RESUMO

Discutir o ensino de Geografia e História para as primeiras séries do Ensino Fundamental no que se refere ao entendimento do espaço geográfico enquanto totalidade-mundo, uma vez que no atual período de globalização as escalas não se apresentam dispostas linear e independentemente, ou seja, a casa, a rua, o quarteirão, o bairro, a cidade, o estado, o país, o continente e por fim o mundo. Foram aplicadas várias atividades de ensino apoiadas na metodologia da pesquisa-ação e fundamentadas nas teorias da educação (sócio - interacionismo) história e geográfica (Geografia Crítica). Nas séries iniciais o ponto de partida deve ser sempre o imediato concreto ou o lugar, mas esse entendido como o ponto de encontro de lógicas locais e globais, longínquas e próximas. A partir das atividades de ensino as crianças puderam compreender que o lugar que moram e aonde vieram de ultrapassa suas explicações egocêntricas, estabelecendo, assim, relações com outras escalas e tempos Pensar o ensino de história e geografia nas séries iniciais, a partir de sua função alfabetizadora, é resgatar o seu próprio objeto, o espaço, inserindo-o numa perspectiva teórica que articula a leitura da palavra à leitura do mundo. Tal abordagem nos possibilita pensar alfabetização história e geografia, através de uma articulação teórica que aponte para uma construção epistemológica A geografia e a história são instrumentos importantes para a compreensão do mundo.


INTRODUÇÃO

Este trabalho constitui parte da pesquisa que foi desenvolvido para conclusão de curso, cujo objetivo central é fazer uma reflexão a respeito do ensino de Geografia e História nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, para podermos refletir sobre a alfabetização em Geografia, e, dessa forma, compreender qual a importância desse componente curricular para essa fase de escolaridade com vistas ao desenvolvimento geral da criança.
Para o recorte deste trabalho foi uma feita uma reflexão de como foram sendo construídos o pensar e o fazer relacionados às aulas de Geografia e História HHhhhhhhhh hnas Séries Iniciais desde a sua inserção no currículo do Ensino Fundamental. Posteriormente, fizemos uma análise do ensino de Geografia a partir da década de 1980, com a redemocratização do país, refletindo especificamente sobre os encaminhamentos proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o ensino de Geografia nas Séries Iniciais, que vai introduzir oficialmente os componentes curriculares de Geografia e História nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, o que ressaltamos como ponto positivo, porém esse documento apresenta pontos que não contribuíram para melhorar o ensino de geografia nessas séries, reforçando alguns problemas antigos como ensino desse componente curricular baseado em escalas locais, mantendo a idéia dos Círculos Concêntricos, reforçando uma abordagem dual entre a natureza e sociedade e apresentando novos problemas como o ensino de Geografia voltado para a formação da cidadania e da criticidade, o qual se discutiu nesse texto.
Outra questão problemática é a idéia de que, para se promover o ensino de Geografia nessas séries, as crianças devem estar alfabetizadas, dominando os códigos lingüísticos. A ausência de orientações que encaminhem o seu aprendizado por meio da oralidade, de dramatizações, músicas ou brincadeiras vai reforçar a idéia de que o ensino de Geografia e História nas Séries Iniciais do ensino fundamental só deve ser ministrado de fato quando a criança já estiver letrada ou sabendo ler e escrever.
Além desses problemas ressaltamos que o documento veio reforçar outros já mencionados neste trabalho e antigos, como o Círculo Concêntrico e a separação enfática de sociedade e natureza, ou da Geografia física e humana, como podemos ver a seguir nos PCN (1997, p. 127)
"O estudo da Geografia deve abordar principalmente questões relativas à presença e ao papel da natureza e sua relação com a ação dos indivíduos, dos grupos sociais e, de forma geral, da sociedade na construção do espaço geográfico. Para tanto, a paisagem local e o espaço vivido são as referências para o professor organizar seu trabalho."

E mais adiante, nos objetivos da Geografia e de história para o primeiro ciclo:

"Reconhecer na paisagem local e no lugar em que se encontram inserida as diferentes manifestações da natureza e a apropriação e transformação dela pela ação de sua coletividade e seu grupo social" (PCN, 1997, p.130).

Desse modo, ao longo do documento esses mesmos problemas são reafirmados sem direcionamentos claros para a sua superação.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


O estudo da área da geografia e história é um instrumento importante para a formação de um sujeito crítico perante o momento histórico em que vive. Suas bases de estudo, hoje, abrangem grande complexidade de aspectos. O desenvolvimento dos meios de comunicação, o crescimento demográfico, descoberta de novos meios de explorar a superfície terrestre, a evolução da técnica em geral, a globalização e a entrada cada vez maior do capitalismo trará profundas transformações na geografia, no plano da realidade e no plano do saber. De acordo com Santos (2002, p. 65)

A Geografia em sua busca de novos caminhos e de novas interpretações do mundo se posiciona de uma forma crítica, direcionando sua contribuição para resgatar a importância do espaço no mundo atual. Anteriormente esse papel era o de fonte de recursos, de fornecedor de condições que facilitassem o processo de desenvolvimento. Atualmente busca-se o papel ativo do espaço na sociedade, como uma das instancias sociais e não como um pano de fundo onde as relações sociais ocorreriam.

Compreender o espaço e o tempo vivido por cada geração faz com que possamos compreender a nossa realidade. Esse espaço é social e não podem ser apenas formado por coisas, objetos geográficos, naturais oferecidos pela natureza. O espaço é tudo isso, mais a sociedade.
Do ponto de vista educacional, os professores precisam refletir os conceitos dessas áreas do saber para que possam criar uma nova maneira de fazer geografia e história em sala de aula. Pois, com os avanços ocorridos nesse século em todas as áreas do conhecimento, se faz necessário uma nova postura do professor ao ensinar geografia e história. Faz-se necessário integrar o local, o regional, o nacional, o mundial, porque todos os fenômenos que acontecem hoje precisam ser conhecidos na sua totalidade.
As péssimas condições de vida da população do nosso planeta, ligados à miséria, a poluição, má distribuição dos recursos financeiros e falta de desenvolvimento cultural e social, leva a um repensar sobre o caminho da Educação e as relações do homem com a natureza e com o seu próximo. Para Santos (2002, p.18)

É necessário possibilitar o aparecimento de uma nova consciência através da qual o homem poderá construir relações cooperativas... Numa dimensão de responsabilidade que compromete cada estado, cada povo, cada grupo social e cada indivíduo com a construção dessa nova sociedade.

É numa visão global dos problemas que o homem buscará reformular suas necessidades. Neste contexto surge a necessidade de transformar o modelo de desenvolvimento da educação e civilização, assumindo e respeitando as diferenças e pluralidade das culturas e situações econômicas de cada grupo.
Vivemos um momento histórico em que os objetivos e idéias perdem sua importância no mesmo efeito como chega rápida. Por isso, torna-se necessário ao pensador, ao estudioso, a capacidade de mudança, não no sentido de abandonar o saber já acumulado, mas sim renovar, reservando o atual e alterando o que já envelheceu.
É assim que essa nova geografia e história irão contribuir, analisando situações, tomando posições, indicando caminhos que venham ao encontro de uma ordem mais justa e humana, a fim de garantir melhores condições de vida para todos os seres vivos do planeta.
Partindo daí, o presente trabalho trilhará numa reflexão acerca de como vem sendo vista pelos professores o ensino de geografia e história. E, ao mesmo tempo, como está sendo ministrados os conteúdos dessas áreas do saber.
Sabemos que Educação Ambiental se constitui num desafio, já que é uma opção para educadores desinstalados. É uma verdadeira busca de inovações, uma vez que não há receitas pré-fabricadas e nem ponto de chegada.
O mais difícil em uma proposta educacional interdisciplinar é saber lidar com sua abertura, permanente, com seu inacabamento desafiado que torna obrigatórias uma postura de revisão e feedback contínuos que lhe conferem algo de misterioso. Quando nos referimos a Educação Ambiental, situamos em um contexto mais amplo, o da educação pra cidadania, configurando como elemento determinante para a consolidação de sujeitos cidadãos. O desafio do fortalecimento da cidadania para a população como um todo, e não para um grupo restrito, concretiza-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres, e de se converter, portanto, somos co-responsáveis pela defesa de qualidade de vida.
É de fundamental importância que a Educação Ambiental seja complementada, pois de um lado os problemas ambientais estão se agravando rapidamente e está comprometendo a sobrevivência do planeta, de um lado a ação educativa em seu compromisso nas relações pessoais para o desenvolvimento social.
Sabemos que a escola é um espaço privilegiado para se propor mudanças, já que os hábitos de crianças e adolescentes não estão tão arraigados como os dos adultos, e é com o professor que os alunos aprendem desde pequenos, o professor não pode ter medo de ensinar um caminho novo quanto ao meio ambiente.
O Ensino de História nas Séries Iniciais deve considerar a história de vida do aluno, uma vez que somos seres históricos. Contudo o Ensino de História nas Séries Iniciais, nas palavras de Cruz (2003, p. 2) é de suma importância já que para este autor:

Estudar História e Geografia na Educação Infantil e no Ensino Fundamental resulta em uma grande contribuição social. O ensino da História e da Geografia pode dar ao aluno subsídios para que ele compreenda, de forma mais ampla, a realidade na qual está inserido e nela interfira de maneira consciente e propositiva.

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