentre outros, buscando sempre aproximação com o cotidiano.

Por isso, nossa preocupação recai dentro desta disciplina a necessidade de preparar atividades simples cotidianas, propondo a construção de uma escala geográfica, reconhecendo em mapas locais como sua casa, escola, bairro, cidade, País, continente, Planeta e Sistema Solar.

Entretanto, é plausível afirmar que, independente do público que se almeja trabalhar no contexto escolar, os programas, os currículos, as atividades e recursos pedagógicos farão diferença se o professor planejar as atividades e selecionar material didático de forma a servir a objetivos mais amplos e importantes do que apenas cumprir o currículo de base da disciplina.

Além disso, grandes discussões são geradas no sentido de definir as estratégias para inclusão de alunos especiais em escolas particulares e públicas. E, do mesmo modo, ampliar as reflexões sobre a melhor maneira para ensinar geografia para diferentes tipos de educandos, com deficiência ou não. Acreditamos que atividades diferenciadas, metodologias especificas, recursos e procedimentos pedagógicos são importantes, mas é necessária formação continuada para os docentes, maiores informações sobre a deficiência que o aluno em questão possui debates e palestras com os funcionários e demais alunos para facilitar o convívio do mesmo.

Diante do interesse pelos assuntos abordados na disciplina de Educação Especial Inclusiva, oferecida neste curso de Licenciatura e da convivência cotidiana de quatro anos com alunos do Colégio João XXIII, que faz parte da rede municipal de Ensino de Volta Redonda, RJ. A escola atende cerca de 1.100 alunos, cerca de 35 possui necessidades especiais ,dentre eles o João  que tem 19 anos ,cursando 1 ano do Ensino Médio ,portador da Síndrome de Down, simpático ,inteligente, carinhoso, chegou  na instituição em 2016.

Desde sua chegada, despertou a curiosidade em relação a sua doença, limitações na aprendizagem, inclusão em uma classe regular, currículo adaptado dentre outros. Por isso decide-se aprofundar nesta abordagem realizando esta pesquisa que tem como Objetivo Geral identificar os problemas e as limitações que um educando com Síndrome de Down, enfrenta no desenvolvimento de sua aprendizagem, a partir da análise do Ensino do Componente Curricular Geografia no Ensino Médio. 

Em relação aos objetivos específicos pretende-se: Verificar se a escola do ensino regular está preparada para incluir alunos com Síndrome de Down; Analisar se as estratégias de inclusão do aluno com Síndrome de Down fazem a diferença no processo de aprendizagem e desenvolvimento do educando; Analisar o currículo adaptado e o sistema de avaliação consideram as limitações de alunos com Síndrome de Down.

Para atingir esses objetivos, no primeiro momento foi apresentado um levantamento teórico de modo a contemplar o tema proposto, no segundo momento, dialogamos com autores que trabalham com educação inclusiva no ensino de geografia, coleta de dados através de entrevistas (questionários abertos), os entrevistados foram: Professor da sala de recursos, Professor regente de geografia ,Aluno portador da Síndrome de Down, Orientadora Pedagógica, Implementadora de Educação Especial, Diretor, Alunos da Instituição ,Inspetoras e mãe do educando. Além de atividades de observação e registro do desenvolvimento dele.

No capítulo 1, abordaremos a educação inclusiva, conceito e contextualização no Brasil. Apresentaremos trechos dos artigos das principais leis que colaboram para que alunos com necessidades especiais sejam incluídos em escolas regulares.

No capítulo 2, tratamos da inclusão, no município de Volta Redonda, RJ. Destacamos o aluno portador da Síndrome de Down, através de diversos questionários respondidos por profissionais, educandos e família podemos compreender com esta sendo sua inclusão dentro de uma escola regular.

No capitulo 3,  trouxemos duas propostas de atividades para o 1 ano do Ensino Médio ,com possibilidades para trabalhar o conteúdos através de um aplicativo de mapa virtual e outros recursos alternativos.

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO I

 

ENSINO INCLUSIVO

 

A educação Inclusiva aponta para a transformação da sociedade, é um processo onde é possível ampliar a participação de todos os estudantes nos Estabelecimentos de Ensino regular. Esse movimento gera uma exigência da transformação da escola, pois insere no ensino regular parte do grupo de discentes que são atendidos pela educação especial, cabendo a ela adaptar-se as necessidades deles, exigindo ruptura com método tradicional de Ensino.

 

Ensino Inclusivo ou Educação inclusiva em geral é compreendido como uma mudança repentina institucional que consiste no fim dos termos iguais versus diferentes, normais versus deficientes. A Educação inclusiva é uma educação totalmente voltada para a cidadania global, plena, inteiramente livre de preconceitos na qual valoriza as diferenças.

 

Inclusão é mais do que garantir o direito de acesso dos alunos as instituições de ensino regular. As escolas devem oferecer oportunidades de conviverem e aprenderem juntos discentes com e sem deficiência. O objetivo consiste em eliminar os obstáculos que limitam a aprendizagem e a participação do educando no processo educativo. A inclusão prediz a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática de todos os estudantes.

Na escola inclusiva, o processo educativo precisa ser entendido como um processo social no qual alunos portadores de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem tenham direito a escolarização, de acordo com parâmetros estabelecidos pela Base Nacional Comum, adequados às limitações que este apresentar.

A inclusão no Brasil se configura em um processo complexo, que está se desenvolvendo lentamente, entretanto ao referir à escola inclusiva deve-se ter cuidado e a clareza para o que realmente se quer, pois ao falar nas diversidade pode-se reforçar uma determinada deficiência, ou seja, eliminando a possiblidade de agrupar alunos e de identificá-los por uma de suas características, valorizando alguns em detrimento de outros e mantendo escolas comuns e especiais.

Cada ser é único e tem suas particularidades, no qual devem ser respeitadas visando sempre à necessidade de priorizar habilidades e competências, evitando, desta maneira atitudes discriminatórias em ambientes públicos e escolares, proporcionando que uma pessoa especial tenha maiores oportunidades de se desenvolver socialmente e intelectualmente no grupo.

De acordo com Cury (2002) é preciso fazer a defesa da igualdade como princípio dos direitos humanos, da cidadania e da modernidade. Políticas de educação igualitária respondem por uma escolarização em que os estudantes possuem os mesmos direitos, sem nenhuma discriminação de sexo, raça, etnia, religião e capacidade, todos frequentando os mesmos claustros, isto é, tendo acesso, permanência e sucesso nas etapas da educação básica. Trata-se de efetivar a igualdade de oportunidades e de condições ante um direito inalienável da pessoa – a cidadania e os direitos humanos.

No entanto a Educação Inclusiva ainda encontra desafios a serem superados. A maioria das escolas regulares não possuem professores com a formação especifica na quais possam entender o que é inclusão, os direitos dos alunos com deficiência e os deveres da escola e do Estado mediante ao mesmo, assim fica impossível estabelecer metas a ser alcançadas. A estruturação das escolas torna-se outro desafio, pois a maioria dos prédios não obedecem as normas previstas na lei da acessibilidade, além da falta de adaptação dos currículos escolares para os alunos inclusos, pois não são todas as propostas pedagógicas que atendem suas necessidades ou estão elencadas de acordo com suas possibilidades.

A inclusão ainda é um assunto muito debatido que gera discussões e duvidas acerca do que é mais adequado tanto para crianças especiais quanto para as normais. As leis garantem aos portadores de deficiência, direitos e deveres tornando-o iguais, para que seja aceito pela sociedade sem discriminação e preconceito, a realidade, no entanto, é  completamente diferente, estamos longe ser uma sociedade inclusiva onde as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência sejam tratadas como cidadãs e tendo seus direitos  respeitados.

Analisaremos algumas leis para portador de deficiência, enfatizando aqueles que possuem Sindrome de Down, também conhecida como trissomia 21, que acarreta 47 cromossomos em toda ou maior parte das células do individuo que a possui. Foi descrita pela primeira vez em pelo médico John Langdon Down ,percebeu que havia nítidas semelhanças fisionômicas entre determinadas crianças ,com retardo mental ,dentre as características destacam-se : olhos amendoados ,cabelo liso e fino,  nariz  pequeno e achatado , orelhas pequenas localizadas abaixo dos olhos entre outras .Não existe graus para essa anomalia genética ,os desenvolvimentos dos indivíduos portadores dela ,está relacionado ao estimulo e incentivo que recebem principalmente durante a primeira infância e sua carga genética herdada de seus pais ,como nos demais indivíduos.

Por sindrome de Down entende-se o grupo de anomalias, que ocorrem conjuntamente e cuja etiologia é comum a todas elas. p. ex. a trissomia do cromossomo 21,que provoca retardo mental ,micrognatia ,implantação baixa das orelhas e etc. Todas alterações decorrentes da presença de três expressões do cromossomo 21.(PIATO,2009,P.58)

Para garantir seus direitos, foram sancionadas algumas leis e diretrizes que buscam igualdade desses cidadãos socialmente, priorizando questões como conscientização e educação. O conhecimento é cumprimento delas tornam o caminho para a construção de uma sociedade aberta as diversidades e a participação de todos para uma educação inclusiva .

Analisando a nível internacional temos a Declaração de Salamanca, elaborada na conferência Mundial sobre Educação Especial, na Espanha 1994, fornece diretrizes básicas para a formulação e reforma de politicas e sistemas educacionais de inclusão social. É o resultado de uma tendência mundial que consolidou a educação inclusiva, sua origem foi atribuída aos movimentos de direitos humanos surgidos na década de 60 e 70.

A declaração de Salamanca é também considerada inovadora porque conforme diz seu próprio texto, ela “... proporcionou uma oportunidade única de colocação da educação especial dentro da estrutura “educação para todos” firmada em 1990(...) promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia de inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem. (Menezes; 2001)

Na lei suprema de nosso País, promulgada em 05 de Outubro de 1988,no capítulo III (Da Educação ,da Cultura e do Desporto, Seção I da Educação ,os artigos 205 a 214, garantem acesso a educação ,deveres dos Estados ,União e municípios ,cotas, recursos ,dentre outros ,destacamos o artigo 205 que diz:” A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família , será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade , visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e qualificação para o trabalho “

Observa-se que o artigo apoia o direito de todos, incluindo portadores de deficiências, ao ensino devendo ser qualificados para o trabalho. É dever de o Estado garantir que seja cumprido, a importância do conhecimento desta é que pode evitar a discriminação em algumas instituições que não oferecem vagas mesmo estando disponíveis.

Ainda analisando as leis Federais, temos a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação ),criada para regulamentar e ordenar a educação brasileira , aprovada em dezembro de 1996, com o número 9394/96.Conhecida popularmente como Lei Darcy Ribeiro , em homenagem ao educador brasileiro e político que foi um dos principais formuladores dela .Composta por 92 artigos ,versa diversos temas desde Educação Infantil ao Ensino Superior .Em seu capítulo V, cujo título é da educação especial ,os artigos 58,59 e 60 estabelecem regras e direitos para portador de deficiências . Destacamos o artigo 58, que diz :”Entende-se por educação especial para os efeitos desta Lei , a modalidade de educação escolar , oferecida preferencialmente na rede regular de ensino , para educandos portadores de necessidades especiais .”

Observamos que o ensino deve ser oferecido preferencialmente  dentro de classes regulares ,tendo direito a serviço especializado para atender suas necessidades, tendo inicio na educação infantil , currículo adaptado ,visando sua integração na sociedade e mercado de trabalho.

No ano de 2015, no dia 06 de Julho foi criada a Lei n 13.146, que representa um grande avanço na inclusão de pessoas com deficiências, trata de questões relacionadas a acessibilidade, educação, trabalho e o combate ao preconceito e discriminação .Também é conhecida como Estatuto da pessoa com deficiência . Dispõe em seus capítulos temas como: Saúde, Educação, Vida, Justiça, Cultura, esporte,  tecnologia crimes ,infrações administrativas ,entre outros. “O capítulo IV- Do Direito a Educação, nos artigos 27, 28,29 e 30, destaquemos o artigo 27que traz em seu texto.” A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis de aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo de desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais ,segundo suas características ,interesses e necessidades de aprendizagem.”

Esta lei representa uma vitória significativa, pois nela contém a mudança da compreensão da palavra “deficiência “.Antes a visão que existia era que a palavra se tratava da condição das pessoas , hoje ela é entendida como uma situação de espaços sendo eles físicos e sociais , que não estão aptos para recebê-los .

Observamos através desses fragmentos das leis que elas são de suma importância para todos os portadores de deficiência, trabalhando suas habilidades e competências para seu desenvolvimento no mercado de trabalho.

No próximo capítulo abordaremos, a inclusão no município de Volta Redonda ,analisaremos o Plano Municipal de Educação ,Lei Municipal n 5.345- 2015 até 2024, na sua meta IV – Educação Especial /Inclusiva, dando ênfase ao estudo de um aluno com Síndrome de Down.

 

 

CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA PESSOAS COM SINDROME DE  DOWN EM VOLTA REDONDA

Volta Redonda, conhecida como a “cidade do aço” está localizada, na micro região do Médio Paraiba Fluminense  no Estado do Rio de Janeiro. Foi criada em 17 de Julho de 1954. Segundo senso demográfico de 2010, a população era de 257.803 habitantes, destes 55.730 possuíam deficiências, porém não foram especificados suas faixas etárias ou processo de escolarização. (Plano Municipal de Educação de Volta Redonda-SME-Lei Municipal n 5.345- 2015 até 2024)

O trabalho de Inclusão neste município teve início com a APAE, ampliando-se e estendendo para a Fundação Beatriz Gama; Em 1981, foi criado o centro municipal da pessoa deficiente ligado a Secretaria Municipal de Educação; No final de 1990,foi criado a SMAC (Secretaria Municipal de Ação Comunitária), onde apoio aos deficientes passam a pertencer a esta secretaria ;Em 1992, definiu-se a partir de um seminário a criação de escolas especializadas , atualmente existem Três ,são elas: Escola municipal Especializada Dr.º Hilton Rocha, Escola Municipal Especializada Professora Dayse Mansur Costa Lima e Sítio Escola Municipal de Integração do Autista Thereza Aguiar Chicarino de Carvalho /SEMEIA. Atualmente a proposta pedagógica de inclusão, inicia-se na Educação Infantil, onde forma-se a base necessária para o conhecimento global do estudante se estendendo até o Ensino Médio. (Plano Municipal de Educação de Volta Redonda-SME-Lei Municipal n 5.345- 2015 até 2024)

Segundo relatos da Secretária Municipal de Educação, a inclusão no munícipio se tornou realidade em 2005, ano em que cresceram o numero de matricula de alunos portadores de deficiência na rede regular de ensino ,anteriormente eram matriculados em escolas especiais ou classes especializadas. O governo municipal investiu em diversas iniciativas como seminários, palestras, oficinas, estudo de caso e atendimento de técnico. Esses conjuntos de medidas tem como finalidade auxiliar as escolas n atarefa de deixar para trás um modelo segregador que vigorou por muito tempo na sociedade. . (Plano Municipal de Educação de Volta Redonda-SME-Lei Municipal n 5.345- 2015 até 2024)

Recentemente cerca de seiscentos alunos portadores de deficiências estão  matriculados na rede pública municipal de ensino incluídos em classes regulares. São alunos com surdez, cegueira, deficiência intelectual, deficiências múltiplas e Transtorno de Espectro Autista (TEA). (Plano Municipal de Educação De Volta Redonda- SME- Lei Municipal nº5. 345- 2015 até 2024).

Ao adaptar o atendimento oferecido às necessidades dos alunos, a rede de ensino disponibiliza instrutor, tradutor e intérprete de Libras, bem como auxiliar de educação, cuidador para os alunos com necessidades de apoio para as atividades de higiene, locomoção, alimentação entre outras que exijam auxílio constante no cotidiano escolar.

Além do mais, atendendo à Politica Nacional de Educação Inclusiva, o município de Volta Redonda tem buscado proporcionar ao aluno Atendimento Educacional Especializado (AEE), no contra turno escolar.  Em salas de recursos multifuncionais, que atualmente são 10, atendendo a 160 estudantes, por isso os docentes são estimulados a adotar práticas pedagógicas individualizadas para eliminar obstáculos e promover o desenvolvimento dos alunos. Os profissionais também participam constantemente de reuniões para estudar os casos dos alunos, novas definições e estratégias adequadas educacionais. (Plano Municipal de Educação De Volta Redonda- SME- Lei Municipal nº5. 345- 2015 até 2024).

A rede municipal de ensino de Volta Redonda possui oitenta e dois alunos com TEA, (Transtorno de Espectro Autista), matriculados em escolas regulares que contam com uma consultoria especializada de psicopedagogia, fonoaudiologia e especialista no Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados com à comunicação. Os profissionais realizam visitas técnicas nas escolas municipais para acompanhar o desenvolvimento destes alunos e orientar docentes, equipe pedagógica e diretiva quanto às atividades adequadas para cada um. A mesma ainda conta com duas escolas especializadas no atendimento ao autista, uma conta com oitenta alunos na faixa etária de seis a catorze anos e a outra conta com oitenta e dois alunos com idade acima de quinze anos. As escolas têm buscado desenvolver metodologia diferenciada na qual o aluno desenvolva autonomia nas tarefas cotidianas. (Plano Municipal de Educação De Volta Redonda- SME- Lei Municipal nº5. 345- 2015 até 2014).

  O município oferece a esses estudantes transportes em veículos especiais com a presença de monitores para acompanha-los no trajeto diário de casa ate a escola. O mesmo ainda conta com equoterapia para 120 alunos com deficiência e com TEA.

Em 2009, novas escolas da rede municipal foram construídas e outras foram reformadas tendo seu projeto ampliado e contemplado com adequações de acessibilidade. Desde 2012, foram ao todo vinte e quatro escolas selecionadas pelo Ministério da Educação (MEC) com o programa Escola Acessível, recebendo verba complementar para adaptação física do prédio. A meta do programa é promover acessibilidade em cem por cento das escolas regulares.

2.1. Entrevistas

Tendo em vista a abordagem do tema Síndrome de Down esta pesquisa irá focar na Inclusão do aluno João (pseudônimo criado para ocultar identidade dele ), dentro de uma escola pública de ensino regular.  Ele é portador da Síndrome de Down, estuda no colégio João XXIII, tem 19 anos, sempre estudou em escola pública, na primeira infância teve acompanhamento da APAE. Começou na rede regular por volta dos quatro anos, na educação infantil, no início teve dificuldade de adaptação, que foi sendo contornada pela escola com a ajuda da professora auxiliar que acompanhava na socialização com os colegas da turma. Hoje está cursando o Ensino Médio, em outra escola onde não teve maiores problemas para adaptação, já que seguiu com muitos colegas conhecidos de anos anteriores onde cursou Ensino Fundamental. Apresenta comportamento semelhante aos outros jovens tendo afinidade com uns, às vezes, se indisponibilizando com outros. O aluno demonstra estar adaptado, gosta da escola, dos professores e dos colegas de classe.

 Segundo Relatado pela mãe, em 2016 ao seu filho iniciar os estudos nesta Unidade achava que faltava capacitação de alguns profissionais, pois, seu filho permanecia na instituição no período vespertino onde copiava textos e corria. Porém  a situação modificou-se e nos  demais anos foram inseridas algumas atividades que  correspondiam com sua idade cronológica, com ajuda da mediadora, professora e orientadora pedagógica, com materiais concretos, mapas, jogos e computador, ele vem abstraindo e construindo sua aprendizagem como os demais discentes.

Com o intuito de compreender o processo de inclusão na rede municipal de Volta Redonda, realizamos entrevistas com os principais envolvidos no processo formativo do aluno João, portador da SD. Foi entrevistada a responsável a professora pela Sala de recursos da escola, o professor regente de geografia da classe do aluno , uma Orientadora Pedagógica, a mãe dele , uma implementadora de Educação Especial, duas mediadoras, duas inspetoras, dois alunos, o diretor da escola e o aluno portador da  SD.

Professora, responsável pela Sala de recursos: “Como mediadores do ensino aprendizagem, temos que ter o comprometimento de acolher alunos com necessidades especiais e quando o mesmo é feito com amor se torna inexplicável, mágico, os sonhos se multiplicam, a vontade de vencer, ser incluídos, de serem tratados como um ser capaz, que ao seu tempo irá alcançar objetivo, a constituição garante igualdade para todos. Porém esse sonho vai se tornando difícil, quando deparado com a infraestrutura, prometida, mas pouco cumprida pelas esferas federais, estaduais e municipais, começa com número grande de crianças em uma sala de aula, falta informação continuada para todos os professores envolvidos no processo, preparação de famílias e alunos para receberem alguém diferente, o que não deveria ser entrave, pois, “Ser diferente é normal” ninguém tem as mesmas habilidade e competências do outro, logo muito se fala e pouco se age. O professor precisa atender necessidades especificas de cada aluno e logicamente um discente com necessidades especiais, irá requerer atenção especial, que mesmo com uma auxiliar, muitas vezes não capacitada, pouco ajudará, irá controlar seu comportamento, ajudará a fazer uma atividade, mas não no crescimento do aluno da sala de aula. Incluir não é integrar, vai muito além é proporcionar ao educando com necessidades especiais, tratamento e aprendizagem igualitária, respeitando o tempo de cada um, colocar um aluno em classe regular, só para dizer, que incluiu, torna-se uma das maiores exclusão, e joga-lo ao acaso a mercê de uma sociedade exclusiva e discriminadora. Precisa-se investir na qualificação profissional, que já estão em sala de aula, preparando para as transformações na aprendizagem desses educando, inserir no grupo social, classe escolar, com infraestrutura adequada, com atendimento especializado quando necessário, com uma equipe administrativa também preparada, assim no futuro teremos uma escola inclusiva. Contudo não se pode culpar a SME, por tudo já que o quadro de pessoas para atender todas as escolas de Volta Redondas é defasado, impedindo que visite e capacite todos os envolvidos. Dessa maneira o trabalho é terceirizado, recebendo poucas visitas, sendo assim a escola, professores, orientação e direção tentam fazer o melhor possível”.

Professor de Geografia do João no 1º ano do Ensino Médio: “Se torna difícil por que não recebemos formação continuada e apoio direto de todos envolvidos no processo de ensino aprendizagem. Além do aluno com essa deficiência encontramos em uma turma, alunos com outras dificuldades o que se torna inviável para atender necessidades de todos. Também não tem uma ficha com informação de suas potencialidades, cobro muito da SME, mas não tive grande retorno, apenas algumas informações, para adaptar currículos e algumas visitas e ajuda pedagógica. Na reunião com a implementadora que aconteceu este ano faltou essa ajuda para ensinar os professores para trabalhar com alunos inclusos, senti falta de informações teóricas sobre os alunos e sugestões de atividades práticas. Conto com apoio de uma mediadora, uma vez que ela ajuda a passar as atividades, orienta como fazer e controla o comportamento, quando está agitado, quanto as atividades é normal, como todos os alunos, às vezes atinge, outras não, demostra interesse em aprender e socializa comigo e com os colegas, sinto que serviu para meu crescimento profissional”.

Mediadora: “O papel da mediadora é ajudar e orientar alunos com deficiências em suas dificuldades cotidianas dentro do espaço escolar. As atividades ficam arquivadas em pastas que são separadas por disciplinas, posteriormente são encaminhadas para implementadora. Elas vêm da SME, são repassadas em reuniões com nossa implementadora e na escola são selecionadas com auxílio da Orientadora Pedagógica. Alguns professores trazem atividades e provas diferenciadas para aluno com SD, outros deixam ao nosso cuidado. Ele se adapta bem as atividades proposta de acordo com currículo funcional, nas aulas de informática faz atividades de produção de texto e jogos educativos. Nas aulas de Educação Física, gosta de jogar sozinho, nestas aulas não necessitam de nosso acompanhamento, pois é um momento de socialização com outros alunos. Minha relação no começo com aluno foi complicada, pois ele gostava de correr pela escola não parava em um lugar na sala de aula, não era organizado tinha preguiça e não fazia atividades, aos poucos foi realizando as mesmas e a mãe teve um papel importante porquanto ela sempre se interessava pelas atividades e comportamento dele. Tenho uma boa relação com professores também, porém no inicio foi difícil, pois muitos acham que uma pessoa dentro de sala, atrapalha a aula e tira a concentração dos educandos. Os orientadores até tentam ajudar, mas alguns não têm conhecimento e nem experiência suficiente na área. Tenho uma boa relação com a turma, os demais alunos procuram conversar, respeitam e sempre propõe a ajudar cuidar do aluno”.

Orientadora Pedagógica: “Em média são 35 alunos em sala de aula, em torno de 1100  alunos distribuídos nos turnos matutino e vespertino da Unidade de Ensino. Na escola tem 35 alunos inclusos, alguns não possuem laudo. Eles apresentam deficiência física, Síndrome de Down, TDA, TDAH, baixa visão, transtorno esquizotipico, transtorno emocional, micropoligiria, pielonefrite crônica. Quando recebemos um aluno de inclusão, o laudo deveria ser entregue na matricula nem sempre é feito este procedimento. Ao perceber que o aluno pode apresentar alguma anomalia ou transtorno, chamamos os responsáveis e conversamos. Posteriormente comunicamos a secretaria municipal de Educação. Recebemos algumas orientações da SME, o acompanhamento deles é realizado através de visitas das implementadoras e relatórios que são enviados bimestralmente. Alguns discentes recebem atividades diferenciadas, currículo funcional, como é o caso do aluno com Síndrome de Down. Outros acompanham a turma e fazem as mesmas atividades. Procuramos ajudar os professores sugerindo atividades, fazendo discussões pedagógicas com exemplos de inclusão com isso procurando sanar duvidas e dificuldades dos Educadores, mas sabemos que esse tempo não é suficiente, pois os mesmos têm diversas atividades a cumprir, turmas numerosas e indisciplinadas que muitas vezes impede que o professor auxilie um aluno especial. Falta na Instituição  alguns materiais didáticos específicos  e sala de recursos. O início do aluno em 2016, foi trabalhoso, pois houve dificuldades dos professores em trabalhar com um aluno incluso sem o acompanhamento de um profissional ,não tínhamos conhecimento das potencialidades do aluno e nem auxilio da mediadora. Alguns dias acompanhei o aluno em sala de aula, organizei seu caderno separando as disciplinas por cores. Observei que em diversos momentos ele apenas momentos ele apenas copiava textos. “

             Mãe do aluno com SD: “Com a chegada de um filho com SD, fomos preparados para as dificuldades que iriamos enfrentar, a escola foi uma delas, pois era preciso adapta-lo, inclui-lo, para que conseguisse adquirir conhecimentos, sabendo que apresentaria dificuldades em relação à aprendizagem e socialização. Tendo frequentado várias escolas, ele está hoje no ensino médio na Escola João XXIII, é um rapaz amoroso, mas com dificuldades e problemas de um jovem como os outros tanto no comportamento, quanto em aprender, o importante é que ele gosta de ir à escola. Se sente bem em estar no Ensino Médio, gosta dos professores, alunos, todos da escola, está bem integrado e não reclama de discriminação. Terminando essa fase de estudo pensa em trabalhar, ter seu dinheiro, a escola ajudou no seu desenvolvimento social e intelectual, vejo a inclusão como aliada, pois convivendo com outros alunos foi um crescimento para ele.”

 Inspetora da escola: “Sou funcionária do Estabelecimento de Ensino há 04 anos. Quando iniciei em 2014, em meu setor de trabalho tinha apenas um aluno incluso, porém em 2015 este número aumentou para 05 e atualmente tem em torno de 15 alunos. Ao longo desses anos, só teve uma reunião que foi realizada no mês de março do corrente ano, ela teve a participação de todos educadores e foi realizada com apoio da implementadora, porém não foi válida, no entanto a responsável demonstrou pouco conhecimento prático e teórico do assunto e nem levantou estratégias para trabalhar cotidianamente com eles. Os alunos, sempre demonstram respeito e cooperação, isso também é demonstrado por todos os funcionários, alguns até demonstram um afeto especial por estes. Porém alguns professores os tratam com indiferença, não se preocupam em elaborar atividades diferenciadas, já presenciei até situações de deboche com o aluno que necessita de material de suporte diferenciado. Acho que orientadores pedagógicos, educacionais e a direção poderiam realizar capacitações com todos os funcionários e professores, pois minha maior dificuldade de trabalhar com eles se resumem na falta de conhecimento, pois tenho medo de demonstrarem atitudes agressivas e acabar ferindo alguém. Iniciei este ano trabalho com aluno que apresenta Síndrome de Down, ele é tranquilo, quando chega à sala rapidamente entra e senta , parece ser um aluno disciplinado, não sai muito durante as aulas, quando sai sempre Acompanhado da mediadora. Ela sempre traz jogos, atividades e o acompanha nos momentos vagos e nas aulas de educação física. É aceito pela turma e por alguns professores.”

Implementadora de Educação Especial: “Trabalho há dois anos como implementadora de Educação Especial é algo gratificante e desafiador. Procuro sempre ajudar às mediadoras e orientadoras, através de alguns encontros onde debatemos nossas dificuldades e estabelecemos estratégias para saná-las. Como o tema Inclusão Escolar é novo há muitos professores, orientadores e funcionários, inseguros, por isso, procuro nas palestras repassar o máximo de informações de maneira clara e objetiva. O ideal seria nos reunir mensalmente para discutirmos a realidade de cada um e levantarmos possíveis soluções. Os Estabelecimentos de Ensino poderiam ter uma estrutura física e profissional para facilitar a acessibilidade. Em média são 35 alunos em uma turma, o ideal seria ser menos, porque com um grupo pequeno o professor consegue dar atenção a todos, sanando as dificuldades de aprendizagem. Não existe regra específica quanto ao número de alunos inclusos em uma sala, em algumas encontramos de 02 a 03. Torna-se complicado trabalhar com esta quantidade de educandos, por isso aconselho aos educadores, dividir o tempo de suas aulas, explicando o conteúdo e exercício para todos e disponibilizando pelo menos dez minutos dando atenção maior para alunos inclusos. Com relação à avaliação são avaliados de acordo com critérios estabelecidos por lei e P. P. P(Projeto Político Pedagógico) da escola, isso depende do grau de dificuldade de aprendizagem ou deficiência que apresentam. Alguns têm atividades adaptadas e currículo funcional, outros acompanham a classe realizando a mesma atividade. Acho que seria importante abordar com discentes essas diferenças no cotidiano, porquanto assim desenvolve o senso critico deles e assim eles conseguem analisar o aluno incluso como um ser com diversas potencialidades e habilidades apenas diferentes em alguns aspectos”.

Mediadora: “iniciei este ano o trabalho este ano com este aluno, mas já desempenho  esta função há um ano e meio e até o momento não tinha experiência com portadores de Síndrome de Down. Minha função  é mediar e auxiliar o aluno em seu processo de  ensino-aprendizagem ,diferente de cuidadora, termo que algumas vezes me é  atribuído, ela  apenas auxilia em atividades cotidianas. O treinamento das  capacitações é insuficiente, pois o tempo é curto, nele ouvimos palestrantes que trabalham na área e demonstram suas experiências através de apresentações e apostilas, mas alunos são diferentes e não se pode comparar. Temos uma boa relação, nos interagimos sempre, ele é carinhoso, atencioso, comunicativo e gosta de copiar matérias dadas. Tem autonomia não precisa levar ao banheiro e nem para lanchar. Na educação física e no recreio gosta de ficar próximo  a mesa de ping pong. Em relação aos professores através de diálogos curtos, brincando, todos dão atenção quando solicitado, busca sempre marcar presença se sentindo importante. Tenho uma boa relação com professores e orientadores, visto como sempre que procuro esses profissionais estão dispostos a ajudar e escutar para melhorar o processo ensino aprendizagem. Também tenho uma boa relação com a família, pois gostam do trabalho que vem sendo realizado. As atividades são adaptadas de acordo com cada nível de desenvolvimento do aluno, mas são poucos que as trazem e que explicam tarefa a ele. A maior dificuldade desta função é o conhecimento das matérias para acompanhar o currículo escolar. Na minha opinião este profissional deveria ser formado na área educacional, pois muitos não possuem subsídios para mediar processo ensino aprendizagem.

 Inspetora 2: “Atuo nesta função  há 06 anos na disciplina, desde que  iniciou tinham alunos inclusos, porém em 2015 aumentou a quantidade.  Porém há uma grave falha por parte da equipe diretiva, pois não avisam quem são alunos e nem qual necessidade apresentam. Não tem o hábito de fazer palestra. A única que teve ocorreu este ano, no turno vespertino, porém foi uma breve explicação e não proporcionou nenhuma visão de como trabalhar com alunos. Seria importante o SOE (Serviço de Orientação Educacional), estabelecer  uma tabela com nome desses alunos, o que apresentam, maneiras de trabalhar e cuidados a serem tomados. Já percebi alguns educandos fazendo bullying, com estes alunos, chamei atenção e encaminhei para orientação educacional que os advertiu e comunicou o ocorrido aos responsáveis. Mas a maioria dos alunos e funcionários aceitam e respeita, porém alguns professores não aceitam esses tipos de brincadeira em sua sala de aula, e retira os alunos, pois não querem que o incomodem. A maior dificuldade em trabalhar com eles é a falta de conhecimento, uma vez que não conseguimos entender algumas atitudes deles e em algumas situações não sabemos como agir. Trabalhei com aluno que possui Síndrome de Down durante dois anos, o inicio foi difícil, pois não tinha o auxilio da mediadora, saia várias vezes da sala, corria nas rampas e corredores, às vezes respondia quando era advertido, sua sexualidade era aflorada costumava ter reclamações de abraços bem apertados em meninas e até funcionários. Tinha um carinho especial pelas professoras de Ciências e Português. Queria ficar o tempo todo só com elas. Ano passado chegou à mediadora, foi um pouco mais tranquilo, porém em vários momentos ele saia da sala correndo pelos corredores para mostrar atividades para alguns profissionais da escola. Na sala de aula não ficava sentado no seu lugar e no início da aula, na ausência do professor, e nas aulas de educação física ficava sozinho tinha uma dificuldade para socializar. Ele foi aceito por todos os alunos nas turmas ao qual ele estudou”.

João, o aluno com SD: ‘’Não foi muito fácil no começo, até quando a professora dividia em grupos, ficava esperando ser escolhido. Tem crianças que não nos aceitam muito bem, pais que não chamavam para aniversário as pessoas parecem que tem medo de mim, já fui chamado de retardado. Os anos passaram, parece que hoje viram que posso aprender e ser amigo, já tem respeito, às vezes acho que até esqueceram que eu sou um “diferente”. Eu troquei de escola, porque nos mudamos de São Paulo para esta cidade, desde que cheguei aqui, fiz vários amigos, brincam comigo ,me ajudam me sinto igual a eles. . Quando alguém quer mexer comigo, logo vem alguém para me proteger. Quando terminar meus estudos quero trabalhar, ter meu dinheiro e andar de ônibus sozinho “

Diretor da escola: “a estrutura física do prédio não é adequada de acordo com a lei da acessibilidade, por exemplo, podem-se citar as rampas que são inclinadas e dificultam a subida e descida, em 2015 foi adaptada a entrada principal, pois só havia degraus e a falta de banheiros nos andares pois só temos no térreo. Recebemos algumas informações nas reuniões, as capacitações são direcionadas as orientadoras educacionais e pedagógicas. Nem sempre dentro do colégio conseguimos repassar essas informações para todos os funcionários e professores. Com relação aos alunos, os orientadores educacionais e professores conversam com os discentes em sala de aula demonstrando a importância de acolher e todos ser tratados iguais. Com relação à matricula dos alunos alguns pais procuram o conselho tutelar e secretaria municipal de educação, que nos encaminham um oficio por isso oferecemos a vaga mesmo sem estrutura. Em estados como São Paulo, desde 2015,existe uma lei estadual que limita o numero de estudantes em classes com alunos inclusos ,porém em nossa escola seguimos a determinação da lei municipal e nossas classes com alunos inclusos tem em média 35 alunos. Eles  são automaticamente enturmados não temos uma lei que especifica quantidade por sala, em algumas temos até dois alunos juntos, somente devemos levar em consideração o histórico e idade deles. Ao receber um aluno com síndrome de Down encontramos algumas dificuldades pois seus  portadores possuem características próprias como olhos e cabelos onde rapidamente são identificados e alguns com medo e insegurança não se relacionam com eles. Analiso o papel das mediadoras como essencial para a aprendizagem, pois auxiliam os professores na hora das atividades, além de proporcionar ao aluno algo significativo e ao mesmo tempo o educando recebe atenção o tempo todo. A família é importante, pois esse acompanhamento faz com que se os sintam motivados, mas em alguns casos os mesmos atrapalham, pois não aceitam que os educandos façam atividades adaptadas e nem tenham auxilio da mediadora.”

Aluna da escola: “Estou cursando o 9º ano do Ensino Fundamental, não sei  o que significa inclusão escolar, mas já pesquisei  na internet o termo inclusão social, pois me  chama a atenção. Convivo  com um irmão que tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), apesar de sua idade biológica se comporta como uma criança de 08 anos é inteligente, exige que toda família tenha paciência e cuidado. Se tivesse um aluno incluído na minha  sala receberia a mesma atenção e respeito com a qual trato  os  demais colegas da turma, iria ajudar  nas tarefas escolares. Se presenciasse caso de bullying contra pessoas portadoras de necessidades especiais conversaria , para que parasse com essa atitude e caso não resolvesse procuraria a Orientadora Educacional. Não convivo com nenhuma pessoa que tenha  síndrome de Down e não sei  nada sobre a doença”.

Aluno da escola: “Tenho 16 anos, estou cursando o 1º ano do Ensino Médio e o aluno portador de SD está estudando minha turma. Não sei explicar o que é inclusão escolar, nunca foi abordado o assunto  por nenhum professor ou orientador, na sala de aula. Em minha  família, ou entre seus amigos não convivo com nenhum portador de necessidade especial. Me sinto  normal perto dele, porém no começo sentia medo de me aproximar e ele me tratar com agressividade. Acho  normal ter um aluno “incluído” na turma, convivo com ele  igual aos demais colegas e procuro ajudá-lo mesmo quando ele está acompanhado. Não tenho nenhuma informação sobre a síndrome de Down. Na classe ninguém pratica bullying com ele, mas se praticasse pediria para parar com essas brincadeiras e se colocar no lugar do outro porque ele não tem culpa de nascer assim. São poucos os professores que chegam próximo a ele para explicar os exercícios a maior parte do tempo ele fica fazendo alguns exercícios diferentes sendo ajudando pela “tia” que cuida dele.

            A partir das entrevistas realizadas destacamos algumas importantes observações. O docente de geografia descreveu que o desenvolvimento do aluno SD é como de todos os alunos, às vezes tem dificuldades, mas com capacidade de aprendizagem. Afinal todo ser humano tem habilidades e competências que difere um dos outros. João já compreende o espaço geográfico, tendo noção de escala geográfica.

A mediadora, acompanha, ajuda, mas deixa que ele desenvolva as atividades de maneira independente, ela está acompanhando o aluno há algum tempo e nota que o mesmo se esforça, convive bem com os outros colegas e teve crescimento cognitivo.

Com a implementadora pode-se saber que em sua opinião os estabelecimentos de ensino deveriam ser adaptados para receber os alunos com qualquer tipo de deficiência e os profissionais devem ser capacitados para recebê-los.

Conforme o depoimento da mãe do aluno, a criança com SD tem maiores possibilidades de crescimento social e intelectual quando convive com alunos do ensino regular, pois convivendo com as diversidades há crescimentos, tanto de seu filho como dos demais envolvidos no processo ensino aprendizagem.

Segundo a inspetora João é um aluno como os outros, que às vezes se comporta bem, outras não, gosta de brincar, estuda nas horas que está na sala e convive bem com todos.

 Conversando com os alunos  nota-se que o colega é bem aceito pelo grupo, que não há diferença no relacionamento com ele ou com outro amigo da classe, não demonstraram discriminação aceitando diferenças, convivem bem dentro e fora do espaço escolar.

O diretor da escola, disse que seus direitos são garantidos por lei, que a verdadeira inclusão só será realmente concretizada, quando todos os indivíduos envolvidos, forem capacitados para receber alunos com qualquer tipo de deficiência, que o aluno citado está inserido na escola como os demais e que há respeito às individualidades de todos dentro da escola que o mesmo frequenta.

Neste sentido observamos que poderiam ser feitos alguns ajustes na estrutura dos prédios, para que estivessem de acordo com as normas estabelecidas pela lei da acessibilidade, auxiliando na locomoção de todos.

Além disso, poderiam promover capacitações para todos os profissionais da Educação e que esta estivesse de acordo com a necessidade da Instituição, conforme relato transcrito destes observa-se que o conteúdo das capacitações ,quando estas são realizadas ,não sanam as dúvidas e não auxiliam no desenvolvimento de atividades cotidianas que realizam com eles. Estas informações contradizem o que foi relatado pela Secretaria se Educação, onde falou que todos recebem capacitação.

Em relação aos alunos que convivem com portador de Síndrome de Down precisariam receber informações sobre sua anomalia, informando suas características e limitações, pois eles convivem em média seis horas diárias e nos momentos de socialização onde não fica acompanhado da mediadora e observamos são poucos profissionais para acompanharem, desta maneira pode-se afirmar que há dificuldade em acompanhar todas as situações que ocorrem ,por este motivo os educandos necessitam saber como se comportar em uma situação de emergência que envolva ele e o momento oportuno para pedir auxílio de um profissional da Instituição .

Sabemos que o currículo é extenso, exigindo trabalho constante de professores e orientadores, porém existem momentos oportunos como aulas vagas ou intervalos onde poderiam através de uma conversa rápida repassar essas informações, observa-se falha de comunicação entre eles.

Concluímos através destas análises que a Rede Municipal de Ensino atende as exigências previstas em leis ,assegurando para este aluno uma mediadora para acompanhar suas atividades e auxiliar os regentes tutores e currículo adaptado de acordo com exigências previstas em seu laudo médico .

No próximo capítulo analisaremos os aspectos especificamente relacionados ao ensino da geografia.

 

                                                 CAPÍTULO III

O ENSINO DE GEOGRAFIA PARA ALUNOS PORTADORES DE SINDROME DE DOWN

 

A geografia é uma ciência que permite ao homem compreender o espaço geográfico, desenvolvendo habilidades e competências que possibilite fazer a leitura de mundo, dentro de uma escala geográfica, compreender os diversos fenômenos que ocorrem e adquirir noção espaço temporal.

No ensino de geografia, os objetos do conhecimento são os saberes escolares referentes ao espaço geográfico. São resultados da cultura geográfica elaborada cientificamente pela humanidade e considerada relevante para a formação do aluno. Propostas mais recentes desse ensino são pautadas na necessidade de trabalhar com conteúdos escolares sistematizados de forma crítica, criativa, questionadora ,buscando favorecer sua interação e conforto com outros saberes. (Cavalcanti-2012)

 

Alunos com déficit mental não são diferente dos demais. A noção de espaço e das relações espaciais necessita obedecer às etapas e os níveis de desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo sendo ele deficiente mental ou não. Podemos desconsiderar o estágio cognitivo do aluno com SD uma vez que o mesmo tem uma gama de variantes intelectuais, no entanto novamente devemos acreditar nas potencialidades de todos discentes com deficiência ou não.

Os conteúdos são adaptados em um currículo funcional que o educando com SD, dispõe para cada disciplina, em geografia durante o 1 ano do Ensino Médio ,um professor segundo a Secretaria Municipal de Ensino, deve abordar tipos de mapas ,Formas de Representação do Espaço , Novas Tecnologias e suas aplicações, Relação campo x cidade, Relevo ,Solo, Hidrologia, Clima, Vegetação, Revolução Industrial ,Imigração e Migração. Observa-se que foram elencados de maneira que proporcionam ao aluno compreensão de sua inserção no espaço geográfico, desenvolvendo competências e habilidades para compreender as mudanças que vem ocorrendo no Planeta Terra, após Revolução Industrial e com aumento da Globalização que modifica conceitos ,culturas Relações  de trabalho em tempo rápido.

Refletindo sobre esses conteúdos apresentados no currículo funcional e sobre conteúdo programático do Ensino Médio, selecionamos alguns assuntos referentes ao 1 e 2 bimestre que serão abordados em duas atividades .Optamos por aproximar ao cotidiano dos educandos ,para promover a assimilação rápida de maneira eficaz, do espaço geográfico e elementos que o compõe. Ainda em um texto de Cavalcanti,2012  ela escreve sobre as atividades diárias de geografia.

Em suas atividades diárias, alunos e professores constroem geografia, pois ao circularem, brincarem, trabalharem pela cidade e pelos bairros, eles constroem lugares, produzem espaço, delimitam seus territórios. Assim, vão se formando especialidades cotidianas em seu mundo vivido e contribuindo para a produção de espaços geográficos mais amplos.Ao construírem geografia , constroem também conhecimentos sobre o que produzem , conhecimentos que são geográficos .Então , ao lidar com coisas, fatos e processos na prática social cotidiana , os indivíduos vão construindo e  reconstruindo geografias (no sentido de espacialidades ) e , ao mesmo tempo ,conhecimento sobre elas .

 

3.1-  Planejamento de atividades

Atividade 01: Orientando-se Virtualmente no espaço geográfico, a partir da representação do trajeto escola x casa.

Ao iniciar o estudo dos conteúdos programáticos de geografia– Ensino Médio, referentes ao 1º Bimestre, a turma apresentou dificuldades em relação à localização e orientação no espaço. A partir disso, foi decidido trabalhar com uma atividade que contemplasse o seu cotidiano promovendo uma assimilação deste.

Opta-se por utilizar o aplicativo virtual Google Earth, porque representa uma nova tecnologia que vem sendo muito utilizada por geógrafos em seus estudos referentes ao Planeta Terra e pelo interesse que demonstram ao desenvolver atividades no computador.

Objetivos: Comparar diferentes tipos de representação da superfície Terrestre: mapas, fotos de satélite, imagens aéreas e tridimensionais.

Identificar através de mapas elementos da paisagem, analisando a importância destes para determinar um local.

Conteúdos: Novas tecnologias aplicadas e suas aplicações, Localização e orientação no espaço geográfico, Diferentes formas de representação do espaço , Dinâmica da natureza ( relevo, solos, hidrologia)

Duração: 04 aulas de 50 minutos

Metodologia:

Inicialmente, os alunos serão orientados a construir um cróqui do trajeto escola x casa, identificando prédios, escolas, igreja, pontos do relevo, rios ,enfim tudo que julgar importante para definir a localização .Explicar que cróqui , representa um rascunho ou esboço ,costuma ser muito utilizado na arquitetura.

Após serão direcionado ao laboratório de informática onde acessarão o aplicativo Google Earth 3D, digitarão o seu endereço e o da escola e demarcarão através de uma linha vermelha este trajeto.  Observar no mapa virtual os elementos pedidos para confecção do cróqui, para isso deverão fazer aproximações sempre que possível. Eles deverão salvar este mapa que posteriormente será impresso e entregue a eles.

Explicar que nos mapas de imagens tridimensionais, as imagens ficam diferentes, pois trazem a visão obliqua que é diferente do olho humano que é chamada de vertical.

Em casa eles deverão comparar essas duas imagens e fazer anotações em seus cadernos das diferenças e semelhanças.

Nas próximas aulas eles sentarão em grupos de no máximo 05 componentes, discutir essas diferenças e semelhanças, trocar os cróquis entre si ,identificando os itens pedidos .Farão um relatório em grupo onde além do desenvolvimento da atividade ,devera ser feita uma pesquisa sobre mapas tridimensionais ,elementos que o compõe e importância deste no estudo referente a localização dentro  do planeta Terra .

 

 

Atividade 02: Conhecendo o Distrito de Santa Rita de Cássia

A partir de uma conversa do aluno João com um colega de classe, que é morador do distrito de Santa Rita de Cássia, o maior produtor de hortaliças da região do Médio Paraíba Fluminense, este se localiza entre os municípios de Volta Redonda e Barra Mansa.

O aluno, morador do distrito comentou que sua família sempre plantou hortaliças e alguns legumes como: Abobrinha, Jiló, Abóbora, Chuchu, Repolho e Couve-Flor, estes são usados para consumo da família e para venda nos comércios da região e do Estado de São Paulo.

João se interessou pelo assunto, comentou que gosta de verduras todos os dias no almoço, que no supermercado onde o pai trabalha vende verduras, além disso quis saber se era longe se podia ir caminhando ou se deveria ir de ônibus .

Diante disso e sem a possibilidade de visitar pessoalmente a localidade resolvemos fazer uma apresentação deste através do aplicativo Google Earth.

Objetivos: Identificar elementos geográficos em um mapa virtual

Desenvolver a noção de espaço geográfico

Reconhecer novas tecnologias no espaço rural e Urbano

Conteúdo: Hidrologia, reconhecimento de novas tecnologias no espaço rural e urbano, tipos de mapa , vegetação e relevo.

Duração: 04 aulas de 50 minutos

Metodologia: Ao iniciar a aula perguntar aos educandos quantos conhecem o distrito de Santa Rita de Cássia, fazer um gráfico no quadro negro demonstrando  esse quantitativo.

Após leva-los para o laboratório de Informática onde acessarão o aplicativo google Earth, onde  deverão digitar  o nome do município e assim visualizar  diversos mapas na projeção 3D. Explicar que esse recurso é muito utilizado por geógrafos e técnicos ambientais para demarcar faixa marginal, corpos d água ,área de mata entre outros.

Pedir para que observem as fotografias do programa e cores utilizadas como: verde para matas, azul para demarcar corpos d água e cinza as localidades urbanas. 

Orientar para aproximar o máximo possível para verificar as plantações ,residências e pontos comerciais .Observar o nome das ruas e digitar um número de interesse , tirar um print  desse endereço e deixar salvo na pasta ´pessoal do computador.

Como tarefa para as próximas aulas trazer fotografias da localidade.

Na próxima aula dividir a turma em pequenos grupos para que possam discutir sobre as fotografias, analisa-las e escrever uns pequenos textos sobre as mesmas de acordo com todos os conteúdos trabalhados através desse aplicativo no laboratório.

Como atividade avaliativa, farão cartazes utilizando as fotos que trouxeram do local, este serão expostos para todos da escola.

3.2 – Análise dos resultados obtidos na execução das atividades.

A partir da realização destas atividades destacamos os seguintes resultados os quais servirão como parâmetro para análise.

Na execução da atividade 01, observamos que o aluno João apresenta  dificuldades em alguns aspectos de sua coordenação motora ,não conseguiu desenhar o cróqui do trajeto escola  x casa ,fui auxiliando-o escrevendo o que ele observava dos itens pedidos .Não atingiu o primeiro  objetivo que foi proposto.

Em relação ao objetivo 2,consegue identificar rio através da cor azul que o representa no mapa virtual , faz associação rápida a este como por exemplo ao demarcar o Rio Paraíba do Sul, comentou que bebia água na sua garrafa  deste rio e que sua mãe cozia alimentos com ela .

Identifica a vegetação, ao explicar os pontos verdes ele percebeu o pomar municipal onde se podem observar Árvores e frutos diversos.

Sua avaliação foi diferenciada, levamos fotos e apresentamos em forma de slide onde deveria identifica-las como pertencentes ou não ao trajeto dele, de Oito figuras que pertenciam identificou apenas Três. Analisamos que as cores quentes lhe chamam a atenção, pois os locais que ele identificou são representados pelas cores: vermelho, amarelo e laranja.

Ainda nesta atividade analisamos outro aluno da turma que mora próximo ao João. Ele sinalizou os bairros desenhou todos os itens pedidos, observamos que os locais que consideram relevantes para destacar transmitem sentimentos a ele, por exemplo, destacou a sua igreja, antiga escola, lanchonete onde se reúne com amigos .

Atingiu o Primeiro objetivo do exercício consegue comparar o mapa 3 D apresentado no aplicativo com o desenho do seu cróqui ,destacou uma certa diferença entre ambos devido a projeção em que são feitos.

Atingiu o Segundo Objetivo consegue identificar planícies, morros e área de mata ciliar, localizada próxima a principal Indústria da cidade. Ele tem essa área como referência para chegar à casa de sua prima.

Na aplicação da atividade 02,o João demostrou grande interesse fiou atento a todas explicações ,varias vezes pediu para aproximar pois queria observar detalhes .

Atingiu ao primeiro objetivo dentro de suas possibilidades e limitações, pois através das cores consegue identificar rios, vegetação no mapa virtual, porém não sabe diferenciar nenhuma forma de relevo.

Não demonstra ter noção do espaço geográfico, ao ser apresentado imagens com datas diferentes não consegue identificar as interferências causadas pela ação antrópica.

Não reconhece as tecnologias presentes no meio rural, porém já identifica elementos que são determinantes para classificar meio rural e urbano.

Analisamos uma aluna da classe que é moradora do distrito apresentado ,ela conseguiu atingir o primeiro objetivo ,identifica relevo ,rios ,vegetação de forma rápida.

Não atingiu o segundo objetivo  pois sua noção de espaço geográfico ainda não esta clara ,tem grande dificuldade de demonstrar verbalmente esta interação homem natureza ,não presta muita atenção em detalhes para identificar a ação antrópica .

Em relação ao terceiro objetivo reconhece algumas tecnologias no meio rural diferenciando  de maneira clara e coerente os dois espaços.

Percebemos através destas atividades que o cotidiano promove a assimilação maior do conteúdo, professores e alunos aprendem juntos ,este se sente importante para aprendizagem pois não absorve somente o conteúdo ensina através da realidade vivenciada todos os dias, demonstrar os elementos geográficos através e espaço geográfico a partir da realidade dos educandos traz um novo sentido para esta ciência que algumas vezes se distância da realidade deles.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Nesta pesquisa buscamos analisar a inclusão de um aluno portador da Síndrome de Down em uma escola de ensino regular. Com relação ao ensino da geografia o resultado das atividades realizadas parecem indicar que estes alunos necessitam de recursos visuais ,pois estes aumentam sua concentração ,aumentam sua capacidade de observação e estimulam o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas ,na execução de uma atividade.

Dentre os recursos visuais exemplificamos o aplicativo do programa Google Earth que permite trabalhar com mapas de diferentes locais do planeta, abrangendo as escalas local, nacional e mundial. Apesar de não ter sido utilizado nesta pesquisa, outro recurso que pode ser utilizado no processo ensino-aprendizagem com alunos com SD é o mapa tátil. Este recurso permite trabalhar o tato, um sentido importante a ser explorado, especialmente em se considerando que o aluno com SD com quem trabalhei na pesquisa, demonstrou uma necessidade imensa de tocar e/ou segurar os objetos a sua volta. Além disso, observei que se forem usadas cores fortes na atividade isso facilitará a memorização, pois possibilitaria ao aluno com SD associar a cor e o formato, por exemplo, há uma região ou continente.

Propõe-se, ainda, a partir do oi que f observado nas atividades propostas, que as aulas envolvam atividades lúdicas, mais estimulantes aos alunos com SD, a exemplo do uso de aplicativos em celulares ou tablet os quais atraem com maior facilidade, o interesse destes estudantes. Esses recursos podem ser utilizados em sala de aula, possibilitando uma troca de experiências entre educador e educando.

Não estamos ignorando as dificuldades enfrentadas pelos professores e pelas escolas para a inclusão adequada destes alunos. Nem todos os estabelecimentos de ensino regular fornecem orientações e suporte tecnológico aos professores. Mas, dependendo das condições da escola, o docente pode se tornar um pesquisador e ir em busca de conhecimento sobre a Síndrome de Down e, deste modo, estabelecer estratégias de ensino que possam atender às limitações cognitivas deste e de outros grupos de estudantes.

Na realização desta pesquisa, procuramos compreender a grandiosidade do processo de inclusão deste aluno dentro de um estabelecimento de ensino da rede Publica de Educação. Conseguimos atingir todos os objetivos propostos nela, tive dificuldades para acessar currículo funcional, conteúdo programático para 1º ano dentro da disciplina de geografia e Projeto Politico Pedagógico, porém após analise realizada percebe-se que atendem de maneira de maneira satisfatória a aprendizagem dos alunos, o currículo funcional é simplificado facilita para o aluno João ,fiquei impressionada com sua aprendizagem como atende os objetivos dele e sua forma rápida de abstrair conteúdo dentro de uma atividade.

As leis que amparam os alunos com necessidades especiais são muito interessantes amparam este proporcionam direitos e possibilitando ter um currículo funcional atendendo suas necessidades, até a realização deste trabalho muitas para eu, eram desconhecidas, o conhecimento delas vai contribuir para minha  especialização nesta área ,além de me auxiliar em um ambiente de ensino e sala de aula .

Como professora de geografia foi uma grande experiência conviver com a classe deste aluno, compreendi as dificuldades enfrentadas pelo regente, pois é uma turma agitada ,muitos alunos com dificuldades ,sem apoio da mediadora seria um desgastante para ele. Vivenciei a importância de trabalhar o cotidiano de o aluno aproximar a ciência geográfica da realidade deles, mostrando que esta representação compreensão do seu espaço e não apenas simples ato de decorar lugares.

 

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