O presente trabalho intitulado O ENSINO DE CIÊNCIAS NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE GUAMARÉ/RN, vem discutir sobre os desafios e possibilidades do ensino e aprendizagem da disciplina de ciências nas escolas públicas. Para isso utilizamos de metedologias qualitativas que envolveram observações e entrevistas estruturadas com alunos e professor da disciplina de Ciências. Após essas avaliações pudemos detectar problemas e levantar hipóteses da prática docente em turmas de 6º ao 9º ano. Foram observados aspectos no que concerne a estrutura física, recursos didáticos e metodologia docente, bem como expectativas dos alunos em relação aos conteúdos programáticos de Ciências. Esse estudo ainda sintetiza a necessidade de aulas práticas e experimentais para melhorar a qualidade do ensino de Ciências, externalizando que a precariedade de materiais e espaços adequados ou inapropriados, prejudica o aprendizado. Compreendendo assim a realidade vivida por alunos e professores de Ciências na escola pública brasileira.

Palavras-chave: Ciências. Ensino. Aprendizagem.

1. Introdução

O ensino da disciplina de Ciências no âmbito do Ensino Fundamental de escolas públicas, vive situações desafiadoras tanto para alunos quanto para professores, principalmente no que concerne as séries finais, uma vez que a metodologia e a didática desta disciplina requer situações práticas e vivenciais para a obtenção de uma melhor compreensão dos conhecimentos científicos. Este trabalho objetiva analisar situações cotidianas referente as aulas de Ciências em turmas do 6º ao 9º ano de uma determinada escola pública no interior do Estado do Rio Grande do Norte. A intenção é analisar como funciona a didática utilizada pelos professores em sala de aula, e as condições físicas que a escola oferece para a disseminação do ensino de Ciências, uma vez que essa disciplina deve incentivar o prazer da descoberta, como nos diz SANTANA e CAMPOS (2011) “o aluno deve ser estimulado a desenvolver suas percepções acerca da ciência a partir dos fenômenos naturais presentes no seu cotidiano, e tais construções devem ser mediadas pelo professor”. Embora não podemos esquecer do papel da escola em oferecer condições plausíveis para tal, e sendo assim o ensino de Ciências necessita e muito da relação entre teoria e prática. É de notório saber que o processo de ensino e aprendizagem de Ciências, de boa parte de escolas públicas brasileiras se torna superficial, ou seja, os conteúdos são abstraidos de maneira passiva, não construtiva e não investigativa, contrariando o que diz a Base Nacional Comum Curricular, que em sua perspectiva reza que (...) a área de Ciências da Natureza, por meio de um olhar articulado de diversos campos do saber, precisa assegurar aos alunos do Ensino Fundamental o acesso à diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem como a aproximação gradativa aos principais processos, práticas e procedimentos da investigação científica. (BNCC, 2017, p. 321) A ciência precisa ser atrativa para os alunos, mostrar que o conhecimento científico vai muito além das percepções de nosso senso comum, e jamais poderá está presa a meros livros didáticos. Portanto, se faz necessário pensar sobre o processo do ensino de Ciências e refletir sobre as dificuldades encontradas por professores e alunos nas escolas 5 públicas brasileiras, entre elas, a carência de infraestrutura e de recursos didáticos.

2. O ensino de Ciências e suas possibilidades

A ciência está presente na nossa vida, no nosso cotidiano, e muitas vezes nem nos damos conta desse fato. Ela está presente na natureza, na nossa casa, no nosso corpo, na alimentação, na saúde, entre outras situações, enfim, tudo envolve a Ciência. Segundo o dicionário Aurélio (2001) Ciência é “o conjunto metódico de conhecimentos obtidos mediante a observação e experimentação” enquanto Ciências são “disciplinas escolares e universitárias que compreendem a química, física, a biologia, a matemática, a astronomia e outras”. Devemos ir muito além de conceitos prontos, estudar ciências implica em entender o mundo que nos cerca e suas implicações e descobertas no que se refere ao passado, presente e futuro. Seria proveitoso discutir e debater nas escolas públicas sobre a importância de se obter tal conhecimento e que estudar a disciplina de Ciências será de grande valia para nossa vida. (...) ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências. (BNCC, 2017, p. 321) Assim, o aluno deve ter assegurado o direito ao acesso da diversidade de conhecimentos científicos, em relação a natureza, a sociedade e tecnologia. O ponto ideal de assegurar tal aquisição de conhecimento é a relação entre teoria e prática, embora muitas de nossas Instituições de Ensino, por falta de estrutura, não desempenhe bem esse papel. Mas nem por isso, a escola deve ser omissa e não colaborar para que o aluno compreenda o mundo e suas transformações, fazendo com que ele se reconheça como parte dele. A escola, deve está atenta aos conhecimentos de mundo trazidos por seus alunos, que são válidos, uma vez que os ajudaram a lidar com o seu cotidiano e a partir deles introduzir os significados cientificos que explicam o mundo que os rodeiam. Cria-se a partir daí uma tríade de informações na perspectiva do 6 estudante; no entendimento do professor mediador; e na aquisição dos conteúdos cientificos escolares. Embora o aluno seja o responsável final de sua aprendizagem, é o professor que garante que esse processo aconteça, pois ele detém a responsabilidade da orientação desse processo. É possível desenvolver o ensino de Ciências de forma dinâmica. Hoje, as informações são bem mais acessiveis e uma grande aliada é a rede mundial de computadores, que se expandiu pelo mundo todo, chegando aos lugares mais remotos; nela, encontramos todos os tipos de informações, porém ressaltamos que o professor através de suas práticas pedagógicas é o responsável pelo direcionamento correto dessas informações, orientando o trabalho escolar acerca dos fenômenos da natureza, do ser humano e de suas tecnologias. Não podemos esquecer que no Brasil, existem os documentos orientadores curriculares, atualmente a BNCC é o documento normativo e de referência obrigatória para todas as redes de ensino na elaboração dos curriculos escolares, mas, em 1997, eram os Parâmetros Curriulares Nacionais que detinham esse papel, e nele regia que De um lado, os estudantes possuem um repertório de representações, conhecimentos intuitivos, adquiridos pela vivência, pela cultura e senso comum, acerca dos conceitos que serão ensinados na escola. O grau de amadurecimento intelectual e emocional do aluno e sua formação escolar são relevantes na elaboração desses conhecimentos prévios. Além disso, é necessário considerar, o professor também carrega consigo muitas idéias de senso comum, ainda que tenha elaborado parcelas do conhecimento científico. De outro lado, tem-se a estrutura do conhecimento científico e seu processo histórico de produção, que envolve relações com várias atividades humanas, especialmente a Tecnologia, com valores humanos e concepções de Ciência. (1997, p. 27) Diante, disso, percebemos que alunos e professores são co-responsáveis pelo processo de ensino e aprendizagem, embora um detenha mais conhecimento que o outro, os conhecimentos se confrontam. Ou seja, o “novo” com o “velho” - que havia sido adquirido anteriormente-, pois é isso que a ciência causa, ela instiga, desafia e questiona. O Ensino de Ciências leva o aluno a analisar de maneira diferente o mundo que está inserido, o integrando ao meio científico, fazendo com que ele assimile e confronte seus próprios conhecimentos. [...]