É sabido que o ato de ensinar exige paciência, disponibilidade e principalmente competência na transmissão de conhecimentos e também de valores. Pois é, estes atributos de mestre urgem quando se exerce à pratica docente. Mas, como se ater a estes dispostos frente a não valorização do profissional docente? A desvalorização não é só econômica, mas de respeito e prestígio a quem forma os outros profissionais. Eis ai um contra senso: O mestre educa e forma, pós isso, vira um mero instrumento participativo para os contemplados de seus ensinamentos.

Ensinar por gostar também requer o suportar de dores, diria não dores físicas a pesar de também fazer parte da labuta, em alguns casos; mas dores de não se acharem muitas vezes percebidos, contemplados na sua fala e prática pelos que sentam numa cadeira onde estão de corpos apenas presentes. Dores sentidas por opressões dos que já exerceram este mesmo ofício, hoje, em cargo elevado, cobram e constrangem.

Há os que dizem que ser professor está no sangue, mas este sangue também se esgota e a doação não se dá de forma alheia ou de outrem, digamos que não trata de uma doação, mas um sangue que renasce quando a vontade e o comprometimento de transmitir saberes está acima de qualquer interesse pessoal, basta algum discípulo manifestar seu desejo de conhecer, lá estará o mestre desvalorizado, oprimido e repressivo pelo sistema, pronto para mais uma retomada.

A frase “ensino porque preciso”, é contundente, vem de um discurso inflamado, com muitas razões, claro. O amor à profissão também  vai de acordo com a reciprocidade por parte de professores referente aos  agentes receptores dos conhecimentos que lhe são direcionados, consequentemente a liberdade autônoma de questionar, interagir, etc.

O misero salário que em certos casos não da pra quitar os remédios anti-depressivos, depressão? sim, depressão na docência não é novidade, convenhamos. As frustrações são evidentes, mas o reinventar de muitos também são, mesmo após a doença da mente. Se não nascemos prontos, não é a alma vulnerável que vai nos fazer parar, precisamos nos completar mesmo envoltos aos percalços na corrida para o conhecimento partilhado e partilhado...

 O papel docente estar além de uma obrigação, de um ofício, de um papel social. Mas de ser MESTRE, SÁBIO, ensinar por prazer, por um legado, por uma sociedade mais igualitária e menos monopolizadora. Ser professor é ser o professor como têm sido muitos. 

Estes escritos podem, aparentemente ser contraditórios, incoerentes, mas mirando de outra perspectiva, trata-se de negatividades e positividades externadas no que se refere ao ato de ensinar. Do lado humano, de realização pessoal há, sem dúvidas mais positividade, do lado negativo, deixo a citação como disse Rubem Alves no livro Estórias de Quem gosta de Ensinar, pág, 46 citação do dito de João: “ A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas na travessia...” Se, no meio da viagem sentirem enjoo ou não gostarem dos cenários, puxem a alavanca de emergência e caiam fora. Se, depois de chegar lá, ouvirem falar de um destino mais alegre, ponham a mochila nas costas, e procurem um outro destino. Carpe diem!