O EMPREENDEDORISMO SOCIAL E O IMPACTO DA GERANDO FALCÕES NA COMUNIDADE

 

Ana Luiza de Souza Machado

 

Palavras-Chave: Empreendedorismo Social. Empreendedor. Comunidade. Gerando Falcões.

 

1 INTRODUÇÃO

 

O termo Empreendedorismo Social, este que tem grande reconhecimento nos dias atuais e que vem crescendo com o passar dos anos, surgiu dos anos de 1980. Esses empreendimentos sociais têm surgido com diversos tipos de áreas e serviços tais como artes, educação, combate à fome, combate à pobreza, entre outros.  

São classificados como empreendimentos sociais, de acordo com Oliveira (2004), ideias inovadoras, que buscam solucionar problemas locais, principalmente em áreas periféricas, envolvendo toda a comunidade, e que provoque certo impacto social, com resultados satisfatórios (OLIVEIRA, 2004). Pode-se apontar que algumas organizações, como, por exemplo, a Ashoka (no exterior e no Brasil) e a Foud Schweb, organização suíça, têm aberto espaços de discussão e cursos, trabalhando, assim, em nível não só estratégico, mas também tático.

 

2 EMPREENDIMENTOS SOCIAIS E SUAS DEFINIÇÕES

 

O empreendedorismo tem uma grande importância para a sociedade e seu desenvolvimento, uma vez que ela movimenta a economia e, além disso, a inovação e tecnologias presentes nesta (TAKANA; SANTANA, 2017). Na década de 80, surge um novo conceito de empreendimento, atrelado, de certa forma, ao empreendimento tradicional, o ‘Empreendimento Social’. O termo, assim como seus significados e características, apesar de serem bastante recentes, é considerado por especialistas como já existente em sua essência, citando nomes como o de Mahatma Gandhi e Martin Luther King, como empreendedores sociais (OLIVEIRA, 2004). 

O empreendedorismo social, de acordo com Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2006), é definido como uma atividade que possui um objetivo social, e que pode ser feito por pessoas dentro dos setores privados, organizações híbridas ou através do terceiro setor (CORNÉLIO et al apud AUSTIN et al, 2020) Assim, a partir dos problemas sociais que a sociedade nos dias de hoje enfrenta, além de problemas econômicos e sociais, esse tipo de empreendedorismo surge com o objetivo de desenvolver um negócio que possa beneficiar, de diversas formas, pessoas que convivem com problemas sociais em seu dia a dia (TAKANO; SANTANA, 2017).

Mesmo com a pouca bibliografia e referências sobre o tema, algumas organizações estrangeiras, de diferentes países, influenciaram o restante do mundo no que diz respeito à disseminação do que o empreendedorismo social significa, tanto na teoria quanto na prática (OLIVEIRA, 2004). Uma dessas organizações é a SSE - School Social Entrepreneurship, originária do Reino Unido, que identifica um empreendedor social como uma pessoa que 

 

“[...] trabalha de uma maneira empresarial, mas para um público ou um benefício social, em lugar de ganhar dinheiro. Empreendedores sociais podem trabalhar em negócios éticos, órgãos governamentais, públicos, voluntários e comunitários [...] Empreendedores sociais nunca dizem `não pode ser feito” (OLIVEIRA, 2004).

 

 

Outra organização europeia, a suíça Foud Schwab, aponta que o empreendedor social possui características, como a visão, criatividade e determinação, assim como a vontade de inovar, de empresários tradicionais, mas que têm como direcionamento a inovação voltada para o social (OLIVEIRA, 2004). Já a estadunidense Ashoka, fundada por Bill Drayton em 1980, que tinha como objetivo “potencializar as transformações sociais por meio do reconhecimento e do apoio a empreendedoras e empreendedores sociais inovadores, com perspectiva de escala de seu impacto social positivo.” (ASHOKA, 2021). Segundo eles, esse tipo de empreendedor são pessoas com ideias inovadoras, com a capacidade de empreender e criatividade suficiente para provocar mudanças significativas na sociedade, de grande alcance nas áreas em que atuam, fazendo com que pessoas que criam esses projetos deixem sua “marca na história” (OLIVEIRA, 2004).

Além dessa visão internacional, é importante destacar também, para esse artigo, a visão brasileira sobre os empreendimentos internacionais, já que como estudo de caso será utilizado um empreendimento social do Brasil. No território brasileiro, as primeiras experiências desse tipo de empreendimento surgem, também, na década de 80, na teoria, mas apenas na década seguinte, em 1990, que os empreendimentos realmente surgem (CORNÉLIO et al, 2020).

De acordo com Emanuel Leite (2003), os empreendedores sociais têm como foco a missão social. Já segundo Melo Neto e Froes (2002), 

 

“Quando falamos de empreendedorismo social, estamos buscando

um novo paradigma.O objetivo não é mais o negócio do negócio

[...] trata-se, sim, do negócio do social, que tem na sociedade civil

o seu principal foco de atuação e na parceria envolvendo

comunidade, governo e setor privado a sua estratégia (MELO NETO; FROES, 2002).

 

 

Ainda de acordo com outros especialistas, como Pádua e Rouere (2002) e Rao (2002), os empreendedores sociais, juntamente com seu protagonismo na área social, oferecem desenvolvimento sustentável, qualidade de vida em benefício de comunidades e pessoas em situações precárias, menos privilegiadas (PÁDUA; ROUERE, 2002), utilizando de toda sua experiência empresarial não para obter lucro, mas sim para ajudar os outros (RAO, 2002). 

O professor doutor Edson Marques Oliveira, em 2004, elencou em sua tese, de nome “Empreendedorismo social no Brasil: fundamentos e estratégias”, a partir de alguns dos autores já citados acima, as características, a organização, além do perfil dos empreendedores sociais. De acordo com esses especialistas, é importante identificar o que difere o empreendedorismo empresarial, privado, do empreendedorismo social. O primeiro produz bens e serviços, destinados ao indivíduo e suas necessidades, a fim de ampliar o mercado, seu principal foco, e visando o lucro do seu negócio (OLIVEIRA apud MELO NETO e FROES, 2004). Já o empreendedorismo social, tem como objetivo principal o bem coletivo, a partir de bens e serviços oferecidos à comunidade, a fim de solucionar os problemas sociais, e impactar essa sociedade de uma forma positiva (MELO NETO E FROES, 2002). 

Ainda sobre o empreendedorismo social, pode-se elencar suas características. Segundo Neto e Froes (2002), esse tipo de empreendedorismo é coletivo e integrado; busca produzir e oferecer seus bens e serviços para a comunidade, tanto local quanto global, focando em soluções para seus problemas e necessidades, visando resgatar pessoas de suas situações precárias, através de sua capacitação, inclusão e emancipação, não apenas social, mas também econômica (MELO NETO; FROES, 2002). Tudo isso realizado através da transformação social, essas feitas por projetos

Além dessas características, pode-se traçar um certo perfil do empreendedor social. Para esses estudiosos, como Oliveira (2004), os empreendedores sociais devem saber aproveitar as oportunidades, ter uma visão empresarial e saber trabalhar desse modo para solucionar os problemas sociais. Ademais, devem ter como habilidades e competências uma visão clara da sociedade e ser participativo, trabalhar bem em equipe, saber negociar, de forma estratégica e agir desse mesmo modo; ser criativo, crítico, inovador e objetivo; consciente, ser sensível com as causas sociais e ter senso de responsabilidade, além de ter a principal característica que todo empreendedor, independentemente da área, deve ter: ser líder (OLIVEIRA, 2004). Devem ser líderes com uma postura de inconformismo e indignação com a desigualdade social, que seja engajado e comprometido com as causas, com ética, profissionalismo, além de ser apaixonado pela área social (OLIVEIRA, 2004). 

Com isso, pode-se concluir que o empreendedorismo social, apesar de ser relativamente recente, tem crescido e sendo cada vez mais divulgado no Brasil e no mundo, com diversos projetos, assim como novos empreendedores, surgindo e sendo conhecidos na comunidade em que eles contribuem. Além disso, vários desses empreendimentos têm sido extremamente reconhecidos, como, por exemplo, a brasileira GRAACC - Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, por seus trabalhos de transformação social, que têm conseguido mudar a vida das comunidades e das pessoas que nela vivem, fazendo com que essas pessoas se profissionalizem, tenham condições de trabalho e de vida melhores e que possam ter sua independência financeira.