O engenheiro atravessa a obra

Como quem atravessa o tempo

Mas a obra é mesmo um sonho

De quem sonha acordado

 

O lápis, o papel, a calculadora

Se misturam em seu sono

Numa orgia sem fim

E a obra escorre pelas suas mãos

 

O medo do edifício

Assombra o seu amanhecer

Como a chuva e o vento

 

As equações cartesianas

Desfilam rimas na prancheta

E o construtor de sonhos

Sente-se um pequeno Deus

Não transformando barro em homens

Mas transformando barro em sonhos

Para os homens sonharem