O EFEITO TÁBATA AMARAL E O ENGODO ELITISTA

Saulo Barbosa Santiago dos Santos

A elite econômica não mais consegue o controle da sociedade da forma como se fazia antes, seus privilégios, por um tempo, quase ficaram em ameaça, mas de boba ela não tem é nada, não querem correr riscos. Perceberam que há métodos mais eficientes e sem o uso da violência, como era feito na época do “voto de cabresto” e do “coronelismo”, para manter seu poder na sociedade, mas desta vez de forma anônima para não chamar atenção. O objetivo deste texto é abordar como a elite econômica se moldou à realidade e desenvolveu métodos para dominar ou interferir na opinião pública e a classe política.

A classe média, que nada mais é do que uma massa de manobra e ferramenta para os fins da elite econômica, se sente, supostamente, superior moralmente e eticamente, e isto lhe dá o falso direito em serem os melhores representantes da sociedade. Não é difícil ter essa percepção porque a primeira coisa que fazem quando o governo Bolsonaro erra é falar do caos ético e moral que o PT/Lula deixou o país, como se um homem e um partido pudessem, sozinhos e num regime democrático, derrocar tamanha crise que o país vive hoje. De certa forma, terceirizar a culpa se tornou uma das piores defesas dos eleitores bolsonaristas, além disso, se a gestão política falha põe a culpa num “povo” que não sabe votar.

Aproveitando-se da necessidade deste segmento da sociedade, muitos deles politizados e instruídos, de justificar um opaco sentimento nacional, moralista e ético perante um povo que não sabe votar ou não tem um suposto senso crítico para tal, a elite citada buscou uma maneira de usar esta revolta contra a corrupção para si, ora, o discurso é sempre o mesmo, quem deixou o Brasil neste total “quebradeira” foi a corrupção da esquerda e não aqueles empresários que tiveram trilhões em multas e dívidas perdoadas por deputados e senadores de forma lícita. A questão é: Quem e como convencerá àqueles revoltados que os responsável por tudo isso que ocorre no Brasil não é culpa da elite econômica?

A elite econômica escolheu (contratou?) pessoas da ciência, também consideradas como intelectuais, (responde o “quem”) e que também sejam integrantes da classe média enquadradas no famigerado conceito de “cidadão de bem”, como suas “testas de ferro”, para desenvolver e inserir (responde o “como”) ideias liberais moralistas, normalmente fora de conceitos socialistas, com o intuito de manter o público controlado e manipulado. Por que as ideias e os intelectuais são necessárias para isso? Quem dá acesso aos privilégios a partir da legitimação do poder social são os intelectuais, e, quem controla o mundo são aqueles que criam ideias dominantes e quem cria estas ideias dominantes são as elites dominantes, que geralmente é a elite econômica, portanto, entre a ideia dominante e o intelectual, só se precisa de alguém com prestígio científico e da classe média para pôr a estratégia da elite econômica em prática, surge o efeito Tábata Amaral..

Com formação em ciência política e astrofísica pela renomada Universidade de Harvard, a jovem deputada possui um currículo impecável desde criança, facilmente está na elite intelectual e científica, sua candidatura na câmara dos deputados não é por acaso ou sorte, é fruto de um grande investimento da elite econômica para defender seus valores e necessidades de dominação da opinião pública através do engodo científico, sim, quando alguém com grande formação acadêmica fala algo, aqueles que pouco entendem taxam todas as palavras como verdadeiras, só basta vermos que ele defende a previdência porque os dados afirmam a necessidade, porém, os mesmos dados que ela fala são os mesmos que analistas disseram que são falseados Esperta, ela não quer e nem se envolverá com dinheiro, a elite do dinheiro sabe disso e também não quer parecer com negociatas, então, o método usado para “comprar” a elite intelectual, o que inclui Tábata, é a consagração. E de onde vem esta consagração e como ela é usada?

Normalmente, A elite econômica é proprietária ou é sócia de jornais, editoras e instituições que financiam grandes premiações científicas, etc. Tábata Amaral constantemente é vista e convidada para falar na grande imprensa tão corrompida, tais como a Folha, Globo, UOL, RedeTV, a ponto de faltar votações para participar de programa televisivos, só basta olharmos para o passado e ver como ela ficou famosa, através de algum projeto? Não, foi sua participação no programa do Luciano Huck, que inclusive tenta ser candidato à presidência da república. A globo não perde tempo, seus projetos começam aos poucos e muito antes do que pensamos, quase imperceptível.

A deputada abriu mão de toda uma proposta educacional para defender uma elite bem articulada e organizada, que sabe controlar uma sociedade escravizada pelos desejos e anseios de uma vida feliz, manipula e influencia facilmente o povo haja vista não há, deliberadamente, pluralidade de informações.

A jovem aspirante aceitou de bom grado esta consagração pitoresca como moeda de troca, ela mesma sabe disso e mais ainda que suas medidas são impopulares e não afetarão sua vida porque, como ela já disse, com o currículo consegue trabalho em qualquer lugar. Impopulares porque votou a favor da reforma da previdência e o corte nas verbas das universidades. A questão dos cortes nas verbas das universidades foi algo muito sensível, quase que da noite para o dia, diversas faculdades particulares ofereceram muitas maneiras para o estudante financiar seus estudos, a elite econômica controladora da educação particular agradeceu bastante.

Podemos concluir que esta elite só tem como objetivo o lucro, o dinheiro, a entrega de nossa riqueza e a privatização da coisa pública, mesmo dando lucros e benefícios sociais, a preço de banana. Não mais sujarão suas mãos com violência física, mas sim com a violência simbólica através da inserção de ideias que garantam seus privilégios em troca de algumas migalhas à população, que é dada pelos políticos que eles financiam. A deputada não é a única que se encaixa neste contexto, há diversos como ela espalhados entre municípios, estados e o distrito federal.