Por Ludmilla Paniago Nogueira e Maria Zilda da Silva Barbosa

Inicialmente, deve-se abordar a questão da leitura e seu aprendizado diante de suas variadas formas, uma vez que a partir daí far-se-á sua introdução no universo bilíngüe, apontando a importância do aprendizado de uma língua que não seja a materna do indivíduo. [...] não há nem habito a ser formado, nem gosto a ser criado, nem prazer a ser desenvolvido ou despertado nas práticas das leituras. Há necessidades provocadas pelas circunstancias criadas pelas relações entre homens, ancoradas no conhecimento que tem o leitor sobre o próprio conhecimento. (ARENA, 2006, p.241)Para Arena (2006) a leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor. Dada a importância do ler no meio em que vivemos devemos gerar a necessidade de práticas de leitura entre as crianças. A criança deve saber, desde cedo que, ao ler ela adentra um universo gigantesco do qual ficará excluída sem esta prática. Ela pode inclusive abranger diversos contextos que queira conhecer, e isso deve ficar claro em seu processo de aprendizagem. 

 A leitura somente ganha existência quando o leitor a cria na relação entre o que ele é, o que sabe, e o que o texto criado pelo outro está a oferecer [...] Dessa maneira, não seria possível ao professor ensinar a leitura, mas ensinar o aluno a ler, como ato cultural, para criar a sua própria leitura, nos limites de sua potencialidade, na sua relação com os diferentes gêneros e suportes textuais que possibilitam a formação crescente e permanente de modos de pensar cada vez mais abstratos. (ARENA, 2010, p. 243) 

Ao dominar a leitura as crianças adquirem conhecimentos, desenvolvem raciocínios, participam ativamente das aulas, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário, a facilidade de comunicação.  A facilidade de comunicação permitirá que ela seja constituinte de uma sociedade complexamente contemporânea, pois, atualmente é grande a heterogeneidade de pessoas dentro de um mesmo âmbito e sua linguagem lhe trará bons resultados para com esta relação progressiva. Ao analisar essa expressão – ler, compreender e interpretar – é possível detectar, em sua gênese, uma visão do ato de ensinar a ler que compreende três etapas distintas [...] A primeira, a de ler, seria, em verdade, ler o nada, ler para nada, ler para pronunciar, ler sem nenhuma preocupação com a atribuição de sentido. A segunda, depois de realizada a primeira, seria a de compreender nas linhas e na superfície o que o autor do texto quis dizer, de um modo até certo ponto literal. A terceira, a de interpretar, estaria relacionada a capacidade do leitor de fazer inferências e relações com o conhecimento organizado em sua mente, e, além disso, se possível, com visão crítica. (ARENA, 2010, p. 244) A leitura, portanto, é atribuição de sentido ao escrito. Não deve ser concebida como primeiro um processo de decodificação, depois compreensão e apenas após interpretação. Ler é buscar sentidos desde o início. No trabalho com a linguagem estrangeira isso é algo essencial, uma vez que a contextualização das situações com o ler ajudará o aluno a elencar pistas sobre o que pode escrito ali diante de seus olhos.

 Uma das práticas mais comuns de avaliação de leitor é aquela em que o professor apresenta um texto e, logo abaixo, as perguntas que deverão ser respondidas. Na maioria das vezes, o aluno, obedientemente, lê o texto, mas sem saber com qual finalidade, com quais objetivos e, principalmente, sem ter perguntas. Se não há objetivos, finalidades, nem perguntas, não há como mobilizar os conhecimentos de que já dispõe, nem pode, por isso, elaborar perguntas. Desse modo, essa leitura prévia não pode ser leitura, porque as condições são totalmente adversas para o aprendiz. (ARENA, 2010, p. 245-246)

 Assim, a leitura é considerada uma construção social sendo o professor o mediador das informações, aquele que cria necessidades ao aluno em relação às propostas do ler. Para que o aluno entenda a necessidade da compreensão do que ele lê é necessário que o professor como seu mediador apresente os objetivos das propostas, sua finalidade e faça o levantamento do conhecimento prévio. Dessa forma, ele terá condições mais favoráveis para a construção do seu conhecimento.

 Ao leitor aprendiz torna-se imprescindível vivenciar atividades em torno do ato de ler como objeto de cultura, uma vez que, como aponta a teoria histórico-cultural, por de trás de todas as funções superiores e de suas relações se encontram as relações sociais, as relações humanas. Se as crianças não souberem por que devem ou estão lendo, o que buscar, qual a finalidade, o motivo e o resultado do ato de ler, suas chances de produzir leitura serão cada vez mais pequenas, tendo em vista que essa complexa atividade cultural será para elas uma tarefa mecanizada. (CRUVINEL, 2010, p. 261)

 No processo de ensino aprendizagem a criança tem facilidade em aprender a ler devido a sua capacidade de memorização, concentração e raciocínio. Compete ao professor motivá-los buscando meios para que seus alunos se sintam a vontade em aprender. E motivá-los em relação à linguagem escrita é envolvê-los na atividade.

Para a teoria histórico-cultural, o elemento que move todo o processo de desenvolvimento do sujeito é a atividade humana; assim, no processo de aprendizagem a criança é sempre ativa. Para se apropriar das qualidades humanas, ela própria precisa realizar as atividades; o outro atua apenas como mediador. Porém, uma tarefa realizada pela criança só pode ser considerada como atividade quando faz algum sentido para ela...o desafio do processo de escolarização é planejar situações de ensino que criem novas necessidade, que gerem novos motivos permitindo que as tarefas realizadas  em sala de aula se constituam como atividades e deixem de ser simples execução de um fazer mecânico , ausente de sentido para os sujeitos aprendizes.(CRUVINEL, 2010, p. 259)

 Sabe-se que crianças se interessam por jogos, brincadeiras e desafios, trazendo essas opções de aulas ela irá se envolver e com isso irá aprender sem perceber. Primeiramente, o processo de ensino aprendizado deve abranger o meio social do indivíduo, assim chamado de sujeito – outro – objeto por Foulin e Mouchon (2000). Isto significa que a criança deve ter conhecimento de si (o sujeito) das coisas com que se depara (o objeto) e também das pessoas com quem convive (o outro), relacionando, portanto, o indivíduo e o outro, pode-se considerar a importância da língua estrangeira, pois, desta forma, o sujeito pode interagir com o "outro" sem ter problemas comunicativos. No entanto, Foulin e Mouchon (2000) destacam que este ensino deve ter bases sólidas, como a motivação. Eles apontam a interação social como essencial para qualquer aprendizado. A interação social abrange parte da importância no processo de ensino da língua estrangeira, o qual permite maior interação com a sociedade e com o mundo.Na questão motivação, podemos apontar a seguinte abordagem: São os procedimentos de ruptura com a experiência cotidiana e de descontextualização que asseguram, por exemplo, o acesso aos conceitos científicos. Na manipulação cotidiana dos objetos, a criança adquire conceitos sobre o mundo, conceitos denominados espontâneos, refletindo um conhecimento concreto, prático e a-teórico, com validade local. É a atividade escolar, no âmbito das disciplinas, que permite ao aluno a construção dos conceitos científicos e sua manipulação teórica. (FOULIN, MOUCHON. 2000:39). Assim, compreende-se que o processo de motivação aplicado no ensino da linguagem e, portanto, da língua estrangeira, faz com que o aluno busque as informações necessárias por interesse próprio, utilizando o professor como uma ferramenta de mediação. O papel do professor é mediar debates e diálogos, fazendo de seu aluno um sujeito crítico e constituinte da sociedade, ou seja, um cidadão político e a sala de aula um espaço colaborativo de aprendizagem em que as múltiplas interações entre os sujeitos favoreçam não um monólogo do professor, mas uma discursividade interativa entre crianças e criança e crianças e professor. A mediação deve ocorrer também de forma grupal, isto é, os trabalhos em grupo apresentam fator alto de progresso cognitivo, embora possa apresentar também aspectos negativos, como a ineficácia de algum dos componentes do grupo: As questões ocorrem pelo fato de que os resultados nem sempre são positivos. Em certas realizações em co-ação, o investimento de cada um dos membros do grupo é às vezes menor do que aquele do sujeito que trabalha sozinho. Também ocorrem situações de cooperação em que a colaboração entre os parceiros é ineficaz porque a ação coletiva corresponde a adição de contribuições isoladas. (FOULIN, MOUCHON. 2000, p.46) Santos (2003) também utiliza-se da teoria de Vigotsky para demarcar fatores intrínsecos no processo de ensino aprendizagem. Ao citar os instrumentos e os signos como componentes do processo de mediação, Santos cita Ashton (1996) para exemplificar também sobre a importância da relação entre crianças e adultos, na qual o primeiro aprende a usar os signos e especialmente a linguagem. Com tudo, o professor é um adulto que deve ser capacitado para o ensino. No caso de o mesmo se referir à língua estrangeira, deve então apresentar de forma eficaz, os benefícios do bilingüismo aos alunos.

O ensino de língua estrangeira para crianças 

O processo da leitura para formação de sujeitos bilíngües constitui uma dicotomia: o confronto entre linguagem oral e linguagem visual. Segundo a teoria de Hornberger (1990) apud Cox e Peterson (2001), a linguagem oral é algo que não se fixa, se esvazia sem deixar vestígios, enquanto a linguagem visual fica eternizada. Daí a importância da leitura de textos escritos no aprendizado do estrangeirismo: 

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